Quinze dias de quarentena.
Estou trabalhando e estudando bastante, e há alguns dias não saio de casa de jeito nenhum.
O contato com os meus afetos é pela tecnologia e, sem luz elétrica seria impossível (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/04/antes-da-luz-eletrica.html).
Amanhã, ou segunda-feira, recomeço as atividades físicas em confinamento.
Deixo os meus votos de boa saúde a todos, e que possamos superar essa situação em breve.
O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
terça-feira, 31 de março de 2020
sexta-feira, 27 de março de 2020
Coronavirus 2020: humor e arte, o patrimônio cultural da pandemia
Mesmo nos momentos mais difíceis, e acredito que não há nada pior coletivamente do que uma pandemia, uma catástrofe ambiental ou uma guerra generalizada, a humanidade vai encontrar refúgio no humor e na arte.
Nesta quarentena, as pessoas estão aplicando o seu tempo livre (não porque deixaram de trabalhar, mas estão economizando tempo com a mobilidade, acho) em produzir arte e humor. Sim, haverá um patrimônio cultural da pandemia de coronavirus 2020, e estou recebendo muitas obras.
Agradeço a todos que estão tentando manter a humanidade assim. A minha quarentena fica mais leve e produtiva.
Serão muitas as memórias deste tempo, principalmente traumáticas, mas também haverá humor e arte.
Nesta quarentena, as pessoas estão aplicando o seu tempo livre (não porque deixaram de trabalhar, mas estão economizando tempo com a mobilidade, acho) em produzir arte e humor. Sim, haverá um patrimônio cultural da pandemia de coronavirus 2020, e estou recebendo muitas obras.
Agradeço a todos que estão tentando manter a humanidade assim. A minha quarentena fica mais leve e produtiva.
Serão muitas as memórias deste tempo, principalmente traumáticas, mas também haverá humor e arte.
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segunda-feira, 23 de março de 2020
Valei-nos!
Se estivéssemos na Idade Média, na Europa dos séculos XI ou XII, provavelmente estaríamos rogando a todos os santos mais familiares à nossa comunidade, como sempre fizeram e devem estar fazendo os italianos nesse momento. É em momentos de grande crise que a fé, a esperança e a caridade demonstram a sua faceta mais palpável para as boas pessoas. As más continuarão fazendo o que sempre fizeram, atrapalhando, prejudicando e desconsiderando a vida alheia.
A diferença é que na Idade Média já estaríamos nos organizando para roubar as relíquias dos santos mais poderosos para ajudar a nossa própria comunidade, ainda que em detrimento das comunidades despojadas. Os santos podiam decidir entre ajudar ou não, mudar de idéia e até aceitar o "convite" de mudar de comunidade, que era o eufemismo então usado para explicar os roubos (GEARY, 1990, p. 33)
E se não funcionasse? Bem, restaria humilhar as relíquias do santo jogando-as ao chão, cobri-las com espinhos, apagar as velas dedicadas até que voltassem a ter poder de nos ajudar (GEARY, 1990, p. 21). Ecos dessa prática - de torturar santos - ainda podem ser sentidos nos rituais de constrangimento de Santo Antônio (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/festas-juninas.html).
Nesse momento de angústia não importa qual a sua religião: todos os santos e todas as preces são bem vindas, acompanhadas da boa vontade e da solidariedade que é a marca das boas pessoas. Então, valham-nos todos os santos e todas as pessoas de boa vontade.
Referência.
A diferença é que na Idade Média já estaríamos nos organizando para roubar as relíquias dos santos mais poderosos para ajudar a nossa própria comunidade, ainda que em detrimento das comunidades despojadas. Os santos podiam decidir entre ajudar ou não, mudar de idéia e até aceitar o "convite" de mudar de comunidade, que era o eufemismo então usado para explicar os roubos (GEARY, 1990, p. 33)
E se não funcionasse? Bem, restaria humilhar as relíquias do santo jogando-as ao chão, cobri-las com espinhos, apagar as velas dedicadas até que voltassem a ter poder de nos ajudar (GEARY, 1990, p. 21). Ecos dessa prática - de torturar santos - ainda podem ser sentidos nos rituais de constrangimento de Santo Antônio (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/festas-juninas.html).
Nesse momento de angústia não importa qual a sua religião: todos os santos e todas as preces são bem vindas, acompanhadas da boa vontade e da solidariedade que é a marca das boas pessoas. Então, valham-nos todos os santos e todas as pessoas de boa vontade.
Referência.
GEARY,
Patrick J. Furta sacra – thefts of
relics in the Central Middle Ages. New
Jersey: Chichester: Princeton University Press, 1990.
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domingo, 22 de março de 2020
Lembrar do que importa na vida
Nada como um momento de crise para rever os valores. E essa crise, meus caros, nos fez entender que somos todos ondas do mesmo mar, folhas das mesmas árvores e flores do mesmo jardim.
Um jardim que queima, flores frágeis que podem contrair um vírus e morrer, e ondas de um mar poluído.
A vida tem tudo a ver com o meio ambiente, inclusive a vida dos vírus. Acredito que esta crise mundial trará uma nova fase de consciência, uma nova mentalidade. Não seremos mais os mesmos depois que essa crise passar e, tenho a esperança, isso será benéfico para todos.
Quem viver verá, e o que será, será.
Mas com certeza, não será (seremos) o mesmo.
Um jardim que queima, flores frágeis que podem contrair um vírus e morrer, e ondas de um mar poluído.
A vida tem tudo a ver com o meio ambiente, inclusive a vida dos vírus. Acredito que esta crise mundial trará uma nova fase de consciência, uma nova mentalidade. Não seremos mais os mesmos depois que essa crise passar e, tenho a esperança, isso será benéfico para todos.
Quem viver verá, e o que será, será.
Mas com certeza, não será (seremos) o mesmo.
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Direito à memória coletiva
sábado, 21 de março de 2020
Flecha e Roda
Deixei essa anotação para lembrar depois.
O tempo pode ser concebido metaforicamente como um flecha ou uma roda. Como flecha é linear, está sempre indo "adiante" e não admite qualquer repetição pois os eventos são singulares; como roda, é pensado em ciclos e a repetição aparece sob a forma de analogia.
A flecha é o tempo dos indivíduos e para abordagens de curta duração. A roda é a metáfora para os ciclos, o tempo da natureza e de longa duração, que abstrai a especificidade dos indivíduos e fatos, não havendo propriamente repetição, mas recorrência. Adotar um ou outro depende da abordagem e da finalidade de quem estuda e do que estuda.
O tempo pode ser concebido metaforicamente como um flecha ou uma roda. Como flecha é linear, está sempre indo "adiante" e não admite qualquer repetição pois os eventos são singulares; como roda, é pensado em ciclos e a repetição aparece sob a forma de analogia.
A flecha é o tempo dos indivíduos e para abordagens de curta duração. A roda é a metáfora para os ciclos, o tempo da natureza e de longa duração, que abstrai a especificidade dos indivíduos e fatos, não havendo propriamente repetição, mas recorrência. Adotar um ou outro depende da abordagem e da finalidade de quem estuda e do que estuda.
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quinta-feira, 19 de março de 2020
Coronavirus 2020: mensagem para vocês
Não os conheço mas todos os meus afetos estão em minhas orações, e isso inclui você que está lendo esse blog agora.
A memória deste tempo será traumática mas, diferentemente do que ocorre em uma guerra, as pessoas estão lutando pela vida e não contra ela.
Em alguns lugares os efeitos serão mais sentidos do que outros, e essa pandemia terá marcas duradouras. Vai mudar estilos de vida, percepções do mundo e prioridades não só porque estamos presos e com mais tempo livre, mas porque tememos pelos que amamos, pelo futuro, pela sobrevivência.
Desejo a todos uma superação breve, e que as memórias deste tempo nos ajudem a nos tornar melhores e mais conscientes.
A memória deste tempo será traumática mas, diferentemente do que ocorre em uma guerra, as pessoas estão lutando pela vida e não contra ela.
Em alguns lugares os efeitos serão mais sentidos do que outros, e essa pandemia terá marcas duradouras. Vai mudar estilos de vida, percepções do mundo e prioridades não só porque estamos presos e com mais tempo livre, mas porque tememos pelos que amamos, pelo futuro, pela sobrevivência.
Desejo a todos uma superação breve, e que as memórias deste tempo nos ajudem a nos tornar melhores e mais conscientes.
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domingo, 15 de março de 2020
Coronavirus 2020
Esse post é para lembrar de um tempo em que a Humanidade temeu junta e optou pelo confinamento profilático.
Vendo as imagens de tantas cidades vazias pelo mundo, pessoas relatando dificuldades em manter as suas normalidades, percebe-se que o "normal" é um hábito frágil. Agora é a nossa vez.
Aqui na minha cidade não tínhamos nenhuma determinação específica de prevenção. São poucos os casos confirmados e acabamos de sair de um carnaval onde o contato humano, a proximidade e as gripes são tão banais que é difícil fazer as pessoas acreditarem na gravidade da situação e na necessidade das medidas.
As viroses de carnaval, inclusive, sempre recebem um nome carinhoso. É uma espécie de tradição: brincar e ficar doente. Brincamos e ficamos doentes, brincamos mesmo doentes, e brincamos apesar de ficarmos doentes. Como então encarar com seriedade?
Agora é a nossa vez. A partir de amanhã algumas atividades estão sendo restringidas, como grandes eventos e aulas em instituições de ensino.Ainda não há determinação de confinamento, mas acho que gradualmente irá acontecer.
Em uma hora dessas, vemos o que é a globalização e como ela funciona. Reconhecer que há doenças que matam mais, e em menos tempo, e que doenças da pobreza não motivam medidas tão veementes não resolve. Minimizar o problema não o faz desaparecer.
Vamos torcer para que seja breve e que as pessoas não sofram. A memória deste tempo, por outro lado, será traumática e preservará uma sensação de medo duradoura.
Vendo as imagens de tantas cidades vazias pelo mundo, pessoas relatando dificuldades em manter as suas normalidades, percebe-se que o "normal" é um hábito frágil. Agora é a nossa vez.
Aqui na minha cidade não tínhamos nenhuma determinação específica de prevenção. São poucos os casos confirmados e acabamos de sair de um carnaval onde o contato humano, a proximidade e as gripes são tão banais que é difícil fazer as pessoas acreditarem na gravidade da situação e na necessidade das medidas.
As viroses de carnaval, inclusive, sempre recebem um nome carinhoso. É uma espécie de tradição: brincar e ficar doente. Brincamos e ficamos doentes, brincamos mesmo doentes, e brincamos apesar de ficarmos doentes. Como então encarar com seriedade?
Agora é a nossa vez. A partir de amanhã algumas atividades estão sendo restringidas, como grandes eventos e aulas em instituições de ensino.Ainda não há determinação de confinamento, mas acho que gradualmente irá acontecer.
Em uma hora dessas, vemos o que é a globalização e como ela funciona. Reconhecer que há doenças que matam mais, e em menos tempo, e que doenças da pobreza não motivam medidas tão veementes não resolve. Minimizar o problema não o faz desaparecer.
Vamos torcer para que seja breve e que as pessoas não sofram. A memória deste tempo, por outro lado, será traumática e preservará uma sensação de medo duradoura.
segunda-feira, 9 de março de 2020
sábado, 7 de março de 2020
quinta-feira, 5 de março de 2020
Solidão
A Solidão e sua porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha)
Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
e até deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha.
Arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida
Com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Pena Filho
terça-feira, 3 de março de 2020
domingo, 1 de março de 2020
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