O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quinta-feira, 14 de abril de 2011

Dever de memória: homicídios no Brasil

O meu dia começa lendo jornais e tomando café. E, infelizmente, todos os dias leio a notícia de que alguém foi assassinado no Brasil. Não posso deixar de pensar na sorte de sobreviver diariamente, pois a sensação é de que, na verdade, a gente está escapando. Escapando de virar estatística, escapando de virar uma lembrança prematuramente, com a dignidade e a cidadania escapando entre nossas mãos. O mais triste é quando essas pessoas acabam virando um "caso": "Caso" João Hélio. "Caso" Isabela Nardoni. "Caso" Bruno, digo, "Caso" Eliza Samudio. "Caso" Fernanda Mateus "Caso" Alcides "Caso" "Flávio Ferreira Sant'Anna". Não. O mais triste mesmo é quando esses "casos" são esquecidos. Passado o frenesi midiático, sempre à caça de novos casos, essas pessoas só são lembradas pelos familiares e amigos, e pelos agentes públicos responsáveis pelo "caso": policiais, promotores, juízes, agentes penitenciários. Evidentemente que a memória de um grupo e de outro será muitíssimo diferente. Para o Estado, representado pelos policiais, promotores, juízes e agentes peninteciários, o caso e a memória são provisórios: dura o mesmo tempo que o processo. A única memória coletiva e pública sobre essas pessoas resume-se ao registro da atuação do Estado nesses casos individuais. Como se encontrar e prender os criminosos fosse o bastante. Não é, nunca foi e nunca será. Cada "caso" deveria servir de lição para adotar medidas preventivas efetivas, pois as estruturas profundas da nossa violência social continuam, e se reproduzem, e constituem a nossa verdadeira memória coletiva. No Brasil as pessoas cultivam a idéia de homicídios. Segundo o Mapa de Violência de 2011 (disponível em www.generoracaetnia.org.br/publicações/MapaViolencia2011.pdf), foram 521.822 pessoas assassinadas na década de 1998 a 2008. Uma média assombrosa de 137 pessoas assassinadas por dia. Não é o bastante encontrar, processar e sancionar os criminosos. Isso é o mínimo para a segurança da sociedade, já que efetivamente o nosso sistema prisional é de contenção, e não de reabilitação. Importante seria uma política pública eficiente para mudar a cultura do homicídio, mesmo que demore muito tempo e que, nesse tempo, muitas pessoas infelizmente vão perder suas vidas. No fim, a única memória que sobrevive é a da família, sob a forma de lamento e saudade. Para o resto dos brasileiros, esses casos só são lembrados enquanto recebem a atenção da mídia. Nós, brasileiros, temos o DEVER DE MEMÓRIA em relação às pessoas assassinadas. Nós, brasileiros, temos o DEVER DE NOS SOLIDARIZAR com os familiares, ainda que à distância e sem poder compreender a sua dor. E aqueles que sequer são dignos de aparecer no jornal? Quantas pessoas são assassinadas diariamente sem que suas estórias virem "casos"? Desses eu não vou poder nem lembrar, porque não cheguei a saber. Como mudar essa memória de violência? A idéia de realizar outro plebiscito sobre desarmamento, ao custo de 300 milhões de reais, francamente, não me anima. Não que o plebiscito seja dispensável, já que é uma ótima maneira democrática de consultar a opinião da população. Mas neste caso, o plebiscito não tem muita finalidade já que o porte de arma é condicionado ao cumprimento de certos requisitos legais e depende de uma autorização do Estado. Portar arma de fogo sem autorização é CRIME, inafiancável, conforme a Lei n. 10826/2003. O desarmamento, portanto, é uma conseqüência lógica da fiscalização eficiente, já que quem está portando ilegamente armas de fogo pode tê-las apreendidas. Para mim, bastaria tornar a pena mais rigorosa, muito rigorosa, para desestimular o porte ilegal. E para isso não precisa fazer um plebiscito ao custo de trezentos milhões de reais. Basta gastar um milhão que, dizem, é o custo médio para a elaboração de uma lei pelo Congresso Nacional, para alterar a Lei 10826/03.

148 comentários:

  1. Ontem foi julgado o recurso do casal Nardoni, visando à anulação do júri. Embora tenha sido improvido, o Tribunal de São Paulo realizou a correção da pena cominada, reduzindo em 10 meses para Alexandre Nardoni.

    As notícias não são precisas, então não dá para saber que tipo de recurso foi. Aparentemente, a instância estadual foi esgotada, cabendo recurso para os Tribunais Superiores.

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  2. Patrícia Acioli, assassinada.
    brasileira, juíza.
    Local: Niterói, 11 de agosto de 2011.

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  3. Faz mais de um ano que eu não comento esse post. Quantas pessoas foram assassinada no Brasil nesse curto tempo?

    Nessa semana, mais uma chacina: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/09/esta-chacina-e-um-marco-negativo-diz-ministra-dos-direitos-humanos.html.

    A memória coletiva de cultivar a violência ainda está em nós.

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  4. Mais nove mortos em uma operação policial :http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2012-09-12/quem-nao-reagiu-esta-vivo-afirma-alckmin-sobre-acao-da-rota-em-sao-paulo.html

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  5. 231 mortos na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

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    1. Hoje, dia 27 de janeiro de 2015, completa dois anos da tragédia da boate Kiss.

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    2. Hoje, dia 27 de janeiro de 2017, mais dois anos da tragédia da boate Kiss.

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    3. Em 2019 vemos mais jovens perdendo a vida em um incêndio, agora no Rio de Janeiro.

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    4. Desdobramentos da tragédia da boate Kiss: https://www.gov.br/agu/pt-br/comunicacao/noticias/ex-socios-da-boate-kiss-terao-que-ressarcir-mais-de-r-90-mil-ao-inss-por-gastos-com-beneficios-previdenciarios

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  6. Estima-se que, por ano, são assassinadas aproximadamente 50 mil pessoas no Brasil.

    O homicídio, parece, assumiu o status de prática cultural. Como mudar essa memória de violência?

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  7. Cf. http://www1.pucminas.br/proex/arquivos/jubras17.pdf

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  8. Hoje foram condenados 23 policiais militares responsáveis pelo homicídio de 111 presos, no episódio conhecido como "Massacre do Carandiru". cf. http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/04/jurados-condenam-23-pms-por-mortes-no-carandiru-em-1992.html

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    1. Julgamento histórico, mas em um sentido diferente. O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou as condenações do Massacre do Carandiru, e ainda foi aventada uma "legítima defesa": http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2016/09/27/para-entidades-decisao-do-tj-sobre-juris-do-carandiru-e-reves-da-justica.htm

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  9. Massacres, chacinas, latrocínios, violência doméstica que culmina em homicídio, abandono que culmina em homicídio. É uma fábrica de homicidas e vítimas.

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  10. 8 e 9 de Junho de 2013. Final de semana sangrento.

    A juíza Glauciane Chaves de Melo foi assassinada dentro do Fórum. Como ela, foram assassinados policiais, dentistas, estudantes, metalúrgicos, crianças e adultos, por quaisquer motivos.

    Por que há tantos homicídios no Brasil? Parece uma epidemia, uma espécie de doença, que precisa ser combatida fortemente.

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  11. Esse feriado de São João foi especialmente violento. Tantas mortes, tantas mortes.

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  12. Cinthya Magaly Moutinho de Souza, Alexandre Gaddy, dentistas mortos no exercício da profissão.

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  13. Depois de tantos anos (vinte?), foram condenados os responsáveis pelo "Massacre do Carandiru". http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,justica-condena-pms-a-624-anos-de-prisao-pelo-massacre-do-carandiru,1060204,0.htm

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  14. Mais um morador de rua morreu incendiado no Distrito Federal: Edivan da Lima Silva.

    Como não lembrar do caso do Sr. Galdino Jesus dos Santos, quem em 1997 também morreu queimado o Distrito Federal?

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  15. O Sr. Galdino não era um mendigo. Estava dormindo em uma parada de ônibus, quando um grupo de amigos resolveu atear fogo pensando que ele era mendigo.

    Impossível.

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  16. Ontem, cinco pessoas da mesma família foram assassinada em São Paulo. Caso Pesseghini (cf. http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/cinco-morrem-em-chacina-em-casa-de-pms)

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  17. Thiago Faria de Godoy Magalhães, 36, promotor.

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  18. Sete pessoas morreram em uma chacina no Rio de Janeiro.

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  19. Crianças, jovens, adultos, homens, mulheres. Todas as idades, gêneros e classes sociais.

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  20. Douglas Martins Rodrigues, 17 anos, morto acidentalmente pela Polícia em São Paulo.

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  21. Isabella Pavani Castilho Cruz, estudante, assassinada quando se dirigia à Faculdade.

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  22. Em 30 anos (1980-2010) aproximadamente 670 mil pessoas foram assassinadas por arma de fogo no Brasil, conforme dados da pesquisa http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2013/MapaViolencia2013_armas.pdf

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  23. Segundo dados do anuário estatístico do fórum de segurança pública, em 2012 houve mais de 50 MIL homicídios no Brasil.

    O número é inconcebível, mas acredito que ainda está subestimado.

    Os desaparecidos, que também somam um número inconcebível, eventualmente serão considerados mortos, mas provavelmente não ingressarão na estatística de homicídios.

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  24. oão Carlos Scholz, de 44 anos, a esposa Marta Maia, de 44 anos e o filho Anderson Maia da Rocha, de 24 anos

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  25. Hoje, pela primeira vez em sua história, a polícia da Islândia foi obrigada a, cumprindo o seu dever, atirar e matar um cidadão. O cidadão em questão estava atirando com um rifle pelas janelas do seu apartamento. http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2013/12/02/policia-da-islandia-mata-um-homem-pela-primeira-vez-em-sua-historia.htm#fotoNav=4.

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  26. André Santos Matias, e seu filho de 2 anos de idade.

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  27. 13 mortos na madrugada de 12 de janeiro de 2014 em Campinas.

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  28. Ana Clara Santos Sousa, morreu em decorrência de queimaduras, recebidas em um ataque ao ônibus em que se encontrava com a mãe. 6 anos.

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  29. Francinaldo Ribeiro de Souza, 34 anos, motorista, assassinado hoje (14/01/2014), enquanto trabalhava no ônibus.

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  30. Em 2014 (03/02), completou dez anos do assassinato do Dr. Flávio Sant'ana.

    O que mudou nesse tempo?

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  31. Cláudia Silva Ferreira, 38 anos. Além dos tiros, ainda foi arrastada por um carro oficial.

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  32. Fabiane Maria de Jesus, mãe de família, morreu em um linchamento, após boatos de que praticava magia negra.

    Como isso é possível?

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  33. Hugo Neves Ferreira, 45 anos, mais uma vítima de linchamento.

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  34. O linchamento parece que virou moda no Brasil em 2014. Pelo menos três brasileiros morreram no ano de 2014 em razão de espancamentos coletivos. Já chegamos ao fundo do poço ou ainda é possível afundar mais em matéria de direitos humanos?

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  35. Segundo dados da instituição Mapa da Violência (www.mapadaviolencia.org) em dados de 2012 foram assassinadas 154 pessoas por dia no Brasil.

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  36. Hoje, dia de lembrar das pessoas que morreram em linchamentos. Por que? Porque não podemos esquecer delas. Taís, Fabiane, Hugo, e suas famílias.

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  37. Em dezembro de 2014 a Organização Mundial da Saúde informa que Brasil é o Estado com maior número absoluto de homicídios.

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  38. Em janeiro de 2015, houve 14 mortes (em dez dias) por bala perdida.
    Vendo notícias assim penso que "bala perdida" não é um fato, mas uma categoria. As balas perdidas no Brasil só atingem a cabeça das pessoas e parecem tudo, menos perdidas.

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  39. Segundo a Unicef: "o Índice de Homicídios de Adolescentes do Brasil atingiu o maior patamar da série histórica em 2012, com a projeção de que, de cada mil adolescentes que tinham 12 anos em 2012, 3,32 vão morrer assassinados antes de completar 19 anos. Com esse IHA, o país perderia 42 mil adolescentes entre 2013 e 2019 vítimas de assassinato." cf. http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2015-01/unicef-considera-inaceitavel-numero-de-assassinatos-de-adolescentes

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  40. Lindenberg Vasconcelos, 54 anos, Carmem Lúcia Silva, 37, Daniel Farias, 32, três conselheiros tutelares da cidade de Poção, assassinados no cumprimento do dever, e Ana Rita Venâncio, avó da criança cuja guarda estava sendo disputada.

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  41. Rodrigo de Souza Pereira e Elizabeth de Moura Francisco, 40 anos.

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  42. Ulisses da Costa Cancela, morto porque entrou por engano na rua errada.

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  43. Jaime Gold, assassinado enquanto se exercitava na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro.

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  44. Giovani Lima, 21 anos, assassinado na frente da filha de 2 anos por causa de uma briga com o senhorio da casa em que morava. A briga foi motivada pela discordância quanto a um cadeado. São Paulo.

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  45. Todo dia uma nova contagem de baixas, contagem de corpos. Na segunda-feira é pior, por causa do incremento de mortes no final de semana.

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  46. Drielle Lasnor de Moraes, 25 anos. Policial.

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  47. Patrícia Xavier da Silva, 21 anos. Grávida de nove meses, foi encontrada amarrada, com um profundo corte na barriga, e o seu bebê está desaparecido.

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    1. O bebê foi encontrado: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/07/01/interna_gerais,663900/bebe-e-localizado-e-trio-e-detido-por-suspeita-de-assassinato-de-mulhe.shtml

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  48. Aguardo o Plano Nacional de Segurança em 2015, que tem como um dos objetivos a redução dos homicídios.

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  49. Gleison Vieira da Silva, 17 anos, morto por "colegas de cela" no dia 16/07, por espancamento. Ele participou e confessou a tentativa de homicídio, homicídio e estupro de quatro cidadãs brasileiras, menores de idade, na cidade de Castelo do Piauí. No Brasil, as tragédias têm desdobramentos.

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  50. Guilherme Manoel de Magalhães Rodrigues, estudante, 20 anos, assassinado pela mãe.

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  51. seis policiais assassinados no Estado do Ceará em 2015. Em São Paulo, dezenas, e em todo Brasil, centenas.

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  52. 18 cidadãos mortos em duas horas em Barueri e Osasco.

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    1. Agora são 19 cidadãos. Letícia Vieira Hillebrand da Silva, outra vítima da chacina, faleceu ontem.

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  53. Maria das Dores Salvador Priante, líder sindical. Foi assassinada no dia da Marcha das Margaridas, evento realizado em memória de Margarida Maria Alves, igualmente líder sindical e igualmente assassinada em 12 de agosto de 1983.

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  54. Na manifestação do dia 16/08, que genericamente vou chamar de "Fora Dilma", houve uma encenação em protesto pela chacina em Barueri e Osasco, aparentemente de responsabilidade de agentes do Estado (policiais). A idéia era chamar a atenção das pessoas para a chacina - fato gravíssimo e infelizmente cada vez menos raro - mas aparentemente a mensagem não foi compreendida. O lema "falta vermelho na bandeira brasileira" aparentemente referia-se aos sangue das vítimas, e não à cor do partido da situação.

    Lembrar das vítimas, esse é o dever de memória.

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  55. Infelizmente e felizmente, dessa vez uma chacina foi filmada (Osasco). É difícil não ficar abalada em ver a maneira aleatória, mas organizada, como as pessoas são escolhidas para morrer e o pavor dos cidadãos. São pessoas que estavam vivendo sua vida normalmente, dentro dessa normalidade tão brasileira que outros povos podem estranhar, e que se tornaram vítimas de uma hora para outra.

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  56. Larissa Gabrielle, assassinada pelo padrasto, aparentemente em razão do desempenho escolar.

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  57. José Leonardo da Silva, 22 anos. Assassinado porque pensaram que era homossexual, ao ser visto abraçando o irmão gêmeo. Inacreditável.

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  58. Todo dia, notícias terríveis. O pior é ver imagens como aquelas do Butantâ, em São Paulo, onde um policial joga uma pessoa detida de um telhado, e outro policial executa um cidadão em plena rua: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/09/novas-imagens-mostram-acao-da-pm-que-terminou-em-morte-no-butanta.html

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  59. Mais uma chacina: Douglas Bastos Vieira; Mateus Moraes dos Santos,José Carlos do Nascimento, de 17 anos e Carlos Eduardo Montilha de Souza, em Carapicuíba. Setembro de 2015.

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  60. Caio César, policial, 27, morto em serviço. Rio de janeiro, 30 de setembro de 2015.

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  61. Publicado o Mapa da Violência (2015): http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2015/mapaViolencia2015.pdf

    Morte "matada" é sinônimo de homicídio, e oposto de morte "morrida" (natural).

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  62. Segundo a instituição "Fórum Brasileiro de Segurança Pública", em 2014 o Brasil perdeu ao menos 58.559 pessoas para a violência.cf http://www.forumseguranca.org.br/storage/download//anuario_2015.pdf

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  63. Mais um linchamento. Mauro Cesar Siqueira Costa Júnior, 23 anos.

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  64. Jorge Lucas Paes e Tiago Guimarães. Mortos por um policial que confundiu uma ferramenta com uma arma.

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  65. Roberto de Souza, 16 anos, Carlos Eduardo da Silva Souza, 16, Cleiton Corrêa de Souza, 18, Wesley Castro, 20, e Wilton Esteves Domingos Junior, 20. Mais uma chacina.

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  66. Vítor Pinto, dois anos de idade. http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/noticia/2016/01/policia-prende-novo-suspeito-de-assassinato-de-crianca-indigena-em-imbituba-4942047.html

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  67. Três anos da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria.

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  68. Karina Francisca Santos da Silva, 26 anos. Estava desaparecida e foi localizada ontem.

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  69. Hoje a minha lembrança vai para a família das vítimas. Tanta dor, tanta dor.

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  70. Edivaldo Silva de Oliveira e Jeovan Bandeira

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  71. Luiz Carlos Ruas, assassinado ao tentar defender outra vítima de um crime de ódio, na noite de Natal.

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  72. 12 mortos em uma confraternização de Ano Novo. http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2017/01/ficamos-na-duvida-se-eram-tiros-ou-fogos-diz-testemunha-de-chacina.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1

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  73. 60 mortos em um presídio em Manaus. http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/01/02/rebeliao-no-amazonas-termina-com-ao-menos-50-mortos-diz-governo.htm

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  74. Itaberli Lozano, 17 anos, assassinado pela mãe.

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  75. Janaína Mitiko, outra vítima de feminicídio.

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  76. Aline de Paula, vítima de latrocínio. Assaltada e assassinada quando saía do trabalho em um hospital. Enfermeira.

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  77. Diogo Nascimento, agente de trânsito, morto em serviço.

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  78. Tássia Mirella Sena de Araújo, 28, assassinada por ser mulher.

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  79. Tantas mortes. Indígenas, trabalhadores rurais, idosos, crianças, homens, mulheres.

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  80. Heitor Cavalcanti, 21 anos. Mais uma família chorando.

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  81. http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/10/infografico2017-vs8-FINAL-.pdf

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  82. 132 policiais mortos no Rio de Janeiro, só no ano de 2017. Em todo Brasil, DEZENAS de servidores públicos morrem anualmente, no cumprimento do dever.

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  83. Gabriel, o Pensador, lembrando das crianças brasileiras assassinadas: https://www.youtube.com/watch?v=1VyhjYbb7Bo

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  84. Bruno Albuquerque Cazuca, segundo sargento do Exército Brasileiro. Tanta dor.

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    1. O policial Guilherme Lopes da Cruz recuperou e entregou a arma que matou o sargento Bruno Cazuca. Logo em seguida, foi assassinado também. As tragédias do Brasil têm desdobramentos.

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  85. Mapeando as vítimas indígenas de homicídio. Cf. http://caci.cimi.org.br/#!/?loc=-13.068776734357694,-63.896484375,4&init=true.

    Mortes que têm tudo a ver com território.

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  86. Douglas Fontes Caluete, policial, foi assassinado durante o assalto, porque foi reconhecido como policial. A mãe dele, sra. Maria Fontes, passou mal ao ver o corpo do filho e morreu horas depois. Indescritível a dor de um coração partido.

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  87. Mônica Gonzaga Bentavinne, 22 anos. Mais um feminicídio.

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  88. Luana Maciel dos Santos, 16 anos, mais um feminicídio.

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  89. Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo, 77 anos.

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  90. Sérgio Roberto Ferreira, Diretor da Universidade Estadual do Norte do Paraná, 60 anos. Morto por um colega professor, por questões de relacionamento no trabalho. Inacreditável.

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  91. Nesse final de 2018, tantas famílias sofrendo.

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  92. Todo dia uma dor. Em 2019 muitas mais pessoas assassinadas no Brasil. "Redução de taxa de homicídio" não existe: toda pessoa assassinada é uma pessoa a mais, um mundo a menos. Se hoje, amanhã, e pelos dias que se seguem, ninguém fosse assassinado no Brasil, ainda assim teríamos um imenso conjunto de pessoas assassinadas, casos a resolver, pessoas a consolar, pensões e indenizações a pagar, lamentos.

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  93. Elza Formighieri Morschheiser, 66 anos, assassinada pelo companheiro com o qual viveu por 40 anos.

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  94. 2019, o ano em que as mulheres brasileiras estão sendo caçadas. Todo dia uma tragédia.

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  95. Isabela Miranda de Oliveira, 19 anos, assassinada pelo namorado.

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  96. Assassinados em uma escola em Suzano. O pai de uma das sobreviventes foi assassinado no dia 20/03/2019. As tragédias brasileiras têm desdobramentos.

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  97. Não há "redução da taxa de homicídios", isso não existe. Cada vida a menos, a taxa de homicídios aumenta. É uma cumulação e ponto.

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  98. Em 2017, 67.500 homicídios no Brasil: http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas_da_violencia_2019.pdf

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