O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sábado, 12 de junho de 2021

Tabela periódica

Eu passei por dois desafios à memória individual na idade escolar: o primeiro foi decorar a tabuada e o segundo, a tabela periódica. Embora existam outras formas de aprender a tabuada que não seja decorando, e a tabela periódica realmente não tenha uma presença no meu cotidiano de advogada, ainda assim estou melhor do que o meu pai que foi obrigado a aprender todos os afluentes do Rio Amazonas sob a ameaça de palmatória (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/05/palmatoria.html?m=0).

Para o meu pai aprender os afluentes do Rio Amazonas talvez até fizesse sentido, uma vez que nasceu no Estado do Amazonas e era comum andar de barco por lá.  Talvez a Geografia ajudasse a salvar a sua vida caso precisasse se localizar, e a palmatória parece ter sido uma motivação eficiente já que até hoje ele lembra de todos os afluentes da margem direita e esquerda, e em determinada ordem.

Bem, a tabuada de 1 a 10 incorporou-se na minha vida de tal forma que quando eu penso em multiplicação ela vem automaticamente à minha cabeça.  Já a tabela periódica não memorizei no coração (decorar) tão bem:  ela é um grande quadro borrado, com cores e informações incompreensíveis.

Na verdade, eu não tenho nenhuma afinidade com a maioria dos elementos que estão ali, não me identifico.  Gosto mesmo é do ouro (Au) porque acho que absolutamente tudo fica melhor dourado (o que talvez seja uma herança da minha suposta ascendência cigana); tolero a prata (Ag) embora reconheça o seu valor; acho o símbolo do cobre engraçado, porque é uma piada interna dos lusófonos; preciso muito de oxigênio, hidrogênio, potássio, magnésio, zinco e cálcio; e presto reverência ao carbono porque me faz lembrar os poemas de Augusto dos Anjos, que se dizia filho do carbono e do amoníaco.

Então hoje resolvi dar uma olhada na tabela periódica, já que é sábado e estou com preguiça de fazer faxina no momento, e fiquei chocada em perceber como ela mudou desde os meus tempos de escola. Existem muitos elementos incorporados nas últimas décadas, com nomes interessantes e enigmáticos, e processos de descoberta que parecem verdadeiras aventuras.

Alguns deles são homenagens a cientistas, como o rutherfórdio, o einstênio e o mendelévio, o que prova que os cientistas e as tabelas períódicas exercem a lembrança celebrativa nomeando em homenagem (http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-5-nomear-em-homenagem.html).

Se eu fosse estudar a tabela periódica hoje certamente o faria de um jeito diferente, lúdico e cheio de história, mas hoje é sábado e agora eu tenho que fazer faxina.

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