O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









quarta-feira, 27 de julho de 2011

Memorabilia

"Memorabilia" é um conjunto ou coleção de objetos materiais (coisas) às quais se atribui o poder de lembrar fatos ou pessoas.

Tal qual os talismãs, que portam poderes mágicos, há objetos que podem estimular a evocação de lembranças. Às vezes, o significado e o poder atribuído aos objetos é tamanho que se tornam, eles mesmos, objetos de veneração.

Um exemplo literário é o Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo na Santa Ceia. Esse objeto é geralmente identificado com um cálice (um copo refinado), mas há quem diga, desde o Código da Vinci, que na verdade se trata de uma metáfora para o útero de uma mulher.

Veja bem: para encontrar o objeto é preciso antes de mais nada saber qual objeto estamos procurando. Depois, é preciso que ele esteja perdido, por exigência lógica: acontece que, se forem precisos os relatos, o cálice não está perdido, mas bem guardado em Valência, na Espanha.

Enfim, para os cristãos esse é um objeto dotado de grande significado, que vale a incessante veneração e proteção ao longo dos tempos, além de remeter ao explícito ato memorial da missa católica, sobre o qual conversamos no post: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/fazei-isso-em-memoria-de-mim.html

Por que esse cálice, e não todos os outros que Jesus Cristo usou, é considerado sagrado? Por que apenas sua mortalha, e não as vestimentas que o cobriram em vida, é considerada sagrada? Porque um dos aspectos de memorabilia é fazer referência a um momento que merece ser lembrado: a última ceia, a morte.

Existem outros exemplos menos sagrados de memorabilia. Objetos cotidianos, e até "abastardados" e ordinários, que se tornaram relíquias dignas de preservação porque lhes foi atribuído algum valor (OPPERMANN, 2006, p. 46-51). Basta que um bem pertença a alguém famoso para torná-lo valioso? Para muitos fãs de celebridades sim, que chegam a oferecer milhares de reais por bens que normalmente são baratos, como peças íntimas, instrumentos de higiene, e que não serão reutilizados para as finalidades a que destinam, mas tão somente guardados como relíquias.

Por que alguém guardaria o pênis de Napoleão ou de Rasputin? Ou o sabonete utilizado por um monarca, que guarda um suposto pelo da suposta real genitália, e por isso seria digno de estar em exposição?

Fixar a memória em objetos parece ser uma necessidade,ainda que por vezes manifestada de formas bizarras.


REFERÊNCIAS

OPPERMANN, Álvaro. Quer pagar quanto?. Aventuras na História, nº 38, p. 46-51, out. 2006.

2 comentários:

  1. SSB = special stuff's box! Todo adolescente do mundo tem uma, na esperança de que um dia um dos objetos valha ouro.

    Quanto tu paga por uma tirinha de papel com 5 fichas de telefone novinhas?!?

    Senão, podes esperar que eu mesma seja famosa. Ainda tenho escova de dentes por ai?

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  2. Querida amiga, você era o tipo de pessoa que comprava fichas de telefone...Que lindinha!

    Eu gostava de colocar a ficha no orelhão e puxava o gancho, só porque queria ouvir o som da fichinha voltando para mim. Acho que eu estava querendo brincar com caças-níqueis.

    Tenho sua escovas de dentes. Ela está meio mofada, mas vou guardá-la para o caso de você se tornar ainda mais famosa do que já é.

    E, não se preocupe. Quando for vendê-la vou inventar uma estória para valorizar, de preferência violando a veracidade da sua biografia.

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