Walpurgisnacht

É hoje!

Transição de 30 de abril para 1º de maio, há duas versões para essa comemoração:

a) Relembra santa Walburga (Valburga), madroeira (não concordo com o nome padroeira referente a mulheres) da boa nutrição.  Ela nasceu em 710 e faleceu em 25/02/779(?), sendo homenageada em 1º de maio, porque nessa data houve o translado dos seus restos mortais.

e/ou

b) Festival pagão que marca a chegada da primavera, imemorial.  É associado ao "dia das bruxas" ou  Halloween (cf. post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/31-de-outubro-halloween-raloim-dia-do.html), também é um dia aparentemente dedicado aos mortos, e é celebrado em vários países da Europa.

Imagino que cada localidade deve formatar a celebração de modo peculiar, mas li que há fogueiras, bebidas alcoólicas (que dão ensejo a travessuras), danças, que parecem ser uma constante (Finlândia, Alemanha, Suécia).  Não consegui descobrir se há uma gastronomia específica (gostosuras), mas acredito que essa ligação com o Halloween é indevida.

Essa celebração deve ser interessantíssima.

Campeonato mundial de memorização

Acontece anualmente:  http://www.worldmemorychampionships.com/

Desafio à memória coletiva (1)

Você consegue lembrar dos escândalos da história política brasileira recente?

Para facilitar a sua vida, vamos fazer um corte temporal: considere apenas o período formalmente democrático, a partir de 05/10/1988 até ontem (26/04/2012).
Não precisa ser em ordem cronológica, e não precisa listar os personagens.

Revogação da Lei da Gravidade

Enquanto escrevia o post de ontem, sugerindo o resgate do instituto jurídico do ordálio (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/resgatando-instituicoes-antigasordalios.html), lembrei que houve uma proposta de revogação da Lei da Gravidade por uma câmara de vereadores (Poder Legislativo Municipal).

Não é mentira, é memória coletiva estapafúrdia:http://www.gazetadotriangulo.com.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=794:o-causo-da-lei-da-gravidade&catid=28:direito-e-justi&Itemid=291.

Eu, que não esqueço esse tipo de absurdo, citei esse exemplo em sala de aula e os meus alunos acham que eu estou mentindo.

Como diz o filósofo Raul Seixas: "quando acabar, o maluco sou eu".

Resgatando instituições antigas...Ordálios

O Ordálio, ou ordália, é uma  antiga forma de julgamento ou meio de prova em que se apelava ao juízo de Deus para absolver ou condenar os acusados de diversos crimes.  O ordálio da água quente, por exemplo, consistia em imergir o braço nu do acusado em água fervente até à altura do cotovelo, sendo considerado inocente se escapasse sem queimaduras; no ordálio da água fria, mais conhecido, o acusado era jogado em um rio ou tanque cheio: se flutuasse, essa era a prova cabal de sua culpa; se afundasse, era indubitavelmente inocente.

Ninguém duvida que a conseqüência natural de imergir o braço em água fervente é uma grande queimadura e isso também não era ignorado pelos antigos juristas. Esperava-se  a intervenção divina para suspender os efeitos normais de tais fatos, como prova de que o acusado era inocente e que, no judicium Dei, merecia o milagre, sendo essa a prova irrefutável de sua inocência. Além da água, os antigos magistrados ingleses também aplicavam as provas de fogo e ferro, utilizando-se do mesmo raciocínio e apelando ao juízo de Deus.

Uma coisa é certa: com esse meio probatório, o próprio Universo ajuda a encontrar o culpado, já que dificilmente as leis da Física são revogadas. O que mais se pode esperar? Um meio de prova que aponta 100% dos culpados!

Acredito que essa instituição poderia ser reciclada, com grande ganho para garantir a efetividade do Direito Processual Civil e Penal no Brasil, se:

a) A vontade divina puder ser aferida através de outros métodos, além de submeter o corpo do condenado a castigos corporais, o que foi denunciado veementemente por Michel Foucault; (e por falar nisso, recentemente os manuscritos desse autor foram considerados Tesouro Nacional na França);

b)Atentando para a diversidade cultural brasileira, e em respeito à nossa interculturalidade, as provas devem ser produzidas em conformidade às crenças do sindicado.

c) Uma vez que fosse escolhido o ordálio, todos os outros meios probatórios seriam indeferidos pelo magistrado, com vistas a garantir o tempo razoável do processo.

Memória brasileira: o incêndio do Edifício Joelma

67.600 resultados no Google: o incêndio do edifício Joelma é um daqueles eventos que marcaram, pelo trauma, a memória coletiva brasileira.

Era um edifício novo, com apenas 3 anos de utilização, e foi tomado pelas chamas em 01/02/1974. A tragédia deixou um saldo de aproximadamente 180 mortos, mais de trezentos feridos, e imagens que já ficaram gravadas em nossa memória pela repetição periódica.

Não bastasse integrar a lista de tragédias coletivas (porque as individuais por aqui passam despercebidas), juntamente com o caso Bateau Mouche, e dois grandes acidentes aéreos nos últimos anos, o caso do Edifício Joelma é emblemático para a memória porque:

a) Existem imagens terríveis e dramáticas do evento;
b) Foram produzidos filmes sobre o assunto;
c) Foram criadas narrativas sobre o evento e sobre o lugar, inclusive quanto a uma possível assombração.  No terreno em que foi construído o edifício, havia uma casa em que foram cometidos vários assassinatos, e algumas pessoas acreditam perceber uma relação de causalidade entre aqueles eventos e o incêndio.

Mas, três outros aspectos chamam a minha atenção no caso do Edifício Joelma;

1 - Treze vítimas que morreram no elevador, e não puderam ser identificadas, foram enterradas lado a lado em um cemitério de São Paulo (capital).  São chamadas de "Treze almas benditas" e tornaram-se santos populares;

Talvez fosse possível, hoje, realizar exames de DNA para identificar essas vítimas, pois algumas podem constar da lista de pessoas desaparecidas.

2 - O Edifício Joelma mudou de nome, com certeza para evitar as lembranças do evento traumático.  Hoje é chamado "Edifício Praça da Bandeira".

3 - Não consegui descobrir qual o resultado do inquérito: se alguém foi punido, se houve o pagamento de indenizações.  A causa do incêndio aparentemente foi um curto-circuito, mas não há muita informação disponível sobre o que efetivamente aconteceu, o que sem dúvida deixa o relato inconcluso, prejudicando a formação da memória coletiva suficiente.

Divulgação: Folha Memória

Oportunidade para quem quer fazer pesquisa na História do Jornalismo brasileiro, com bolsa de estudos.

Prazo de inscrição: até 30 de abril de 2012 (cf. formulário: http://treinamento.folha.com.br/folhamemoria/2012/inscricao)

Regulamento:

http://www1.folha.uol.com.br/folhamemoria/regulamento.shtml

Cadê as comemorações do Dia de Tiradentes?

Só eu estou co-memorando?

Aniversário do poeta Augusto dos Anjos

Augusto dos Anjos nasceu no dia  20 de abril de 1884, e neste ano comemoramos o centenário do seu único, e primoroso livro, "Eu".

Já lembramos dele aqui no blog em vários posts:

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/02/centenario-do-livro-eu-de-augusto-dos.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/02/comemoracoes-do-centenario-de-eu-de.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/memoria-poetica-augusto-dos-anjos.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/eu-centenario.html


Como presente pelos 128 anos de imortalidade do poeta, vou passar a me referir ao livro dele como "Nós".

19 de Abril - Dia do Índio

O dia do Índio foi criado em 1953 pelo Presidente Getúlio Vargas.  Como discutimos há um ano, a calendarização dessa data não nos garantiu conhecer e valorizar os povos indígenas brasileiros, dos quais pouco sabemos sobre a língua, os costumes, os anseios e as opiniões políticas (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/04/19-de-abril-dia-de-que-indio.html).

Nesse dia comemorativo, não poderia deixar de lembrar de dois índios brasileiros importantes para o nosso país:

1) Sepé Tiaraju, herói nacional ( Lei nº 12.032/09), que comandou a resistência dos guaranis dos Sete Povos das Missões (Rio Grande do Sul) contra as tropas luso-brasileiras e espanholas que pretendiam o domínio da área, na chamada "Guerra Guaranítica".

2) Mario Juruna, que considero icônico e lendário, o primeiro deputado federal indígena do Brasil.

E aí? Mais um "Dia do Índio" vai se passar e a única homenagem será obrigar as criancinhas em idade escolar a pintar penas de papel?

Cadê a reflexão que a data oficial exige?

Herói brasileiro: o que significa isso?

O que é um herói?

É uma pessoa que realizou feitos extraordinários, e por isso é reconhecida como alguém especial. Mas também pode ser aquele que vivenciou ou exerceu virtudes e valores apreciados pela comunidade.

Os santos também são celebrados por isso, mas os heróis não têm o caráter religioso e nem precisam fazer milagres.

No Brasil, os heróis são declarados por Lei ordinária, que determina a inscrição dos seus nomes em um livro de registro específico, chamado de "Livro dos Heróis da Pátria". Ou seja, é o Poder Legislativo (Congresso Nacional) quem cria os nossos heróis (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/os-herois-do-brasil.html.

Mas o que significa ser herói no Brasil?

- Alguns ganham um dia memorial, mas nem todos;

- Alguns  possuem um culto memorial próprio, e outros não;

- Alguns são conhecidos da população e outros, não.

Estou fazendo uma análise sobre os heróis brasileiros, sem data para ser concluída, mas já parto da hipótese de que eles não cumprem o seu papel de modelo de virtude para a nossa população.

Observem o caso de Tiradentes.  Por que ele se tornou herói?

a) Porque lutou pela independência do Brasil, e contra o "jugo colonial português";

b) Porque não traiu os amigos;

Na verdade ele não é um herói, é um mártir, porque sofreu e morreu pelas suas opiniões. Aliás, esse raciocínio também foi utilizado para considerar Frei Caneca como herói nacional, quando na verdade foi um mártir.

Há muita polêmica (não do ponto de vista jurídico, surpreendentemente) quanto ao caráter heróico de Tiradentes, e muito se fala de que esse constructo republicano não tem legitimidade.  Ou seja, Tiradentes não foi herói em sua época, e não o é agora, e a adoração de sua figura prende-se muito mais à semelhança com Jesus Cristo, do que pelo apreço de seus atos.

Mas ele foi declarado herói por Lei, e Lei cumpre-se.  

A questão é saber como dar efetividade à Lei que cria heróis. Quais são seus efeitos práticos? Aparentemente a  função dessa legislação é meramente simbólica e declaratória, mas deveria instituir um procedimento para garantir o ensino pelo exemplo, porque afinal de contas é para isso que existem os heróis.

Sobre a Capoeira: patrimônio imaterial registrado do Brasil

Assistam, por favor:

Fonte:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=k9oXTgwtvi4

Por essas e outras é tão importante uma campanha séria de Educação Patrimonial, para todos os públicos e idades, e inclusiva de jornalistas.

A Capoeira é um patrimônio imaterial registrado do Brasil, símbolo identitário, que permite vários ganhos educacionais, principalmente do ponto de vista da socialização positiva, da educação musical e pode ser utilizada como uma importante ferramente pedagógica, além de ser um ótimo exercício físico.

Semana importante: 15 a 21 de abril

Esta semana é das mais importantes do ano. Temos duas datas importantes do comemograma oficial e o aniversário do poeta Augusto dos Anjos, cujo livro "Eu" completa o seu centenário em 2012. Vejamos:

15/04 -Uma pá de gente importante nasceu nesse dia (http://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_abril)
16/04 - Dia da Dinamarca
17/04 - Dia da Síria, que continua em conflito;
18/04 - Lançamento do livro dos espíritos, de Allan Kardec (1857);
19/04 - Dia do Índio;
20/04 - Aniversário de Augusto dos Anjos (20/04/1884);
21/04 - Dia de Tiradentes, patrono cívico da nação e herói nacional.

O comemograma nacional precisa ser melhor analisado.

Jorge Videla e os números da subversão

Segundo reportagem (Cf. http://oglobo.globo.com/mundo/videla-reconhece-8-mil-mortes-ditadura-na-argentina-4645924), o ditador argentino Jorge Videla reconheceu o desaparecimento forçado e assassinato de sete a oito mil pessoas, na "luta contra a subversão" e no estabelecimento "da ordem pública".

Uma ordem pública que, evidentemente, foi estabelecida para favorecê-los e aos seus.

Pessoas não são apenas números e estatísticas, bastava uma (presa, ou torturada, ou desaparecida e/ou assassinada) para que o terrorismo de Estado mostrasse a sua face ilegítima.

A efígie de Tiradentes: preparativos para o feriado de 21 de abril

Nosso blog está recebendo desenhos da efígie de Tiradentes, como parte das comemorações do feriado de 21 de abril.

Não sabe o que é efígie? É um retrato, ora pois.

O Decreto nº 58.168/66 impunha uma única forma de representação de Tiradentes;

"Art. 1º É adotada como modêlo para a reprodução da efígie de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, Patrono Cívico da Nação Brasileira, a estátua do protomártir da Independência, erigida em sua memória defronte à antiga sede da Câmara dos Deputados, na cidade do Rio de Janeiro".

Mas essa norma foi revogada pelo Decreto nº 78101/76, que reestabeleceu a liberdade criativa na representação do Patrono Cívico-Herói-Mártir da República.

Quem tiver interesse de ver o seu desenho publicado no blog, é só mandá-lo para o e-mail: alkhest_2000@yahoo.com.br.

Por favor, pedimos bom senso na elaboração da efígie.  Nada de Tiradentes em poses sexy, ou violando os bons costumes.  Eu não ia conseguir dormir depois de ver um desenho desses.

Obrigada!

Costumes brasileiros antigos, em perigo de extinção

1 - Molhar o pão no café;

2 - tomar café no pires, e não na xícara;
3 - pedir a bênção aos mais velhos, fazendo beija-mão;
4- Rezar ou orar antes de comer, agradecendo a refeição (em extinção em razão dos fast foods);
5 - Comer refeições com "lógica" (começo, meio e fim, e acompanhamentos coerentes historicamente), e não misturar sushi com feijoada (e lasagna), como venho fazendo ultimamente;
6 - Comprar produtos sólidos usando o litro como unidade de medida (um litro de farinha, um litro de feijão);
7 - Sentar em cadeiras na calçada, para monitorar a vida da vizinhança;
8 - Brincar na rua;
9 - Brincar com brinquedos tradicionais (bola de gude, mané gostoso, pião, papagaio, brincadeiras com bola);
10 - Pegar frutas no quintal do vizinho, porque os quintais estão desaparecendo, e com eles as árvores frutíferas das cidades.

Grécia: patrimônio arqueológico ameaçado pela crise econômica

Analisem: http://diversao.terra.com.br/noticias/0,,OI5702573-EI25,00-Grecia+arqueologia+ameacada+pela+maldicao+dos+deuses+da+crise.html

Samba do crioulo doido

Sem considerações sobre o politicamente incorreto, eu adorava essa música quando era pequena:

Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a Princesa LeopoldinaArresolveu se casá
Mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa a se casar com Tiradentes

Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar

Joaquim José
Que também é da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II

Das estradas de Minas seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta

Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão

Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Dona. Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou

Para ouvir a música com os Demônios da Garoa: http://www.youtube.com/watch?v=k5U1gNK1SkE

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COMENTÁRIO

A graça dessa música é o absurdo: a confusão de fatos e personagens históricos, de "vultos" fazendo bobagens e totalmente deslocados na cronologia.

Notem que Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes!) é citado na música, e nela tornou-se pretendente ao casório com a Princesa Leopoldina, por exigência de Chica da Silva, elegeu-se até Imperador do Brasil (além de herói e patrono cívico da Nação, chiquérrimo).

Às vezes tenho a impressão de que a (H)estória do Brasil é contada assim para a gente, de forma meio truncada e deslocada. Além de implicar uma flagrante violação ao direito à memória dos mortos, pela deturpação de sua biografia, sob os aspectos da veracidade e integridade do passado.

Essa música passou a fazer parte da nossa memória coletiva, e quando uma situação está complicada e confusa, não é raro ouvir que parece o "samba do crioulo doido".

Sexta-feira da Paixão de Cristo

"Paixão", cuja etimologia remete ao latim passio, significa sofrimento.

Então Sexta-feira da "Paixão de Cristo" significa que foi o dia em que Cristo agonizou, sofreu, morreu e foi sepultado, ocasião que hoje rememoramos.

Para mim, a principal imagem de Cristo é a da paixão. Uma vítima da violência policial, torturada e condenada à morte de maneira desumana, que sofreu tormentos inimagináveis (cf. post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/fazei-isso-em-memoria-de-mim.html).

Não lembro do Cristo Ressuscitado, nem do Cristo que triunfante sobe aos céus e que, acredita-se, um dia voltará. Lembro do Cristo sofrendo e penso quantos antes e depois dele também passaram por aquele tipo de penalidade na Antiguidade.

Penso também que hoje em dia muitas pessoas ainda sofrem ou sofreram.

Eu fico imaginando...Se Cristo nascesse nos dias de hoje (e com isso não estou desacreditando ninguem, cf. http://www.inricristo.org.br/) , como será que a sua mensagem seria recebida?

1) Sem peregrinações, mas através de website;
2) Não-violência está fora de moda, então dificilmente arregimentaria fiéis;
3) Doutrinas do oriente médio são vistas com desconfiança.

Se fosse hoje, talvez a mensagem de Cristo não fosse sequer recebida.

Para finalizar esse post, transcrevo uma reza que nunca consegui memorizar, e que fala da paixão de Cristo: o Credo dos Apóstolos.

"Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amém".

Memória Poética - Clarice Lispector

"Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva."

Coração materno, de Vicente Celestino - a música preferida de minha vovó

Escutei essa música pela primeira vez quando tinha uns nove anos, na casa da minha vovó. Inexplicavelmente ela adorava essa música, que é do mal.

Olha que letra assombrosa:

"Disse um campônio à sua amada:
"Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar
Embora tristezas me causes mulher
Provar quero eu que te quero
Venero teus olhos, teu porte, teu ser
Mas diga, tua ordem espero
Por ti não importa matar ou morrer"

E ela disse ao campônio, a brincar
"Se é verdade tua louca
Parte já e pra mim vá buscar
De tua mãe, inteiro o coração"

E a correr o campônio partiu
Como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou
A chorar na estrada tombou

Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando
Da velha mãezinha o pobre coração
E volta a correr proclamando
"Vitória, vitória, tem minha paixão"

Mas em meio da estrada caiu
E na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão
Sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou:
"Magoou-se, pobre filho meu?
Vem buscar-me filho, aqui estou,
Vem buscar-me que ainda sou teu!"

Em síntese, a namorada pediu "de brincadeira" que o namorado arrancasse o coração da mãe. Ele, é claro, concordou com essa singela prova de amor. Rasgou o peito da velha senhora enquanto ela rezava, e ainda derrubou um coração falante no meio do caminho.

Ouça a canção:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=LpS-c2pq-Aw

Vixe, não consigo esquecer isso.

Memória brasileira: Plebiscito para a escolha da forma e sistema de governo

A constituição federal brasileira, no artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, dispôs:

"Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. (Vide emenda Constitucional nº 2, de 1992)
§ 1º - Será assegurada gratuidade na livre divulgação dessas formas e sistemas, através dos meios de comunicação de massa cessionários de serviço público.
§ 2º - O Tribunal Superior Eleitoral, promulgada a Constituição, expedirá as normas regulamentadoras deste artigo".

Através da citada emenda constitucional nº 2, foi modificada a data para 21 de abril de 1993 (dia de Tiradentes, observem).

Nesse dia, eu votei na Forma de Governo (República) e sistema de governo (Presidencialismo).

Eu fico me perguntando: e se a democracia direta, pelo instrumento do plebiscito, decidisse que o Brasil seria uma monarquia?

Quem seria a família real brasileira? O argumento histórico parece apontar para uma restauração da linhagem portuguesa da família "Orleans e Bragança".

Mas, meus caros, o poder constituinte pode tudo. Nós poderíamos ter escolhido outra linhagem, dentre tantos reis e rainhas desse meu Brasil (Rei Pelé, Rainha dos Baixinhos, Rainha do Funk, ou Pinduca, o Rei do Carimbó).

A verdade é que o Brasil já foi tudo que podia ser em termos de formas e sistemas de governo e regimes políticos:

Já fomos monarquia (Dom Pedro I, herói do Brasil e D. Pedro II, nosso imperador mais interessante). Monarquia pura e parlamentarista

Fomos República Presidencialista (a maior parte da história independente do nosso Estado Brasileiro)

Mas também fomos uma República Parlamentarista (por um curto período, na década de 1960).

Depois voltamos à República Presidencialista.

Quanto ao regime político, podemos dizer que somos um país ditatorial com surtos (sustos) de democracia, considerando a predominância de períodos ditatoriais e a reminiscência de suas práticas autoritárias. Na verdade, o nosso regime político é de democracia em construção, à moda da casa.

Direito à memória dos mortos: veracidade e integridade do passado de João Batista Drumond

Os familiares de João Batista Drumond propuseram uma ação judicial para retificar o atestado de óbito dele.

De acordo com a notícia publicada no site http://www.jb.com.br/pais/noticias/2012/03/30/parentes-buscam-retificacao-da-certidao-de-obito-de-vitima-da-ditadura/, no atestado consta que ele foi vítima de atropelamento, mas a família declara que na verdade foi morto sob tortura na época da ditadura militar.

Esse é um ótimo exemplo de exercício do direito à memória dos mortos, no que tange à integridade e à veracidade da biografia do falecido.