O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 23 de março de 2020

Valei-nos!

Se estivéssemos na Idade Média, na Europa dos séculos XI ou XII, provavelmente estaríamos rogando a todos os santos mais familiares à nossa comunidade, como sempre fizeram e devem estar fazendo os italianos nesse momento. É em momentos de grande crise que a fé, a esperança e a caridade demonstram a sua faceta mais palpável para as boas pessoas. As más continuarão fazendo o que sempre fizeram, atrapalhando, prejudicando e desconsiderando a vida alheia.

A diferença é que na Idade Média já estaríamos nos organizando para roubar as relíquias dos santos mais poderosos para ajudar a nossa própria comunidade, ainda que em detrimento das comunidades despojadas. Os santos podiam decidir entre ajudar ou não, mudar de idéia e até aceitar o "convite" de mudar de comunidade, que era o eufemismo então usado para explicar os roubos (GEARY, 1990, p. 33)

E se não funcionasse?  Bem, restaria humilhar as relíquias do santo jogando-as ao chão, cobri-las com espinhos, apagar as velas dedicadas até que voltassem a ter poder de nos ajudar (GEARY, 1990, p. 21).  Ecos dessa prática - de torturar santos - ainda podem ser sentidos nos rituais de constrangimento de Santo Antônio (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/festas-juninas.html).

Nesse momento de angústia não importa qual a sua religião: todos os santos e todas as preces são bem vindas, acompanhadas da boa vontade e da solidariedade que é a marca das boas pessoas. Então, valham-nos todos os santos e todas as pessoas de boa vontade.


Referência.


GEARY, Patrick J.  Furta sacra – thefts of relics in the Central Middle Ages.  New Jersey: Chichester: Princeton University Press, 1990.

Um comentário:

  1. O coronavirus trouxe relatos de pirataria moderna de equipamentos hospitalares. cf. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52166245

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