Hoje, dia 31 de março de 2019, foi dia de rememorar e de co-memorar.
Lembrar juntos de um tempo que não pode ser esquecido e deve ser lembrado.
As datas memoriais são fascinantes pelo que afirmam e pelo que negam. E lembrar é um ato complexo: depende de como, de quem, do que e para que certas coisas são lembradas.
Hoje aproveitei para ouvir as lembranças de quem viveu naquele tempo. São testemunhas de fatos que estão se esmaecendo, virando história, e que nós precisamos aprender pois é o nosso legado.
O passar dos anos vai dizer se essa data será reproduzida, revivida e quais serão os efeitos para a memória coletiva, para a vida diária dos cidadãos brasileiros e para as instituições.
O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
domingo, 31 de março de 2019
sexta-feira, 29 de março de 2019
Sobre o 31 de março (1)
Em dois posts (http://direitoamemoria.blogspot.com/2016/03/31-de-marco-lembranca-do-golpe-no-brasil.html e http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/03/comemoracoes-do-cinquentenario-golpe-ou.html) discutimos que o Brasil não comemora publicamente (lembra junto através de um ritual) o que aconteceu em 1964.
Neste ano de 2019, pela primeira vez, houve a decisão administrativa de que as Forças Armadas do Brasil façam comemorações da "data histórica de 31 de março". Não houve uma definição do "que" será comemorado - Golpe, Revolução ou Contra-revolução - porque essas versões coexistem segmentadas.
Na verdade, não havia uma comemoração pública da data. Alguns grupos, privada e discretamente, comemoravam a Revolução de 1964, enquanto outros grupos comemoravam os efeitos traumáticos do Golpe de 1964. É claro que o sentido e a forma da comemoração mudam em razão dos sentimentos e mensagens revividos pelo ato.
A manifestação presidencial levou à amplificação desses grupos quantitativamente, e já há intensa convocação para manifestações no próximo dia 31/03.
Mas também trouxe a questão para o âmbito de discussão jurídica. Contra a decisão que instituiu a comemoração foram utilizados diversos remédios constitucionais: mandado de segurança, ação popular e ação civil pública.
Esse é um exemplo didático de batalha pela marca, de construção da memória de um período, que merece ser estudado e refletido. Vamos acompanhar aqui no blog os desdobramentos e sua importância para o direito à memória.
Neste ano de 2019, pela primeira vez, houve a decisão administrativa de que as Forças Armadas do Brasil façam comemorações da "data histórica de 31 de março". Não houve uma definição do "que" será comemorado - Golpe, Revolução ou Contra-revolução - porque essas versões coexistem segmentadas.
Na verdade, não havia uma comemoração pública da data. Alguns grupos, privada e discretamente, comemoravam a Revolução de 1964, enquanto outros grupos comemoravam os efeitos traumáticos do Golpe de 1964. É claro que o sentido e a forma da comemoração mudam em razão dos sentimentos e mensagens revividos pelo ato.
A manifestação presidencial levou à amplificação desses grupos quantitativamente, e já há intensa convocação para manifestações no próximo dia 31/03.
Mas também trouxe a questão para o âmbito de discussão jurídica. Contra a decisão que instituiu a comemoração foram utilizados diversos remédios constitucionais: mandado de segurança, ação popular e ação civil pública.
Esse é um exemplo didático de batalha pela marca, de construção da memória de um período, que merece ser estudado e refletido. Vamos acompanhar aqui no blog os desdobramentos e sua importância para o direito à memória.
quinta-feira, 28 de março de 2019
Ordem do dia 31 de março - Exército Brasileiro
Leiam o documento oficial: https://www.eb.mil.br/web/noticias/alusivos-e-ordem-do-dia/-/asset_publisher/QKzf8DsobUm1/content/31-de-marco-de-1964-ordem-do-d-1
Devido à sua importância para a memória coletiva, estudemos.
Devido à sua importância para a memória coletiva, estudemos.
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quarta-feira, 27 de março de 2019
Lembranças motivacionais (1): a crítica
Quando ficar entristecido com uma crítica destrutiva, que considera injusta, lembre-se de Albert Wolff e sua crítica à exposição de artistas impressionistas na galeria Durand-Ruel:
"Following upon the burning of the Opera-House, a new disaster has fallen upon the quarter. There has just been opened at Mr Durand-Ruel’s an exhibition of what is said to be painting … Five or six lunatics, of whom one is a woman [Berthe Morisot], have chosen to exhibit their works. There are people who burst into laughter in front of these objects. Personally I am saddened by them.”
A citação está em inglês em razão da fonte: https://www.theguardian.com/artanddesign/2015/feb/21/the-man-who-made-monet-how-impressionism-was-saved-from-obscurity
Os lunáticos eram Manet, Monet, Renoir, Degas e Berthe Morisot.
"Following upon the burning of the Opera-House, a new disaster has fallen upon the quarter. There has just been opened at Mr Durand-Ruel’s an exhibition of what is said to be painting … Five or six lunatics, of whom one is a woman [Berthe Morisot], have chosen to exhibit their works. There are people who burst into laughter in front of these objects. Personally I am saddened by them.”
A citação está em inglês em razão da fonte: https://www.theguardian.com/artanddesign/2015/feb/21/the-man-who-made-monet-how-impressionism-was-saved-from-obscurity
Os lunáticos eram Manet, Monet, Renoir, Degas e Berthe Morisot.
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segunda-feira, 25 de março de 2019
quinta-feira, 21 de março de 2019
Antes do plástico
Minha mãe lembra de um tempo onde o plástico era a novidade. As pessoas ficavam fascinadas com as grandes possibilidades da moldagem e da durabilidade do material, que se popularizou (na memória dela) após a Segunda Guerra Mundial, quando era criança.
Antes do plástico, ela lembrou que as sacolas de supermercado eram feiras de papel grosso.
As garrafas eram de vidro.
Os talheres, pratos e copos não descartáveis.
Muitas coisas não eram descartáveis. Parece que o plástico também incrementou a mentalidade da descartabilidade pelo uso, diferente do que acontecia antes, quando os objetos eram descartados porque quebravam ou se tornavam desnecessários.
A idéia de poder descartar um objeto ainda funcional é, para mim, quase inaceitável. Talvez por isso, e pela durabilidade do material, antes uma vantagem e agora um problema, o plástico vem se tornando um vilão ambiental.
É possível reciclar e reutilizar, mas esses atos não vão diminuir a demanda por plástico. Para cada garrafa plástica que se torna artesanato, outra será produzida, de forma que a reciclagem de fato contribui para a permanência da demanda.
Para superar o plástico é preciso estancar a necessidade por ele, criando alternativas mais saudáveis que consigam substituí-lo satisfatoriamente, como se faz com qualquer vício.
Antes do plástico, ela lembrou que as sacolas de supermercado eram feiras de papel grosso.
As garrafas eram de vidro.
Os talheres, pratos e copos não descartáveis.
Muitas coisas não eram descartáveis. Parece que o plástico também incrementou a mentalidade da descartabilidade pelo uso, diferente do que acontecia antes, quando os objetos eram descartados porque quebravam ou se tornavam desnecessários.
A idéia de poder descartar um objeto ainda funcional é, para mim, quase inaceitável. Talvez por isso, e pela durabilidade do material, antes uma vantagem e agora um problema, o plástico vem se tornando um vilão ambiental.
É possível reciclar e reutilizar, mas esses atos não vão diminuir a demanda por plástico. Para cada garrafa plástica que se torna artesanato, outra será produzida, de forma que a reciclagem de fato contribui para a permanência da demanda.
Para superar o plástico é preciso estancar a necessidade por ele, criando alternativas mais saudáveis que consigam substituí-lo satisfatoriamente, como se faz com qualquer vício.
terça-feira, 19 de março de 2019
Conselhos retroativos
Se eu pudesse encontrar a Fabiana de 20 anos atrás, eu diria jamais, ja-mais, JAMAIS faça fichamentos em um caderno.
E se fizer, não leve os seus fichamentos na mala junto com um vidro de perfume.
ficha de leitura perfumada |
Não faço fichas digitalmente porque elas deixam de existir quando acaba a bateria do notebook. A escrita já provou suficientemente o seu mérito por milênios para que eu deixe de usá-la assim, sem mais nem menos.
Sempre achei interessante a idéia de voltar ao passado e dar conselhos retroativos para mim mesma.
O que eu diria para uma Fabianinha de nove anos de idade? Não corra atrás daquela galinha. Ela é mais rápida que você, e ainda por cima pode cair e quebrar o seu dente.
O que eu diria para uma Fabianinha de quinze anos de idade? Vai nessa.
O que eu diria para uma Fabiana de vinte cinco anos de idade? 😉
domingo, 17 de março de 2019
Souvenir (17): Réplica do painel de gravuras da Pedra do Ingá
Souvenir para lembrar a nossa expedição ao sítio arqueológico deslumbrante de Itacoatiaras do Ingá (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/12/pedra-do-inga-sitio-arqueologico-de.html)
Pedrinha do Ingá |
Essa é mais uma reprodução das gravuras. Em outro post (http://direitoamemoria.blogspot.com/2019/02/sobre-reproducoes-1.html) mostrei uma réplica do painel que permite as pessoas tocarem e sentirem a textura, o que ajuda na maior compreensão da peça.
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sexta-feira, 15 de março de 2019
O lixo da História
O lixão é um lugar mítico para onde vão todas as coisas que deixaram de ser importantes, que foram descartadas, e por isso serão esquecidas.
Na série sobre "Esquecedouros", o lixão ganhou o seu protagonismo com uma postagem específica (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/esquecedouros-lixao.html) e refletimos que, embora considerado um lugar de esquecimentos de pessoas e coisas, como bom depósito que é, pode se tornar também um lugar da memória.
Tudo isso para dizer que há alguns anos o "lixo de História" vem sendo invocado frequentemente nos discursos políticos brasileiros. Vários personagens e atitudes já foram ameaçados de sumir e serem esquecidos, em uma reedição do antigo ostracismo, cujo resgate defendemos tão veementemente neste blog (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/11/resgatando-instituicoes-antigas.html).
Ainda bem que o lixo da História é um lugar mítico pois já estaria com a sua capacidade de carga excedida a essas alturas.
quarta-feira, 13 de março de 2019
Sombrinha
O carnaval da minha vida é colorido e tem trilha sonora centenária (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/02/marchas-de-carnaval.html)
Um acessório é onipresente: a sombrinha. Geralmente utilizada para enriquecer o passo do frevo, e associada com o uso que os equilibristas dela fazem, a sombrinha é a redução graciosa do guarda-chuva que compunha o vestuário de antigamente e servia como arma.
O guarda-chuva usado para dançar também servia para afastar os outros foliões, criando um perímetro de segurança, e até para realizar estocadas com a ponta. Era arma, sem dúvida, e ainda podemos reconhecer esse uso em alguns passos, basta olhar atentamente. Olha essa gracinha:
Acessório indispensável e bonitinho |
Cores alegres |
Lembrando outros carnavais |
Sombrinha disfarçada |
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memória individual,
Patrimônio imaterial
segunda-feira, 11 de março de 2019
sábado, 9 de março de 2019
Pausa para reflexão
O negócio é o seguinte: a Arte é longa e a vida é breve.
Tenho que parar com novos projetos e concluir os que estão em andamento. Estou escrevendo um livro desde 2004, outro desde de 2009, tenho uma biblioteca gigante para ler e tenho que administrar melhor o meu tempo.
Ou melhor, o tempo que resta.
Vou priorizar, focar, reduzir e simplificar. Vou renunciar (não desistir) a certas curiosidades que me assolam e me fazem olhar para todos os lados.
Minhas pendências básicas são:
a) arrumar as coisas
b) publicar as coisas
Vamos lá, 2019, fuerza.
Tenho que parar com novos projetos e concluir os que estão em andamento. Estou escrevendo um livro desde 2004, outro desde de 2009, tenho uma biblioteca gigante para ler e tenho que administrar melhor o meu tempo.
Ou melhor, o tempo que resta.
Vou priorizar, focar, reduzir e simplificar. Vou renunciar (não desistir) a certas curiosidades que me assolam e me fazem olhar para todos os lados.
Minhas pendências básicas são:
a) arrumar as coisas
b) publicar as coisas
Vamos lá, 2019, fuerza.
quinta-feira, 7 de março de 2019
Histórias de ninar gente grande - Samba enredo da Mangueira 2019
No post http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/08/cancoes-de-ninar.html, refletimos sobre o caráter memorial das canções de ninar, essas músicas cantadas para embalar o sono das crianças pequeninas, cuja finalidade é acalentá-las e relaxá-las, são algumas das memórias mais antigas dos indivíduos, possuem um caráter tradicional, e cantadas através das gerações.
Às vezes não são tão pacíficas, e servem para aterrorizar as crianças, desestimulando-as a levantar da cama pois, todos nós sabemos, há um monstro embaixo delas prestes a pegar o nosso pé, ou escondido dentro do armário ou em cima do telhado.
No carnaval de 2019, a escola de samba Mangueira trouxe uma canção de ninar gente grande:
"Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês".
Interessante o chamado para refletir sobre o passado, seus significados e usos e, mais ainda, através de uma música em uma comemoração centenária e identitária.
Vale a pena palmilhar essa letra e tentar descobrir as referências, certas e erradas, históricas ou mitológicas.
Para registrar, a Mangueira foi a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2019.
Às vezes não são tão pacíficas, e servem para aterrorizar as crianças, desestimulando-as a levantar da cama pois, todos nós sabemos, há um monstro embaixo delas prestes a pegar o nosso pé, ou escondido dentro do armário ou em cima do telhado.
No carnaval de 2019, a escola de samba Mangueira trouxe uma canção de ninar gente grande:
"Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês".
Interessante o chamado para refletir sobre o passado, seus significados e usos e, mais ainda, através de uma música em uma comemoração centenária e identitária.
Vale a pena palmilhar essa letra e tentar descobrir as referências, certas e erradas, históricas ou mitológicas.
Para registrar, a Mangueira foi a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 2019.
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terça-feira, 5 de março de 2019
2019 - Ano internacional da Tabela Periódica de Elementos Químicos
Há 150, em 1º março de 1869, Mendeleev publicou o primeiro modelo da tabela de elementos químicos. Por ser tão importante para a ciência, esse feito mereceu a homenagem da UNESCO:
https://www.iypt2019.org/.
Estudei a tabela quando era criança, e tomei um caminho acadêmico que me afastou dela. É ótimo poder reencontrá-la percebendo que é um patrimônio científico.
Quem dera eu pudesse, já naquela época, ter aprendido assim. Tenho certeza que teria compreendido mais e melhor sobre a Química, interesse que desenvolvi anos depois e por razões bem distintas das acadêmicas.
https://www.iypt2019.org/.
Estudei a tabela quando era criança, e tomei um caminho acadêmico que me afastou dela. É ótimo poder reencontrá-la percebendo que é um patrimônio científico.
Quem dera eu pudesse, já naquela época, ter aprendido assim. Tenho certeza que teria compreendido mais e melhor sobre a Química, interesse que desenvolvi anos depois e por razões bem distintas das acadêmicas.
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domingo, 3 de março de 2019
sexta-feira, 1 de março de 2019
Memória de Elefante
Os elefantes efetivamente são capazes de memorizar, e isso todo mundo sabe. A novidade, para mim, é que eles também parecem ser capazes de compartilhar essas memórias coletivamente, e ensinar as novas gerações a partir desse acervo.
Existe uma memória de elefante coletiva? Parece que sim: cf. http://santuariodeelefantes.org.br/inteligencia-dos-elefantes/.
Incrível.
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