Marc Leopold Benjamin Bloch, famoso historiador francês (1886-1944), foi fuzilado pelos nazistas em 16 de junho de 1944, por ser francês, historiador, e membro da resistência francesa.
No post http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/09/lembrar-maurice-halbwachs.html, lembramos de Maurice Halbwachs, outro estudioso francês que também foi executado pelos nazistas. Ele me fez lembrar de Marc Bloch, e consequentemente lembrei que o meu irmão me emprestara um livro dele há muito tempo, mas que infelizmente não tive tempo de ler.
O livro é a "Apologia da História, ou o ofício do historiador", obra que Marc Bloch começou escrever durante a sua prisão e tortura, e que ficou inacabada em razão do fuzilamento do autor. A obra foi publicada postumamente.
Eu comecei a ler o livro há mais ou menos dez dias, e não consegui mais largar dele. Fiquei muito impressionada porque, naquela situação tão devastadora, Marc Bloch dirigiu a sua atenção e o que sobrava do seu tempo para refletir sobre o seu ofício, prestando contas e também cobrando o rigor dos seus companheiros e aprendizes de profissão na construção do conhecimento histórico.
Pessoalmente, gostei muito do livro porque através dele conheci um homem apaixonado pelo seu ofício (de historiador) e pela História. Mas também porque esse homem apaixonado não era possessivo: ao contrário, ao considerar que a História pode ser um entretenimento, descaradamente Bloch nos autorizou apenas a flertar com ela.
Isso é sem dúvida libertador para pessoas que, como eu, são apaixonadas por História mas não querem um compromisso duradouro. Eu gosto mesmo é da sedução, da paquera histórica, e de vez em quando dar uns amassos na História, mas sem grandes comprometimentos, e tudo isso autorizado por Marc Bloch.
No fim do livro, fiquei com a impressão de que a História era quase tudo para ele: ciência, preocupação, diversão, e consolo nos momentos difíceis. Deve ser por isso que é considerado pelos seus pares como um Mestre no seu ofício.
In memoriam matris amicae.
"Pois não imagino, para um escritor, elogio mais belo do que saber falar, no mesmo tom, aos doutos e aos escolares". Apologia da História, p. 41
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