Os comportamentos públicos e privados são bem diferentes, sendo os primeiros geralmente mais polidos. Com a pandemia, o trabalho a partir de casa fez com que as fronteiras se diluíssem: a casa invadiu a rua, ou a recíproca verdadeira.
Hoje realizamos reuniões de trabalho em casa, mas sem os procedimentos e rapapés que adotamos quando recebemos visitas. A consequência dessa diluição é a frequente ocorrência de padrões incompatíveis com a ética pública, que não podem ser atribuídos apenas à dificuldade com a tecnologia: pessoas nuas em reuniões de trabalho, palavrões e xingamentos ditos com desassombro e outros comportamentos que jamais seriam realizados em situações públicas normais.
Não se trata apenas de esquecer de desligar a câmera ou o microfone, mas de adotar no cotidiano um comportamento incompatível com a urbanidade. A incivilidade no trato com os familiares e do ambiente doméstico transbordou para a rua e tem se revelado uma faceta indesculpável.
Manter o comportamento urbano é uma questão de integridade, decoro e coerência porque as pessoas merecem ser tratadas com respeito, principalmente aquelas com as quais convivemos mais proximamente (os familiares) porque isso evita conflitos e torna a vida melhor. Ser educado é eficiente, economiza tempo, recursos e dramas.
REFERÊNCIAS
DAMATTA, Roberto. A casa e a rua. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
DANTAS, Fabiana Santos. A urbanidade como dever funcional
no direito administrativo brasileiro. Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 278, n. 3, pp. 145-162, 209. Disponível em:,http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/80833/77257>.