Olha que descrição interessante: "Para a cerimônia, pelo menos 200 amautas – os sábios da tradição inca – serão responsáveis pela organização.
Segundo o jornal La Razon, diferentemente de 2010, o presidente Morales será cercado pelos artefatos encontrados no local sagrado para receber a energia dos deuses antes de ir aos templos. Após a cerimônia, Morales oferecerá um jantar típico aos chefes de Estado, que também assistirão a uma dança tradicional". (cf. http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/39210/posse+de+evo+morales+sera+marcada+por+rituais+indigenas+em+local+sagrado+na+bolivia.shtml)
Sem dúvida, trata-se de uma explícita e importante declaração do Estado Boliviano, através do seu mandatário, de que a herança indígena é motivo de orgulho e e de identificação cultural. Mesmo que não tenha amparo na História e se tratem, na verdade, de um conjunto de tradições (re) inventadas.
A aurora neo-indígena às vezes parte de uma visão idealizada de rituais há muito esquecidos. No caso da posse do presidente, evidentemente o sítio de Tiwanaku foi usado como cenário, belíssimo cenário, para uma cerimônia totalmente desvinculada da sua existência.
(Agora lembrei que um presidente mexicano acreditava-se ser a reencarnação de Quetzacoaltl).
Essa busca pelo "típico", na narrativa da posse do Presidente, é evidentemente uma tentativa de formatação do passado, é uma estratégia mnemônica para ligar o passado ao presente (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/time-maps.html), fundada no critério da ancestralidade. É a vontade ou necessidade de, a partir da escolha de uma herança , afirmar uma identidade não só para ele mas para a Bolívia.
Entendi a dimensão política da tradição inventada, só não sei se os indígenas bolivianos se reconheceram nessas cerimônias.
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