O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 11 de janeiro de 2015

Boco moco

A expressão "boco moco" é incompreensível para mim, por vários motivos.

Primeiro, não consigo vislumbrar de onde vem.  No Brasil existem as palavras boco (referente à boca), e o adjetivo bocó, que indica uma pessoa infantil (em um sentido pejorativo), abobado; e também a palavra mocó, que pode ter originado a palavra bocó, mas também possui diversos significados como uma espécie de pequeno animal, talismã ou alforje.

Essa expressão é utilizada como se fosse uma forma de xingamento leve, para indicar que uma pessoa é ultrapassada nos costumes, careta, old-fashioned.  Sim, já houve uma época que as pessoas eram xingadas por manifestarem a sua adesão a valores ou costumes (vestimentas, linguajar, comportamentos) considerados obsoletos, confiram esse vídeo interessante:

http://www.youtube.com/watch?v=W1HtSbib3lQ

É absolutamente incompreensível para mim que alguém seja julgado por adotar uma estética própria.  Se essa estética não viola nenhum costume ou lei, as pessoas devem ser livres para aparentar o que desejam.  No Brasil nós temos grande liberdade de adotar trajes e cores pois não há roupas determinadas segundo papéis sociais, faixa etária, etc.

Há, sim, certa limitação de gênero.  Por exemplo, um homem que decidir usar trajes considerados femininos (como saia), embora heterossexual, será associado com o homossexualismo.  Aqui não se admite que a aparência pode ser, simplesmente, uma questão de gosto.

Outra limitação importante é relativa à ditadura da indústria da moda.  Existem períodos em que usar determinadas cores e acessórios parece ser lei, e se você não estiver antenado, certamente será um boco moco. Detesto esses programas da televisão onde consultores de estilo querem impor às pessoas um certo jeito de vestir, condenando as suas opções.

Cada um devia se vestir como pode e deseja, essa também é uma expressão da liberdade individual.

Enfim, em tempos de vintage, onde a moda se apropria de épocas, estilos, pessoas e coisas, a própria expressão boco moco perdeu o seu sentido, se é que algum dia já possuiu algum.

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