Até o ano que vem!
O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
terça-feira, 31 de dezembro de 2019
domingo, 29 de dezembro de 2019
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Artigo publicado - Fabiana Dantas
Artigo sobre o dever de urbanidade publicado: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/80833/77257
terça-feira, 24 de dezembro de 2019
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
Barcos do Brasil
O verão tem um efeito estranho em mim, me faz querer navegar. Tenho fascinação por barcos e algumas das minhas memórias mais antigas estão vinculadas ao mar e ao ritual familiar de pescar (http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/patrimonio-cultural-familiar-2-arte-de.html).
Infelizmente essa tradição não foi repassada à minha geração de forma consistente e, em lugar da prática, do modo de fazer, ficou apenas a saudade.
Nesse verão de 2019, e nas mini-férias que tive em dezembro, fiquei surpresa em redescobrir a minha cidade e esse mar. Minhas escolhas de passeios (https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-1.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-2.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-3.html) trouxeram o mar de volta para mim.
Pensando nisso, comecei a pensar no patrimônio cultural relacionado, e lembrei de um belo projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional chamado "Barcos do Brasil". Lembrei também que há quatro embarcações tombadas como bens móveis: Canoa de tolda Luzitania,
Canoa costeira Dinamar, Saveiro Sombra da Lua, Pranchão Tradição.
Vou tentar convencer Marcelo a visitá-las, o que não deve ser nada difícil, dado o amor que tem pela pesca tradicional.
Infelizmente essa tradição não foi repassada à minha geração de forma consistente e, em lugar da prática, do modo de fazer, ficou apenas a saudade.
Nesse verão de 2019, e nas mini-férias que tive em dezembro, fiquei surpresa em redescobrir a minha cidade e esse mar. Minhas escolhas de passeios (https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-1.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-2.html, https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/12/verao-2019-3.html) trouxeram o mar de volta para mim.
Pensando nisso, comecei a pensar no patrimônio cultural relacionado, e lembrei de um belo projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional chamado "Barcos do Brasil". Lembrei também que há quatro embarcações tombadas como bens móveis: Canoa de tolda Luzitania,
Canoa costeira Dinamar, Saveiro Sombra da Lua, Pranchão Tradição.
Vou tentar convencer Marcelo a visitá-las, o que não deve ser nada difícil, dado o amor que tem pela pesca tradicional.
sábado, 21 de dezembro de 2019
domingo, 15 de dezembro de 2019
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Pausa para um balanço
Nesse ponto da vida, me pergunto como poderia descrever o que fiz até agora? Posso dizer que dediquei metade da minha via a estudar Direito, e mais especificamente o chamado Direito do Patrimônio Cultural, o direito à memória individual e coletiva e o Estado Nacional.
E pretendo continuar fazendo isso no ano que vem e por muito tempo.
E mais: vou continuar a ler a minha cidade e outros lugares, vou fazer meus poemas e talvez publique alguns em 2020. Vou voltar ao Camino.
No mês de dezembro, normalmente faço planos bem objetivos, com metas concretas, para o ano seguinte. Desta vez, meu plano é uma lista de livros cuja leitura está muito atrasada, pois estou no meio de vários projetos pendentes.
2020 será o ano de terminar tarefas, em especial um livro que estou escrevendo desde de 2004.Serão 365 dias de disciplina, reorganização, depuração, sublimação, revitalização. Vamos lá.
E pretendo continuar fazendo isso no ano que vem e por muito tempo.
E mais: vou continuar a ler a minha cidade e outros lugares, vou fazer meus poemas e talvez publique alguns em 2020. Vou voltar ao Camino.
No mês de dezembro, normalmente faço planos bem objetivos, com metas concretas, para o ano seguinte. Desta vez, meu plano é uma lista de livros cuja leitura está muito atrasada, pois estou no meio de vários projetos pendentes.
2020 será o ano de terminar tarefas, em especial um livro que estou escrevendo desde de 2004.Serão 365 dias de disciplina, reorganização, depuração, sublimação, revitalização. Vamos lá.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2019
quinta-feira, 5 de dezembro de 2019
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
domingo, 1 de dezembro de 2019
Memória Poética - Pablo Neruda
Perdoe o cidadão esperançado
minha lembrança de ações miseráveis,
que levantam os homens do passado.
Eu não preconizo um
amor inexorável.
E não me importa
pessoa nem cão:
só o povo me é considerável:
só a pátria me condiciona.
Povo e pátria
manejam meu cuidado:
Pátria e Povo destinam meus deveres
e se logram matar o revoltado
pelo povo, é minha Pátria quem morre.
É esse meu temor e
minha agonia.
Por isso no combate
ninguém espere
que fique sem voz minha poesia.
(Eu não me calo)
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
Archive.org
Uma biblioteca gratuita com milhões de obras (livros, vídeos, softwares) para consulta: https://archive.org/
Muito obrigada.
Muito obrigada.
Marcadores:
Direito à memória coletiva
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
Céu sem filtro
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Formas de lembrar (20): relembrar
Estava colecionando formas de lembrar, e acabei lembrando de lembrar:
1) Um anúncio no jornal: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-1-o-anuncio-no-jornal.html
2) Um sinal nos céus: https://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-2-um-sinal-nos-ceus.html?m=1
3) Um doce que vale uma lembrança: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2017/04/formas-de-lembrar-3-brigadeiro.html
4) Uma canção: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-4-uma-cancao.html
5) Nomear em homenagem: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-5-nomear-em-homenagem.html
6) Dançar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/05/formas-de-lembrar-6-dancar-em-memoria.html
7) Andar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/formas-de-lembrar-7-andar-em-memoria.html
8) Malhar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/formas-de-lembrar-8-malhar-em-memoria.html
9) Fazer listas: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/11/formas-de-lembrar-9-fazer-listas.html
10) Gravar e repetir: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/formas-de-lembrar-10-gravar-e-repetir.html?m=0
11) Uma placa: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/formas-de-lembrar-11-uma-placa.html
12) Cédulas e moedas: https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/04/formas-de-lembrar-11-cedulas-e-moedas.html?m=0
13) Ex-votos: https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/formas-de-lembrar-13-ex-votos.html?m=0
14) Lembrar caminhando: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/formas-de-lembrar-14-caminhando-e.html
15) Um brinde: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/12/formas-de-lembrar-15-um-brinde.html
16) Uma bicicleta: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/01/formas-de-lembrar-16-uma-bicicleta.html
17) Um chocolate: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/02/formas-de-lembrar-17-um-chocolate.html
18) Uma estrela: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/11/formas-de-lembrar-uma-estrela.html
19) Uma noite: http://direitoamemoria.blogspot.com/2019/11/formas-de-lembrar-18-uma-noite.html
1) Um anúncio no jornal: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-1-o-anuncio-no-jornal.html
2) Um sinal nos céus: https://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-2-um-sinal-nos-ceus.html?m=1
3) Um doce que vale uma lembrança: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2017/04/formas-de-lembrar-3-brigadeiro.html
4) Uma canção: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-4-uma-cancao.html
5) Nomear em homenagem: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/04/formas-de-lembrar-5-nomear-em-homenagem.html
6) Dançar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/05/formas-de-lembrar-6-dancar-em-memoria.html
7) Andar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/formas-de-lembrar-7-andar-em-memoria.html
8) Malhar em memória: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/formas-de-lembrar-8-malhar-em-memoria.html
9) Fazer listas: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/11/formas-de-lembrar-9-fazer-listas.html
10) Gravar e repetir: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/formas-de-lembrar-10-gravar-e-repetir.html?m=0
11) Uma placa: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/formas-de-lembrar-11-uma-placa.html
12) Cédulas e moedas: https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/04/formas-de-lembrar-11-cedulas-e-moedas.html?m=0
13) Ex-votos: https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/formas-de-lembrar-13-ex-votos.html?m=0
14) Lembrar caminhando: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/formas-de-lembrar-14-caminhando-e.html
15) Um brinde: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/12/formas-de-lembrar-15-um-brinde.html
16) Uma bicicleta: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/01/formas-de-lembrar-16-uma-bicicleta.html
17) Um chocolate: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/02/formas-de-lembrar-17-um-chocolate.html
18) Uma estrela: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/11/formas-de-lembrar-uma-estrela.html
19) Uma noite: http://direitoamemoria.blogspot.com/2019/11/formas-de-lembrar-18-uma-noite.html
Marcadores:
memória do blog,
memória individual
domingo, 17 de novembro de 2019
Monumenta Germaniae Historica
Colocar aqui para não esquecer: https://archive.org/search.php?query=monumenta%20germaniae%20historica
Marcadores:
Direito à memória coletiva
Chilenos retiram a estátua de Pedro Valdívia
Símbolos:
Quem construiu? Por que construiu? Quem tirou? Por que tirou? E agora? Qual será destino da estátua derrubada? Qual será o passado da Nação? E o futuro?
Monumentos, versões e aversões (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/08/versoes-aversoes-e-monumentos.html)
Quem construiu? Por que construiu? Quem tirou? Por que tirou? E agora? Qual será destino da estátua derrubada? Qual será o passado da Nação? E o futuro?
Monumentos, versões e aversões (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/08/versoes-aversoes-e-monumentos.html)
Marcadores:
Direito à memória coletiva,
Direito à memória dos mortos
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
Bacurau 2: um pássaro me contou (contém spoilers)
Pássaro, porque o Bacurau não é um passarinho. Não é bonzinho e bonitinho o suficiente para receber o diminutivo carinhoso, é bicho brabo, que merece respeito.
Enquanto não revejo o filme, exercito a memória lembrando de algumas cenas e tentando localizar referências:
1) A recepção de Domingas com cozido, suco de caju e trilha sonora americana. É essa nossa hospitalidade estranha, de poucas palavras e bem-querer traduzido em comida, típica da região.
O suco de caju oferecido lembra a cajuína, simbolo de hospitalidade nordestina e patrimônio imaterial do Brasil (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/07/cajuina-patrimonio-imaterial-do-brasil.html).
O significado dessa cena, que pode parecer muito deslocada naquele lugar e naquela hora, faz sentido como medida desesperada.
2) A segunda observação é sobre Lunga. Existe um personagem folclórico no Nordeste - Seu Lunga - que é lembrado pela sua forma peculiar de encarar a vida. No nosso imaginário, ficou como um modelo de mau humor (https://tribunadoceara.com.br/diversao/humor/relembre-11-das-respostas-mais-brutas-do-seu-lunga/), mas não acredito que fosse esse o caso.
Talvez o Lunga de Bacurau seja uma homenagem merecida, porque também não é reconhecido como bem-humorado.
Ou, quem sabe, é uma referência a calunga, com as suas implicações espirituais. Acho que pode ser os dois.
3) E falando em Lunga, a estética do personagem, com o seu gosto explícito por anéis, remete aos cangaceiros mas a referência não é tão explícita para mim, pois faltou o couro, a chita nas roupas. É algo que pretendo observar melhor da próxima vez.
4) A estranha posição de tiro da gente de Bacurau remete aos bacamarteiros, como se pode ver nesse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-DdKTc1XTms.
4) Bacurau é como a gente chama o último ônibus da nossa cidade. Depois do Bacurau, não há nada. Talvez essa a noção de apocalipse para quem é daqui.
Lembro que quando a gente perdia o bacurau a solução era dormir na rua ou se arriscar a ir a pé, mas isso foi a Era Pré-uber.
5) identidade e consequência. O Museu como reflexo de valores comunitários.
Esse post continua, depois que eu assistir de novo.
Enquanto não revejo o filme, exercito a memória lembrando de algumas cenas e tentando localizar referências:
1) A recepção de Domingas com cozido, suco de caju e trilha sonora americana. É essa nossa hospitalidade estranha, de poucas palavras e bem-querer traduzido em comida, típica da região.
O suco de caju oferecido lembra a cajuína, simbolo de hospitalidade nordestina e patrimônio imaterial do Brasil (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/07/cajuina-patrimonio-imaterial-do-brasil.html).
O significado dessa cena, que pode parecer muito deslocada naquele lugar e naquela hora, faz sentido como medida desesperada.
2) A segunda observação é sobre Lunga. Existe um personagem folclórico no Nordeste - Seu Lunga - que é lembrado pela sua forma peculiar de encarar a vida. No nosso imaginário, ficou como um modelo de mau humor (https://tribunadoceara.com.br/diversao/humor/relembre-11-das-respostas-mais-brutas-do-seu-lunga/), mas não acredito que fosse esse o caso.
Talvez o Lunga de Bacurau seja uma homenagem merecida, porque também não é reconhecido como bem-humorado.
Ou, quem sabe, é uma referência a calunga, com as suas implicações espirituais. Acho que pode ser os dois.
3) E falando em Lunga, a estética do personagem, com o seu gosto explícito por anéis, remete aos cangaceiros mas a referência não é tão explícita para mim, pois faltou o couro, a chita nas roupas. É algo que pretendo observar melhor da próxima vez.
4) A estranha posição de tiro da gente de Bacurau remete aos bacamarteiros, como se pode ver nesse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=-DdKTc1XTms.
4) Bacurau é como a gente chama o último ônibus da nossa cidade. Depois do Bacurau, não há nada. Talvez essa a noção de apocalipse para quem é daqui.
Lembro que quando a gente perdia o bacurau a solução era dormir na rua ou se arriscar a ir a pé, mas isso foi a Era Pré-uber.
5) identidade e consequência. O Museu como reflexo de valores comunitários.
Esse post continua, depois que eu assistir de novo.
sábado, 9 de novembro de 2019
Formas de lembrar (19): uma noite
Uma noite para lembrar, comemorar lembrando e se preparar para o feriado nacional da Independência do Uruguay: La noche de la nostalgia, instituída pela lei nº 17.825/2004 ( https://legislativo.parlamento.gub.uy/temporales/leytemp1455469.htm).
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
Formas de lembrar (18): uma estrela
Uma estrela para lembrar das vítimas do nazismo: https://www.youtube.com/watch?time_continue=83&v=24HbCjydBhE.
Esse é o Corinthians sendo mais que um clube de futebol.
Obrigada por lembrar.
Marcadores:
Direito à memória coletiva,
Direito à memória dos mortos
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
O problema do Ipê Amarelo
Esse post está sendo escrito com uma profunda irritação, o que é o contrário do sentimento que os símbolos nacionais devem inspirar.A bandeira, o hino, o brasão de armas devem inspirar afeto e disposição para sacrificar-se pela Pátria.
Pois bem, estou estudando símbolos nacionais (porque são uma parte importante da memória coletiva e do direito à memória), tomando o Brasil como ponto de partida da reflexão. Quais são os nossos símbolos nacionais?
Os símbolos nacionais do Brasil estão previstos na Constituição Federal e em leis ordinárias federais:
Pois bem, estou estudando símbolos nacionais (porque são uma parte importante da memória coletiva e do direito à memória), tomando o Brasil como ponto de partida da reflexão. Quais são os nossos símbolos nacionais?
Os símbolos nacionais do Brasil estão previstos na Constituição Federal e em leis ordinárias federais:
Art. 13 da CF/88. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.
A Lei nº 6.607/78 estabelece o Pau-Brasil como "Árvore Nacional", sem detalhar o significado jurídico do título, salvo o dever do Estado de
conservá-la e distribuir mudas com finalidade cívica, conforme os artigos 1º e
2º abaixo transcritos:
Art .
1º - É declarada Árvore Nacional a leguminosa denominada Pau-Brasil
(Caesalpinia Echinata, Lam), cuja festa será comemorada, anualmente, quando o
Ministério da Educação e Cultura promoverá campanha elucidativa sobre a
relevância daquela espécie vegetal na História do Brasil.
Art .
2º - O Ministério da Agricultura promoverá, através de seu órgão especializado,
a implantação, em todo o território nacional, de viveiros de mudas de
Pau-Brasil, visando à sua conservação e distribuição para finalidades cívica
E a Lei nº 11.675/2008 estabelece o cupuaçu como "fruta nacional", sem especificar o signficado público do título:
Art. 1o O cupuaçu, fruto do cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum), é designado fruta nacional.
O Ipê Amarelo não é um símbolo oficial do Brasil, mas essa informação (até o momento equivocada) aparece em diversas fontes. Há muitas referências a um Decreto do Presidente Jânio Quadros instituindo o Ipê Amarelo (Tecoma araliacea) como "Árvore Nacional", o que me fez vagar atrás dessa norma por muito tempo. Infrutiferamente.
A minha pesquisa revelou que esse decreto não existe. Há a mensagem nº 464/1961 do Presidente Jânio Quadros encaminhando um projeto de Lei que pretende declarar o Pau Brasil a árvore nacional e o Ipê-Amarelo como "Flor Nacional", que tramitou através do projeto de Lei nº 3380/1961: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=C0EF4E50B324EB8B9AE9DE68FDEB052B.node2?codteor=1203824&filename=Avulso+-PL+3380/1961.
Esse projeto foi arquivado em razão do pedido de retirada efetivado em 1972, e não localizei o decreto presidencial durante a tramitação do projeto. A existência de tal decreto é altamente improvável porque nessa mesma data da mensagem 464 (25/08/1961), o Presidente renunciou.
Formalmente, o envio do projeto de lei de criação de símbolos nacionais foi um dos últimos atos do presidente, na mesma data da sua renúncia. É interessante a sincronia, pois nessa data foram "criados" dois símbolos do Brasil.
O Pau-Brasil transformou-se em árvore nacional através do projeto de lei nº 1006/1972 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1189896&filename=Dossie+-PL+1006/1972), transformado na Lei nº 6607/78, que não faz referência ao Ipê-Amarelo.
Não foi localizada norma federal posterior, embora alguns entes federativos tenham instituído o Ipê-Amarelo como símbolos estaduais ou municipais, o que nos leva ao segundo problemão: há diversas espécies com o mesmo nome em razão do regionalismo. Além disso, há uma variação de nome científico, por exemplo, em Mato Grosso do Sul o Ipê Amarelo (Handroanthusalbusou Tabebuia
alba) é símbolo pela lei estadual 5228/2018 (http://www.spdo.ms.gov.br/diariodoe/Index/Download/DO9698_17_07_2018), e é diferente da Tecoma araliacea (estou errada? São Harri Lorenzi me ajude).
Por favor, por favor, se alguém conhece esse decreto de Jânio Quadros ou outra norma que institui o Ipê-Amarelo como símbolo nacional, compartilhe comigo a informação. Isso vai acalmar os meus nervos e o meu post e será de grande ajuda.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
Arre lá!
Essa é uma das expressões preferidas na minha mãe.
Não sei o que significa etimologicamente, mas quando ouvia isso sabia perfeitamente que estava encrencada ou na iminência de me lascar.
Poucas travessuras mereceram um "arre lá" da minha mãe, que só usava essa expressão em casos extremos de irritação.
E por que lembrei disso hoje? Será que fiz alguma travessura merecedora?
Não, eu mandei um "arre lá" para Ewok, o cachorrinho da minha irmã, que se recusa a usar a fantasia de Ewok. Como dirá (e diria) a minha mãe: "vai usar sim, e vai gostar, tomara ver. Arre lá!".
A frase pode não fazer muito sentido, mas quando é dita com aquele olhar de ressaca verde (um pouco de Machado de Assis para elevar o nível do post) da minha mãe, cigana irritada e oblíqua, você sabe exatamente o que significa e ainda vê o futuro, sem precisar de bola de cristal.
Eis Ewok:
Não sei o que significa etimologicamente, mas quando ouvia isso sabia perfeitamente que estava encrencada ou na iminência de me lascar.
Poucas travessuras mereceram um "arre lá" da minha mãe, que só usava essa expressão em casos extremos de irritação.
E por que lembrei disso hoje? Será que fiz alguma travessura merecedora?
Não, eu mandei um "arre lá" para Ewok, o cachorrinho da minha irmã, que se recusa a usar a fantasia de Ewok. Como dirá (e diria) a minha mãe: "vai usar sim, e vai gostar, tomara ver. Arre lá!".
A frase pode não fazer muito sentido, mas quando é dita com aquele olhar de ressaca verde (um pouco de Machado de Assis para elevar o nível do post) da minha mãe, cigana irritada e oblíqua, você sabe exatamente o que significa e ainda vê o futuro, sem precisar de bola de cristal.
Eis Ewok:
Ewok Ewok |
Ewok, tomara ver. |
terça-feira, 29 de outubro de 2019
Arquivos no meu computador
Nesse final de semana, resolvi fazer uma pequena limpeza no meu computador, para fazer um backup geral.
Quantas recordações!
Achei coisas do arco da velha: fotos, vídeos, artigos pela metade, listas e listas. Arquivos que remontam a 2002.
Cheguei à conclusão que a memória do meu computador é uma canastra mágica e vou continuar fazendo arqueologia digital, porque isso tudo é muito interessante.
Quantas recordações!
Achei coisas do arco da velha: fotos, vídeos, artigos pela metade, listas e listas. Arquivos que remontam a 2002.
Cheguei à conclusão que a memória do meu computador é uma canastra mágica e vou continuar fazendo arqueologia digital, porque isso tudo é muito interessante.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
Francisco Franco: Exumação
Notícia importante: https://elpais.com/tag/exhumacion_francisco_franco/a
Mais um capítulo da história do personagem.
_________
Sobre o assunto, confira: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/10/barcelona-cassa-as-medalhas-de.html?showComment=1571936164325#c3669313749959860965
Mais um capítulo da história do personagem.
_________
Sobre o assunto, confira: https://direitoamemoria.blogspot.com/2019/10/barcelona-cassa-as-medalhas-de.html?showComment=1571936164325#c3669313749959860965
Marcadores:
Direito à memória dos mortos
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
Paredes (3)
Há de tudo em paredes: quadros, orações, esperanças, gatos, jovens e ouvidos.
"As paredes têm ouvidos" é uma advertência para ser mais do que discreto ao falar sobre certos temas. Pode parecer uma metáfora mas algumas realmente têm, como no Palazzo Vecchio, em Florença.
Já outras têm olvidos.
"As paredes têm ouvidos" é uma advertência para ser mais do que discreto ao falar sobre certos temas. Pode parecer uma metáfora mas algumas realmente têm, como no Palazzo Vecchio, em Florença.
Já outras têm olvidos.
Marcadores:
Direito à memória coletiva
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Paredes (2)
Há de tudo em paredes: quadros, orações, esperanças, gatos e jovens.
Aqui na minha cidade conta-se que emparedaram uma moça (no início do século XX) porque ela ficou grávida e não era casada.
Dizem que a família jantava enquanto ouvia os gritos desesperados dela, emparedada, morrendo de fome.
Não é lenda urbana, a tragédia é real. 😟😕😨😭
Aqui na minha cidade conta-se que emparedaram uma moça (no início do século XX) porque ela ficou grávida e não era casada.
Dizem que a família jantava enquanto ouvia os gritos desesperados dela, emparedada, morrendo de fome.
Não é lenda urbana, a tragédia é real. 😟😕😨😭
Marcadores:
Direito à memória coletiva,
Direito à memória dos mortos
sábado, 19 de outubro de 2019
Paredes (1)
😲😲😲😲😲
Há de tudo em paredes: quadros, orações, esperanças.
E isso: http://www.apotropaios.co.uk/dried-cats.html
Parece que emparedar gatos era uma forma de proteger os lares ingleses contra malefícios 😟😕😨😭😲
Precisamos saber mais sobre isso.
Há de tudo em paredes: quadros, orações, esperanças.
E isso: http://www.apotropaios.co.uk/dried-cats.html
Parece que emparedar gatos era uma forma de proteger os lares ingleses contra malefícios 😟😕😨😭😲
Precisamos saber mais sobre isso.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Citação sobre o olvido - Millôr
"Quem não tem memória sabe tudo do olvido"
MILLÔR. A bíblia do caos. Porto Alegre: L&PM.,2011, p.363
MILLÔR. A bíblia do caos. Porto Alegre: L&PM.,2011, p.363
terça-feira, 15 de outubro de 2019
Dia dos professores
Em 15/10/2019 comemora-se no Brasil o "Dia dos Professores".
São profissionais importantes para as nossas vidas, que proporcionam os meios para a obtenção do conhecimento. E são pessoas que impressionam vivamente a nossa memória, pelo que têm de melhor e, às vezes, de pior.
Sou o produto do trabalho conjunto, sucessivo e contínuo de vários professores. Hoje eu consigo me expressar nesse blog por causa das tias Rosário, Emília e Fátima, que me encantaram com a nossa enigmática Língua Portuguesa.
Quis o destino que eu preferisse umas matérias a outras, mas todos os professores foram indispensáveis na minha história. Aprendi de tudo com eles: Matemática, Capoeira, Geografia, Biologia, Kung Fu, a fascinante Química, Física, Literatura, História (!), Direito Constitucional, Civil, a amada Teoria Geral do Estado, Medicina Legal, Filosofia... Tantas emoções.
E mais: aprendi que as pessoas podem amar áreas tão diferentes e se dispõem a compartilhar com os alunos o fruto de sua dedicação e do seu compromisso em levar o conhecimento adiante, contribuindo para formar a memória coletiva.
Eu tenho e tive muitos mestres, e o seu exemplo me estimulou a estudar e tornar-me também uma professora. Eu ensino disciplinas jurídicas e, espero, também a amar essa belíssima Ciência do Direito à qual me dedico desde os 17 anos.
Sou professora há 19 anos, e todo dia adquiro um novo conhecimento pelos livros, pela observação, com os meus alunos, e com as lembranças dos ensinamentos dos meus professores.
Lembro também do que diz Confúcio:
Ser professor significa estar sempre lembrando os velhos conhecimentos, produzindo novos e compartilhando-os na esperança de que consigam contribuir para melhorar a vida das pessoas.
Não é uma missão fácil, e se fosse não estaria à altura do desafio. Eu e meus irmãos somos professores - Direito, História, Geografia, Matemática, Engenharia Elétrica, Ensino Fundamental - e achamos que ensinar sempre vale o esforço.
Por isso e por tudo, obrigada, meus mestres.
Referência.
São profissionais importantes para as nossas vidas, que proporcionam os meios para a obtenção do conhecimento. E são pessoas que impressionam vivamente a nossa memória, pelo que têm de melhor e, às vezes, de pior.
Sou o produto do trabalho conjunto, sucessivo e contínuo de vários professores. Hoje eu consigo me expressar nesse blog por causa das tias Rosário, Emília e Fátima, que me encantaram com a nossa enigmática Língua Portuguesa.
Quis o destino que eu preferisse umas matérias a outras, mas todos os professores foram indispensáveis na minha história. Aprendi de tudo com eles: Matemática, Capoeira, Geografia, Biologia, Kung Fu, a fascinante Química, Física, Literatura, História (!), Direito Constitucional, Civil, a amada Teoria Geral do Estado, Medicina Legal, Filosofia... Tantas emoções.
E mais: aprendi que as pessoas podem amar áreas tão diferentes e se dispõem a compartilhar com os alunos o fruto de sua dedicação e do seu compromisso em levar o conhecimento adiante, contribuindo para formar a memória coletiva.
Eu tenho e tive muitos mestres, e o seu exemplo me estimulou a estudar e tornar-me também uma professora. Eu ensino disciplinas jurídicas e, espero, também a amar essa belíssima Ciência do Direito à qual me dedico desde os 17 anos.
Sou professora há 19 anos, e todo dia adquiro um novo conhecimento pelos livros, pela observação, com os meus alunos, e com as lembranças dos ensinamentos dos meus professores.
Lembro também do que diz Confúcio:
Aquele que está sempre revendo seus velhos conhecimentos e adquirindo novos poderá tornar-se um professor para os outros (CONFÚCIO, 1995, p.7)
Não é uma missão fácil, e se fosse não estaria à altura do desafio. Eu e meus irmãos somos professores - Direito, História, Geografia, Matemática, Engenharia Elétrica, Ensino Fundamental - e achamos que ensinar sempre vale o esforço.
Por isso e por tudo, obrigada, meus mestres.
Referência.
CONFÚCIO. The Analects. New York: Dover, 1995.
Marcadores:
Direito à memória coletiva,
memória individual
domingo, 13 de outubro de 2019
Brinquedos tradicionais (1): Mané Gostoso
Brinquedos são bens culturais materiais, que são usados em práticas identitárias (imateriais). São patrimônio e também divertidos.
Alguns brinquedos tradicionais estão desaparecendo, substituídos por outras formas de brincar. Como ontem foi comemorado o "Dia das Crianças" no Brasil, resolvi participar da festa (e exercitar o meu direito à memória) brincando.
Esse é um brinquedo tradicional que eu adoro. Esse ginasta é incansável, superdinâmico e sempre faz movimentos surpreendentes!
Para vê-lo em ação: https://www.youtube.com/watch?v=66PLegXbiKs
Para aprender a fazer: https://www.youtube.com/watch?v=byx6hBqQ-_k
Vou trazer mais brinquedos tradicionais aqui no blog e me divertir muito com isso.
Alguns brinquedos tradicionais estão desaparecendo, substituídos por outras formas de brincar. Como ontem foi comemorado o "Dia das Crianças" no Brasil, resolvi participar da festa (e exercitar o meu direito à memória) brincando.
Esse é um brinquedo tradicional que eu adoro. Esse ginasta é incansável, superdinâmico e sempre faz movimentos surpreendentes!
Pula Mané! |
Preparando o movimento |
Nota 10! |
Para aprender a fazer: https://www.youtube.com/watch?v=byx6hBqQ-_k
Vou trazer mais brinquedos tradicionais aqui no blog e me divertir muito com isso.
Marcadores:
memória individual,
Patrimônio imaterial,
Patrimônio material
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
O que é melhor?
"Qual foi a melhor: aquela noite inesquecível ou aquela noite que você nem se lembra do que aconteceu?" Perguntou Millôr (2011, p. 363).
_____________
Vou responder: nem sempre o que é inesquecível é bom, mas é sempre melhor lembrar do que não.
MILLÔR. A bíblia do caos. Porto Alegre: L&PM.,2011, p.363
_____________
Vou responder: nem sempre o que é inesquecível é bom, mas é sempre melhor lembrar do que não.
MILLÔR. A bíblia do caos. Porto Alegre: L&PM.,2011, p.363
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Barcelona cassa as medalhas de Francisco Franco
Notícia importante: https://esportes.r7.com/prisma/r7-so-esportes/barcelona-retira-medalhas-de-ditador-espanhol-francisco-franco-12022019
E por que é importante? Pelo caráter simbólico do ato que, ao cassar as medalhas, reafirma a importância das pessoas perseguidas pela política de Franco desde a Guerra Civil.
Esse ato soma-se a um conjunto de outros que pretendem reposicionar a figura de Franco na história de España, bem como determinar como deverá ser lembrado.
E por que é importante? Pelo caráter simbólico do ato que, ao cassar as medalhas, reafirma a importância das pessoas perseguidas pela política de Franco desde a Guerra Civil.
Esse ato soma-se a um conjunto de outros que pretendem reposicionar a figura de Franco na história de España, bem como determinar como deverá ser lembrado.
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
Negacionismo do Holocausto não é liberdade de expressão
Decisão importante: https://www.dw.com/pt-br/negar-holocausto-n%C3%A3o-%C3%A9-liberdade-de-express%C3%A3o-decide-corte-europeia/a-50697201
O Holocausto aconteceu. Não foi um evento, foi um processo através do qual milhões de seres humanos foram objetificados, escravizados, dizimados.
É um trauma histórico que não se pode esquecer, por isso negá-lo é uma forma de violar a memória dos vivos e dos mortos.
A Alemanha desenvolveu um bom exemplo de política da memória, de como lidar com esse legado terrível. Enfrentar esse passado devastador com responsabilidade e com um claro compromisso com o futuro é o que se espera para superar tamanha dor.
Essa é a única forma adequada de construir a memória coletiva, com respeito à verdade, reverência pelas vítimas e compromisso com o aperfeiçoamento das instituições para que não aconteça de novo. Negar, mutilar fatos e criar versões legitimadoras são apenas estratégias de diversão para alcançar o esquecimento.
E esquecer, nesse caso, significa condenar pessoas à morte e à vida indigna. Esquecer é crime.
O Holocausto aconteceu. Não foi um evento, foi um processo através do qual milhões de seres humanos foram objetificados, escravizados, dizimados.
É um trauma histórico que não se pode esquecer, por isso negá-lo é uma forma de violar a memória dos vivos e dos mortos.
A Alemanha desenvolveu um bom exemplo de política da memória, de como lidar com esse legado terrível. Enfrentar esse passado devastador com responsabilidade e com um claro compromisso com o futuro é o que se espera para superar tamanha dor.
Essa é a única forma adequada de construir a memória coletiva, com respeito à verdade, reverência pelas vítimas e compromisso com o aperfeiçoamento das instituições para que não aconteça de novo. Negar, mutilar fatos e criar versões legitimadoras são apenas estratégias de diversão para alcançar o esquecimento.
E esquecer, nesse caso, significa condenar pessoas à morte e à vida indigna. Esquecer é crime.
sábado, 5 de outubro de 2019
domingo, 29 de setembro de 2019
Citações sobre a memória - Berger & Luckmann
"O universo
simbólico também ordena a história. Localiza
todos os acontecimentos coletivos numa unidade coerente, que inclui o passado,
o presente e o futuro. Com relação ao
passado, estabelece uma “memória” que é compartilhada por todos os indivíduos socializados
na coletividade. Em relação ao futuro,
estabelece um quadro de referência comum para a projeção das ações individuais.
Assim, o universo simbólico liga os homens com seus predecessores e seus
sucessores numa totalidade dotada de sentido, servindo para transcender a finitude
da existência individual e conferindo um significado à morte individual. Todos os membros de uma sociedade podem agora
conceber-se como pertencendo a um
universo que possui um sentido, que existia antes de terem nascido e continuará
a existir depois de morrerem" (BERGER & LUCKMANN, 2009, p. 149).
Referência.:
BERGER, Peter L.&
LUCKMANN, Thomas. A construção social da
realidade. Petrópolis: Vozes, 2009.
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Relógios (5): Relógio de sol em Óbidos, Portugal
Coleciono imagens de relógios de sol, xingamentos antigos e livros., e já mostrei quatro anteriormente aqui no blog:
Relógio de sol em uma casa em Óbidos |
É tão emocionante colecionar relógios de sol! Eles são surpreendentes, aparecem inesperadamente em lugares interessantes, e são tão bonitos e úteis.
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Lições do Camino
O camino de Santiago de Compostela é uma experiência profunda, que deixa bolhas e lições: http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/caminho-de-santiago-o-post-mistico.html.
Além das lições espirituais, que considero o exercício e consolidação de virtudes, aprendi coisas úteis que agora carrego comigo:
a) Viver com menos e melhor. Consumir menos e melhor. Desde Santiago, tenho me esforçado em reduzir tudo e melhorar tudo. Diferenciar o que é essencial para a sua vida é tão mágico, dá tanta clareza.
E quando desejo fazer alguma coisa que não é essencial mas dá prazer, a auto-indulgência também é mais consciente e prazerosa. Nada é automático, mas consciente, embora não necessário.
b) Aproveitar coisas simples. Quando voltei do Camino, o ato de sentar em uma praça e tomar água já era uma fonte de grande prazer.
Hoje saboreio tomar um café devagar, olhar uma paisagem bonita e conversar com as pessoas sem pressa de uma maneira que não fazia antes.
c) O fato de treinar para saber o que é necessário e fundamental me levou a fazer mochilas e malas com rapidez e precisão. Quando tenho que viajar consigo dimensionar corretamente o que preciso, e para mim sucesso hoje é utilizar apenas e tudo o que levar.
Minha bagagem hoje é de um tamanho ridículo. E a minha bolsa do cotidiano é mínima: um documento, um celular, alguns trocados e um cartão de banco.
d) Já gostava de viajar, mas depois do Camino adquiri habilidades incríveis para organizar e me adaptar em viagens. Estou pensando seriamente em testá-las em viagens mais longas e difíceis.
Sonho em conhecer a Mongólia e fazer caminhadas lá. Veremos.
e) Hoje, raciocino sem procrastinação. Se tenho alguma coisa a fazer - que considero como um caminho a percorrer - vou lá e faço. Pronto.
Outras postagens sobre o Camino:
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/refletindo.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/04/interagindo-com-estatuas.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/imagens-do-camino-o-inicio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/03/imagens-do-camino-o-meio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/camino-de-santiago-coisas-realmente.html
Além das lições espirituais, que considero o exercício e consolidação de virtudes, aprendi coisas úteis que agora carrego comigo:
a) Viver com menos e melhor. Consumir menos e melhor. Desde Santiago, tenho me esforçado em reduzir tudo e melhorar tudo. Diferenciar o que é essencial para a sua vida é tão mágico, dá tanta clareza.
E quando desejo fazer alguma coisa que não é essencial mas dá prazer, a auto-indulgência também é mais consciente e prazerosa. Nada é automático, mas consciente, embora não necessário.
b) Aproveitar coisas simples. Quando voltei do Camino, o ato de sentar em uma praça e tomar água já era uma fonte de grande prazer.
Hoje saboreio tomar um café devagar, olhar uma paisagem bonita e conversar com as pessoas sem pressa de uma maneira que não fazia antes.
c) O fato de treinar para saber o que é necessário e fundamental me levou a fazer mochilas e malas com rapidez e precisão. Quando tenho que viajar consigo dimensionar corretamente o que preciso, e para mim sucesso hoje é utilizar apenas e tudo o que levar.
Minha bagagem hoje é de um tamanho ridículo. E a minha bolsa do cotidiano é mínima: um documento, um celular, alguns trocados e um cartão de banco.
d) Já gostava de viajar, mas depois do Camino adquiri habilidades incríveis para organizar e me adaptar em viagens. Estou pensando seriamente em testá-las em viagens mais longas e difíceis.
Sonho em conhecer a Mongólia e fazer caminhadas lá. Veremos.
e) Hoje, raciocino sem procrastinação. Se tenho alguma coisa a fazer - que considero como um caminho a percorrer - vou lá e faço. Pronto.
Outras postagens sobre o Camino:
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/refletindo.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/04/interagindo-com-estatuas.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/02/imagens-do-camino-o-inicio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/03/imagens-do-camino-o-meio.html
http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/09/camino-de-santiago-coisas-realmente.html
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Exposição Florestas submersas
Essa exposição estava no Oceanário de Lisboa e, sem dúvida, foi uma das experiências mais lindas que eu já tive:
Havia um som ambiente e uma sensação de sonho. Só ficar sentada olhando as florestas, os peixinhos, foi uma experiência incrível.
Havia uma frase ao final da exposição "nada dura, nada está acabado, nada é perfeito". Eu acrescentaria um "tudo está lindo", mas não quis me meter na filosofia alheia.
Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas |
Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas |
Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas |
Floresta submersa -Foto Fabiana Dantas |
Havia uma frase ao final da exposição "nada dura, nada está acabado, nada é perfeito". Eu acrescentaria um "tudo está lindo", mas não quis me meter na filosofia alheia.
sábado, 21 de setembro de 2019
Sintra- 20 anos depois
A primeira vez que fui à Sintra (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/01/) fiquei encantada com aquela paisagem.
Vinte anos depois, voltei a admirar a muralha:
Sintra outra vez. Foto Marcelo Müller |
Marcadores:
memória individual,
Patrimônio material
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Parabéns, Robinson!
Felicidades!
O meu irmão, que hoje faz aniversário, é um talentoso colaborador do nosso blog. Aqui, podemos ver algumas de suas obras que, gentilmente, permitiu o uso para ilustrar nossas idéias:
Sobre Paleontologia Imaginária: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/palentologia-imaginaria.html; http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/12/paleontologia-imaginaria-3-pterodactilo.html, http://direitoamemoria.blogspot.com/2012/06/paleontologia-imaginaria-6-pegada-de.html.
Dono de um quintal fabuloso:http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/lugar-inesquecivel-o-quintal-do-meu.html, onde habitam o saci e outros seres fantásticos: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/01/o-dia-do-saci.html
Um drakkar: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/o-drakkar.html
Apoio pedagógico: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/trabalho-escolar-de-mateus.html
Além de escultor, também é poeta: https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/11/?m=0.
Pessoa interessante, com muitos talentos. Geógrafo, professor, escultor, pintor, músico, luthier, excelente pai, filho, irmão e marido e, agora, com a sabedoria do passar dos anos, quem diria.
Abraços, big brother.
O meu irmão, que hoje faz aniversário, é um talentoso colaborador do nosso blog. Aqui, podemos ver algumas de suas obras que, gentilmente, permitiu o uso para ilustrar nossas idéias:
Sobre Paleontologia Imaginária: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/palentologia-imaginaria.html; http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/12/paleontologia-imaginaria-3-pterodactilo.html, http://direitoamemoria.blogspot.com/2012/06/paleontologia-imaginaria-6-pegada-de.html.
Dono de um quintal fabuloso:http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/lugar-inesquecivel-o-quintal-do-meu.html, onde habitam o saci e outros seres fantásticos: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/01/o-dia-do-saci.html
Um drakkar: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/o-drakkar.html
Apoio pedagógico: http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/11/trabalho-escolar-de-mateus.html
Além de escultor, também é poeta: https://direitoamemoria.blogspot.com/2012/11/?m=0.
Pessoa interessante, com muitos talentos. Geógrafo, professor, escultor, pintor, músico, luthier, excelente pai, filho, irmão e marido e, agora, com a sabedoria do passar dos anos, quem diria.
Abraços, big brother.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
Wanderlust
Deve ser muito interessante falar alemão, essa língua uniforme herdeira de tantas nações, e que tenta explicar o mundo de forma específica.
Adoro ler sobre palavras em alemão. Tenho algumas preferidas: lebensschatzkiste e vergangenheitsbewältigung, que sintetizam (ou quase) as minhas preocupações e anseios teóricos.
Mas também já as usei para explicar o inexplicável, por exemplo, "schnappsidee". Já resolvi alguns dos problemas mais intrincados da filosofia, como a quadratura do círculo e porque o universo é infinito e sem fronteiras, sob a influência do álcool. Uma vez até consegui apagar uma televisão usando um abajur como se fosse controle remoto (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/01/ressaca.html).
Bem, eu não faço mais. Perdi a capacidade de desligar a tv com o abajur quando parei de beber.
Tudo isso para dizer que estou sentido aquela vontade avassaladora de viajar, de ir ver o mundo. Pode ser a herança cigana que a família da minha mãe jura possuir, quem sente sabe o que eu quero exprimir, mas só os alemães conseguem forjar uma palavra específica: wanderlust.
Não sei se tenho wanderlust, contraí wanderlust ou sinto wanderlust. Mas é isso aí.
Adoro ler sobre palavras em alemão. Tenho algumas preferidas: lebensschatzkiste e vergangenheitsbewältigung, que sintetizam (ou quase) as minhas preocupações e anseios teóricos.
Mas também já as usei para explicar o inexplicável, por exemplo, "schnappsidee". Já resolvi alguns dos problemas mais intrincados da filosofia, como a quadratura do círculo e porque o universo é infinito e sem fronteiras, sob a influência do álcool. Uma vez até consegui apagar uma televisão usando um abajur como se fosse controle remoto (http://direitoamemoria.blogspot.com/2013/01/ressaca.html).
Bem, eu não faço mais. Perdi a capacidade de desligar a tv com o abajur quando parei de beber.
Tudo isso para dizer que estou sentido aquela vontade avassaladora de viajar, de ir ver o mundo. Pode ser a herança cigana que a família da minha mãe jura possuir, quem sente sabe o que eu quero exprimir, mas só os alemães conseguem forjar uma palavra específica: wanderlust.
Não sei se tenho wanderlust, contraí wanderlust ou sinto wanderlust. Mas é isso aí.
domingo, 15 de setembro de 2019
Uma vista de Lisboa
Desta vez só de passagem, a missão era outra e específica - ver e amar o Convento de Cristo em Tomar - mas como sempre encantada.
Lisboa e esse mar:
Lisboa e mar |
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
Quem é o responsável?
Essa é a pergunta-chave do Tribunal de Nüremberg, e que vale para todos os povos, em todos os tempos.
Responsável é quem fez o que não devia, e quem não fez o que devia.
A memória coletiva é a guardiã das responsabilidades.
Responsável é quem fez o que não devia, e quem não fez o que devia.
A memória coletiva é a guardiã das responsabilidades.
Marcadores:
Direito à memória coletiva
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Souvenir (18): Óbidos, Portugal
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
Bacurau
Ontem fui assistir ao filme "Bacurau", e entendo o interesse em torno da obra. Imagino que deve ser fascinante ver uma estória intrigante em uma paisagem tão diferente, tão bonita e tão hostil ao mesmo tempo.
Eu já estive em muitas bacuraus, essa paisagem é uma velha conhecida, tão bem descrita pelos versos de Carlos Pena Filho (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/10/memoria-poetica-carlos-pena-filho-2.html), e a temática do filme também.
Tudo nesse filme é familiar para mim: o cenário, a tragédia, o desfecho. A ficção nesse caso se aproxima de uma realidade que pode ter existido ou pode acontecer. Talvez os personagens sejam diferentes, os motivos de quem ataca, mas a Bacurau e as razões de quem se defende são sempre as mesmas.
Cada pessoa que assistir ao filme vai criar a sua própria interpretação, o seu próprio juízo e entendimento. Cada pessoa vai destacar e enfatizar algum trecho, alguma cena que mais impressionou.
Do meu ponto de vista, o mais importante no filme foi o convite reiterado para que os forasteiros visitassem o Museu Histórico de Bacurau, mas nenhum deles se preocupou em conhecer a história e a memória daquela gente. Ninguém se preocupou de saber sobre que fatos foram construídas as identidades pessoais e coletiva daquela comunidade.
E aí...
Eu, que conheço essa história, essa gente e as Bacuraus, entendi perfeitamente o que ia acontecer quando vi o acervo do Museu. Não sabia "como", mas sabia o porquê, e isso é a informação que a memória coletiva nos provê.
Eu já estive em muitas bacuraus, essa paisagem é uma velha conhecida, tão bem descrita pelos versos de Carlos Pena Filho (http://direitoamemoria.blogspot.com/2014/10/memoria-poetica-carlos-pena-filho-2.html), e a temática do filme também.
Tudo nesse filme é familiar para mim: o cenário, a tragédia, o desfecho. A ficção nesse caso se aproxima de uma realidade que pode ter existido ou pode acontecer. Talvez os personagens sejam diferentes, os motivos de quem ataca, mas a Bacurau e as razões de quem se defende são sempre as mesmas.
Cada pessoa que assistir ao filme vai criar a sua própria interpretação, o seu próprio juízo e entendimento. Cada pessoa vai destacar e enfatizar algum trecho, alguma cena que mais impressionou.
Do meu ponto de vista, o mais importante no filme foi o convite reiterado para que os forasteiros visitassem o Museu Histórico de Bacurau, mas nenhum deles se preocupou em conhecer a história e a memória daquela gente. Ninguém se preocupou de saber sobre que fatos foram construídas as identidades pessoais e coletiva daquela comunidade.
E aí...
Eu, que conheço essa história, essa gente e as Bacuraus, entendi perfeitamente o que ia acontecer quando vi o acervo do Museu. Não sabia "como", mas sabia o porquê, e isso é a informação que a memória coletiva nos provê.
Marcadores:
Direito à memória coletiva,
Divulgação
sábado, 7 de setembro de 2019
Filigrana portuguesa
Quem me conhece sabe que eu admiro ouro em geral.
Tenho a febre do ouro desde pequena, quando conheci o Museo del Oro de Bogota, acompanhado de uma bela e inesquecível explicação sobre mineração que o meu papai nos deu, ele que é um geólogo brasileiro renomado (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/08/papai.html).
O meu avó materno era ourives e tive a honra e a oportunidade de vê-lo trabalhar. Achava interessante porque ele não fazia jóias, as coisas lindas em ouro que ele fazia eram peças para famosos relógios. Era um mestre dos mecanismos dourados.
Infelizmente o ofício tradicional de ourives está desaparecendo aqui onde vivo, e as jóias agora são industrializadas.
A minha mãe (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/05/mamae.html), filha de ourives e cigana por tradição familiar (dizem), também adora ouro. O primeiro presente que as meninas ganham na minha família é um brinquinho, e já saímos da maternidade com as orelhas furadas e brilhando.
Em algumas culturas furar a orelha de bebês é visto como um absurdo, e acho que deve ter alguma repercussão na saúde, considerando o pouco que sei sobre acumpuntura. Minha sobrinha nasceu nos Estados Unidos, e lá não é costume furar a orelhinha das crianças. Por isso, ela só ganhou o brinquinho, que já estava comprado e destinado, quando veio nos visitar aos seis meses de idade (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/11/parabens-maria-clara.html).
Tudo isso para dizer que fiquei impressionada e encantada com uma visita ao Museu da Filigrana em Lisboa. Tanto ouro finamente trabalhado, transformado em obras de arte para embelezar pessoas. Um modo de fazer tradicional, intrincado na história da antiga mineração, que é marca identitária de alguns grupos, e determinante para a sua autoimagem.
Lá conheci um pouco sobre as mordomas de Viana do Castelo, e tive a certeza de que algum dia irei conhecer a Romaria d'Agonia. Não sei quando, mas definitivamente entrou na lista (https://direitoamemoria.blogspot.com/2016/11/lista-de-desejos-de-fabiana.html?).
Olha só esse pequeno vídeo sobre a festa: https://www.youtube.com/watch?v=3BKjEdJs8eo. É disso que eu estou falando! Ouro, festa, comida, ouro, pessoas felizes, ouro, identidade, memória coletiva, patrimônio cultural brilhando.
O Museu da Filigrana no Chiado em Lisboa é imperdível. E, se tiver a oportunidade de ir, não perca a chance de ouro de ter a demonstração que os gentilíssimos atendentes fazem sobre a filigrana portuguesa.
Para mim, o ouro lembra o meu pai e avô trabalhando, a minha mãe com os encantados olhos verdes brilhando, tardes deslumbradas no Museu del Oro, a felicidade de ganhar um novo membro feminino na família, e o dia do meu casamento, quando ganhei um anel que simboliza a acertada escolha de casar com Marcelo. Essas lembranças são jóias.
Tenho a febre do ouro desde pequena, quando conheci o Museo del Oro de Bogota, acompanhado de uma bela e inesquecível explicação sobre mineração que o meu papai nos deu, ele que é um geólogo brasileiro renomado (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/08/papai.html).
O meu avó materno era ourives e tive a honra e a oportunidade de vê-lo trabalhar. Achava interessante porque ele não fazia jóias, as coisas lindas em ouro que ele fazia eram peças para famosos relógios. Era um mestre dos mecanismos dourados.
Infelizmente o ofício tradicional de ourives está desaparecendo aqui onde vivo, e as jóias agora são industrializadas.
A minha mãe (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/05/mamae.html), filha de ourives e cigana por tradição familiar (dizem), também adora ouro. O primeiro presente que as meninas ganham na minha família é um brinquinho, e já saímos da maternidade com as orelhas furadas e brilhando.
Em algumas culturas furar a orelha de bebês é visto como um absurdo, e acho que deve ter alguma repercussão na saúde, considerando o pouco que sei sobre acumpuntura. Minha sobrinha nasceu nos Estados Unidos, e lá não é costume furar a orelhinha das crianças. Por isso, ela só ganhou o brinquinho, que já estava comprado e destinado, quando veio nos visitar aos seis meses de idade (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/11/parabens-maria-clara.html).
Tudo isso para dizer que fiquei impressionada e encantada com uma visita ao Museu da Filigrana em Lisboa. Tanto ouro finamente trabalhado, transformado em obras de arte para embelezar pessoas. Um modo de fazer tradicional, intrincado na história da antiga mineração, que é marca identitária de alguns grupos, e determinante para a sua autoimagem.
Lá conheci um pouco sobre as mordomas de Viana do Castelo, e tive a certeza de que algum dia irei conhecer a Romaria d'Agonia. Não sei quando, mas definitivamente entrou na lista (https://direitoamemoria.blogspot.com/2016/11/lista-de-desejos-de-fabiana.html?).
Olha só esse pequeno vídeo sobre a festa: https://www.youtube.com/watch?v=3BKjEdJs8eo. É disso que eu estou falando! Ouro, festa, comida, ouro, pessoas felizes, ouro, identidade, memória coletiva, patrimônio cultural brilhando.
O Museu da Filigrana no Chiado em Lisboa é imperdível. E, se tiver a oportunidade de ir, não perca a chance de ouro de ter a demonstração que os gentilíssimos atendentes fazem sobre a filigrana portuguesa.
Para mim, o ouro lembra o meu pai e avô trabalhando, a minha mãe com os encantados olhos verdes brilhando, tardes deslumbradas no Museu del Oro, a felicidade de ganhar um novo membro feminino na família, e o dia do meu casamento, quando ganhei um anel que simboliza a acertada escolha de casar com Marcelo. Essas lembranças são jóias.
Marcadores:
memória individual,
Patrimônio imaterial
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
Desesquecer
Parece com lembrar, mas significa parar de esquecer intencionalmente.
Em geral, o esquecimento é involuntário e decorre do desuso, da irrelevância ou da falta de registro de uma informação.
O esquecimento intencional é diferente: é uma forma de matar a informação aos poucos pelo silenciamento, pelo eufemismo, pelas versões falseadas, pela distração e diversão do foco, pela fabricação de um consenso falso e de uma falsa conciliação.
Desesquecer também é uma forma de cumprir o dever de memória.
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Cotidiano histórico
Tempos emocionantes e extremos esses que vivemos. A História está sendo escrita com tintas fortes todos os dias.
Já pararam para pensar apenas no que aconteceu na última semana?
Fechamento do Parlamento na Inglaterra por causa do Brexit, a globalização e mercados globalizados discutindo a Amazônia, e questões ambientais viraram a ordem do dia, Argentina, Paraguai, guerra comercial dos Estados Unidos e China.
😕
Quando a gente estuda essas coisas na escola, geralmente os livros de História organizam a bagunça em capítulos, em sequencia lógica, criando uma narrativa que faça sentido. E agora?
De tão rápida, mais parece uma história do futuro.
Já pararam para pensar apenas no que aconteceu na última semana?
Fechamento do Parlamento na Inglaterra por causa do Brexit, a globalização e mercados globalizados discutindo a Amazônia, e questões ambientais viraram a ordem do dia, Argentina, Paraguai, guerra comercial dos Estados Unidos e China.
😕
Quando a gente estuda essas coisas na escola, geralmente os livros de História organizam a bagunça em capítulos, em sequencia lógica, criando uma narrativa que faça sentido. E agora?
De tão rápida, mais parece uma história do futuro.
terça-feira, 27 de agosto de 2019
Ética da memória
Observe em volta e lembre.
Aprenda.
Melhore.
Observe o lugar e a época.
Lembre.
Aprenda.
Ensine.
Aprenda.
Melhore.
Observe o lugar e a época.
Lembre.
Aprenda.
Ensine.
Marcadores:
Direito à memória coletiva
domingo, 25 de agosto de 2019
Parabéns, Mateus!
Parabéns, querido. Encontrei uma foto sua, um flagrante de você tirando uma casquinha do seu bolo de aniversário:
Aliás, nesse aniversário todo mundo colocou o dedinho no bolo:
É, parece que essa é mais uma tradição da nossa família. Apenas para pontuar, quando eu fiz dez anos, sua vovó fez dois bolos de aniversário para mim, e um deles foi para que eu pudesse enfiar a cara porque sempre achei legal quando via na televisão.
Um lembrança ótima de você e de mim quase da sua idade. Felicidades!
PS:
Mateus |
Aliás, nesse aniversário todo mundo colocou o dedinho no bolo:
Todo mundo tirando uma casquinha do bolo |
Um lembrança ótima de você e de mim quase da sua idade. Felicidades!
PS:
Benjamin juntando-se ao grupo |
Tradição mantida |
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
Produtos centenários (5)
Nossa preferência de sempre, os produtos centenários:
Vejamos outros produtos em uso no momento:
Azeite Galo, com o rótulo comemorativo de 100 anos |
Coca-Cola com a palavra mágica "original" e a data 1886 |
Meu chá da semana |
quarta-feira, 21 de agosto de 2019
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Patrimônio cultural familiar (5): as comemorações e rituais familiares
Famílias não são apenas afetos e desafetos entre pessoas. São estruturas que permitem a criação, manutenção e transmissão de modos de viver, fazeres e saberes.
As famílias, como qualquer outro grupo, também têm a sua identidade e o seu patrimônio cultural. A herança de uma família vai além dos meros bens econômicos: há todo um acervo de valores imateriais e culturais transmitidos através das gerações. Refletimos sobre aspectos desse importante acervo nos posts http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2015/08/patrimonio-cultural-familiar.html, http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2017/04/patrimonio-cultural-familiar-2-arte-de.html e https://direitoamemoria.blogspot.com.br/2017/05/patrimonio-cultural-familiar-3.html?m=0, http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/12/patrimonio-cultural-familiar-4-os-fatos.html
Essa herança, que vai além dos meros bens econômicos, confere identidade e sensação de pertencimento. Os conhecimentos e valores (culturais e morais) são o quadro no âmbito do qual desenvolvemos a nossa personalidade, e sentimos a sua continuidade através da estreita relação com a memória dos antepassados e a convivência com os contemporâneos.
As comemorações familiares são oportunidades para, através do encontro dos membros, reforçar laços e reafirmar valores comuns.
Algumas são de caráter solene e dramático como os velórios e funerais. Essa é uma ocasião muito importante para a família porque reafirma a sua continuidade a despeito da perda de membros, e garante a permanência desses membros falecidos com o status de antepassados.
Algumas são de caráter festivo, como aniversários, Natal e Ano Novo, e a forma como cada família celebra essas datas pode explicar muito da dinâmica de poder, das visões de mundo, dos valores comuns e dos padrões estéticos.
A extensão da festa também é interessante de ser analisada. A família do meu marido promove um festival a cada dois anos, em que se reunem todos os membros. Uma multidão de tios, tias, primos, primas que estão espalhados pelo território nacional e cuja comunidade ultrapassa as fronteiras de municípios, Estados e regiões.
A minha família, o núcleo familiar próximo, é pequena: somos quinze pessoas, dois cachorros e quatro gatos. Em ocasiões realmente festivas conseguimos nos reunir para conversar e comer, com uma trilha sonora sempre presente.
Os recém-chegados relatam a sua impressão, o que é bem interessante para nos conhecermos. Basicamente, a palavra usada para descrever é caos, apesar de não serem servidas bebidas alcoólicas. A bebida mais frequente é suco de maracujá, que deveria acalmar a todos, mas até o momento isso não foi relatado.
Há algumas coisas que sonhamos fazer mas nunca conseguiremos: formar uma banda. A dificuldade reside em uma tendência anárquica de que cada um só toca o que deseja. Não acreditamos em harmonia.
O nosso ritual deve ser olhado com desprezo por outros rituais familiares adequados. Não há uma hora específica para comer, nem palavras rituais. Estar ali é o suficiente, vendo as pessoas e conversando com elas, principalmente sobre arte, Arqueologia e História, e lembrando dos antepassados.
Às vezes transformamos essas conversas em expedições:http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/12/pedra-do-inga-sitio-arqueologico-de.html. Já há alguns projetos, como buscar a cidade perdida da Serra do Sincorá (http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/05/arqueologia-fascinante-4-cidade-perdida.html). Veremos.
Às vezes transformamos essas conversas em expedições:http://direitoamemoria.blogspot.com/2018/12/pedra-do-inga-sitio-arqueologico-de.html. Já há alguns projetos, como buscar a cidade perdida da Serra do Sincorá (http://direitoamemoria.blogspot.com/2017/05/arqueologia-fascinante-4-cidade-perdida.html). Veremos.
Esse é o nosso modo de viver e sentir, nossa identidade: nos juntamos, comemos, conversamos vários assuntos ao mesmo tempo, alguns tocam e outros cantam o que aprouver, comemos de novo, gostamos de estar ali nos vendo e depois voltamos para casa.
Só para finalizar, há um detalhe que as pessoas acham esquisito na minha pequena família e acho que isso é uma particularidade: nós não fazemos visitas. Não nos visitamos, e não visitamos outras pessoas. Isso é estranho?
Assinar:
Postagens (Atom)