O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
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sexta-feira, 8 de abril de 2011
Saudade
Segundo Nascimento e Menandro (2007), o vocábulo saudade decorre de “soedade”, um lugar ermo e isolado, ou distante, que pelo seu isolamento causa sentimentos como a ausência, abandono, falta, carência, que geralmente levam à tristeza, mas que para outras pessoas é desejável e bom. A saudade é um sentimento de perda mas também é uma forma de recordar, mantendo vivas pessoas e coisas através da lembrança. Um dos aspectos mais interessantes da saudade é a expectativa de que algo volte a ser como era. Através dela – a saudade – projeta-se um futuro desejável em função de um passado satisfatório, como se fôra uma memória futura com a expectativa de ser realizada, porque as estruturas cerebrais utilizadas para lembrar o passado são as mesmas para imaginar o futuro (HERCULANO-HOUZEL, 2007, p.5). Às vezes, esse sentimento de perda é tão profundo que pode vir a transformar-se em doenças físicas, mentais ou espirituais. O médico suíço Johannes Hoffer criou o termo "nostalgia”, em 1688, para designar uma doença que atingia os soldados suíços em serviço no exército francês, caracterizada por febre, vômito e falta de apetite, formada pelas palavras gregas “nostos” (retorno) e “algos” (dor), ou seja, dor pela impossibilidade do retorno. Depois passa a ser considerada uma doença da alma, causada pelo excesso de identificação com as coisas do passado e/ou pela insatisfação com o presente (ROSSI, 2007). No Brasil, essa doença é também conhecida como “banzo”, nostalgia que acometia os escravos africanos, capaz de induzir-lhes ao suicídio. Na minha cidade há um baobá, árvore sagrada para os africanos e afro-descendentes, aos pés do qual os negros banzeiros sentavam-se e deixavam-se morrer. Não importa se essa informação é verdadeira: toda vez que passo à frente dessa árvore lembro das pessoas que morreram com saudades de África, e isso é a memória coletiva do lugar. REFERÊNCIAS HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Saudade, memória do futuro. Folha de São Paulo, 1 fev., Caderno Equilíbrio, p. 5, 2007. NASCIMENTO, Adriano Roberto Afonso do; MENANDRO, Paulo Rogério Meira. Memória social e saudade: especificidades e possibilidades de articulação na análise psicossocial de recordações. Memorandum, nº 8, p. 5-19. Disnponível em: . ROSSI, Filippo. Quando la nostalgia è postmoderna. Disponível em:< http://www.ideazione. com/settimanale/5.cultura/89_06-06-2003/89rossi.htm>.
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Existem 7 Baobas em Recife, dos quais 3 são tombados. Confere?
ResponderExcluirO mais bonito, na minha opinião, é o da Pça Adolpho Cirne. Uma estética tão perfeita que se pode passar horas a olhar sem encontrar um lado desproporcional. Qdo ele està em flor , parece uma arvore de natal... alias, isso não acontece todos os anos.
Danado é que justamente este, não é protegido por tombamento.
Mas tenho duvidas se o tipo que temos é o mesmo daqueles da Africa, que so tem folhas no topo, ou se a diferença é decorrência da adaptação ao clima mais umido.
Em Recife não há legislação municipal de tombamento. A proteção do patrimônio cultural, principalmente imóvel, é feita através de zoneamento urbano (ZEPH) - zonas especiais do Patrimônio Cultural.
ResponderExcluirAcredito que os baobás não são tombados, mas devem gozar de alguma proteção administrativa. Vou pesquisar e te digo.
Verifiquei que são onze baobás protegidos administrativamente.
Sou contrária ao tombamento de seres vivos (coisas, não pessoas) porque a finalidade do instituto é manter a imutabilidade física do bem. Os seres vivos, exatamente porque o são, vão mudar diariamente tornando o tombamento ineficiente.
A legislação brasileira, entretanto, permite o tombamento de seres vivos.
E para terminar: o baobá da Praça da República, aquele onde os negros banzeiros ficavam, parece que serviu de inspiração a Saint-Exupéry, que fala dele no livro Pequeno Príncipe.
Pesquisei:
ResponderExcluirOs baobás na nossa cidade estão "imunes ao corte", em razão do decreto nº 11575/1980 e foi criado o "Dia do Baobá" (19 de junho), destacando o seu valor simbólico através da Lei municipal nº 1.099/2005.
Não é tombamento propriamente dito, mas forma de proteção (imunidade ao corte) e promoção (dia memorial).
Saudade não tem remédio. O jeito é vivê-la, aprender a conviver, e ter a esperança de que se torne suportável com o passar do tempo.
ResponderExcluirO tempo é o maior alquimista, que consegue até transformar as maiores saudades em suaves e douradas lembranças.