O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sábado, 13 de dezembro de 2014

Reflexões saturnais

Hoje é sábado, meu dia favorito da semana, quando me dou ao luxo de fazer coisas que não tenho tempo de fazer durante a semana, por exemplo, escutar músicas, ver filmes, ou simplesmente, ficar largada no sofá pensando.

Nesses momentos de reflexão, penso o que me dá na telha. Lembro experiências, pessoas, poesias, coisas a fazer, gostos e desgostos.  Exercito a minha memória, remexo o acervo para arejá-lo, já pensando na velhice.

Enfim, hoje me peguei pensando nos povos antigos.  Parto da hipótese que a humanidade sempre fez as mesmas coisas, apenas usando meios diferentes. Então, como será que o romanos tomavam banho? ou os gregos cozinhavam, ou os mesopotâmios casavam?  Será que os egípcios iam ao cabelereiro e saíam para a balada?

Resolvi, então tentar responder à primeira pergunta:  como os romanos tomavam banho?  Sei bem que havia uma grande importância social nos monumentais banhos públicos romanos, que inclusive é revelada pela riqueza e complexidade de sua arquitetura.  O banho era um ritual complexo, que envolvia várias etapas (banho quente, sauna, banho frio, massagem, refeições), além de ser um lugar importante para discutir política, vida, encontrar os amigos, relaxar.

Afirma-se que cristianismo prejudicou muito a questão da higiene pessoal romana.  Por causa da religião, os banhos romanos foram sendo esquecidos, e substituídos por uma geral falta de higiene entre os europeus, que influenciou na propagação de várias doenças, inclusive da Peste Negra (século XIV) e outras grandes pestes que se seguiram.

Os cristãos da época, e até o século XIX, acreditavam que tomar banho fazia mal à saúde porque dilatava os poros, e assim o corpo ficava vulnerável a doenças.  Além disso, quem é puro de espírito não precisa banhar-se, ainda mais se estiver desnudo, com as pudícias à mostra, como faziam os pagãos, aqueles miseráveis.

Graças a Deus, um dos patrimônios imateriais dos indígenas brasileiros era o hábito de banhar-se várias vezes ao dia. Agradeço por mais esse legado.

Há relatos de que a Inquisição no Brasil processou várias pessoas por judaísmo, sendo uma das principais evidências dessa prática o ato de tomar banho (às sextas-feiras).

Então, tomar banho poderia variar entre obrigação religiosa (fazer) ou pecado (não fazer), em todos os casos um ato com gravíssimas repercussões.  Hoje em dia é uma faculdade (poder fazer), e essa facultatividade vem prejudicando bastante pessoas e relações.

Dito isso, como será, então que os incas tomavam banho?

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