O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembrar Marc Bloch

Marc Leopold Benjamin Bloch, famoso historiador francês (1886-1944), foi fuzilado pelos nazistas em 16 de junho de 1944, por ser francês, historiador, e membro da resistência francesa.

No post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/09/lembrar-maurice-halbwachs.html, lembramos de Maurice Halbwachs, outro estudioso francês que também foi executado pelos nazistas. Ele me fez lembrar de Marc Bloch, e consequentemente lembrei que o meu irmão me emprestara um livro dele há muito tempo, mas que infelizmente não tive tempo de ler.

O livro é a "Apologia da História, ou o ofício do historiador", obra que Marc Bloch começou escrever durante a sua prisão e tortura, e que ficou inacabada em razão do fuzilamento do autor. A obra foi publicada postumamente.

Eu comecei a ler o livro há mais ou menos dez dias, e não consegui mais largar dele. Fiquei muito impressionada porque, naquela situação tão devastadora, Marc Bloch dirigiu a sua atenção e o que sobrava do seu tempo para refletir sobre o seu ofício, prestando contas e também cobrando o rigor dos seus companheiros e aprendizes de profissão na construção do conhecimento histórico.

Pessoalmente, gostei muito do livro porque através dele conheci um homem apaixonado pelo seu ofício (de historiador) e pela História. Mas também porque esse homem apaixonado não era possessivo: ao contrário, ao considerar que a História pode ser um entretenimento, descaradamente Bloch nos autorizou apenas a flertar com ela.

Isso é sem dúvida libertador para pessoas que, como eu, são apaixonadas por História mas não querem um compromisso duradouro. Eu gosto mesmo é da sedução, da paquera histórica, e de vez em quando dar uns amassos na História, mas sem grandes comprometimentos, e tudo isso autorizado por Marc Bloch.

No fim do livro, fiquei com a impressão de que a História era quase tudo para ele: ciência, preocupação, diversão, e consolo nos momentos difíceis. Deve ser por isso que é considerado pelos seus pares como um Mestre no seu ofício.

In memoriam matris amicae.

Um comentário:

  1. "Pois não imagino, para um escritor, elogio mais belo do que saber falar, no mesmo tom, aos doutos e aos escolares". Apologia da História, p. 41

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