O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quarta-feira, 24 de maio de 2017

Auto-retrato de aniversário

Fabiana,

1)  Não faz selfies, portanto, esse auto-retrato considera gostos, aptidões e inapetências.

2) Não usa smartphones, e nada que eles veiculam.  Não uso whatsapp, nem quaisquer outros "aplicativos" (pff).

3) Penso em memória individual (dos vivos e dos mortos), memória coletiva, patrimônio cultural e o direito que lhes corresponde. O tempo todo.

4) Sou a favor de comer o patrimônio cultural comestível de todos os povos, de viajar para ver o patrimônio material em todos os lugares e praticar manifestações tradicionais.

5) A minha opinião pessoal, em geral, é baseada em fatos e suas corroborações.

6) A minha opinião pessoal é considerada uma, das muitas versões possíveis da realidade.  Por isso, procuro não impor a minha visão de mundo a ninguém. A exceção evidente é o meu marido, que casou comigo e agora tem que aguentar.

7) Também não aceito visões de mundo impostas.  É preciso que eu me convença (por meus próprios meios) e, se isso acontece, incorporo a visão alheia à minha versão, com os devidos créditos.

8) Embora reconheça que questões de gênero, raça e procedência nacional são importantes para moldar argumentos, não as considero como ultima ratio. São aspectos do argumento, e não o argumento inteiro.

9) 7 e 8 somados fazem-me considerar a diversidade cultural como um recurso adaptativo indispensável.  Não é descolado e cool, é apenas inegável e necessária para a evolução humana.

10) As grandes questões da Humanidade deixaram de ser um problema para mim porque a "Arte é longa e a vida é breve".  É melhor abraçar a imponderável e colorida maravilha da existência, enquanto estou por aqui.

11) Parece que estou filosófica também, mas não deve ser nada grave.  Canja de galinha e mel com limão devem resolver.  Não como mastruço (mastruz).

12) Se a identidade é definida por permanências, reconheço algumas constantes (ainda que inconstantes) em minha vida: certos valores inegociáveis, limites intransponíveis, um apreço por tudo o que é marcial (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/03/artes-marciais-e-memoria.htmlhttp://direitoamemoria.blogspot.com.br/2017/01/saudar-os-mestres.html
), e uma curiosidade inexcedível por tudo o que é cultural.

13) Não sou supersticiosa, na maior parte do tempo, embora reconheça o valor de todo esse acervo de crendices que ajudam a moldar o nosso comportamento.  Não passo embaixo de escada por razões óbvias, não deixo gatos pretos cruzarem o meu caminho e nem aponto para a Lua.

14) Achei que não tivesse TPM (tensão pré-menstrual) mas recentemente descobri que naturalmente também tenho os meus momentos.  E isso não deve ser razão para desconsiderar as minhas atitudes ou opiniões porque os hormônios não falam por mim.  Talvez interfiram um pouco apenas na forma, mas não no conteúdo.

15) Acredito na educação - formal, informal, superior, inferior, lateral, de onde venha - porque essa é a chave para superar a maioria dos problemas que eu e os meus contemporâneos enfrentamos no Brasil.  E aprendi, nesse tempo todo em que ando nesta Terra, que é absolutamente imperdoável alguém que tem os meios (financeiros, econômicos, pessoais, profissionais e sociais) não dar valor e não demonstrar educações.

Nesses tempos bizarros que vivemos, são aqueles que têm as melhores condições que derramam os piores sentimentos, argumentos e comportamentos.  Se não é para se tornar uma pessoa melhor, para que respirar?

Pensei em fazer esse auto-retrato como parte das reflexões do meu aniversário. Pensei que ao chegar nessa idade - avançada por sinal - eu já teria alcançado a sabedoria, a idade da razão, mas não.  Talvez no ano que vem.

3 comentários:

  1. Fabiana nunca assistiu a nenhum episódio de Game of Thrones, Breaking Bad ou The Walking Dead. Nunca jogou RPG.

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  2. A maturidade é como El-Dorado, ou qualquer outra miragem: você se aproxima um pouco, e ela se afasta um tanto.

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  3. Fabiana tem o defeito (e a virtude) de não ficar calada diante dos absurdos que vê, sente ou escuta. E, não, não uso eufemismos.

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