Na minha região, o bolo de noiva tradicional é feito com frutas secas (principalmente ameixa, oba!), uma bebida alcoólica para conservá-lo (rum ou vinho tinto), e cobertura de açúcar branquinho.
Todo bolo de noiva bem feito tem o mesmo gosto, que é gosto que me faz lembrar da infância, e pelo qual me apaixonei.
Sempre que sou convidada às cerimônias de casamento tradicional, localizo primeiramente onde o bolo está, e fico por ali orbitando. Depois, vejo alguém confiável para perguntar de que é feito, quem fez, e quando fez.
Percebo que a tradição está sendo gradualmente modificada, pois agora as noivas estão fazendo até bolos de chocolate, ou mesmo de cupcakes empilhados. Essa é uma das poucas situações em que posso afirmar que o chocolate não é bem vindo.
A tradição também está sendo modificada porque qualquer padaria hoje vende bolos de noiva em fatia. Há alguns anos isso era impensável, e a gente tinha que esperar um casamento acontecer para comer o bolo. Hoje em dia basta ir na padaria da esquina e comprar uma fatia sem nenhum significado, mas igualmente gostosa.
Acho que concordo com essa banalização do bolo de noiva, mas discordo totalmente quanto à mudança de sabores porque bolo de noiva respeitável tem que ser de ameixa e rum (ou outro conservante). Eu até entendo que não sejam mais colocadas frutas cristalizadas, que eu detesto, mas elas também são uma incômoda parte da tradição.
Enfim, as pessoas guardam pedaços congelados do bolo de noiva para serem comidos após doze meses. Essa é uma comemoração muito peculiar, pois não lembro de nenhuma outra comida guardada por tanto tempo no Brasil.
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