O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









sexta-feira, 22 de julho de 2011

Hermes e a memória

"Com asas nos pés, voas pelo espaço, cantando toda a Música, em todas as línguas... Nós te honramos, Hermes, ajuda-nos em nosso trabalho! Dá-nos um falar eloquente, e um vigor jovial. Supre nossas necessidades, concede-nos clara memória. Dá-nos a boa sorte, e encerra nossas vidas em paz" (Canto Órfico a Hermes).

Hermes é um daqueles deuses antigos, mais antigos do que o registro que temos dele, que personifica os poderes da memória coletiva. Por que?

1- A construção da personalidade de Hermes é a metáfora perfeita da História: o acúmulo de atributos que mostra um culto antigo e a sua permeabilidade em três grandes culturas antigas - Grega, Romana e Egípcia.

Uma simples consulta à internet desvenda os seus inúmeros epítetos, que demonstram uma evolução da crença e do culto: "Akakêsios, aquele que não pode ser ferido, ou que não fere; Agêtôr, líder, condutor ou guia; Agoraios, presidente das assembléias e mercados; Argeiphontês, matador de Argos; Kataibatês, condutor das almas para o submundo; Ktêsios, protetor das propriedades; Eriounios, Dôtor Eaôn, doador da boa sorte; Noumios, Epimêlios, protetor dos pastores e pastagens; Promakhos, campeão ou vencedor; Propylaios, protetor das entradas, e Pronaos, das entradas dos templos; Trikephalos, tricéfalo, guardião das encruzilhadas; Enagônios, regente dos jogos ginásticos; Hermêneutês, o intérprete e tradutor; Diaktoros, guia, ministro, mensageiro; Aggelos, mensageiro divino; Phêlêtês, ladrão, e Arkhos Phêlêteôn, rei dos ladrões; Klepsiphrôn, Mêkhaniôtês, enganador, maquinador; Polytropos, móvel, veloz, em muitos lugares; Poneomenos, ocupado; Dais Hetairos, companheiro de festejos; Kharidôtês, doador da alegria; Akakêta, gracioso; Kydimos, glorioso; Aglaos, resplandecente, esplêndido; Kratus, Krateros, forte, poderoso; Mastêrios, mestre das buscas; Pompaios, guia; Eriounios, muito útil" (Wikipedia).

Todas essas funções foram sendo construídas ao longo dos milênios do seu culto. E, por outro lado, permitiu a sua tradução, e às vezes até o sincretismo, com deuses romanos (Mercúrio) e egípcio (Toth.

2 - Hermes (Mercúrio, Toth) é vinculado à arte da escrita e da interpretação (hermenêutica) que são fundamentais à memória coletiva;

3 - Hermes é vinculado à criação de marcos simbólicos, especialmente sob a forma da iniciação, vinculados ao poder de transformação que lhe é atribuído. Não é à toa que Hermes (já sicretizado como Trimegistros) é estudado e invocado nos estudos de alquimia.

Ainda hoje inúmeras são referências a esse Deus, quer sob a forma de referências iconográficas ou mesmo da criação de personagens, marcas e produtos, mas também porque o culto aos deuses "pagãos", inclusive Hermes, está renascendo na Grécia.

Taí uma coisa boa para se pedir em uma oração: dai-nos boa sorte, boa memória e encerra nossas vidas em paz.

Para finalizar, um esclarecimento: o caduceu de Hermes (com duas serpentes) não é o símbolo da Medicina, mas sim o bastão de Asclépio (com uma serpente). Sobre isso confira: http://medicinaufs.blogspot.com/2010/09/qual-o-verdadeiro-simbolo-da-medicina.html.

Finalmente, tenho um primo que se chama Hermes.

Um comentário:

  1. Esqueci: Há relato de que Hermes homenageou a titanide Mnemosyne (A Deusa Memória) ao cantar a Teogonia.

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