Olha que notícia interessante!:
"Faixa de pedestres dos Beatles vira patrimônio britânico
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OLESYA DMITRACOVA
DA REUTERS, EM LONDRES
A mais famosa faixa de pedestres da música popular, diante do estúdio Abbey Road, na zona norte de Londres, foi designada local de importância nacional pelo governo britânico na quarta-feira.
Beatlemaníacos de todo o mundo costumam ir à rua para posar para fotos imitando a foto da capa do álbum "Abbey Road," que mostra Paul, John, George e Ringo atravessando a faixa.
"Esta faixa de travessia de pedestres em Londres não é nenhum castelo ou catedral, mas, graças aos Beatles e a uma sessão fotográfica feita em dez minutos numa manhã de agosto de 1969, tem direito igual a fazer parte de nosso legado nacional" disse em comunicado John Penrose, ministro britânico do Turismo e do Patrimônio Histórico e Cultural.
Divulgação
Faixa de pedestres imortalizada pelos Beatles na capa de "Abbey Road" vira "local de importância nacional"
A partir de agora, a faixa de pedestres só poderá ser modificada com a aprovação das autoridades locais, que teriam que tomar uma decisão com base no significado histórico do local, sua função e sua condição.
O próprio estúdio Abbey Road ganhou status de patrimônio nacional protegido em fevereiro deste ano/".
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/849574-faixa-de-pedestres-dos-beatles-vira-patrimonio-britanico.shtml
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Muito interessante porque deixa evidenciado o motivo pelo qual um bem cultural comum passa um símbolo de identidade. A grande questão é a REPRESENTATIVIDADE, o poder de evocação, que esse bem porta.
Observem que o que começou com uma brincadeira de fãs, que gostavam de reconstituir a cena famosa na faixa de pedestres, acabou por erigir aquela simples faixa de pedestre em um marco e atrativo turístico da cidade.
Resultado: a faixa não pode ser alterada. Difícil vai ser manter o critério de autenticidade porque, provavelmente, esta faixa já não é a mesma que os Beatles passaram. Já deve ter sido pintada e repintada várias vezes.
Até quem não é fã, passando por essa faixa, vai se sentir tentado a relembrar a cena, e essa repetição de comportamento virou quase um costume. Se esse comportamento evoluir, pode até virar costume jurídico, só faltando a sensação de obrigatoriedade.
Quem quiser ver os Beatles segundos antes da foto ser tirada (muito legal!), dá uma olhadinha neste site:
http://www.poracaso.com/os-beatles-poucos-segundos-antes-da-iconica-foto-de-abbey-road.html
Enquanto isso, mais de 330 igrejas estão em via de serem destruidas na França por falta de recursos e/ou vontade politica de lhes manter em pé.
ResponderExcluirEh que depois da lei de 1905 que oficiliazou a separação da Igreja do Estado (sim, é recente mesmo), a manutenção das igrejas são de responsabilidade das comunidades onde estão situadas. Muitas vezes, pequenos vilarejos sem recurso fiscal proprio.
Dai que hoje se vêem escritorios de advocacia, de arquitetura, restaurantes, hoteis e (até) boites funcionarem dentro de igrejas. E isso pra não lhes destruir, o que é tb muito caro, dai se vende.
Num caso onde a igreja estava realmente ameaçando os fiéis que vinham rezar, um sujeito propôs a "descontrução" afim de preservar pelo menos a possibilidade de um dia, tendo-se recursos, reconstruir. Foi taxado de louco.
Noutro caso, botou-se abaixo uma igreja de séc. XIV que ñ tinha sequer uma fissura. Mas a manutenção é cara e era "necessario contruir um cemitério".
Nos casos em que os prefeitos fazer consulta à população local, e esta decide pela preservação, tudo acaba ficando na mão de uma associação sem fins lucrativos criada para o fim de arrecadar fundos pra recuperação da igreja. Tu achas q funciona? Claro que não!
Faixa de pedestre patrimônio cultural? Francamente! Se não fosse a idéia/exemplo que te deu pra contrução da teoria da preservação de bens imateriais, é uma grande Besteira! E pode ainda gerar uma banalisação do titulo de patrimonio historico.
Mas fazer o quê, nos protegemos a receita de bolo de rolo...
Denis,
ResponderExcluirProteger a receita de bolo de rolo através do registro é fácil. Difícil é garantir que as pessoas vão continuar a fazê-lo e a apreciá-lo.
O desafio da preservação do patrimônio imaterial (intangível) está, exatamente, em garantir o seu valor geração após geração.
Fica também outra questão: o bolo de rolo é realmente representativo da nossa cultura? Ou se trata de uma patrimonialização meramente formal?
"Difícil é garantir que as pessoas vão continuar a fazê-lo e a apreciá-lo."
ResponderExcluir@Fabiana: Fazê-lo eu não sei. Mas se alguém fizer, eu continuo a aprecià-lo.
No que depender de mim e de meu respectivo, o bolo-de-rolo tem vida longa.
Mas convém dizer que o bolo-de-rolo na verdade é uma receita reivindicada por portugueses e franceses. Melhor dizendo, a técnica de enrolar e formar um bolo para cortar em rodelas. O que pode ser doce ou salgado.
O que nos acrescentados de original foi a goiabada vermelha. Ela é o nosso grande patrimônio.
Nas estradas que unem BH às cidades do Triângulo mineiro se pode parar vàrias vezes pra visitar fabricas de goiabada, e degustà-las, claro.
Ah! Goiabada-cascão...
Com queijo de coalho...
ResponderExcluir@Denise: Se depender de mim essa tradição culinária vai morrer porque, você sabe e lembra, sou completamente inapta nessa área de execução culinária.
Apesar de ser uma fã, tenho as minhas dúvidas se o bolo de rolo é realmente representativo da nossa cultura. Dele não tenho a lembrança das minhas avós fazendo, e nem da minha bisavó, com a qual tive o privilégio de conviver muitos anos.
Ou seja, na minha família o bolo de rolo nunca foi uma referência, nem nos grupos sociais de que participei (escola, igreja...). Onde está, então, essa alegada representatividade?
Minha mãe tentou fazer um bolo de rolo certa vez e, considerando a sua personalidade peculiar, conseguiu lá do jeito dela. Infelizmente, o bolo só tinha uma grande e massiva volta, e nem com boa vontade a gente poderia achar que é de rolo, enrolado ou rocambole.