A memória é uma necessidade pós-material, espiritual, dos indivíduos e grupos e nem por isso é menos importante.
Existe uma vontade de preservar, que faz o ser humano desenvolver tecnologias de registro, como áudio, vídeo, a escrita, e um dos seus efeitos mais interessantes é o ato de criar monumentos intencionais. Há um impulso de monumentalização, de marcar tempos e lugares com vestígios materiais capazes de comunicar idéias e valores, para que sejam transmitidos às gerações futuras.
Quem cria e por que são criados monumentos? São perguntas básicas quando queremos entender o (s) significado (s) de um marco dessa natureza.
Percebo que o Estado, como organização política, sempre teve um grande impulso monumentalizador. Geralmente, os governantes da ocasião criavam monumentos para perpetuar a própria memória ou daqueles que lhe deram apoio. Por essa razão o instituto da damnatio memoriae foi frequentemente utilizado para apagar vestígios políticos.
De toda sorte, percebo que no Brasil o impulso monumentalizador público e intencional não é muito notável. Entre nós a prática mais comum é de nomear logradouros ou revestir monumentos privados de interesse público. Mas também é possível ver outras espécies de monumentos públicos como edifícios, bustos e esculturas, de personagens importantes para a Política, Arte, Religião, e até mesmo em homenagem àqueles cuja duvidosa biografia não indicam o merecimento, como ocorre com Lampião.
Por que Lampião merece uma estátua, e por que Getúlio Vargas é herói nacional? Certamente para algum grupo social esses personagens possuem significados que os torna merecedores de marcos memoriais.
Entretanto, há também monumentos privados, que podem nascer ou não com a finalidade explícita memorial. As lápides e mausoléus são monumentos privados à memória individual ou familiar, além do que é possível transformar edifícios em museus e criar memorabilia.
A forma dessa monumentalização também muda, cada época expressa ao seu jeito.
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