O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quarta-feira, 6 de abril de 2011

CAMPANHA PELA DECORAÇÃO UTILITÁRIA E ILUSTRATIVA DE PRÉDIOS PÚBLICOS BRASILEIROS

Nesta semana visitei vários prédios públicos brasileiros, em mais de um Estado da Federação. Fiquei muito impressionada com o despojamento e a austeridade de muitos deles, o que sem dúvida condiz com esses novos tempos de Admnistração Pública Gerencial. Enquanto aguardava uma ou outra audiência, fiquei pensando: daqui a cem mil anos, será que os arqueólogos conseguiriam descobrir para que serve este edifício? Acredito que não. Sem documentos para esclarecer a função, não haveria como descobrir já que o edifício em si não informa. Sei que os "livros de pedra" são uma tecnologia obsoleta diante do vídeo, do áudio e da escrita em geral, mas o que custava fazer uma inscrição e alguma forma de representação (pintura, escultura) dizendo? Nem precisa ser tão bonito quanto esse palácio em Teotihuacan: É claro que a manutenção desse tipo de prédio é diferenciada: Mas podem ser escolhidos materiais de baixa manutenção (alguns prédios públicos passaram milhares de anos sem precisar dela), ou realizar dispensa/inexigibilidade de licitação para obras de restauração, se for o caso. A tradução dessas funções públicas em imagens também poderia ajudar na compreensão da sua utilidade para os cidadãos brasileiros que não sabem ler, ou que falam outros idiomas brasileiros além do português, tal como ocorria nas catedrais medievais. Nesses casos, as próprias paredes podem servir de elemento de ilustração, em sentido amplo. A exceção são os Tribunais brasileiros que, por tradição, ainda ilustram os seus prédios com Themis, que é a titanide filha de Urano e Gaia, portanto irmãzinha de Mnemosyne, a Deusa Memória. Themis (que preside os juramentos) foi "adotada" pelas Moiras, juntamente com a sua prima Nemesis (retribuição), fazendo a dobradinha do fato, destino, do juízo retributivo, ou "ajoelhou tem que rezar, senão..." Na verdade, Themis é mãe mitológica de Diké, essa sim a Deusa da Justiça, Iustitia romana. A representação mais comum nos tribunais é de Diké, com uma balança e uma espada, e de olhos vendados. Na verdade, na representação grega a Justiça tem os olhos bem abertos. Enfim, esse apelo renascentista parnasiano às imagens gregas e romanas não deixa de ser memorial, mas na verdade é pouco explicativo. Daqui a cem mil anos, os arqueólogos do futuro podem interpretar que se tratavam de templos de culto à Deusa Diké, e vão logo incluindo jovens oráculos seminuas para tornar a estória interessante, perdendo a informação do que realmente acontecia. Também sou contra a cremação indiscriminada pelos mesmos motivos (pensando nos arqueólogos do futuro), mas isso é objeto para outra campanha.

2 comentários:

  1. Fui designada para ministrar aulas no curso de Ciências Contábeis. Como tenho um grande intervalo entre aulas, aproveito para estudar ou apenas ficar pensando.
    Ontem, estava meditando no corredor quando, olhando em volta, percebi que estava cercada de homenagens e referências ao Deus Mercúrio (Hermes), cujo caduceu é adotado como símbolo da Contabilidade.
    No futuro, daqui a alguns séculos, talvez os arqueólogos interpretassem aquele como um lugar de culto a Mercúrio, não é?

    Legal. Aí eu lembrei da oração: "Com asas nos pés, voas pelo espaço, cantando toda a Música, em todas as línguas... Nós te honramos, Hermes, ajuda-nos em nosso trabalho! Dá-nos um falar eloquente, e um vigor jovial. Supre nossas necessidades, concede-nos clara memória. Dá-nos a boa sorte, e encerra nossas vidas em paz" (Canto Órfico a Hermes).

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  2. Por que tumbas egípcias e catedrais medievais ainda são poderosos meios de comunicação? Porque são ilustradas e ilustram. Alguns dos nossos prédios públicos não fazem sentido e por isso insistimos nessa campanha.

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