Estou de férias em casa e esse livro era o primeiro da minha lista de leituras obrigatórias.
Na verdade já figura nessa lista há muito tempo, mas confesso que eu estava evitando ler e pensar sobre o tema tão doloroso, o Holocausto.
Como fato histórico e trauma coletivo é documentado e debatido há décadas. Mas vislumbrar a dimensão pessoal da tragédia dos pais do autor, e como esse trauma incomunicável e inexplicável se transmitiu e moldou as gerações futuras é uma experiência de leitura e reflexão profundamente dolorosa e necessária.
Esse livro é um clássico por muitos motivos. Pela linguagem inesperada dos quadrinhos, pela impotência e transparência do autor ao tentar contar a história da sua família de uma maneira tão verdadeira. Por fazer tudo que uma obra de arte faz, que é expandir a nossa compreensão.
Não há palavras para expressar o que essas pessoas sofreram. O que a gente faz quando perde tudo? Quando todos os afetos são assassinados, desaparecidos? Como continuar vivendo?
A memória dos sobreviventes é cheia de dor e culpa. E medo. São feridas que o tempo não consegue curar, e que são transmitidas às gerações futuras, criando uma solidariedade intergeracional no trauma.
O talento e os desenhos do autor contam a história como ela deve ser contada. Eu, que não sou rato, nem gato, nem porco ou cachorro me senti como um fantasma. A vontade era avisar aos ratinhos desavisados o mal que estava por vir mas, como fantasma, não era possível ser ouvida.
A lição para a leitora é lembrar do que aconteceu e alertar os ratinhos, gatinhos, porcos e cachorrinhos do futuro porque a História não se repete, mas às vezes rima.
Esse livro não sai da minha cabeça.
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