O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sábado, 10 de janeiro de 2015

O meu tempo, como mulher brasileira.

a) Seja magra;

b) Transforme-se, se preciso com cirurgias plásticas;

c) Seja independente, mas não ao ponto de fazer o que tem vontade, porque os outros podem falar.

d) Ostente, para que os outros possam falar;

e) Você não precisa de homem para nada, seja independente.  Mas, se optar por dar (imerecida) confiança ao sexo masculino, saiba que: homens são infantis, não querem compromisso, são todos uns safados, e que apesar de tudo isso tem um monte de outras mulheres dando em cima dele, e ele dá bola para todas elas.  É preciso controlar todos esses fatores para espantar as invejosas, se preciso, com porrada e violência, está uma guerra lá fora.

f) Seja sempre jovem. Quando a forma decadente do seu corpo não suportar mais intervenções, diga que a jovialidade está na alma, e demonstre isso com um sorriso branco jovial  e alegre.

g) Conecte-se.

h) Depile-se.  Depilação brasileira é produto de exportação e quase virou patrimônio imaterial.  O modo de viver sem pelos parece que é um ponto essencial do "ser mulher brasileira".

i) A imagem da mulher brasileira, construída ao longo de décadas e vendida como produto pelo mundo, é que "somos" sexy, sabemos sambar e nossa relação com o sexo é liberal.  Mentira, a educação sexual das brasileiras é uma piada, extremamente autoritária e totalmente diferente daquelas que os meninos recebem (ou não recebem).

j) Espere do mundo, dos homens e da vida os esteriótipos transmitidos pela memória coletiva.

l) Homens e mulheres vivem em mundos diferentes.  Há brincadeiras de meninos e de meninas, há comportamentos de meninas e de meninos, e transgredir essa linha divisória pode trazer muitos problemas ao longo da vida.  Se não trouxer problemas, no mínimo trará adjetivos.  Há muitos adjetivos no Brasil, praticamente um para cada tipo de escolha.

l) Aparentemente, as mulheres brasileiras precisam manifestar o que deveria ser óbvio.  Que são indivíduos; que são livres, e que essa liberdade permeia todos os aspectos da vida pública, privada, dentro dos limites estabelecidos pelas leis (que são iguais para homens e mulheres); que têm direito ao próprio corpo (quem teria, se não cada um ao próprio corpo?), e isso abrange a escolha de depilar-se ou não, e realizar os seus partos conforme seja adequado a cada caso, e não obrigatoriamente por cesariana .

Essas são algumas das mensagens veiculadas no meu tempo.  O que há de bom nisso tudo é que nós, mulheres brasileiras de agora, temos algumas liberdades novas de aderir ou não a esses padrões. Basta parar, observar a mensagem, e decidir o que é melhor para cada uma.

Esta reflexão  é um aprofundamento feminino do post: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/05/o-meu-tempo.html.  Hoje acordei de saco cheio com o determinismo social, e de status e papéis fixos determinados pelo nascimento.

2 comentários:

  1. De janeiro de 2015 até hoje, a situação da mulher brasileira vem mudando para pior, do ponto de vista simbólico e institucional. Muitos projetos de lei pretendem mudar ou regulamentar concepções sobre direitos das mulheres, a despeito de falsamente se dizer que não há discussão de gênero. Para toda ação, há uma reação: verifica-se a organização de "movimentos de reivindicação feminina", nos quais os rapazes também são bem vindos, para manifestar concordância ou discordância com os rumos legislativos.

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