O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









terça-feira, 15 de setembro de 2015

Refugiados e a memória

Nas últimas semanas a migração no Mediterrâneo tem produzido fatos marcantes para a memória coletiva da Humanidade.  O desespero de fugir à guerra, o risco, a morte, a violência, a acolhida, a solidariedade, parecem ser o exemplo extremo do melhor e do pior.

É importante ver como os cidadãos europeus estão empenhados em acolher essas pessoas, e antes que os governos paralisados tomassem uma providência, foram os indivíduos que resolveram abrir os braços.  Acredito firmemente que a memória da Segunda Guerra Mundial, com seus deportados abandonados, contribuiu para esse sentimento de dever humanitário.

São circunstâncias que marcarão definitivamente a memória coletiva e individual, e redefinem a visão de pessoas como cidadãos de um Estado em particular, ou do mundo inteiro.  Acredito que um dos principais desdobramentos será o necessário enfrentamento das soluções institucionais internacionais que podem ser adotadas em casos similares.

As migrações humanas são uma realidade do nosso tempo e, se efetivada a mudança climática anunciada há tanto tempo, vão aumentar exponencialmente.  Seja por razões políticas, sociais, religiosas, ambientais, o fato é a humanidade está cada vez mais móvel.

Como não poderia deixar de ser, o aspecto memorial dessas migrações em massa me preocupa, já que pode representar uma quebra da transmissão de parte dos bens culturais que compõem o patrimônio cultural desses grupos, contribuindo para o desenraizamento dos sobreviventes.

A migração forçada implica a perda do território, que é o espaço referencial de construção das identidades, e no caso da Síria, o território ainda está sendo devastado por ações de vandalismo que atingem, especificamente, os monumentos.

O trauma também é uma experiência marcante, que moldará a memória coletiva desses grupos.

Vamos registrar aqui no post os desdobramentos da migração síria e continuar refletindo sobre o tema.


16 comentários:

  1. Não vi nenhum pronunciamento do presidente da Síria, Bashar Al-Assad sobre a tragédia humanitária do seu povo.

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  2. Solução institucional que pode ser a reedição de uma intervenção militar internacional, aos moldes do que ocorreu na Líbia em 2011 (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/03/guerra-da-libia.html). Não resta dúvida de que a solução em médio ou longo prazo será estabilizar o território sírio para repatriar os refugiados.

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  3. O Presidente da Síria, finalmente, falou. Disse que permanecerá no poder até quando o povo desejar, que o problema dos refugiados é responsabilidade da Europa (que apoia terroristas), e que conta com o apoio da Rússia e do Irã.

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  4. cf. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/europa-apoia-terrorismo-e-e-responsavel-por-refugiados-diz-assad.html

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  5. Hoje, 27 de setembro: Intervenção militar da França contra o Estado Islâmico, na Siria: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150926_ataque_franca_ei_lgb?ocid=socialflow_facebook

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  6. Hoje, 30 de setembro: intervenção militar da Rússia no território sírio, em apoio a Bashar Al-Assad: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/09/1688296-senado-da-russia-autoriza-o-uso-da-forca-aerea-na-siria.shtml?cmpid=compfb

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  7. A Rússia atacou alvos do Estado Islâmico, mas também de opositores ao governo de Bashar Al-Assad, que supostamente seriam apoiados pelos Estados Unidos. Cf: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/10/eua-desmentem-cooperacao-com-a-russia-para-atacar-siria.html

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    1. Notícia intrigante: Putin vira herói dos sírios. http://br.sputniknews.com/mundo/20151008/2366091/Putin-vira-idolo-povo-sirio.html

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  8. Hoje, 16 de Outubro de 2015: A Turquia vai fechar a fronteira para os refugiados. Se for bem sucedida, provavelmente veremos a criação de um campo de refugiados na fronteira, e o aumento de tentativas de fuga pelo Mediterrâneo. Nos dois casos, provavelmente haverá muitos mortos.

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  9. Em 13/11/2015, houve um atentado terrorista em Paris, reivindicado pelo "Estado Islâmico". A França considera um "ato de guerra". Se houver declaração formal de guerra, acho que será o primeiro caso de guerra declarada entre um Estado e um grupo não personificado, e que também não possui uma sede. A guerra do século XXI é bem diferente das guerras dos séculos anteriores.

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  10. Solução institucional: Resolução de Paz da ONU para a Síria. Se funcionar, provavelmente veremos em um futuro próximo o movimento de retorno dos refugiados, voluntaria ou involuntariamente, e o processo de reconstrução do Estado Sírio.

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  11. A resolução de dezembro não funcionou. Desde essa época até hoje, as pessoas continuam tentando a travessia do Mediterrâneo em condições precárias e ingressar na Europa por via terrestre. O grande e descontrolado número de imigrantes já provocou algumas medidas, como o fechamento de fronteiras, a possível revisão do acordo Schengen e põe em risco, juntamente com outros fatores, a existência da União Européia. Evidentemente, não é em função da questão migratória que a União Européia irá eventualmente mudar, mas acredito que esse contexto fez ressurgir importante questionamentos sobre a "soberania" e sua flexibilização.

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  12. Continuando a reflexão.Se a solução institucional buscada pela Rússia, Estados Unidos e governo sírio funcionar, provavelmente veremos em um futuro próximo o movimento de retorno dos refugiados, voluntaria ou involuntariamente, e o processo de reconstrução do Estado Sírio.

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  13. Não funcionou. Em 07/04/2016 os Estados Unidos bombardearam uma instalação do governo sírio.

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  14. Não funcionou. Os Estados Unidos bombardearam a Síria.

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