O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Boas lembranças...Belo Horizonte

Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, merece o nome que tem.  É tão bonita e tão interessante, tão cheia de vida e cultura, emoldurada pela belíssima Serra do Curral, que é um patrimônio nacional tombado.  Uma imagem dela, ao acordar:


Belo Horizonte de manhã - Fabiana Santos Dantas


Há mais ou menos sete anos estive em Minas Gerais com o meu irmão, e pudemos visitar várias cidades e apreciar o seu patrimônio cultural incrível.  Naquela ocasião conquistei um souvenir que hoje está em exposição permanente na minha sala (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/09/souvenir-6-congonhas-minas-gerais.html).

As lembranças daquela viagem sempre voltam à minha consciência, e eu revivo, relembro, rememoro lugares (da memória) queridos.  Então, quando tive a chance de voltar aqui para um congresso fiquei duplamente feliz: primeiro por voltar a Minas e, segundo, por poder falar sobre a proteção legal do patrimônio cultural que é a temática que domina os meus dias e noites.

A memória é composta de camadas, profundas e superficiais (na falta de explicação melhor), e pude agregar novos registros à minha reminiscência "Belo Horizonte".  O Congresso (XXIV CONPEDI) foi muito interessante, e sendo a minha área de estudo o Direito Ambiental, não poderia haver melhor e pior circunstâncias para falar desse tema em novembro de 2015, em Minas Gerais, em razão do gravíssimo dano ambiental ocorrido pelo colapso de uma barragem da Vale/Samarco em Mariana, que ocasionou a perda irreparável de vidas humanas, bens naturais, bens culturais, e que está comprometendo a vida dos sobreviventes, especialmente em razão da falta de água.

Eu morei em Mariana quando era bebê, então não lembro dela nessa época, mas em 2008 visitei o centro histórico e não pude deixar de lamentar não ter morado lá por mais tempo.

Dessa vez, acrescentei novas memórias, e uma delas foi bem dolorosa.  Cheguei no dia 11/11/2015 e, após o credenciamento no Congresso, resolvi arruar, passear pela cidade.  Não foi uma boa idéia.  Eu caí na rua, pois tropecei em uma das inúmeras grelhas que nas calçadas e machuquei o pé direito:






Pé de Fabiana



Depois, fui empurrada ao atravessar uma rua e caí novamente.  Dessa vez machuquei os dois joelhos e a mão direita, em que me apoiei durante a queda.  E enquanto voltava ao hotel, mancando e quase à beira das lágrimas, um milho gigante que decorava um quiosque caiu em cima de  mim, e aí eu machuquei a cabeça.

Não foi nada grave, e eu aprendi que os mineiros são muito solidários com quem cai na rua.  O socorro é imediato, levantam você tão rápido que nem dá tempo de realizar a queda, e todos seguem normalmente a sua vida ao ver que nada de grave aconteceu.  Também aprendi uma nova coisa sobre os mineiros: eles são a resistência à tendência da multifuncionalidade, essa forma terrível de "otimização do tempo" que impõe a fragmentação da nossa atenção. Os mineiros só passam para a tarefa seguinte quando completam a anterior, e fazem isso no seu próprio tempo.

Também tive uma experiência boa com a famosa culinária mineira.  Dessa vez resolvi procurar a fonte, o princípio, a comida mineira arquetípica, e perguntei aos nativos onde encontrá-la. Indicaram um restaurante chamado "Dona Lucinha", que pratica a culinária mineira com requintes de crueldade. Didaticamente, dividem os pratos em cozinha da fazenda e tropeira, e a pessoa pode escolher qual universo deseja experimentar.

Eu experimentei os dois universos, e reguei tudo com um molho de rapadura, que até hoje eu nem sabia que existia, mas já passou a fazer parte da minha vida.  E tive um encontro inesperado com a origem, o autêntico doce de leite.  Não aquele embuste feito com leite condensado, cozido em panela de pressão onde se faz feijão.  O doce de leite que eu comi era totalmente diferente, tinha gosto de leite bom e consistência de nuvem.

Enfim, dessa vez só fiquei chateada porque não consegui andar tanto quanto desejava, em razão do meu pé inchado. Além disso, tive sérios prejuízos na minha leitura porque o pé latejava e tirava a minha concentração: se-mi-ó-ti-ca.  O ritmo acabou sendo ditado pela pulsação no inchaço, e confesso, é uma péssima maneira de ler.

Be-lo Ho-ri-zon-te, vou voltar.




Um comentário:

  1. Respondendo a uma pergunta: na legislação brasileira, as normas jurídicas referentes ao patrimônio cultural são abrangidas pelo Direito Ambiental, e com as suas especificidades, seguem os mesmos princípios e instrumentos semelhantes. Daí porque fala-se em "meio ambiente cultural", geralmente em falsa e pseudo-oposição ao "meio ambiente natural". Não é possível separar a Cultura e a Natureza e essa íntima relação fica chocantemente evidente em casos como o de Mariana, MG.

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