O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Angelim da Mangabeira

Hoje eu ganhei uma estória. Havia uma árvore do tipo Angelim no bairro-árvore chamado Mangabeira, vizinho da Tamarineira. O Angelim, como qualquer outro morador do bairro, envelheceu e acabou morrendo, e isso já faz um tempo. Morreu mas não foi esquecido. Os outros moradores do bairro mantêm viva a sua memória, e, se alguém chegar lá perguntando pelo Angelim, ainda há quem aponte o lugar vazio dizendo: é ali. Não foi, é ali. Até quem nunca viu o Angelim sabe que aquele é o seu lugar. E ele continuará lá, enquanto não for esquecido. Esse é o poder da memória coletiva.

5 comentários:

  1. Mesmo processo com/na a Bomba do Hemetério, não?
    Nome de bairro, de ônibus e de orquestra! A memória coletiva inventa coisas se reinterpretando.

    Ah, outro dia, numa loja de material de construção, um certo cheio me interpelou. Minha memória pra cheiros é meu ponto forte, mas minhas associações são muito confusas. Dai que na ocasião me lembrei da casa na praia de Tamandaré.
    Na verdade, quando me virei procurando o tal cheiro, vi o anúncio: "Angelim Pedra, madeira nobre do Brasil".
    (...)
    Falando em madeira, refresca minha memória quanto aquela estória do Pau Moreno em meio aos Paus-Brasil là na Universidade.

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  2. Esse negócio de memória olfativa é engraçado. Comigo, acontece uma coisa doida: 17 h, em cima da ponte Princesa Isabel, o cheiro do rio, com a poluição da cidade, mais a minha as associações confusas da minha memória e o fim da tarde têm o cheiro de Bogotá.
    De toda maneira, são belas lembranças da infância, conseguidas por tortuosos caminhos.
    No teu caso, não lembro se havia móveis de Angelim em Tamandaré...De repente a tua memória é mais literal que a minha, o que é ótimo, porque você consegue interpretar e localizar mais fácil.
    Quanto ao pau moreno,bem...havia um pedido de tombamento para aquela árvore. E embora um ser vivo possa ser tombado, já que a lei só fala em bens móveis ou imóveis, e aquela árvore era imóvel por acessão física, dei um pronunciamento contrário porque a média de vida dela era apenas quarenta anos, e pelo grande porte poderia causar risco às pessoas e aos bens nas proximidades. Se tombada, só poderia ser cortada (e podada) depois de um decreto autorizativo, o que é uma maluquice.
    Essa árvore acabou morrendo.

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  3. A exceção das janelas que são em carvalho, tudo dentro da casa é em angelim.
    O que fez, um dia, um tio meu afirmar: "- Esta casa é um crime ecologico com cheiro de xixi!"

    Penso eu que a memoria olfativa é craque nesse deslocamento espacial e temporal que você falou.
    Uma vez o olfato estimulado, cria-se uma memoria olfativa que nos volta assim... do nada.

    No instante presente em que te escrevo, penso em uma peixada com molho de côco e coentro.
    Tudo que não tenho a menor possibilidade de comer nesse momento. Mas o cheiro eu realizo por completo. Ou quase...

    P.S. ainda ñ entendi pq esse blog me identifica de diferentes maneiras a cada vez que escrevo. Vou ficar c/ problema de tripla personalidade...

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  4. Às vezes o cheiro vem associado ao paladar. Já aconteceu comigo de sentir o cheiro e lembrar de um gosto. Infelizmente esse tipo de memória é involuntária...
    Imagine como ajudaria na minha dieta: sentia o cheiro da rabada e nem precisava comer porque lembrava do gosto...
    Sei que a frase ficou estranha, apenas para esclarecer os desavisados, rabada é uma comidinha típica da nossa terra.

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  5. Acho que vou dar uma passadinha lá, na Mangabeira que fica do lado da Tamarineira para procurar a lembrança do Angelim.

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