Gregório de Matos Guerra é um poeta português nascido no Brasil (que na época era território português), no século XVII.
Conhecido como "Boca do Inferno" por sua língua (e pena) afiada, Gregório de Matos foi muitas coisas na vida: exerceu cargos públicos (juiz, procurador), jurista, acusado à Inquisição por blasfemar, e foi deportado para Angola.
É considerado o maior poeta barroco do período colonial brasileiro, e sempre foi um dos meus poetas preferidos pela sua ampla, geral e irrestrita irreverência. Por sinal, uma irreverência que ia além do que escrevia, se metade do que contam sobre a sua biografia for verdade.
Gregório de Matos devia ser o maior dos descarados. Vê se tem cabimento dedicar esse poema a uma freira:
"Se Pica-Flor me chamais,
Pica-Flor aceito ser,
Mas resta agora saber,
Se no nome que me dais,
Metei a flor que guardais
No passarinho melhor!
Se me dais este favor,
Sendo só de mim o Pica,
E o mais vosso, claro fica,
Que fico então Pica-Flor"
Francamente...Não sei se na época em que ele escreveu esse poema as palavras já sugeriam tanta obscenidade, mas vindo dele, sempre podemos esperar o pior (ou melhor!).
É claro que tanta falta de trato teve suas sanções sociais. O poeta se defendeu como pôde:
"Querem-me aqui todos mal,
E eu quero mal a todos,
Eles e eu por nossos modos
Nos pagamos tal por tal:
E querendo eu mal a quantos
Me têm ódio tão veemente
O meu ódio é mais valente
Pois sou só e eles tantos".
Eu tenho saudades de Gregório de Matos, e às vezes me pego pensando: como seria bom ouvir a opinião dele sobre o que acontece hoje. Às vezes sinto falta de uma opinião tão clara como a que ele teria sobre certos assuntos.
Não que eu concorde com a maledicência ou mesmo com as suas opiniões, mas tenho certeza ele nos faria refletir, ainda que fosse para discordar.
Gregório de Matos faleceu em 1695, e permanece atual mais de trezentos anos depois.
Caro Gregório de Matos, como seriam os seus versos sobre Cunha?
ResponderExcluirMinha opinião bate com a sua. Cabral "plantou" degredados e pessoas inconvenientes aqui. Com o tempo, esses mais costumes se transformaram nessa infâmia que vivemos e, infelizmente aceitamos hoje.
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