O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 28 de junho de 2013

Cerimônias de Formatura: reflexão etnográfica

Essa  nova série do blog foi criada para analisar as festividades/situações sociais em que nos metemos periodicamente.  Não são necessariamente comemorações oficiais, mas servem para compor o mosaico do nosso modo de ser, viver e sentir.  Iniciamos com uma reflexão sobre o Chá de Panela (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/cha-de-panela-reflexao-etnografica.html), para mim sempre motivo de mistério e questionamento.

Hoje, resolvi refletir um pouco sobre as cerimônias de formaturas variadas que acontecem no Brasil e, para mim, são muito curiosas.

A colação de grau em cursos superiores sempre foi muito valorizada na sociedade brasileira, talvez porque o Brasil demorou muito para conquisar as suas próprias universidades.   Como resultado, quem queria estudar (pelo menos na minha área, que é o Direito) precisava ir à Europa, passava anos longe da família e, ao graduar-se, retornava à terra natal. Imagino que a grande pompa e circunstância da ocasião deva-se, também, à alegria pelo retorno desses familiares.

Não sei, estou só tentando entender.  Analisando a minha própria experiência, percebo que em geral as cerimônias de formatura compõem-se de:

a) Aula de encerramento ou da saudade:  fechamento cíclico com a última aula da graduação.
b) Cerimônia de colação de grau: onde alguém torna-se bacharel ou licenciado.
c) Baile de formatura:  que é uma festa para familiares e amigos.

Por tradição, o curso de Direito ainda acrescenta o ato da bênção dos anéis de formatura através de uma cerimônia religiosa.  Em outros cursos também constatei que às vezes ocorre uma  celebração ecumênica.

Tudo isso geralmente concentrado em um semana, uma verdadeira maratona que exige vários trajes dos formandos (vestidos de gala, de coquetel, roupas formais, sapato apertado) e dos familiares. São cerimônias protocolares, cheias de atos simbólicos, e cujo prolongamento e ressonância são capazes de ilustrar a sua importância.

Tão importantes que hoje existe uma indústria de "cerimoniais" que criam festas cada vez mais extravagantes com novas e velhas tradições adicionadas para "incrementar" as festas.  Por exemplo, jogar o capelo para cima: tradição inventada.  Fogos de artifício no baile: tradição inventada.

Esse modelo vem sendo copiado para outras formaturas, por exemplo, do ensino médio, da alfabetização, como se a cada etapa educacional a gente tivesse que parar para comemorar esses marcos.

Em outras culturas a festa de formatura não é tão comemorada.  Essas festividades prolongadas acontecem em casamentos, funerais, por exemplo.  Então, porque entre nós, brasileiros, a formatura atingiu esse status? Eu, particularmente, gosto muito de formaturas porque é uma ocasião em que as pessoas realmente ficam orgulhosas e contentes, com uma sensação de dever cumprido.

Um comentário:

  1. Minha mãe guardou o anel de formatura da minha bisavó. Tão bonitinho...Algum dia, se conseguir convencê-la,vou tirar uma foto para postar.

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