O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









terça-feira, 10 de maio de 2011

Direito à memória coletiva e manipulação de imagens pela imprensa

A manipulação de imagens pela imprensa não é nenhuma novidade, e evidentemente, quando isso acontece há uma violação da memória coletiva porque simplesmente assistimos, vemos e sabemos falsas informações.

Algumas dessas alterações são irrelevantes para a memória da maioria das pessoas, por exemplo, que aquela atriz apareceu sem umbigo no comercial, que a careca do príncipe foi disfarçada para as fotos do casamento, ou que o presidente tem músculos abdominais falsos.

Nem discuto que essas alterações manifestam o padrão de beleza contemporâneo e que esse padrão ditatorial inatingível para a maioria dos mortais pode estimular o aumento transtornos alimentares, principalmente entre os jovens.

Nesse campo, meu problema é com a criação de falsos padrões mercadológicos nas relações amorosas, pois hoje é necessário ter os seios do tamanho certo, os lábios de certa maneira, uma metragem de cintura, bíceps, triceps...

Bem, voltando à memória coletiva, nesta semana aconteceu um fato interessante que eu não posso deixar de comentar. Veja a reportagem publicada no sítio

"..RIO - Um jornal judaico ultraortodoxo editado nos Estados Unidos pediu desculpas nesta terça-feira, em comunicado, por ter apagado a imagem de duas mulheres da já histórica foto em que o presidente americano, Barack Obama, e sua equipe acompanham a operação que resultou na morte de Osama bin Laden. O "Die Zeitung" (às vezes transliterado "Di Tzeitung"), editado pela comunidade hassídica de Nova York, apagou da foto as duas únicas mulheres que apareciam: a secretária de Estado Hillary Clinton e Audrey Tomason, assessora de contraterrorismo da Casa Branca. Na nota desta terça, o jornal diz que seu editor não leu as diretrizes da Casa Branca - a quem a foto é creditada - e adulterou a imagem seguindo uma política editorial de não publicar fotos de mulheres. De acordo com essa política, explica o jornal, seus leitores "acreditam que as mulheres devem ser apreciadas pelo que são e o que fazem, e não por sua aparência". O comunicado diz que foram enviadas desculpas à Casa Branca e ao Departamento de Estado americano. ..."

Daqui a algumas décadas, um leitor desavisado pode consultar este periódico na biblioteca e não saberá que naquela sala havia duas mulheres que participaram da operação lato sensu. É uma flagrante violação à memória coletiva.

A explicação do jornal foi muito elegante, e de certa maneira responde à nossa ânsia de valorização das mulheres pelo que elas são e fazem, e não pelo que elas aparentam. Aliás, isso também devia servir para os homens, então não devia aparecer ninguém na foto.

2 comentários:

  1. Não foi utilizado pela imprensa, mas de todo jeito, é uma manipulação de imagem que desconsidera toda uma realidade: http://oglobo.globo.com/blogs/blog_gente_boa/posts/2014/02/25/apertem-os-cintos-favela-sumiu-525714.asp

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  2. 2016 é um ano interessante para discutir a mídia e o seu poder formatador da realidade, com evidentes interferências na memória coletiva. No Brasil, a imprensa chamada de "tradicional" não é neutra. A suposta "neutralidade" aparece na falta de um sotaque e de aprofundamento das matérias.

    Uma parte da população está atribuindo a crise política atual a uma campanha sistemática dos meios de comunicação que, no Brasil, são um serviço público.

    Chegou a hora de repensar esse serviço público? Como e para que é prestado?

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