O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 19 de junho de 2020

19 de Junho -Dia do Baobá

Na minha cidade foi criado  o "Dia do Baobá" pela Lei nº 17099/2005, comemorado no dia 19 de junho.  Nessa ocasião o Poder Público deve promover celebrações para dar visibilidade aos cultos afro-descendentes na cidade, que consideram essa árvore sagrada.

Há também um instrumento de proteção criado através de Decreto do Prefeito que proíbe o corte dos baobás. Aproveitando o ensejo e a data comemorativa, vamos refletir um pouco sobre os baobás e o significado que os tornam dignos de preservação.

O baobá é sagrado nos cultos africanos e nos cultos de matriz afro-descente no Brasil.  As árvores em geral aparecem em diversas religiões e surpreendentemente com uma função parecida de fazer a ligação entre o Céu e a Terra.  Essa ligação é bem representada no simbolismo do "Axis Mundi", da "Árvore da Vida", da "Árvore do Bem e do Mal" do Gênesis, entre outros.

Esse caráter sagrado de ligação em relação aos baobás assume um caráter memorial explícito, uma vez que além ligar o Céu e a Terra também religa os deportados pela escravidão à Terra Natal.  Em um ritual extremamente significativo, os deportados davam voltas (nove para os homens e sete para as mulheres) em um baobá para deixarem lá suas lembranças, e por isso era chamado de "Árvore do Esquecimento".

Mas o significado memorial do Baobá também está na sua longevidade, que permite a noção de continuidade, permanência e resistência tão caras à memória coletiva. 

Aqui na minha cidade (eu gostaria muito de confirmar como chegaram os baobás no Brasil) conta-se que há um baobá ao pé do qual  os escravos iam para morrer de banzo, um mal do espírito que os acometia.  Não sei se é história ou lenda, mas quando passo por esse baobá lembro deles, tento imaginar a situação dramática em que viviam, e também lembro que quando era pequena, brincava entre as suas raízes e catava sementes.

Então, vamos aproveitar o dia do Baobá para sentir e ter empatia com o sofrimento passado e presente de todos aqueles que se encontram distante de sua terra natal, ou em situação de vulnerabilidade econômica ou análoga à escravidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário