O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo - Ideologia e covardia

A execução das pessoas que trabalhavam no semanário Charlie não foi motivada pela religião, mas pela conduta fanática que é preenchida com diversos pretextos, como futebol, ciúmes, amor, ódio e etc.  Muitos são os motivos para alguém se tornar fanático, mas para isso, é preciso possuir um certo tipo de personalidade ou uma educação que não admite opiniões contrárias.

Os mortos e feridos no ataque devem ser lembrados, e também o papel de formadores de opinião, de crítica, que sempre caracterizaram Charlie.  O mundo precisa dos diferentes, dos não conformistas, dos artistas, da opinião de cada um e que cada um tenha direito à sua opinião e que possa expressá-la livremente. Sem eles, o mundo fica mais pobre e menos interessante.

Às vezes essas opiniões podem ser até ofensivas, e devemos ter meios legais eficientes para responsabilizar quem as proferiu.  Não se pode é ameaçar e matar alguém por sua opinião.

As liberdades humanas assumem traduções diversas em culturas diversas.  Em alguns lugares são mais reduzidas e em outros menos.  Lutar por uma ideologia, ter suas crenças, são fundamentalmente expressões de liberdade, devem ser revestidas das virtudes do bom combate.

Honra, convicção e coragem são exigidos de qualquer um que luta por seus ideais, para que os ideais em si sejam justificados.  Atos de covardia, como atirar em pessoas desarmadas, jamais podem ser considerados um meio digno de luta, e qualquer ideologia que promova esse tipo de ação deve ser combatida.

O alegado motivo para as execuções indiscriminadas (mas direcionadas) dos trabalhadoes do Charlie foi a publicação de charges com a imagem do Profeta.  Sabe-se que para os muçulmanos (parte deles) retratar pessoas é um ilícito religioso, ainda mais quando feita de maneira desrespeitosa como só os chargistas sabem fazer.  O que parece ser esquecido é que aqueles artistas não "respeitavam" ninguém: qualquer um, qualquer crença, qualquer coisa poderia virar objeto de suas reflexões.

Nesse tipo de questão, vale mais tentar "iluminar" os ofensores, explicando porque é errado, porque é pecado, porque é ofensivo e, se nada disso funcionasse, processá-los de acordo com as leis francesas, e também conforme a leis específicas dos que se sentem ofendidos.

Infelizmente, os extremismos parecem ser uma marca da nossa época.  Fanáticos sempre houve e sempre haverá, a História é repleta deles, mas nos últimos tempos parece ter se consolidado a idéia de que é válido provar pontos de vista e fazer reivindicações através da violência.

Je suis Charlie.

16 comentários:

  1. O fanatismo não tem relação direta com muçulmanos, nem com religião específica, embora o conteúdo manifestado às vezes possa lhes fazer referência. Quem pode esquecer dos homicídios na Noruega (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/noruega-crimes-em-nome-da-memoria.html)?

    ResponderExcluir
  2. O dirigente do Hezbollah, Hassan Nazrallah, afirmou que atos desumanos violam mais a imagem e os ditames do profeta do que filmes e cartoons. Considera como apóstatas aqueles que praticam atos de violência em nome do Islã. Cf. http://www.jpost.com/Middle-East/Hezbollah-chief-Nasrallah-says-terrorists-damage-Islam-more-than-cartoons-387249

    ResponderExcluir
  3. Para registrar, o ataque ao Charlie Hebdo foi mais um em uma série de eventos de idêntica natureza que aconteceram na França (mais dois atentados em três dias), e o ataque à sede do jornal alemão Hambuger Morgenpost. Lembro que nos últimos anos houve uma série de ataques isolados na França, que talvez devem agora ser percebidos como parte de um processo maior e sistemático.

    ResponderExcluir
  4. No domingo, 11/01/2015, foram realizadas passeatas na França em memória dos mortos dos últimos atentados terroristas, e também em vários lugares da Europa (http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-01/cerca-de-25-milhoes-de-pessoas-marcham-contra-o-terrorismo-na-franca). O espírito francês, se é que se pode falar assim, é muito interessante: sempre em busca de universalizar questões e transformá-las em grandes temas. Mais uma vez, a França fala em proteger a liberdade (de expressão), utilizando como um dos meios o combate ao terrorismo. Basicamente, uma abordagem bem diferente daquela utilizada pelos EE.UU, onde o fim é o combate ao terrorismo, e meios passaram pela restrição de liberdades fundamentais, como a discutida prisão de Guantánamo.

    ResponderExcluir
  5. Só para esclarecer, por que a discussão está acirrada nas redes sociais, não concordo com algumas das charges publicadas, que considero ofensivas em certa medida. Mas isso é irrelevante para condenar atos de violência. Entendo que é necessário abdicar da idéia de "inocência" para reconhecer que as pessoas são vítimas, e que essa vitimização é feita dentro de um contexto sócio-histórico específico.

    ResponderExcluir
  6. Hoje. 13/11/2015, novamente Humanidade a é vitimada por atentados terroristas na França.

    ResponderExcluir
  7. Atentados no Paquistão, março de 2016. Lugares tão distantes, e tão próximos na tragédia.

    ResponderExcluir
  8. Nice, Istambul, Munique, Orlando, Cabul. Centenas de mortos.

    ResponderExcluir
  9. A frase "Je suis gay" não é uma ofensa religiosa. O limite da interpretação é o que o texto não diz.

    ResponderExcluir
  10. Hoje, 02/09/2020, começa o julgamento dos responsáveis pelo atentado.

    ResponderExcluir