A Bíblia, nos dez mandamentos, alerta para que não se levantem falsos, ou não se dêem falsos testemunhos porque a mentira é inimiga de Deus.
Aliás, para os cristãos, a mentira é um indicativo do mal, ou de uma espécie de mal personificada em um personagem que essencialmente existe para enganar, desencaminhar com falsas promessas, e cujas ações são reconhecíveis exatamente por isso.
A defesa da verdade é um imperativo ético. Nesse nosso tempo em que a informação e a desinformação circulam com igual aparência e velocidade é preciso estar treinado para entender, reconhecer e combater uma mentira quando nos deparamos com ela, porque as que subsistem envenenam pessoas, relações e memórias.
A mentira distorce e deforma a memória porque há o registro de uma informação falsa que será transmitida às futuras gerações, e cujos efeitos são imprevisíveis.
Há mentiras inofensivas e inúteis, mas há outras que prejudicam, fazem sofrer e até matam. A memória não deve ser o veículo dessas mentiras, e isso também é um imperativo ético.
Embora a memória seja dinâmica e esteja em contínua ressignificação, as revisões e reinterpretações não podem criar o que não aconteceu ou negar o aconteceu. Existe um limite ético que, quando transgredido, transforma a ressignificação em esquecimento, em violação da memória.
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