O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Brasil, Argentina e Uruguai: acordos bilaterais para a abertura de arquivos da ditadura
Notícia importante para a memória: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,brasil-assina-acordo-para-abrir-arquivos-da-ditadura,1124536,0.htm
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Conhece-te a ti mesmo, Brasil (7): A questão do cumprimento de normas
Vamos fazer uma síntese do que concluímos até o momento sobre os nossos modos de viver e sentir:
Brasileiros adoram e precisam ganhar, porque isso faz parte da sua afirmação: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/11/conhece-te-ti-mesmo-brasil-
Brasileiros são impontuais: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html
Brasileiros não cultivam a alegria de viver: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/03/conhece-te-ti-mesmo-brasil-3-questao-da.html, embora exista um aparente consenso de que somos alegres.
Brasileiros são barulhentos: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/12/conhece-te-ti-mesmo-brasil-4-questao-do.html, e não concebem uma alegria silenciosa, embora estejamos acostumados com o silêncio imposto.
Brasileiros esperam, pois são educados para isso: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-5-arte.html. Por isso, prazos parecem ser uma quase uma forma de injustiça.
Brasileiros ligam muito para as aparências: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-6-questao-da.html. E os padrões de beleza feminina e masculina são bens distintos, sendo os primeiros mais restritos.
Brasileiros improvisam http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/conhece-te-ti-mesmo-brasil-imponderavel.html, em prejuízo da qualidade e da satisfação dos consumidores de bens e serviços.
Vamos pensar agora em outra característica coletiva notável que é o cumprimento de normas (sociais ou jurídicas).
Poderia começar a reflexão dizendo que os brasileiros não são educados a cumprir normas, e esse seria mais uma faceta do problema da Educação no Brasil (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/questao-da-efetividade-no-direito.html). Entretanto, como já realizamos a reflexão sob o viés da falta de educação normativa que solapa a efetividade das normas jurídicas (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/memoria-e-aprendizado-questao-da.html), prefiro aqui destacar que na verdade o brasileiro inventa normas para cumprir.
Como os padrões de comportamento estabelecidos normativamente não são ensinados de forma eficaz, na verdade as pessoas inventam o seu próprio modo de cumprir as normas, ou simplesmente as inventam. Há comunidades em que o Estado nunca compareceu, e nem ofertou normas através de sua longa mão. Então, as pessoas criam as suas normas de convivência consuetudinária, à margem e às vezes contra a legislação.
Nessa semana me peguei pensando nos altos índices de criminalidade no Brasil. A minha hipótese: a criminalidade transformou-se em modo de viver, ofício tradicional transmitido entre gerações, seja para populações que viveram à margem do Estado, e por isso criaram o seu próprio ordenamento, seja para aqueles integram a estrutura estatal, passando o poder hereditariamente, quase à moda monárquica, e incompreensivelmente através do voto secreto.
Brasileiros têm dificuldade de cumprir normas e confundem qualquer exigência nesse sentido como autoritarismo. Vou dar um exemplo cotidiano: o brasileiro é impontual e não dispõe de um sistema de transporte adequado, certo? Isso pode criar a falsa sensação de um direito ao atraso. Se a empregador, como é de se esperar, exige o cumprimento de horários e pune atrasos, é considerado injusto e autoritário.
Por outro lado, é muito comum perceber que as pessoas afrouxam o cumprimento das normas. Começam cumprindo e depois vão escolhendo aquelas que vão cumprir ou não. O resultado disso é a modificação para pior de procedimentos, inclusive de segurança, simplesmente porque o padrão não é mantido.
Não preciso me alongar na exposição para demonstrar que essa incapacidade de cumprir normas pode afetar muito a vida das pessoas, inclusive no aspecto empregabilidade.
Se você acha que as minhas análises são negativas quanto aos aspectos identitários, não esqueça que sempre é possível fazer uma leitura diametralmente oposta: brasileiros são competitivos, espontaneamente alegres, expansivos e calorosos, fazem tudo a seu tempo e respeitam o tempo alheio, pois esperam; são bonitos e criativos até mesmo na hora de cumprir regras.
Brasileiros adoram e precisam ganhar, porque isso faz parte da sua afirmação: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/11/conhece-te-ti-mesmo-brasil-
Brasileiros são impontuais: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html
Brasileiros não cultivam a alegria de viver: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/03/conhece-te-ti-mesmo-brasil-3-questao-da.html, embora exista um aparente consenso de que somos alegres.
Brasileiros são barulhentos: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/12/conhece-te-ti-mesmo-brasil-4-questao-do.html, e não concebem uma alegria silenciosa, embora estejamos acostumados com o silêncio imposto.
Brasileiros esperam, pois são educados para isso: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-5-arte.html. Por isso, prazos parecem ser uma quase uma forma de injustiça.
Brasileiros ligam muito para as aparências: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-6-questao-da.html. E os padrões de beleza feminina e masculina são bens distintos, sendo os primeiros mais restritos.
Brasileiros improvisam http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/conhece-te-ti-mesmo-brasil-imponderavel.html, em prejuízo da qualidade e da satisfação dos consumidores de bens e serviços.
Vamos pensar agora em outra característica coletiva notável que é o cumprimento de normas (sociais ou jurídicas).
Poderia começar a reflexão dizendo que os brasileiros não são educados a cumprir normas, e esse seria mais uma faceta do problema da Educação no Brasil (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/questao-da-efetividade-no-direito.html). Entretanto, como já realizamos a reflexão sob o viés da falta de educação normativa que solapa a efetividade das normas jurídicas (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/memoria-e-aprendizado-questao-da.html), prefiro aqui destacar que na verdade o brasileiro inventa normas para cumprir.
Como os padrões de comportamento estabelecidos normativamente não são ensinados de forma eficaz, na verdade as pessoas inventam o seu próprio modo de cumprir as normas, ou simplesmente as inventam. Há comunidades em que o Estado nunca compareceu, e nem ofertou normas através de sua longa mão. Então, as pessoas criam as suas normas de convivência consuetudinária, à margem e às vezes contra a legislação.
Nessa semana me peguei pensando nos altos índices de criminalidade no Brasil. A minha hipótese: a criminalidade transformou-se em modo de viver, ofício tradicional transmitido entre gerações, seja para populações que viveram à margem do Estado, e por isso criaram o seu próprio ordenamento, seja para aqueles integram a estrutura estatal, passando o poder hereditariamente, quase à moda monárquica, e incompreensivelmente através do voto secreto.
Brasileiros têm dificuldade de cumprir normas e confundem qualquer exigência nesse sentido como autoritarismo. Vou dar um exemplo cotidiano: o brasileiro é impontual e não dispõe de um sistema de transporte adequado, certo? Isso pode criar a falsa sensação de um direito ao atraso. Se a empregador, como é de se esperar, exige o cumprimento de horários e pune atrasos, é considerado injusto e autoritário.
Por outro lado, é muito comum perceber que as pessoas afrouxam o cumprimento das normas. Começam cumprindo e depois vão escolhendo aquelas que vão cumprir ou não. O resultado disso é a modificação para pior de procedimentos, inclusive de segurança, simplesmente porque o padrão não é mantido.
Não preciso me alongar na exposição para demonstrar que essa incapacidade de cumprir normas pode afetar muito a vida das pessoas, inclusive no aspecto empregabilidade.
Se você acha que as minhas análises são negativas quanto aos aspectos identitários, não esqueça que sempre é possível fazer uma leitura diametralmente oposta: brasileiros são competitivos, espontaneamente alegres, expansivos e calorosos, fazem tudo a seu tempo e respeitam o tempo alheio, pois esperam; são bonitos e criativos até mesmo na hora de cumprir regras.
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sábado, 25 de janeiro de 2014
As duas guerras de Vlado Herzog - Audálio Dantas
Passei os últimos tempos lendo, e o considero um importante relato contextual do caso Vladimir Herzog, considerado o ponto de mutação do regime ditatorial brasileiro, além de ser uma bonita forma de lembrança celebrativa.
Uma informação interessante que extraí do livro foi o caráter antissemita da repressão do período pós-golpe de 1964. Embora eu nunca tivesse lido nada a respeito até então, deveria ter suspeitado, haja vista que na época de Vargas havia essa mentalidade antissemita, que certamente continuou enraizada nas instituições e foi transmitida adiante.
E eu fico me perguntando se ainda há reminiscências de comportamento nos nossos dias, após 25 anos de Constituição Federal.
Uma informação interessante que extraí do livro foi o caráter antissemita da repressão do período pós-golpe de 1964. Embora eu nunca tivesse lido nada a respeito até então, deveria ter suspeitado, haja vista que na época de Vargas havia essa mentalidade antissemita, que certamente continuou enraizada nas instituições e foi transmitida adiante.
E eu fico me perguntando se ainda há reminiscências de comportamento nos nossos dias, após 25 anos de Constituição Federal.
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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Diálogo Surreal (3): vovó
Diálogo no dia do meu aniversário, para explicar a forma poética da minha vinda ao mundo.
(...)
Vovó: Não, minha filha, você foi o bebê mais feio que eu já vi na vida. Até se destacava no berçário da Maternidade.
Eu: Por que?
Vovó: Não sei... você nasceu meio roxinha, porque passou do tempo. Também era muito magrinha, tinha um cabeção. E quando abriu os olhos, vixe...
Eu: O que aconteceu?
Vovó: Nada, só dava vontade de sair correndo. Sabe aquela estória de que todo bebê é bonito? Mentira, você era bem feia, tão feia que parecia uma lagartixa.
Eu: Vó, a senhora não tem medo de me deixar traumatizada, dizendo isso?
Vovó: Claro que não! Não é porque você nasceu feia que ia deixar de ser minha neta, além do que melhorou bastante com o tempo. Você será sempre a lagartixa de vovó!, (falou apertando as minhas bochechas).
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Estados lusófonos
Estou estudando questões memoriais vinculadas à língua, e fiz esse post para lembrar dos Estados Lusófonos, ou seja, aqueles em que a Língua Portuguesa também é falada. São eles:
Portugal
Angola
Brasil
Cabo Verde
Guiné-Bissau
Moçambique
São Tomé e Príncipe
Timor Leste
Para conhecer os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa através de dados estatísticos, recomenda-se: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=157850070&PUBLICACOESmodo=2
Portugal
Angola
Brasil
Cabo Verde
Guiné-Bissau
Moçambique
São Tomé e Príncipe
Timor Leste
Para conhecer os Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa através de dados estatísticos, recomenda-se: http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESpub_boui=157850070&PUBLICACOESmodo=2
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
TED Talks
Por sugestão do meu irmão, comecei a assistir às palestras "TED Talks", e já considero algumas memoráveis.
Para começar, assisti às "10 mais", que na verdade são 11: http://www.ted.com/playlists/77/new_to_ted.html.
Para começar, assisti às "10 mais", que na verdade são 11: http://www.ted.com/playlists/77/new_to_ted.html.
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Silbo Gomero
Acho fenomenal a idéia de uma língua assobiada. Eficientíssima forma de comunicação local, que funciona até quando falta energia elétrica, o que não se pode dizer da maioria das novidades que andam por aí.
Interessantísimo:
Lembro que meu pai só chamava as suas crias (nós) através de assobios. Eu sabia exatamente quando meu papai estava nos chamando porque o seu assobio era peculiar e muito alto.
Vendo esse vídeo fiquei com vontade de aprender a assobiar, mas o jeito gomero parece ser um pouco difícil para mim. Lá, en la Isla de La Gomera, é matéria escolar e se aprende desde pequenino http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130107_assobio_mdb.shtml.
Interessantísimo:
Lembro que meu pai só chamava as suas crias (nós) através de assobios. Eu sabia exatamente quando meu papai estava nos chamando porque o seu assobio era peculiar e muito alto.
Vendo esse vídeo fiquei com vontade de aprender a assobiar, mas o jeito gomero parece ser um pouco difícil para mim. Lá, en la Isla de La Gomera, é matéria escolar e se aprende desde pequenino http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/01/130107_assobio_mdb.shtml.
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Realizei um breve estudo de caso sobre o IPHAN, e o artigo pode ser lido no seguinte link: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/14082.
Qualquer dúvida, crítica ou contribuição sobre o artigo, basta contactar-me através dos comentários desse post.
Qualquer dúvida, crítica ou contribuição sobre o artigo, basta contactar-me através dos comentários desse post.
domingo, 19 de janeiro de 2014
Cristo Redentor atingido por raios
Que imagens...
O Cristo Redentor é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional mas, além disso, também parece ser poderosíssimo.
sábado, 18 de janeiro de 2014
Cemitérios bizantinos da Chapada Diamantina
Em Igatu, linda cidadezinha da Chapada Diamantina, encontra-se esse cemitério interessante:
Abaixo, o Cemitério de Santa Isabel - monumento nacional - localizado na cidade de Mucugê:
Esse belíssimo exemplar consta dos selos do Correios que trazem os cemitérios tombados, referidos no post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/direito-memoria-dos-mortos-selos-sobre.html.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Gestão de cemitérios brasileiros
Os cemitérios são extremamente difíceis de gerir e, do ponto de vista jurídico, constituem um objeto complexo, com diferentes regimes jurídicos incidentes. Podem ser públicos, podem ser públicos sob regime de concessão ou privados. Há casos de relações jurídicas perpétuas (jazigos) de Direito Privado entre o poder público e particulares, além do que incidem outros direitos, por exemplo, o direito à memória (na faceta individual da memória dos mortos e a memória coletiva, de visitar os cemitérios como lugares de memória).
Tudo isso contribui para complicar a gestão dos cemitérios. E não é de se estranhar que nessa área tão complexa e de transição, se me permitem a analogia fúnebre, em muitos casos são praticadas fraudes que violam não só a integridade dos cemitérios, como a honra dos mortos e a paz dos vivos.
Nessa última semana, acompanhei diversas notícias de fraudes em cemitérios, que me obrigaram a tentar destacar os pontos que considero mais problemáticos:
- fraudes em relação à gestão dos túmulos. Construção irregulares de túmulos, inumações indevidas, venda ilegal de túmulos, desvio do dinheiro arrecadado com a gestão dos túmulos e, inacreditavelmente,o traslado e enterramento indevido de restos mortais. Exemplificando: em determinado jazigo, está o senhor fulano de tal, que agora foi substituído pela senhora fulana de tal, embora na lápide conste o nome do ocupante anterior.
Confiram as notícias: http://oglobo.globo.com/rio/mp-pede-prisao-preventiva-do-ex-provedor-da-santa-casa-de-misericordia-11322008
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2013/12/30/interna_vidaurbana,482051/mafia-dos-cemiterios-preso-primeiro-suspeito-por-venda-ilegal-de-tumulos.shtml
http://noticias.band.uol.com.br/primeirojornal/videos/2014/01/10/14820444-bando-e-preso-por-roubar-lapides-de-cemiterio.html
- Ausência de regras em relação aos cemitérios pré-históricos, por exemplo, e de procedimentos detalhados para a sua proteção e manutenção.
- Ausência de normas para a gestão dos cemitérios em geral, especialmente quanto aos padrões de qualidade ambiental.
- Ausência de regulamentação quanto à natureza jurídica de restos mortais oriundos de cremação, e como devem ser tratados.
Para ilustrar, vejam o problema: um cidadão resolveu guardar os restos mortais cremados do seu ente querido no seu apartamento. Quando os vizinhos souberam disso, imediatamente começaram a experimentar fenômenos paranormais. O medo e a confusão foram tamanhas que o cidadão teve que escolher entre continuar com os restos mortais ou se mudar, que foi o que acabou acontecendo.
- Ausência de regras para a extinção de cemitérios. Esse é um problema gravíssimo nas nossas cidades lotadas. Por se tratarem geralmente de grandes áreas, em locais agora valorizados, muitos cemitérios estão sendo "deslocados" para permitir o avanço da urbanização.
Eu sou absolutamente contrária ao deslocamento de cemitérios, mesmo que o translado dos corpos seja realizado respeitosamente (e raramente é), porque isso destrói o seu valor de documento e atinge o direito à memória e representa uma violação indevida do jus sepulchri (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/07/jus-sepulchri-direito-de-sepultar-ser.html), na vertente de manter-se sepulto.
E olhe que eu nem estou considerando os aspectos espirituais e religiosos de construir casas em cemitérios, ou usando areia de cemitério nas construções (http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/policia/funcionarios-depoem-sobre-uso-de-areia-de-cemiterio-em-obra/).
Para finalizar, um exemplo, que eu nem sei se aconteceu de verdade (não quero acreditar). Resolveram construir casas populares e usaram areia de cemitério. Resultado: era possível nas paredes identificar ossos, fios de cabelo e outras partes do corpo humano. É, ou não é, o roteiro de um filme de terror?
Tudo isso contribui para complicar a gestão dos cemitérios. E não é de se estranhar que nessa área tão complexa e de transição, se me permitem a analogia fúnebre, em muitos casos são praticadas fraudes que violam não só a integridade dos cemitérios, como a honra dos mortos e a paz dos vivos.
Nessa última semana, acompanhei diversas notícias de fraudes em cemitérios, que me obrigaram a tentar destacar os pontos que considero mais problemáticos:
- fraudes em relação à gestão dos túmulos. Construção irregulares de túmulos, inumações indevidas, venda ilegal de túmulos, desvio do dinheiro arrecadado com a gestão dos túmulos e, inacreditavelmente,o traslado e enterramento indevido de restos mortais. Exemplificando: em determinado jazigo, está o senhor fulano de tal, que agora foi substituído pela senhora fulana de tal, embora na lápide conste o nome do ocupante anterior.
Confiram as notícias: http://oglobo.globo.com/rio/mp-pede-prisao-preventiva-do-ex-provedor-da-santa-casa-de-misericordia-11322008
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2013/12/30/interna_vidaurbana,482051/mafia-dos-cemiterios-preso-primeiro-suspeito-por-venda-ilegal-de-tumulos.shtml
http://noticias.band.uol.com.br/primeirojornal/videos/2014/01/10/14820444-bando-e-preso-por-roubar-lapides-de-cemiterio.html
- Ausência de regras em relação aos cemitérios pré-históricos, por exemplo, e de procedimentos detalhados para a sua proteção e manutenção.
- Ausência de normas para a gestão dos cemitérios em geral, especialmente quanto aos padrões de qualidade ambiental.
- Ausência de regulamentação quanto à natureza jurídica de restos mortais oriundos de cremação, e como devem ser tratados.
Para ilustrar, vejam o problema: um cidadão resolveu guardar os restos mortais cremados do seu ente querido no seu apartamento. Quando os vizinhos souberam disso, imediatamente começaram a experimentar fenômenos paranormais. O medo e a confusão foram tamanhas que o cidadão teve que escolher entre continuar com os restos mortais ou se mudar, que foi o que acabou acontecendo.
- Ausência de regras para a extinção de cemitérios. Esse é um problema gravíssimo nas nossas cidades lotadas. Por se tratarem geralmente de grandes áreas, em locais agora valorizados, muitos cemitérios estão sendo "deslocados" para permitir o avanço da urbanização.
Eu sou absolutamente contrária ao deslocamento de cemitérios, mesmo que o translado dos corpos seja realizado respeitosamente (e raramente é), porque isso destrói o seu valor de documento e atinge o direito à memória e representa uma violação indevida do jus sepulchri (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/07/jus-sepulchri-direito-de-sepultar-ser.html), na vertente de manter-se sepulto.
E olhe que eu nem estou considerando os aspectos espirituais e religiosos de construir casas em cemitérios, ou usando areia de cemitério nas construções (http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/policia/funcionarios-depoem-sobre-uso-de-areia-de-cemiterio-em-obra/).
Para finalizar, um exemplo, que eu nem sei se aconteceu de verdade (não quero acreditar). Resolveram construir casas populares e usaram areia de cemitério. Resultado: era possível nas paredes identificar ossos, fios de cabelo e outras partes do corpo humano. É, ou não é, o roteiro de um filme de terror?
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Vandalismo no Cemitério do Araçá
Lamentável: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/vandalos-invadem-cemiterio-do-araca-e-destroem-estatuas-e-lapides.html
Por que destruir arte tumular?
O cemitério do Araçá é um exemplo oitocentista que merece ser visitado e estudado. Para quem se interessar, existe a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (http://abecbrasil.blogspot.com.br/), com discussões interessantes.
Por que destruir arte tumular?
O cemitério do Araçá é um exemplo oitocentista que merece ser visitado e estudado. Para quem se interessar, existe a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (http://abecbrasil.blogspot.com.br/), com discussões interessantes.
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sábado, 11 de janeiro de 2014
Cápsula do tempo (2)
As cápsulas do tempo são uma forma incrível de vislumbrar o passado e já tratamos delas aqui no blog (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/06/capsula-do-tempo.html).
Nessa semana, foi publicada a história de um apartamento em Paris que foi abandonado na época da invasão nazista, e que foi deixado intacto por 70 anos: http://www.huffingtonpost.fr/pa-gillet/appartement-paris-abandonne-art_b_1629943.html.
A proprietária sobreviveu à guerra mas nunca voltou ao apartamento. Imagino que as suas lembranças fossem um fardo difícil de carregar.
Nessa semana, foi publicada a história de um apartamento em Paris que foi abandonado na época da invasão nazista, e que foi deixado intacto por 70 anos: http://www.huffingtonpost.fr/pa-gillet/appartement-paris-abandonne-art_b_1629943.html.
A proprietária sobreviveu à guerra mas nunca voltou ao apartamento. Imagino que as suas lembranças fossem um fardo difícil de carregar.
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Conhece-te a ti mesmo, Brasil (6): a questão da aparência
O brasileiro liga para a aparência, não é à toa que somos os campeões (!) em cirurgia plástica, remédios para emagrecer, e os cosméticos são uma indústria em crescimento contínuo.
Entre nós a aparência importa, sim, e condiciona os nossos modos de viver e influencia fortemente as escolhas de consumo, principalmente quando os objetos portam mensagens indicativas de determinado status social. De fato, os brasileiros (considerados em seu conjunto e juntando toda a farinha no mesmo saco) estão dispostos a pagar preços abusivos por produtos, sem atentar para a real necessidade de adquiri-los ou para padrões de qualidade.
Ah...mas no Brasil as aparências enganam bastante.
O azeite doce (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/09/azeite-doce.html) tem menos oliva do que devia e o leite pode ser minoria na composição do leite. Isso sem contar que a pirataria desvairada é capaz de imitar quase tudo, desde simples acessórios (bolsas, sapatos) até remédios para o câncer.
Ter cuidado com o que consome deveria ser ensinado na escola. Mas importante mesmo seria ensinar a desvendar as armadilhas da imposição autoritária da aparência.
Existe, entre nós, uma banalização de procedimentos estéticos, decorrente da existência de padrões radicais e inalcançáveis. Aqui nega-se o direito ao envelhecimento (sim, envelhecer é um direito no Brasil http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/resgatando-instituicoes-antigas-gerusia.html), ao ponto de se exigir uma aparência antinatural. Evidentemente que aos 60 anos a pessoa não vai aparentar 20. E se isso acontecer, é um sinal claro de bruxaria que deverá ser investigada e processada pelos meios próprios.
Há uma tendência preocupante de padronização da aparência, principalmente porque em certos grupos assume importância identitária. Certamente, haverá normas de aparência a serem cumpridas para a inserção social, mas no fim das contas, sua aparência é o que você manifesta, e não necessariamente o que você é.
De nada adianta cobrir-se de produtos caros, para aparentar um estilo de vida que você não tem, à custa do endividamento. Ou seja, usar um sapato de saltos altos vermelho não faz de você o Rei da França.
Entre nós a aparência importa, sim, e condiciona os nossos modos de viver e influencia fortemente as escolhas de consumo, principalmente quando os objetos portam mensagens indicativas de determinado status social. De fato, os brasileiros (considerados em seu conjunto e juntando toda a farinha no mesmo saco) estão dispostos a pagar preços abusivos por produtos, sem atentar para a real necessidade de adquiri-los ou para padrões de qualidade.
Ah...mas no Brasil as aparências enganam bastante.
O azeite doce (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/09/azeite-doce.html) tem menos oliva do que devia e o leite pode ser minoria na composição do leite. Isso sem contar que a pirataria desvairada é capaz de imitar quase tudo, desde simples acessórios (bolsas, sapatos) até remédios para o câncer.
Ter cuidado com o que consome deveria ser ensinado na escola. Mas importante mesmo seria ensinar a desvendar as armadilhas da imposição autoritária da aparência.
Existe, entre nós, uma banalização de procedimentos estéticos, decorrente da existência de padrões radicais e inalcançáveis. Aqui nega-se o direito ao envelhecimento (sim, envelhecer é um direito no Brasil http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/resgatando-instituicoes-antigas-gerusia.html), ao ponto de se exigir uma aparência antinatural. Evidentemente que aos 60 anos a pessoa não vai aparentar 20. E se isso acontecer, é um sinal claro de bruxaria que deverá ser investigada e processada pelos meios próprios.
Há uma tendência preocupante de padronização da aparência, principalmente porque em certos grupos assume importância identitária. Certamente, haverá normas de aparência a serem cumpridas para a inserção social, mas no fim das contas, sua aparência é o que você manifesta, e não necessariamente o que você é.
De nada adianta cobrir-se de produtos caros, para aparentar um estilo de vida que você não tem, à custa do endividamento. Ou seja, usar um sapato de saltos altos vermelho não faz de você o Rei da França.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Conhece-te a ti mesmo, Brasil (5): a arte cavalheiresca de esperar
Entre nós há um ditado muito interessante que diz: "quem corre cansa, quem espera sempre alcança".
Somos educados a esperar, seja no cotidiano das filas para tudo, até mesmo pela idéia passada através das gerações de que o Brasil é o país do futuro. Nós esperamos que um dia esse futuro chegue, ou que nós consigamos chegar nele, mas como toda miragem, parece sempre estar fora do alcance das nossas mãos.
Fatalmente, um brasileiro fará alguém esperar seja porque somos impontuais (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html, mas também porque consideramos que não há mal nenhum em fazer os outros esperarem um pouquinho.
Cada um com o seu tempo, e dispondo do tempo alheio, cuidam-se dos próprios negócios. Precisa pegar o filho na porta da escola? Não tem problema, é só parar o carro em fila tripla e todo mundo espera.
Precisa ir à padaria, ginástica ou banco? Não tem problema, estaciona o carro na porta da garagem alheia e as pessoas esperam que termine suas atividades para retirar o carro. É proibido estacionar na frente da garagem? Que surpresa! Não sabia... mas o que custa esperar um pouquinho?
A expressão "não vai demorar" e suas variantes geralmente são um indício certeiro de armadilha. Frequentemente é utilizada naquelas situações em que se agenda um serviço, que deveria estar pronto mas foi deixado para última hora. Um exemplo: deixei uma calça para fazer a bainha, a moça liga dizendo que está pronto e, quando fui buscar, surpresa-supresa, não estava pronto ainda, mas ia ficar, se eu esperasse um pouquinho.
Afinal, por que a pessoa ligou dizendo que estava pronto, se não estava? Não há resposta plausível.
Raramente consegui que consertos, documentos, resolução de problemas e outras situações fossem atendidas no prazo.
Se algum dia vamos superar a quase atávica impontualidade, respeitar o tempo alheio com a cortesia da pontualidade e dimensionar corretamente os serviços? Não sei, estou esperando para ver.
Somos educados a esperar, seja no cotidiano das filas para tudo, até mesmo pela idéia passada através das gerações de que o Brasil é o país do futuro. Nós esperamos que um dia esse futuro chegue, ou que nós consigamos chegar nele, mas como toda miragem, parece sempre estar fora do alcance das nossas mãos.
Fatalmente, um brasileiro fará alguém esperar seja porque somos impontuais (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html, mas também porque consideramos que não há mal nenhum em fazer os outros esperarem um pouquinho.
Cada um com o seu tempo, e dispondo do tempo alheio, cuidam-se dos próprios negócios. Precisa pegar o filho na porta da escola? Não tem problema, é só parar o carro em fila tripla e todo mundo espera.
Precisa ir à padaria, ginástica ou banco? Não tem problema, estaciona o carro na porta da garagem alheia e as pessoas esperam que termine suas atividades para retirar o carro. É proibido estacionar na frente da garagem? Que surpresa! Não sabia... mas o que custa esperar um pouquinho?
A expressão "não vai demorar" e suas variantes geralmente são um indício certeiro de armadilha. Frequentemente é utilizada naquelas situações em que se agenda um serviço, que deveria estar pronto mas foi deixado para última hora. Um exemplo: deixei uma calça para fazer a bainha, a moça liga dizendo que está pronto e, quando fui buscar, surpresa-supresa, não estava pronto ainda, mas ia ficar, se eu esperasse um pouquinho.
Afinal, por que a pessoa ligou dizendo que estava pronto, se não estava? Não há resposta plausível.
Raramente consegui que consertos, documentos, resolução de problemas e outras situações fossem atendidas no prazo.
Se algum dia vamos superar a quase atávica impontualidade, respeitar o tempo alheio com a cortesia da pontualidade e dimensionar corretamente os serviços? Não sei, estou esperando para ver.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Lembrar Luís Martins de Sousa Dantas
Em 16 de abril de 2014 completará 60 anos do falecimento do embaixador Luís Martins de Sousa Dantas que, apesar do belo sobrenome, não é meu parente.
O embaixador desempenhou um papel destacado na proteção dos refugiados do regime nazista, concedendo "indevidamente" vistos de entrada no Brasil, mesmo em contrariedade à política do governo Vargas.
Segundo conta-se, a emissão desses vistos era totalmente irregular e ilegal. O embaixador não exigia os documentos necessários, não cobrava as taxas devidas por lei e nem declarava a origem étnica dos refugiados, como exigiam as normas da época. Por tudo isso, e por permitir a vinda dos "indesejáveis", foi afastado de suas funções.
As ações do sr. Luís Martins de Sousa Dantas demonstram perfeitamente que o Direito e a Justiça são coisas diferentes, e por vezes opostas. Ele optou pela Justiça, e por isso ganhou em 2003 o título de "Justo entre as Nações" conferido pelo Estado de Israel àqueles que ajudaram a salvas as vítimas do Nazismo.
O Brasil tem a honra de ter dois cidadãos agraciados com o título de Justos, o Embaixador Sousa Dantas, aqui lembrado, e a Sra. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, esposa do famoso escritor João Guimarães Rosa, que algum dia também vai ganhar um post no nosso blog por ser um personagem das mais interessantes.
Lembrar de Luís Martins de Sousa Dantas e de sua coragem humanitária em tempos excepcionais é encontrar 800 bons motivos para analisar a validade/invalidade de atos jurídicos e a atuação de um agente público de uma perspectiva totalmente diferente.
O embaixador desempenhou um papel destacado na proteção dos refugiados do regime nazista, concedendo "indevidamente" vistos de entrada no Brasil, mesmo em contrariedade à política do governo Vargas.
Segundo conta-se, a emissão desses vistos era totalmente irregular e ilegal. O embaixador não exigia os documentos necessários, não cobrava as taxas devidas por lei e nem declarava a origem étnica dos refugiados, como exigiam as normas da época. Por tudo isso, e por permitir a vinda dos "indesejáveis", foi afastado de suas funções.
As ações do sr. Luís Martins de Sousa Dantas demonstram perfeitamente que o Direito e a Justiça são coisas diferentes, e por vezes opostas. Ele optou pela Justiça, e por isso ganhou em 2003 o título de "Justo entre as Nações" conferido pelo Estado de Israel àqueles que ajudaram a salvas as vítimas do Nazismo.
O Brasil tem a honra de ter dois cidadãos agraciados com o título de Justos, o Embaixador Sousa Dantas, aqui lembrado, e a Sra. Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, esposa do famoso escritor João Guimarães Rosa, que algum dia também vai ganhar um post no nosso blog por ser um personagem das mais interessantes.
Lembrar de Luís Martins de Sousa Dantas e de sua coragem humanitária em tempos excepcionais é encontrar 800 bons motivos para analisar a validade/invalidade de atos jurídicos e a atuação de um agente público de uma perspectiva totalmente diferente.
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Gruta de Maquiné (MG) 2008
No post anterior mostrei algumas fotografias da visita à Gruta da Torrinha (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2014/01/chapada-diamantina-caverna-da-torrinha.html), e aí lembrei da minha primeira visita ao inframundo, na Gruta de Maquiné, em Cordisburgo, Minas Gerais:
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domingo, 5 de janeiro de 2014
Chapada Diamantina - Caverna da Torrinha 2013
Uma caverna não tem saída, e essa parece ser o que as diferencia das grutas, que possuem uma entrada e saída diferentes. Nas classificações que eu vi, a gruta é uma espécie de caverna, então não há uma distinção entre elas.
Na nossa primeira viagem à Chapada Diamantina, tive a oportunidade de conhecer uma caverna chamada de Gruta da Torrinha, o que sem dúvida é um indicativo de que você entra lá esperando ver uma saída, que até o momento não foi encontrada porque ainda está sendo mapeada.
O patrimônio científico (no caso, espeleológico) é também parte do patrimônio cultural, conforme o artigo 216 da Constituição e merece ser conhecido, apropriado e divulgado
Enfim, aqui vão algumas imagens da minha odisséia no inframundo:
Nessa foto, sou eu conseguindo sair pela entrada da caverna, fugindo do inframundo.
Só consegui sair porque não comi e não bebi nada lá dentro. A estória de Perséfone e Hades está aí para nos dar lições.
Lembro que essa não foi a primeira vez que visitei as entranhas da Terra. Em 2008 fui à Gruta do Maquiné, situada na cidade de Cordisburgo (MG).
Na nossa primeira viagem à Chapada Diamantina, tive a oportunidade de conhecer uma caverna chamada de Gruta da Torrinha, o que sem dúvida é um indicativo de que você entra lá esperando ver uma saída, que até o momento não foi encontrada porque ainda está sendo mapeada.
O patrimônio científico (no caso, espeleológico) é também parte do patrimônio cultural, conforme o artigo 216 da Constituição e merece ser conhecido, apropriado e divulgado
Enfim, aqui vão algumas imagens da minha odisséia no inframundo:
Nessa foto, sou eu conseguindo sair pela entrada da caverna, fugindo do inframundo.
Só consegui sair porque não comi e não bebi nada lá dentro. A estória de Perséfone e Hades está aí para nos dar lições.
Lembro que essa não foi a primeira vez que visitei as entranhas da Terra. Em 2008 fui à Gruta do Maquiné, situada na cidade de Cordisburgo (MG).
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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Ato institucional nº 5: 45 anos
Co-memorar não é sinônimo de festejar, mas sim uma ocasião de lembrar juntos. É nosso dever de memória lembrar esses momentos que marcaram a nossa vida coletiva.
No mês de dezembro de 2013, o Ato Institucional nº 5/68 completou 45 anos. Para conferir o texto legal: http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=194620&tipoDocumento=AIT&tipoTexto=PUB
Esses foram os personagens que assinaram o ato institucional nº 5, e alguns dele fizeram parte (e ainda) da vida pública mesmo depois da queda do regime:
No mês de dezembro de 2013, o Ato Institucional nº 5/68 completou 45 anos. Para conferir o texto legal: http://legis.senado.leg.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=194620&tipoDocumento=AIT&tipoTexto=PUB
Esses foram os personagens que assinaram o ato institucional nº 5, e alguns dele fizeram parte (e ainda) da vida pública mesmo depois da queda do regime:
A. COSTA E SILVA
Luís Antônio da Gama e Silva
Augusto Hamann Rademaker Grünewald
Aurélio de Lyra Tavares
José de Magalhães Pinto
Antônio Delfim Netto
Mário David Andreazza
Ivo Arzua Pereira
Tarso Dutra
Jarbas G. Passarinho
Márcio de Souza e Mello
Leonel Miranda
José Costa Cavalcanti
Edmundo de Macedo Soares
Hélio Beltrão
Afonso A. Lima
Carlos F. de Simas
É uma característica do período de transição brasileira, não sei como e nem por que, apartar os personagens dos fatos históricos. Mesmo quando há bustos comemorativos ou homenagens como nomeação de logradouros públicos, a questão histórica do seu papel parece ser abstraída.
Essa abstração permitiu que esses personagens continuassem a exercer importantes cargos no período de transição, a exemplo do que ocorreu com Jarbas Passarinho, que se tornou Ministro da Justiça no governo Fernando Collor, o que mostra que a transição brasileira, na verdade, significou a continuidade das práticas e personagens do período anterior.
A memória (e a História) permite (m) saber o que, quem, como, quando, onde, por que e para que. Só precisamos utilizá-las como instrumentos, que são, para aprender e tomar decisões fundamentadas e coerentes, inclusive na hora de votar.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Bateau Mouche: 25 anos
Para não esquecer: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/12/acidente-com-iate-bateau-mouche-no-rio-completa-25-anos.html.
Não há informação de punição aos culpados.
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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Lembras disso? (3): músicas do jardim da infância
Essa série do blog serve para desabafar, transbordar as lembranças que aparecem no meu cérebro - máquina do tempo caótica- sem nenhum motivo.
Preciso faxinar memórias indesejadas que atravancam meu caminho (elas passarão). Por exemplo, a lista interminável de namorados daquela atriz famosa que eu, não sei porque e para meu desespero, decorei. Droga. Já lembramos da música Faraó (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/lembras-disso-1-farao-divindade-do.html) e dos Lango Lango (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/lembras-disso-2-lango-lango.html), que grudaram na minha cabeça como chicletes.
Não sei por que, e talvez nunca consiga saber, o motivo pelo qual nesses dias de festa fiz uma regressão à época do jardim da infância, e me peguei cantarolando as musiquinhas que aprendi. Parece que os primeiros anos de escolaridade aqui têm uma trilha sonora própria, que pontua cada um dos atos das crianças, e acho que são uma parte do condicionamento necessário ao adestramento que recebemos.
Por exemplo, antes de merendar, nos ensinaram a lavar as mãos. Então, logicamente havia uma musiquinha para o ato:
"Vou lavar minhas mãozinhas para agora merendar"... lararalala (esqueci o resto).
Imagino que essas musiquinhas são uma forma lúdica e eficiente de ritual. Em mim o efeito sempre foi mais pavloviano: quando começava a ouvir, imediatamente salivava em antecipação pela merenda, o que me impedia de cantar.
Também nos ensinavam a cumprimentar os visitantes com uma musiquinha:
"Bom dia visitante, como vai? A sua simpatia nos atrai. Faremos o possível para sermos bons amigos, bom dia visitante, como vai?".
Havia uma musiquinha para entrar na sala, para sair para o recreio (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html), para entrar na sala depois do recreio, para terminar o dia escolar e despedir da professora.
Além disso, há musiquinhas que são transmitidas há gerações. Por exemplo, Sambalelê (http://www.youtube.com/watch?v=F5CHX51-Q4w#t=49), Bambalalão (http://www.youtube.com/watch?v=Xu21hKte_UE), "O meu chapéu tem três pontas".
Observem, não sou o tipo de pessoa que defende o expurgo de músicas e expressões em bens culturais, para adequá-los aos tempos politicamente corretos. Mas não entendo como e por que uma música como Sambalelê continua sendo ensinada nas escolinhas (Samba Lelê está doente, está com a cabeça quebrada, Samba Lelê precisava é de umas boas palmadas), salvo por razões de tradição e manutenção da mentalidade autoritária.
Enfim, mas também há vantagens: eu aprendi a palavra ginete por causa da música Bambalalão, e aprendi que existiam chapéus de três pontas.
Essas canções escolares são algumas de minhas lembranças mais antigas. Para conhecer outras confira http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/04/minhas-memorias-mais-antigas.html
Preciso faxinar memórias indesejadas que atravancam meu caminho (elas passarão). Por exemplo, a lista interminável de namorados daquela atriz famosa que eu, não sei porque e para meu desespero, decorei. Droga. Já lembramos da música Faraó (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/lembras-disso-1-farao-divindade-do.html) e dos Lango Lango (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/lembras-disso-2-lango-lango.html), que grudaram na minha cabeça como chicletes.
Não sei por que, e talvez nunca consiga saber, o motivo pelo qual nesses dias de festa fiz uma regressão à época do jardim da infância, e me peguei cantarolando as musiquinhas que aprendi. Parece que os primeiros anos de escolaridade aqui têm uma trilha sonora própria, que pontua cada um dos atos das crianças, e acho que são uma parte do condicionamento necessário ao adestramento que recebemos.
Por exemplo, antes de merendar, nos ensinaram a lavar as mãos. Então, logicamente havia uma musiquinha para o ato:
"Vou lavar minhas mãozinhas para agora merendar"... lararalala (esqueci o resto).
Imagino que essas musiquinhas são uma forma lúdica e eficiente de ritual. Em mim o efeito sempre foi mais pavloviano: quando começava a ouvir, imediatamente salivava em antecipação pela merenda, o que me impedia de cantar.
Também nos ensinavam a cumprimentar os visitantes com uma musiquinha:
"Bom dia visitante, como vai? A sua simpatia nos atrai. Faremos o possível para sermos bons amigos, bom dia visitante, como vai?".
Havia uma musiquinha para entrar na sala, para sair para o recreio (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html), para entrar na sala depois do recreio, para terminar o dia escolar e despedir da professora.
Além disso, há musiquinhas que são transmitidas há gerações. Por exemplo, Sambalelê (http://www.youtube.com/watch?v=F5CHX51-Q4w#t=49), Bambalalão (http://www.youtube.com/watch?v=Xu21hKte_UE), "O meu chapéu tem três pontas".
Observem, não sou o tipo de pessoa que defende o expurgo de músicas e expressões em bens culturais, para adequá-los aos tempos politicamente corretos. Mas não entendo como e por que uma música como Sambalelê continua sendo ensinada nas escolinhas (Samba Lelê está doente, está com a cabeça quebrada, Samba Lelê precisava é de umas boas palmadas), salvo por razões de tradição e manutenção da mentalidade autoritária.
Enfim, mas também há vantagens: eu aprendi a palavra ginete por causa da música Bambalalão, e aprendi que existiam chapéus de três pontas.
Essas canções escolares são algumas de minhas lembranças mais antigas. Para conhecer outras confira http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/04/minhas-memorias-mais-antigas.html
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