O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 30 de maio de 2011

Não deixe o samba morrer!

"Quando eu não puder pisar mais na avenida
Quando as minhas pernas não puderem agüentar
Levar meu corpo junto com meu samba
O meu anel de bamba entrego a quem mereça usar

Eu vou ficar no meio do povo espiando
Minha escola perdendo ou ganhando
Mais um carnaval
Antes de me despedir
Deixo ao sambista mais novo
O meu pedido final

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De samba pra gente sambar".

Letra: Edson e Aluísio (cf.)
_________________________

Além da bela letra, essa música deixa claro que é a continuidade o valor a ser preservado. Os bambas passam mas o samba deve permanecer, para que novos bambas existam.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O primeiro autógrafo a gente nunca esquece

O primeiro autógrafo que eu pedi em toda a minha vida foi do Prof. Dr. Lourival Vilanova. Eu comecei a estudar a obra dele para a iniciação científica (um estudo comparativo entre as obras de Vilanova e Kelsen no tema "causalidade jurídica"):




O texto diz: "A Fabiana Dantas, que demonstra inteligência analítica e aguda para os problemas técnico-formais do Direito. Lourival Vilanova. Recife, 21/05/1997."

Demorei muito para criar coragem para falar com ele. Coloquei na cabeça que só poderia encontrá-lo quando tivesse lido e entendido a sua obra, para não fazer perguntas idiotas. Hoje, mais madura, sei que não existem perguntas idiotas para quem quer aprender, e com certeza se tivesse conversando com o professor antes teria evitado muito choro e ranger de dentes.



Não é fácil entender os seus livros. Demorei uns bons dois anos para ler entendendo os seus escritos, e quando encontrei com ele tentei mostrar serviço, falando, falando e falando. Deve ser por isso que ele achou que eu era espertinha... Mas se eu fosse esperta mesmo, teria ouvido mais e falado menos.



Anos depois, já no Mestrado, tive a honra de ser sua aluna na disciplina "Teoria geral do Direito", e evidentemente, pedi o autógrafo dele de novo, no mesmo livro, porém em edição diferente:



O texto diz: "A Fabiana Dantas, com toda a estima. Lourival Vilanova, 31/10/2001."

A estima é recíproca. Guardo boas lembranças do Prof. Dr. Lourival Vilanova, das suas aulas no Mestrado, das estórias sobre ele que contavam (ele nunca fez louvor em boca própria), e principalmente porque tive a oportunidade de conhecer um verdadeiro cavalheiro.

domingo, 22 de maio de 2011

Direito à memória dos mortos: encontre informações sobre o sepultamento de pessoas famosas

Esse post é para divulgar um sítio interessante para quem quer saber onde estão enterradas pessoas famosas: http://www.findagrave.com/.

Fiz uma pesquisa por Fernando Pessoa, só para saber como a informação aparecia: http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GRid=7951480

O sítio também traz outras informações sobre os mortos e uma sessão sobre epitáfios interessantes, exóticos e engraçados.

Memória brasileira: a inflação

Há uns vinte dias, ministrei uma aula sobre os instrumentos de intervenção do Estado na Economia, um dos pontos de Direito Administrativo. Ao falar de tabelamento de preços, perguntei aos meus alunos se lembravam da época em que os preços e a inflação no Brasil estavam fora de controle, e fiquei realmente surpresa ao ver que apenas os alunos mais velhos (acima de trinta e poucos anos) já tinham passado pela experiência, enquanto que os alunos na casa dos vinte e poucos já tinham "ouvido falar" do fenômeno mas sequer sabiam como ele ocorria.

Hoje saiu uma notícia que parece confirmar que existe uma geração que não tem memória da inflação:

"RIO - A cantina da escola acusa: a inflação chegou ao universo de Pedro Santos e seus amigos do quinto ano do colégio Teresiano, no Rio. A turma já notou com mais intensidade aumentos no preço do mate, do pingo de leite, do pão na chapa e do brigadeiro. Fora do colégio, a pipoca também ficou mais cara, assim como o feijão, o chocolate e os presentes para as mães. As altas, naturalmente, atingem toda família - e, em resposta, tem havido corte nos excessos das crianças e arrocho nas mesadas, mostra reportagem de Fabiana Ribeiro, publicada neste domingo pelo JORNAL O GLOBO.

- A pipoca subiu. Eu não sei o ingresso (do cinema), que eu não compro. Mas a pipoca, sim. Porque a minha mãe só me dá dinheiro para comprar a pequena, mas eu gosto da média ou da grande. Antes eu tinha que completar com uns R$ 8, agora tenho que completar com R$ 12 - diz Pedro, de 10 anos.

VÍDEO: A inflação está engolindo parte da mesada

BLOG: Especialista fala sobre mesada no blog Mamãe, eu quero

Pedro, Thales, Gustavo, João Gabriel, Maria Fernanda e Ana Luiza fazem parte de uma geração que, até pouco tempo, desconhecia inflação. Com o Plano Real, em 1994, os preços na economia brasileira vinham estáveis há mais de 15 anos. Mas pressões da demanda, com o crescimento da renda dos trabalhadores, e alta de preços básicos (petróleo, soja, trigo), no mercado internacional, estão trazendo de volta o fantasma do elevado custo de vida. Nada que se compare, claro, às taxas da década de 80 e início de 90. Mas a inflação elevada - que, em 12 meses, bateu 6,51%, estourando o teto da meta - é, sem dúvida, uma preocupação do governo.

- É uma inflação diferente: está elevada, mas não está na mesma intensidade do passado. Além disso, antes, a inflação era um problema do Brasil. Hoje, a inflação é uma questão mundial. Essa atual inflação não gera angústia nas pessoas como acontecia no passado. Nada está fora do controle - avalia Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio.

As queixas das crianças em relação aos preços fazem sentido. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que produtos e serviços que fazem parte do universo dos mais jovens chegaram a ter um reajuste de até 30,28% em 12 meses no Rio. Caso do material de informática. Também ficaram mais caros no último ano o cinema (24,94%) e a manicure (9,07%). Tem mais, citam eles:

- A escolinha de futebol era R$ 69 por mês. Hoje está R$ 88 - lembra Pedro.

- E o vôlei era R$ 97. Está R$ 129 - diz Thales.

Com preços subindo, a mesada precisa se adaptar aos novos tempos. Pedro teve um corte de R$ 5 no seu orçamento deste ano. "As coisas têm subido para a minha mãe", justifica. E Maria Fernanda, de 10 anos, se queixa que não consegue, com o mesmo valor, comprar o de sempre.

- Os preços estão subindo muito - atesta a mocinha.

- É por isso que antes eu conseguia poupar R$ 30, agora, só R$ 5 - acrescenta Pedro.

Com uma nova realidade de preços, Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP de Educação Financeira, diz que as crianças terão de aprender a respeitar o dinheiro.

- Estão acostumadas com uma economia mais sustentável e com preços mais estabilizados. Uma inflação mais forte vai exigir uma maior disciplina nos gastos. É hora de poupar e, em vez de fazer compras imediatas, as crianças terão de aprender a sonhar. E sonhos de consumo exigem planejamento, poupança".

fonte: http://br.noticias.yahoo.com/gera%C3%A7%C3%A3o-conhecia-infla%C3%A7%C3%A3o-sofre-alta-pre%C3%A7os-214056545.html
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Na década de 80 eu era criança, e a minha memória da inflação consiste no seguinte: eu e meu pai, no supermercado, correndo entre os corredores de mercadorias, à frente do rapaz que ia remarcando os preços. Era um verdadeiro suspense,porque o funcionário era muito rápido (a especialização automática pela repetição), parecia haver nascido para remarcar coisas, e minhas pernas curtinhas de criança não eram páreo para o furor da inflação que avançava sobre nós como Godzilla.

Graças a Deus, meus pais não são cacimba (para engolir corda do governo), e não chegaram a usar o adesivo (ou falso poder) de fiscais de Sarney. Mas lembro bastante de uma tabela da SUNAB que as famílias levavam ao supermercado, apenas para constatar que o preço tabelado não era respeitado, e que o ágio virou uma forma de usura institucionalizada.

As pessoas faziam fila para comprar leite, que era inclusive racionado.E tome cortar zero e mudar o nome da moeda, aplicações que rendiam 80% no virar da noite, gatilhos salariais, e mais controle ineficaz, e mais correria no supermercado...Vixe, a gente não pode esquecer como isso tudo era ruim.

sábado, 21 de maio de 2011

Boas lembranças... Visconde de Mauá

Lugar bonito!



Nós tivemos a oportunidade de fazer breves incursões no Parque Nacional do Itatiaia, e eu fiquei absolutamente encantada com as araucárias:



O lugar é turístico, famoso pelas cachoeiras e pelas comunidades semi-alternativas que lá residem:



Apesar de Visconde de Mauá (falando especificamente da Vila da Maromba) localizar-se no Rio de Janeiro, para ir para o Estado de Minas Gerais bastava cruzar uma pequena ponte. E como sou faminta e não sou boba, só fazia a minhas refeições em Minas Gerais, portanto, cruzava a dita ponte umas...oito vezes por dia.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A cachaça: patrimônio imaterial do Brasil!

E protegido por Lei! Normalmente, o patrimônio imaterial é protegido através do "registro", um instrumento que pretende descrever e garantir a manutenção dos modos de fazer (cf. Decreto nº 3551/2001). Mas no caso da cachaça essa descrição foi feita diretamente através de uma norma jurídica, que se tornou uma de minhas favoritas: o Decreto nº 6871/2009.

Essa norma define o que é cachaça e o que é caipirinha, nos seguintes termos:

"Art. 53. Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro.

§ 1o A cachaça que contiver açúcares em quantidade superior a seis gramas por litro e inferior a trinta gramas por litro será denominada de cachaça adoçada.

§ 2o Será denominada de cachaça envelhecida a bebida que contiver, no mínimo, cinqüenta por cento de aguardente de cana envelhecida por período não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a correção da cor.

hehehehehehe.

Já a capirinha, desde a edição desta norma, é considerada um "coquetel", sendo autorizado também denominar-lhe "batida", conforme o artigo 68 da mesma norma:

Art. 68. Bebida alcoólica mista ou coquetel (cocktail) é a bebida com graduação alcoólica superior a meio e até cinqüenta e quatro por cento em volume, a vinte graus Celsius, com a seguinte composição:

omissis

§ 5o A bebida prevista no caput, com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (bebida típica do Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos.

§ 6o O limão poderá ser adicionado na forma desidratada. (esse parágrafo fere a moral e os bons costumes. Caipirinha com limão desidratado é um fracasso)

Evidentemente, a finalidade de fazer essa descrição nas normas jurídicas tem a dupla finalidade de permitir uma classificação dos produtos para fins de fiscalização e de proteger comercialmente esse produto brasileiro, já que outros produtos tradicionais já foram irregularmente patenteados no mercado internacional.

Mas, no nosso caso, ainda serve para garantir um registro desse patrimônio imaterial. Patrimônio imaterial sim, senhor, porque a cachaça é uma bebida presente na maior parte das manifestações culturais brasileiras (que raramente são manifestações sóbrias), além de portar um componente identitário. Daqui a alguns anos, se não houver mais cachaça, pelos menos as pessoas vão poder ler essa norma e imaginar como era.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Primeiro Aniversário do Blog!

Hoje, 17 de maio, faz um ano que tomei coragem para criar um blog. Na verdade minha intenção era, e continua sendo, discutir e refletir sobre o direito à memória coletiva e individual (dos vivos e dos mortos), um tema que para mim continua interessante e instigante.

Nesse ano tive a oportunidade de pensar o tema sob novos enfoques, fazer novas leituras, discutir idéias, divulgar congressos e chamadas de trabalhos. Agradeço imensamente a todos aqueles que se dispuseram a pensar junto comigo, em especial aos meus dois interlocutores mais frequentes: Dra. Denise Teixeira de Oliveira e o Prof. Albino Dantas.

Agradeço também às pessoas que acompanham o blog, presenças constantes neste ano, lá no cantinho superior direito da página...Um abraço!

Em números, nós tivemos até hoje 5.060 visualizações (quanta gente interessada no direito à memória, que legal!), em diversos países (Brasil, França, Estados Unidos, Portugal, México, Rússia, Cingapura, Eslovênia, Alemanha, Angola, Itália, Reino Unido, Ucrânia). Hoje nós tivemos o primeiro acesso de Moçambique! Que coisa boa poder trocar idéias com pessoas em tantos lugares diferentes...Fico imaginando quanta memória coletiva e individual há nesses lugares...

A postagem que mais suscitou interesse foi publicada em 11/06/2010, e trata sobre o "direito à veracidade e à integridade do passado individual". Escrevi esse post pensando na dramática situação dos filhos dos desaparecidos políticos na Argentina, que foram sequestrados ao nascer e passaram toda a sua infância e adolescência desconhecendo a sua origem e sem saber do seu passado. A recomposição da integridade e da veracidade do seu passado só foi possível pela persistência da memória e pela resistência das avós da Plaza de Mayo, mães que não esquecem.

Em segundo lugar, as postagens que acompanharam o processo político revolucionário na África e em terceiro lugar a "Receita para esquecer um grande amor". Não se enganem, não dá para esquecer um grande amor. A gente pode conviver melhor com a lembrança e superar a perda, mas esquecer...

Muito bem, já me disseram que um blog não se faz assim. Era mais para ser um querido diário, ou coisa que o valha, dizendo minhas experiências cotidianas. Mas eu prefiro continuar falando mesmo sobre o direito à memória porque, basicamente, me permite falar sobre qualquer assunto relevante para os grupos e indivíduos: da preservação física de monumentos ao Saci Pererê; da violência e o dever de memória à poesia; pessoas, coisas e fatos. Tudo que merece ser lembrado pode aparecer por aqui.

Para comemorar esse aniversário, gostaria que vocês dessem sugestões de temas referentes à memória para serem discutidos, enviando um e-mail para mim no endereço alkhest_2000@yahoo.com.br . Se a idéia for legal, vira post e o autor ainda pode ganhar um exemplar do livro "O direito fundamental à memória" autografado pela Autora (vixe! se não quiser o autógrafo pode dizer também). Mas é preciso colocar direitinho o endereço para entrega, inclusive com o código de endereçamento postal (CEP, ZIP, e outros), se não vai dar errado.

Prazo para encaminhar as sugestões: até 31 de maio de 2011.
Feliz aniversário, seu blog!

sábado, 14 de maio de 2011

Lembrar Saartjie Baartman

Conheci a estória de Saartjie Baartman, uma jovem mulher africana que virou atração de circo na Europa,século XIX, e passou a ser chamada de "Venus Hotentote", em referência à etnia a que pertencia.

A estória dessa jovem mulher merece ser lembrada, pela tragédia individual e coletiva que veicula, e por isso a escolhi para iniciar a série de lembranças sobre pessoas no blog.

Essa jovem mulher africana foi levada à Europa como uma curiosidade, para ser exibida em circos, feiras e exposições, pelas suas dimensões corporais avantajadas:


Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Saartjie_Baartman

Mediante um pagamento, as pessoas poderiam tocar as suas partes íntimas e se divertir contemplando o "estranho" e o "bizarro" de suas formas. E ela foi gradualmente sendo prostituída até que faleceu, segundo informações, no ano de 1815, no auge dos seus vinte e poucos anos.

A história dela já seria memorável pelo que viveu, mas torna-se realmente indigna pelo tratamento dado aos seus restos mortais. O seu cadáver ficou exposto durante décadas em um museu francês, e após a sua corrupção, foram retiradas as partes mais "interessantes", como a vagina e o cérebro.

Os restos mortais e as representações que dele foram feitas (moldes) dessa cidadã africana viraram um motivo de querela entre a África do Sul e a França. A pretensão era que o corpo fosse repatriado para receber as honras funerárias devidas,e o pedido foi feito pelo então presidente Nelson Mandela.

A manutenção do cadáver de Saartjie Baartman em exibição representava a humilhação não apenas do povo africano, mas de toda mulher e de cada homem íntegro. Após vários anos e burocracia, finalmente Saartjie Baartman voltou para casa e foi enterrada em 2002.

Para reestabelecer a dignidade da sua memória não bastou enterrá-la, espero, conforme a sua cultura. A instituição "Saartjie Baartman Centre for Women and Children", cujo sítio é http://www.saartjiebaartmancentre.org.za/index.php?option=com_content&task=view&id=2&Itemid=39 , ajuda a promover a reabilitação da sua memória transformando-a em símbolo na luta contra os abusos.

Retorno/restituição de bens culturais: as múmias maori na França

Destacamos em alguns posts a tendência internacional de restituição/retorno dos bens culturais fundamentais para a identidade coletiva dos grupos e sociedades. Nós começamos a discutir essa questão da distinção entre retorno e restituição de bens culturais em dois posts de novembro (dias 8 e 16), que versaram sobre instituições americanas (Met e Yale) que detinham bens estrangeiros e começaram a devolvê-los. A discussão continuou em post de março (25/03/2011) e de abril, quando finalmente a Universidade de Yale iniciou a devolução de centenas de artefatos ao Peru.

Um exemplo incrível ocorreu nesta semana, conforme a notícia do sítio http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,franca-devolve-mumia-maori-a-nova-zelandia-apos-anos-de-litigio,716885,0.htm.



A questão aqui é extremamente delicada, do ponto de vista jurídico, social e museal.


A exposição de restos mortais em museus deve ser revestida de cuidados que não violem dignidade dos mortos e nem o sentimento dos vivos. Neste caso, o povo maori foi privado de cumprir o seu dever fraterno de realizar as exéquias, as honras funerárias às quais o guerreiro fazia jus.


É através do ritual funerário que a comunidade, especialmente os familiares, organizam o futuro do morto, elaboram o seu luto e concluem a existência do indivíduo de forma adequada, para que possa então ser lembrado da maneira apropriada. A permanência das cabeças mumificadas em museus viola, sem sombra de dúvidas, o direito à memória coletiva e o direito à memória dos mortos.´


À época em que essas cabeças mumificadas começaram a ser exibidas, os museus tinham ainda a conotação de "gabinetes de curiosidades". Os acervos primavam pelo "exótico", o "bizarro", e evidentemente esses valores são determinados pelo estranhamento e pelo olhar de quem não pertence à cultura que produziu os bens.


Perguntamos: qual é o motivo para continuar expondo essas cabeças, negando o direito ao sepultamento? Apenas apreciar o exótico, e isso, evidentemente, não é justificativa para privar o povo maori de cumprir os seus ritos funerários.












sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sexta-feira, 13 de maio - uma data para recordar

Muita coisa aconteceu pelo mundo em um dia 13 de maio, mas só consegui lembrar desses dois eventos:

13 de maio 1888 - Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel, que aboliu a escravidão no Brasil.

Olha aí o texto da Lei, copiado do sítio do Senado Federal (http://www.senado.gov.br/), que é ótimo para buscar legislação:


"LEI N. 3353 - DE 13 DE MAIO DE 1888

Declara extincta a escravidão no Brazil.

A Princeza Imperial Regente, em Nome de Sua Magestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos os subditos do Imperio que a Assembléa, Geral decretou e Ella sanccionou a Lei seguinte:

Art. 1º E' declarada extincta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brazil.

Art. 2º Revogam-se as disposições em contrario.

Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém.

O Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas e interino dos Negocios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Magestade o Imperador, a faça imprimir, publicar e correr.

Dada no Palacio do Rio de Janeiro em 13 de Maio de 1888, 67º da Independencia e do Imperio.

PRINCEZA IMPERIAL REGENTE.

Rodrigo Augusto da Silva.

Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial Manda executar o Decreto da Assembléa Geral, que Houve por bem Sanccionar, declarando extincta a escravidão no Brazil, como nella se declara.

Para Vossa Alteza Imperial Ver.

Chancellaria-mor do Imperio. - Antonio Ferreira Vianna.

Transitou em 13 de Maio de 1888. - José Julio de Albuquerque Barros."


Falando em Princesa Isabel, conta-se que ela vazou o olho de uma moça com um instrumento de jardinagem. Não sei se é verdade, mas é o que eu lembro quando penso nela.

Esta data não é "co-memorada" no Brasil como dia da libertação dos escravos, talvez porque a sucinta lei apenas aboliu formalmente a escravidão que, ainda hoje, acontece de variadas formas no Brasil.




Para fazer a reflexão sobre o real significado da abolição, a comunidade dos afro-descendentes elegeu o dia 20 de novembro, denominado "Dia da Consciência Negra", considerado mais representativo e mais significativo por ser também um tributo a Zumbi dos Palmares, líder quilombola que morreu nesta data, como conta a memória coletiva.

13 de maio de 1917 - três crianças portuguesas avistaram Virgem Maria, na Cova da Iria, em Fátima, Portugal.

É claro que por ser sexta-feira, 13, o dia fica mais interessante. A memória coletiva associa essa data com infortúnios, o que não é de todo errado já que o malsinado Ato Institucional nº 5, por exemplo, foi decretado em uma sexta-feira 13, do agora longínquo ano de 1968.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Elegia da lembrança impossível - Jorge Luis Borges

Esta poesia é dedicada a todos aqueles que sentem uma falta crônica do que não tiveram, não viveram e não sentiram:

"O que não daria eu pela memória
De uma rua de terra com baixos taipais
E de um alto ginete enchendo a alba
(Com o poncho grande e coçado)
Num dos dias da planície,
Num dia sem data.

O que não daria eu pela memória
Da minha mãe a olhar a manhã
Na fazenda de Santa Irene,
Sem saber que o seu nome ia ser Borges.

O que não daria eu pela memória
De ter lutado em Cepeda
E de ter visto Estanislao del Campo
Saudando a primeira bala
Com a alegria da coragem.

O que não daria eu pela memória
Dos barcos de Hengisto,
Zarpando do areal da Dinamarca
Para devastar uma ilha
Que ainda não era a Inglaterra.

O que não daria eu pela memória
(Tive-a e já a perdi)
De uma tela de ouro de Turner,
Tão vasta como a música.

O que não daria eu pela memória
De ter sido um ouvinte daquele Sócrates
Que, na tarde da cicuta,
Examinou serenamente o problema
Da imortalidade,
Alternando os mitos e as razões
Enquanto a morte azul ia subindo
Dos seus pés já tão frios.

O que não daria eu pela memória
De que tu me dissesses que me amavas
E de não ter dormido até à aurora,
Dissoluto e feliz".

__________________

O que não daria eu para saber escrever assim...

terça-feira, 10 de maio de 2011

Direito à memória coletiva e manipulação de imagens pela imprensa

A manipulação de imagens pela imprensa não é nenhuma novidade, e evidentemente, quando isso acontece há uma violação da memória coletiva porque simplesmente assistimos, vemos e sabemos falsas informações.

Algumas dessas alterações são irrelevantes para a memória da maioria das pessoas, por exemplo, que aquela atriz apareceu sem umbigo no comercial, que a careca do príncipe foi disfarçada para as fotos do casamento, ou que o presidente tem músculos abdominais falsos.

Nem discuto que essas alterações manifestam o padrão de beleza contemporâneo e que esse padrão ditatorial inatingível para a maioria dos mortais pode estimular o aumento transtornos alimentares, principalmente entre os jovens.

Nesse campo, meu problema é com a criação de falsos padrões mercadológicos nas relações amorosas, pois hoje é necessário ter os seios do tamanho certo, os lábios de certa maneira, uma metragem de cintura, bíceps, triceps...

Bem, voltando à memória coletiva, nesta semana aconteceu um fato interessante que eu não posso deixar de comentar. Veja a reportagem publicada no sítio

"..RIO - Um jornal judaico ultraortodoxo editado nos Estados Unidos pediu desculpas nesta terça-feira, em comunicado, por ter apagado a imagem de duas mulheres da já histórica foto em que o presidente americano, Barack Obama, e sua equipe acompanham a operação que resultou na morte de Osama bin Laden. O "Die Zeitung" (às vezes transliterado "Di Tzeitung"), editado pela comunidade hassídica de Nova York, apagou da foto as duas únicas mulheres que apareciam: a secretária de Estado Hillary Clinton e Audrey Tomason, assessora de contraterrorismo da Casa Branca. Na nota desta terça, o jornal diz que seu editor não leu as diretrizes da Casa Branca - a quem a foto é creditada - e adulterou a imagem seguindo uma política editorial de não publicar fotos de mulheres. De acordo com essa política, explica o jornal, seus leitores "acreditam que as mulheres devem ser apreciadas pelo que são e o que fazem, e não por sua aparência". O comunicado diz que foram enviadas desculpas à Casa Branca e ao Departamento de Estado americano. ..."

Daqui a algumas décadas, um leitor desavisado pode consultar este periódico na biblioteca e não saberá que naquela sala havia duas mulheres que participaram da operação lato sensu. É uma flagrante violação à memória coletiva.

A explicação do jornal foi muito elegante, e de certa maneira responde à nossa ânsia de valorização das mulheres pelo que elas são e fazem, e não pelo que elas aparentam. Aliás, isso também devia servir para os homens, então não devia aparecer ninguém na foto.

Direito à memória dos mortos: o dever de manter a dignidade do cadáver

Um exemplo marcante de decisão judicial reconhecendo a dignidade post-mortem das vítimas do acidente com o vôo Paris-Rio da Air France:


"Voo Rio-Paris: corpos muito degradados não serão resgatados

..Os corpos das vítimas do voo Rio-Paris que estiverem muito degradados não serão resgatados, decidiram dois juízes de instrução franceses, segundo uma carta enviada às famílias das vítimas, à qual a AFP teve acesso nesta terça-feira. "Para preservar a dignidade e o respeito das infelizes vítimas e daqueles que as choram, tomamos a decisão de não retirar os corpos muito alterados", indicam os juízes parisienses Sylvie Zimmermann e Yann Daurelle. Devido a essa decisão, "decidiu-se retirar apenas dois corpos em diferentes estados de conservação com o objetivo de determinar se podem ser identificados ou não depois de terem permanecido tanto tempo no fundo do oceano", segundo os magistrados. No final de semana passado, dois corpos de vítimas do voo Rio-Paris da Air France, que caiu no Atlântico em junho de 2009, foram recuperados entre os restos do avião, a uma profundidade de 3.900 metros. "Ao contrário de algumas declarações públicas, divulgadas por alguns meios, devem saber que os restos mortais das vítimas que estão no fundo estão inelutavelmente em um estado degradado após o choque particularmente violento, devido ao tempo transcorrido e ao entorno", prosseguem. Os magistrados insistem também no fato de que "a retirada para a superfície é necessariamente mais um fator para a degradação". "Em consequência disso, só resgataremos as vítimas que possam ser entregues de forma decente às famílias, com a condição de que possam ser identificadas", advertem. O voo AF447 Rio-Paris caiu no Oceano Atlântico em 1º de junho de 2009 com 12 tripulantes e 216 passageiros".

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Projeto "Memórias Reveladas"

Este post é para divulgar essa importante iniciativa governamental: o projeto "Memórias Reveladas" tem como objetivo estimular a investigação, a difusão e a discussão sobre o período da ditadura militar o Brasil.

Vale a pena conferir: http://www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br/

Vejo que, mesmo lentamente, o Brasil está tentando encarar o seu passado. Recentemente vi a notícia de que a Presidenta Dilma Rousseff é favorável à extinção do sigilo perpétuo de documentos públicos, e apóia um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional.

Outro exemplo é o esforço para encontrar os corpos dos desaparecidos políticos na região onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia, e no dia 5 de maio de 2011 houve a reformulação do grupo de trabalho instituído, visando à obtenção de melhores resultados.

Sob o lema "para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça", o projeto Memórias Reveladas ajuda a tornar pública, a compartilhar a dor das famílias que buscam os seus entes queridos desaparecidos, tornando a busca uma missão para todos nós brasileiros, Estado e sociedade.

Como sugestão, o projeto deveria ser ampliado para abrigar também memória das pessoas assassinadas, com ou sem motivação política, e sem limite temporal. Lembrar e investigar as causas dos homicídios no Brasil talvez nos ajude a buscar melhores soluções de segurança pública, para evitar que tantas pessoas pereçam nessa cultura de genocídio confirmada pelas estatísticas.

sábado, 7 de maio de 2011

Alimentos que ajudam a memória

Hoje vi uma reportagem interessante no sítio http://yahoo.minhavida.com.br/conteudo/13193-Conheca-os-alimentos-amigos-da-concentracao-e-da-memoria.htm?ordem=2 sobre os alimentos que ajudam à memória.

Em síntese:

a) alimentos que contêm zinco: ostras,carnes vermelhas, ovos, caranguejo, laticínios e fígado.

b) fontes saudáveis de glicose: cereais integrais, legumes e frutas.

c) alimentos ricos em selênio: grãos, alho, carne, frutos do mar, castanha-do-pará, nozes, avelãs e abacate

d)alimentos ricos em ferro: folhas na cor verde-escura, como o agrião, couve e cheiro-verde; as leguminosas, como feijões, fava, grão-de-bico, ervilha e lentilha; e grãos integrais ou enriquecidos.

e) alimentos ricos em fósforo: carne bovina, aves, peixes e ovos, cereais, leguminosas, frutas, chás e café.

f) alimentos ricos em Vitamina E:azeites vegetais, cereais e verduras frescas.

g)alimentos ricos em Vitamina C

h)alimentos ricos em vitamina B1: carnes, cereais, nozes, verduras e cerveja.

i) alimentos ricos em vitamina B3:carnes e miúdos, produtos de trigo integral, produtos de farinha branca enriquecida, legumes e levedura fermentada.

j) alimentos ricos em vitamina B6:fígado e carne vermelha, grãos integrais, batatas, vegetais verdes e milho.

l) alimentos ricos em vitamina B12:animal, carnes, miúdos, leite em pó e produtos lácteos e ovo (inteiro ou a gema)

m)alimentos ricos em fisetina: frutas vermelhas (principalmente o morango), tomates, cebolas, maçãs, pêssegos, uvas e kiwi.

n) alimentos ricos em ômega 3: peixes como atum, salmão, cavala e arenque.

o) carboidratos complexos: alimentos integrais (arroz integral, pães integrais)

p) cafeína: presente em café, chá preto e o chocolate amargo.

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Depois de ler o artigo, fiquei convecida de que o hamburguer preenche todos os requisitos de um alimento positivo para a memória...

Boas lembranças...Florianópolis

Floripa, para os íntimos, é a capital do Estado de Santa Catarina, um lugar verdadeiramente deslumbrante:



Fui pela primeira vez à cidade em 2009, e fiquei muito impressionada com a beleza e a qualidade de vida dos habitantes em geral. Lá, na ilha de Floripa as pessoas realmente aproveitam a natureza na cidade, fazendo trilhas, esportes como o surf e o stand up. Nessa foto, estou tentando me enturmar:



A trilha de Naufragados, onde apareço bebendo água desse riachinho, fica no sul da Ilha, é próxima e as pessoas podem ir caminhando ou de ônibus. Um passeio maravilhoso!

Florianópolis também tem um vasto patrimônio arqueológico, com inscrições rupestres, oficinas líticas:



Não consegui ver ainda um sambaqui, mas no centro da cidade tem o Museu do Sambaqui, cujo acervo é muitíssimo interessante.

A gastronomia também é rica, e consegui comer berbigões de modos que sequer poderia imaginar...

Sem dúvida, é um lugar para se conhecer e voltar.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O primeiro hamburguer a gente nunca esquece...

A minha iguaria, o meu acepipe, o meu ideal gastronômico é o hamburguer.

O comi meu primeiro hamburguer, começo dessa paixão avassaladora, quando estava com quatro ou cinco anos. Como já comentei em outro post, minha mãe havia me levado a um passeio, para andar de escada rolante em uma loja de departamentos.

Não sei se a diversão do passeio ajudou mas, no fim daquela escada rolante gigantesca (para os meus padrões infantis) estava a lanchonete, e lá, comi o primeiro, melhor, mais melecado de mostarda hamburguer de todos os tempos.

Inolvidável.

Trauma e memória coletiva viva: o caso Tapacurá

5 de maio de 2011, esse dia vai entrar para a memória dos recifenses, e esse post é um registro pessoal do caos de ontem.

Pessoas correndo desesperadas, abandonando os carros nas ruas, sofrendo pela antecipação do estouro da barragem de Tapacurá.

Se tem um evento que ninguém aqui esquece é a enchente de 1975. A cidade conseguiu superar a situação mas o medo de que aconteça novamente, e a necessidade de se antecipar a outra tragédia, criou uma situação estranha: basta imaginar que o rio está subindo para que os boatos comecem a correr, e a população se desespere.

O boato mais famoso até ontem havia ocorrido em 1976. O pânico na cidade foi geral, mas dá para entender porque fazia pouco tempo que a grande cheia havia ocorrido.

Ontem, trinta e cinco anos depois, essa memória coletiva traumática ressurgiu em forma de boato. E nós revivemos o pânico de 1976 em grande estilo: até a percepção dos sentidos foi obnubilada. As pessoas apontavam o rio, que realmente estava mais alto mas não estava transbordando, e simplesmente ficavam aterrorizadas porque ele estava transbordando.

Olhem e vejam: o rio não está transbordando. "Madame (essa sou eu, conversando com a pessoa), não está transbordando ainda, mas quando abrirem as comportas de Tapacurá..."

- Certo, e onde é que o senhor ouviu isso?

- É o que está todo mundo dizendo, madame...

Realmente, a nossa cidade não está preparada para nenhum tipo de emergência. Na verdade, não está preparada nem mesmo para o cotidiano, já que a infra-estrutura de habitação, viária, transportes públicos, abastecimento e esgotamento, entre outras tantas que supostamente fazem uma cidade, são flagrantemente deficitárias.

É por isso que a população se deixa levar por esse tipo boato, naquela sensação de cada um por si que caracteriza os abandonados. Para ver as repercussões do boatohttp://www2.uol.com.br/JC/sites/tapacura/materia_01.html

Como o meu interesse no caso é a memória coletiva, que neste caso está viva e bulindo com espasmos cíclicos, fiquei observando a movimentação das pessoas na rua, e sentindo a atmosfera elétrica do pânico e a tensão que estavam no ar.

Embora cética, observava o caos social sem me descuidar do rio, com um olho no padre e o outro na missa.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Memória da Segunda Guerra Mundial: julgamento de Sandor Kepiro

Olha a notícia do sítio http://acritica.uol.com.br/noticias/Comeca-julgamento-criminoso-nazista-Hungria_0_475152529.html

"BUDAPESTE, 5 Mai 2011 (AFP) -O julgamento do húngaro Sandor Kepiro, de 97 anos, considerado um dos últimos criminosos nazistas ainda vivos e acusado de crimes de guerra na Sérvia em 1942, começou nesta quinta-feira em Budapeste.

Sandor Kepiro chegou ao tribunal caminhando lentamente, apoiado em uma bengala.

Ele é acusado de ser "cúmplice de atos de crimes de guerra" como comandante de uma patrulha durante o massacre, executado entre 21 e 23 de janeiro de 1942, em Novi Sad, uma cidade localizada atualmente em território sérvio, no qual morreram pelo menos 1.200 civis, judeus e sérvios.

Kepiro, então capitão de polícia, é acusado diretamente pelo assassinato de 36 pessoas. Pode ser condenado à prisão perpétia.

Sandor Kepiro voltou a alegar inocência.

"Isto é um circo. As acusações contra mim são mentiras", disse aos jornalistas antes do início do julgamento.

"Espero que finalmente seja condenado e punido", declarou Efraim Zuroff, diretor do Centro Simon Wiesenthal, especializado na perseguição de criminosos nazistas e instituição responsável por localizar Kepiro.

"É o primeiro processo de um criminoso de guerra húngaro e, como a Hungria colaborou com a Alemanha nazista, é muito importante que este proceso aconteça", completou Zuroff.

"Não pode haver clemência ou simpatia, os fatos não podem ser ignorados", concluiu."

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Indiferença

"O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente".

Mário Quintana.

E essa constatação pode ser estendida a todo patrimônio cultural material e imaterial, às pessoas e aos sentimentos. A indiferença mata muito tudo isso.

Com a indiferença tudo se torna banal, e portanto, não será memorizado.