Agosto é um mês temido pelos brasileiros, que o associam a infortúnios. Chamado o "mês do cachorro louco", parece que definitivamente se tornou antipático em nossa memória coletiva devido a alguns marcos importantes e funestos em nossa História política: o presidente Jânio Quadros renunciou em agosto de 1961, inaugurando o processo de desestabilização política que culminou no golpe de Estado de 1964 e numa ditadura militar, no mínimo trinta anos de má-sorte para os brasileiros.
Em agosto o Presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio (1954) e o ex-Presidente Juscelino Kubitschek faleceu em um acidente automobilístico (1976).
Portanto, agosto é um mês oportuno para refletir sobre um assunto que anda me incomodando um pouco: o fim do mundo. Em um desses domingos perdidos estava em casa, com vontade apenas de ficar largada no sofá, em frente à tv, quando começou uma maratona de programas sobre o fim do mundo à moda maia, em 2012.
Depois de seis programas sobre como o mundo acabará em 2012, convenci-me de que realmente o fim está próximo e acontecerá em 21/12/2012. Superei uma certa preocupação inicial com os esclarecimentos do meu marido, que é formado em Ecologia e por isso tem uma "visão holística" do Cosmos, e me disse em tom tranquilizador:
- Não, meu bem, em 2012 provavelmente é o nosso mundo que vai acabar. A Natureza vai continuar existindo depois de nós, como existia antes de nós.
Se é assim, então fico mais tranquila. Na verdade acho que está acontecendo uma certa confusão na leitura ou no entendimento da cosmologia maia porque o que vai terminar é um ciclo, impondo um recomeço em bases diferentes. Não é que o "mundo" vai acabar, mas sim o tempo da mentalidade que criou esse mundo: é essa mudança de paradigmas que todo mundo preocupado com o meio ambiente espera.
Certo, depois que esse marco for estabelecido, como ficará a memória, o patrimônio, que sobrar? Sim, porque os sobreviventes de um eventual cataclisma precisam transmitir o conhecimento às gerações futuras, que herdarão um mundo muito diferente do nosso.
Será que na era do conhecimento virtual nós temos meios eficientes de registro que possam ser transmitidos? Ou será que todo esse conhecimento será perdido?
Será que as gerações futuras vão pensar que aviões, computadores, geladeiras e televisões são mitologia?
Será que outros fins do mundo aconteceram antes, e é por isso que falamos em civilizações perdidas?
Post scriptum
ResponderExcluirNós vivemos um tempo muito interessante, quando convergem várias profecias.
Será que veremos o fim das profecias? Ou será que esse é o tempo de criação de novas profecias, novas memórias do futuro?
Sei não.
ResponderExcluirMas, se o mundo for acabar mesmo nessa data, eu já sei onde vou querer estar: na frente do Estádio dos Aflitos. Quero ver aquilo tudo desmoronar.
hehehehehehe
ResponderExcluirPara conhecer uma interpretação mais adequada sobre o calendário maia: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,maias-previam-retorno-de-um-deus-em-2012-e-nao-o-fim-do-mundo-diz-estudo,805315,0.htm
ResponderExcluirPara atualizar: o dia 21 de dezembro de 2012 passou e, até o momento, o planeta Terra não foi destruído. Algum lugar deve estar sendo destruído nesse exato momento por guerras, poluição ou empreendimentos não autorizados. Mas isso ninguém considera o fim do mundo.
ResponderExcluirBem, passados seis meses do suposto fim do mundo, já me considero mais segura para afirmar que está tudo dentro da normalidade.
ResponderExcluirNão obstante, ontem achei que finalmente o dia havia chegado. Na minha cidade choveu muito, teve greve do transporte coletivo, duas ou três pequenas manifestações, meu almoço estragou, mas no fim deu tudo certo.
Certo. Agora é oficial: o mundo não acabou ainda.
ResponderExcluirSerá que devemos nos preocupar com a chegada de agosto, considerando que no ano é 2013, e treze é um número complicado?
Agosto de 2013 passou, já estamos em 2014, e podemos dizer que o mundo em geral não acabou. Porém, em um ano de tantas guerras, genocídios e desastres naturais, é possível perceber que muitos mundos acabaram.
ResponderExcluir13 de Agosto de 2014. Hoje, o candidato à Presidência da República Eduardo Campos e mais quatro pessoas faleceram em um acidente de avião.
ResponderExcluirNa verdade, faleceram sete pessoas.
ExcluirAgosto de 2015 está sendo considerado decisivo para a política brasileira e para a Presidente Dilma. Afinal, o que há entre agosto e os presidentes?
ResponderExcluirAgosto passou, e a Presidente não caiu. Sobreviveu a agosto, sobrevive a quase tudo. Mas em setembro de 2015, dizem, o mundo vai acabar: http://noticias.uol.com.br/tabloide/ultimas-noticias/tabloideanas/2015/06/08/eua-estariam-se-preparando-para-choque-de-asteroide-com-exercicio-militar-secreto.htm
ResponderExcluirDessa vez vai.
Afinal, por que periodicamente surgem essas notícias de fim de mundo? É para colocarmos as nossas vidas em perspectiva ou há uma indústria do Apocalipse? Tem alguém vendendo solução para esse problema, por acaso?
ResponderExcluirÉ, o mundo não acabou em 07/10/2015. Isso não significa que algumas comunidades não estejam experimentando a ira dos quatro cavaleiros.
ResponderExcluirAgosto de 2016 chegando, e aquela sensação de iminente apocalipse amplificada pelas circunstâncias em que estamos metidos: Olimpíadas, impeachment, terror, guerras. Definitivamente, o Apocalipse não é um evento, mas um processo.
ResponderExcluirImpeachment em agosto.
ExcluirNovo fim do mundo em 2017. Os tempos estão mais rápidos mesmo. Antigamente, as pessoas previam o fim do mundo com uma certa distância de gerações, as profecias duravam mais tempo. Agora todo ano tem alguém errando previsões.
ResponderExcluirAparentemente, o mundo acabará em 17/02/2017. Dez dias antes do carnaval? Não, não é possível.
ResponderExcluirCorrigindo, 16/02. Dá na mesma.
ExcluirCerto, acho que agora já é seguro. O mundo não acabou em 16/02 ou 17/02/2017.
ResponderExcluirAgosto de 2017. A narrativa é de deterioração na vida pública brasileira. Essa é uma forma de formatar a memória coletiva, e o sentimento em geral acompanha essa intenção, dada a quantidade de escândalos diários na política.
ResponderExcluirNão, o mundo não acabou em 23/09/2017. Mas considerando essa notícia, acho que chegou perto: https://br.financas.yahoo.com/noticias/papagaio-imita-voz-dona-consegue-fazer-pedido-amazon-142226809--finance.html
ResponderExcluirAgosto de 2018. A narrativa continua sendo deterioração na vida pública brasileira. Essa é uma forma de formatar a memória coletiva, e o sentimento em geral acompanha essa intenção, dada a quantidade de escândalos diários na política, que só aumentaram.
ResponderExcluirAgosto de 2019. A narrativa continua sendo deterioração na vida pública brasileira. Essa é uma forma de formatar a memória coletiva, e o sentimento em geral acompanha essa intenção, dada a quantidade de escândalos diários na política, que só aumentaram.
ResponderExcluirAgosto de 2019 passou, mais um mês confuso do ponto de vista da consolidação da democracia.
ResponderExcluirAconteceu 2020.
ResponderExcluir