O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 6 de julho de 2015

Heróis e o seu significado para a memória coletiva

Herói (do grego héros)  é alguém que transcendeu a condição humana normal, tornando-se quase divino, porque praticou atos de bravura, demonstrou virtudes incomuns como a coragem, a persistência, força, tornando-se um modelo para os outros.  O herói é capaz de enfrentar as adversidades que o destino lhe apresenta com altivez e destemor.

É uma espécie de arquétipo que ilustra virtudes públicas, por essa razão os heróis encarnam os ideais nacionais, que são exatamente os motivos de sua comemoração e exaltação, e tornam-se um dos símbolos do Estado ou das comunidades.

O Brasil cria os seus heróis através de lei ordinária, como se pode ler no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/os-herois-do-brasil.html.  Ou seja, é o Poder Legislativo quem faz heróis, e depois o seu nome é inscrito no Livro dos Heróis da Pátria (livro de Aço, cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/04/o-livro-de-aco-livro-dos-herois-da.html).

É claro que um herói nacional nem sempre será um herói do povo.  Aliás, verifico que há um profundo desconhecimento sobre o assunto por parte dos cidadãos, que elegem os seus modelos por critérios diversos do Estado Brasileiro.  Antigamente, os jogadores de futebol poderiam ser considerados heróis populares, mas desde a última Copa do Mundo perderam bastante o seu prestígio.

Ser herói é diferente de ser "mártir", porque esse último é submetido a um suplício. O sacrifício do mártir é um supliciamento, e por razões históricas é relacionado com a defesa de crenças e ideais.  Já o herói não precisa ser supliciado, e nem mesmo morrer no evento heróico.

Percebo, também, que no panteão dos heróis brasileiros ambas as figuras estão confundidas.  Será mesmo que precisamos de heróis?  Para Brecht, o povo que precisa de heróis é miserável, bem como aquele que não os têm.  Certamente, ele não teve a oportunidade de estudar o "Caso Brasil", onde sim, há heróis, mas eles são irrelevantes, o que parece atender às suas duas condições de não-miserabilidade.

Se não precisamos, por que fabricamos?  Essa é a pergunta que não quer calar.  E se precisamos, por que não são comemorados?

Não é fácil realizar na prática o arquétipo de herói, especialmente nessa nossa época em que eles são super.  Como um homem ou mulher normal transcenderá sem saber voar, congelar, esticar-se, subir pelas paredes?  Hoje não basta ser herói, tem que ser super-herói, caso contrário o seu único poder será ficar invisível.

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