Em 23 de julho de 1993, oito crianças e adolescentes foram mortos enquanto dormiam na frente da Igreja da Candelária, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Há um número não conhecido de feridos e sobreviventes.
Esse caso obteve uma grande repercussão nacional e, diferentemente do que aconteceu em outras chacinas, houve a condenação dos responsáveis a penas que foram quantificadas em 200 anos, 300 anos de prisão.
O surpreendente é que os condenados a séculos de prisão encontram-se hoje soltos, um deles até foi beneficiário de um indulto. Embora o indulto esteja suspenso, e os condenados sejam considerados foragidos da Justiça, só o fato de serem beneficiários já é mais um dos fatos terríveis que cercam este caso (http://oab-rj.jusbrasil.com.br/noticias/100615527/chacina-da-canderlaria-apos-20-anos-os-culpados-estao-livres?ref=topic_feed)
Nesta semana a UNICEF declarou que o número de homicídios de crianças e adolescentes no Brasil é inaceitável. O Brasil ocupa o segundo lugar mundial em número absoluto de adolescentes mortos (cf. http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-01/unicef-considera-inaceitavel-numero-de-assassinatos-de-adolescentes).
Não se pense que a chacina da Candelária foi um fato isolado. Na verdade, é parte de um processo de extermínio que se funda na desvalorização completa da vida humana mas, principalmente, na vulnerabilidade de algumas categorias de brasileiros.
Entre esses as crianças brasileiras sempre foram desvalidas, abandonadas, desconsideradas, exploradas pelo trabalho infantil e pelo abuso sexual, tornadas criminosas. Mesmo com o Estatuto da criança e do adolescente, norma jurídica cheia de bons propósitos, o fato é que não conseguiu transformar a realidade e nem a mentalidade arraigada de desvalor da vida.
No Brasil, existem padrões de comportamento e mentalidades enraizadas, e o homicídio (acredito) é uma dessas práticas culturais cultivadas entre nós. Há uma indiferença palpável em relação à vida e à morte, que aumenta ou diminui segundo o endereço e a classe econômica.
O assassinato sistemático ou aleatório de crianças e adolescentes é um dos aspectos mais trágicos dessa cultura do homicídio.
No dia 06/02/2015 três conselheiros tutelares foram assassinados em Poção quando, no exercício de suas funções, tentavam proteger uma criança. Além dos conselheiros, a avó da criança também foi assassinada. Essa é a chacina de Poção.
ResponderExcluirNo mesmo dia 06/02/2015, doze pessoas foram assassinadas no Estado da Bahia, no evento denominado Chacina do Cabula.
ResponderExcluirChacina em torcida organizada do Corinthians, 18 de abril de 2015. Oito pessoas foram mortas.
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