O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Louvor do esquecimento - Bertolt Brecht

"Bom é o esquecimento. 
Senão como é que 
O filho deixaria a mãe que o amamentou? 
Que lhe deu a força dos membros e 
O retém para os experimentar. 

Ou como havia o discípulo de abandonar o mestre
Que lhe deu o saber?
Quando o saber está dado 
O discípulo tem de se pôr a caminho.

Na velha casa 
Entram os novos moradores. 
Se os que a construíram ainda lá estivessem
A casa seria pequena demais. 

O fogão aquece. O oleiro que o fez 
Já ninguém o conhece. 
O lavrador não reconhece a broa de pão. 

Como se levantaria, sem o esquecimento
Da noite que apaga os rastos, o homem de manhã? 

Como é que o que foi espancado seis vezes 
Se ergueria do chão à sétima 
Pra lavrar o pedregal, pra voar oo céu perigoso? 

A fraqueza da memória dá fortaleza aos homens".


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Se me permite, prezado Brecht, vou discordar.  A memória não exige que o mundo pare.  A criança vai crescer, o aluno vai caminhar, e talvez superar o mestre, mas a experiência torna o indivíduo único.  
Não é por esquecer que o espancado seis vezes se ergue do chão à sétima.É por lembrar que viver é mais do que só infortúnios.
O esquecimento não é o contrário da memória, é o seu limite, contorno e destaque.

Mas apesar de discordar, prezado Brecht, entendo que a bênção do esquecimento é fundamental, especialmente para quem presenciou a tragédia da guerra e do exílio.

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