O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









terça-feira, 30 de abril de 2013

Walpurgisnacht 2013

É hoje!  Sobre a celebração cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/walpurgisnacht.html.

Estou devendo a mim mesma conhecer esta festa.

sábado, 27 de abril de 2013

Memória Poética - Love of my life - Queen


"Love of my life - you hurt me,
You broken my heart and now you leave me.
Love of my life can't you see,
Bring it back, bring it back,
Don't take it away from me, because you don't know, what it means to me.

Love of my life don't leave me,
You've taken my love, you now desert me,
Love of my life can't you see,
Bring it back, bring it back,
Don't take it away from me because you don't know what it means to me.

You will remember -
When this is blown over
And everything's all by the way -
When I grow older
I will be there at your side to remind you how I still love you - I still love you.

Back - hurry back,
Please, bring it back home to me, because you don't know what it means to me -
Love of my life
Love of my life..."



Para  ouvir essa música, de um jeito muito especial, cf. o vídeo da apresentação do Queen no Rock in Rio:https://www.youtube.com/watch?v=sJVncRsAuqs.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Carta de amor de 300 anos é encontrada em Toledo

No post anterior, citei um poema de Carlos Drummond de Andrade, do qual  gosto muito: a "balada do amor através das idades".

Olha aí a prova de que o amor resiste ao tempo: http://www.lavozdegalicia.es/noticia/espana/2013/04/20/vivienda-toledo-esconde-durante-300-anos-carta-amor/00031366456056800945694.htm

Tudo bem.  Os cínicos podem dizer que não foi o amor, mas o documento, que sobreviveu ao tempo. 

Mas a gente não liga para esse tipo de opinião porque, definitivamente, é tempo de romance no blog.

Para ver um vídeo com a reportagem: http://br.noticias.yahoo.com/video/carta-amor-300-anos-encontrada-172928082.html

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Balada do Amor através das Idades - Carlos Drummond de Andrade




Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena.
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria de meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava,
você fez o sinal-da-cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno,
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loura notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

terça-feira, 23 de abril de 2013

O Livro do Mérito

No post      falamos sobre o Livro de Aço, onde inscrevem os nomes dos Heróis da Pátria Brasileira.  Hoje vamos conhecer o Livro de Mérito, instituído pelo Decreto-Lei nº 1706/1939:

DECRETO-LEI N. 1.706 – DE 27 DE OUTUBRO DE 1939
Institui o Livro do Mérito
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição,
 decreta:
Art. 1º Fica instituído o Livro do Mérito, destinado a receber a inscrição dos nomes das pessoas que, por doações valiosas ou pela prestarão desinteressada de serviços relevantes, hajam notoriamente cooperado para o enriquecimento do patrimônio material ou espiritual da Nação e merecido o testemunho público do seu reconhecimento.
Art. 2º A inscrição será ordenada por decreto, mediante parecer de uma comissão permanente de cinco membros, nomeados pelo Presidente da República.
Parágrafo único. A inscrição, que será certificada por um diploma, assinado e entregue pelo Presidente da República, mencionará o nome da pessoa distinguida e a doação ou o serviço que lhe houver dado motivo.
Art. 3º A prática de ato contrário aos sentimentos de honra, ou de ofensa à dignidade nacional, importa o cancelamento da inscrição. Esse cancelamento far-se-á por decreto e de acordo com parecer unânime da comissão a que se refere o artigo anterior.
Art. 4º O Livro do Mérito ficará, guardado no Palácio do Governo, onde correrá o expediente da inscrição e da expedição dos diplomas.
Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1939, 118º da Independência e 51º da República.
Getulio vargas


Diferentemente do que acontece no Livro de Aço,  os nomes inscritos podem ser retirados, se o homenageado praticar algum ato contrário à honra ou ofensa à dignidade nacional  Considerando que na época o Brasil era uma ditadura, isso poderia ocorrer até se o indivíduo discordasse do governo.

Diferentemente também neste livro as pessoas não precisam estar mortas.

E diferentemente dos heróis, as pessoas  inscritas no Livro do Mérito têm vantagens outras além do reconhecimento público:  direito à prisão especial (artigo 295, IV, do Código de Processo Penal) e de integrar a ordem de precedência em cerimônias oficiais.

Antes de 1993, a Comissão Permanente do Livro do Mérito integrava o Ministério da Justiça.  Hoje, não faço idéia. Até 2002 o cerimonial da Presidência da República era responsável pela solenidade do livro do Mérito, mas a norma que instituía (dec. 820/93)  foi revogada pelo Dec. 4452/2002.

Enfim, até o momento não consegui descobrir os nomes de quem foi inscrito no Livro do Mérito, nem se ele ainda existe, ou quem é a autoridade ou colegiado responsável pela escolha, o que o transforma em um dos maiores mistérios da minha vidinha jurídica.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Livro de Aço - Livro dos Heróis da Pátria

Continuamos os estudos sobre os heróis brasileiros - pessoas cuja memória pública é, ou deveria ser, cultuada - iniciado nos posts:

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/os-herois-do-brasil.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/herois-brasileiros-tiradentes.html

O tema é o Livro dos Heróis da Pátria, também conhecido como Livro de Aço, que está depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, assim chamada porque abriga as sedes do Poder Judiciário (STF), Poder Legislativo (Congresso Nacional) e Poder Executivo, na capital do Brasil.

O Livro de Aço foi criado pela Lei nº 11597/2007:

Dispõe sobre a inscrição de nomes no Livro dos Heróis da Pátria.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o  O Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, destina-se ao registro perpétuo do nome dos brasileiros ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo.
Art. 2o  A distinção será prestada mediante a edição de Lei, decorridos 50 (cinqüenta) anos da morte ou da presunção de morte do homenageado.
Parágrafo único.  Excetua-se da necessidade de observância de prazo a homenagem aos brasileiros mortos ou presumidamente mortos em campo de batalha.
Art. 3o  O registro levará em consideração o transcurso de data representativa de feito memorável da vida do laureado.
Art. 4o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília,  29  de  novembro  de 2007; 186o da Independência e 119o da República.


A inscrição no Livro de aço é perpétua.  Portanto, uma vez inscrito um nome teoricamente ele não poderia ser apagado.  Isso é muito interessante porque, se for revelado um fato desabonador da biografia do Herói, por exemplo, que ele traiu a Pátria, mesmo assim o seu nome permaneceria inscrito. 
Então, para retirar um nome do Livro de Aço é necessário que uma lei posterior preveja tal possibilidade.

Evidentemente que, em se tratando de uma norma jurídica (Lei ordinária), essa lei poderá e deverá ser modificada, para prever a possibilidade de cancelar o registro em caso de necessidade, ou então será necessário fazer uma lei específica para excluir o ex-Herói.

Prometo que, da próxima vez que for a Brasília, vou tirar uma foto do Livro de Aço para colocar aqui no blog.

domingo, 21 de abril de 2013

Homenagem a Tiradentes - Herói do Brasil - 2013


Tiradentes, herói do Brasil.  Neste blog nós promovemos o apreço público das personalidades inscritas no Livro dos Heróis da Pátria, e continuamos tentando descobrir o que isso significa.

Homenageamos Tiradentes nos anos anteriores através de diversos posts e iniciativas:

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/efigie-de-tiradentes-preparativos-para.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/herois-brasileiros-tiradentes.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/cade-as-comemoracoes-do-dia-de.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/03/preparativos-para-o-feriado-de-21-de_20.html

http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/04/preparativos-para-o-dia-21-de-abril-de.html


Nesta data comemorativa (21 de abril de 2013), não pude deixar de refletir especificamente sobre a atividade que o nomeou: "Tiradentes".  Não era Joaquim José, o Dentista.  Era Joaquim José a pessoa que extraía dentes, resolvia as dores da pessoa de forma simples e expedita.

Não houvesse a Odontologia evoluído, ainda hoje estaríamos simplesmente arrancando dentes ao invés de tratá-los.  Nesse contexto, e pela fama que obteve, tenho certeza que Tiradentes seria o preferido das estrelas:

http://www.insoonia.com/atrizes-internacionais-sem-dentes/#more-59656

A prática da extração de dentes ainda é corriqueira no Brasil, e muitas vezes desnecessária.  Conheço pessoas que, por necessidade financeira e falta de informação, optaram por perder alguns, senão todos os dentes, para então substituí-los por próteses (aqui chamadas de "chapa").

Em terra de desdentados, Tiradentes é herói.

E no dia 21/04/1993, há vinte anos, acontecia o plebiscito que definiu a forma e o sistema de governo no Brasil, conforme a Constituição de 1988 (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/memoria-brasileira-plebiscito-para.html)

sábado, 20 de abril de 2013

Fotonovela

Alguém lembra?

Nem sei se ainda existem, mas quando eu era pequena as fotonovelas estavam na moda.  Eu lembro que adorava ver os balõezinhos de diálogo saindo da boca dos retratados, e imaginando como seria legal se aquilo acontecesse na vida real. Na época eu tinha uns quatro anos, mas ainda não perdi as esperanças.

Legal mesmo era quando os personagens estavam pensando, porque havia bolinhas menores antes do balão.  Eu imaginava se os outros personagens também podiam ver os balões, mas acredito que não, porque senão as estórias seriam muito mais curtas.

A senhora que trabalhava lá em casa adorava fotonovelas.  As estórias eram sempre românticas (vixe, essa foi a semana do romance no blog! cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/04/lembrar-barbara-cartland.html), geralmente ocorriam em ambientes urbanos e não tinham nenhum conteúdo sexual explícito, apenas insinuações e sugestões.

Depois descobri que algumas revistas "adultas"  faziam fotonovelas de sexo explícito, à moda dos catecismos de Carlos Zéfiro, que se tornaram clássicos.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Direito à memória dos mortos: jus sepulchri, exumação e Dia do Índio

A exumação de restos mortais é, para mim, fonte de grandes preocupações, especialmente no tocante às pesquisas arqueológicas.

Estou tentando fazer um estudo sobre o tema, e gostaria de discuti-lo com quaisquer interessados.

Nessa semana, houve um importante avanço nessa questão. Confiram a seguinte notícia: http://www.agu.gov.br/sistemas/site/TemplateImagemTexto.aspx?idConteudo=235130&id_site=3.

Para ler a decisão judicial (suspensão de liminar) no processo judicial nº 0008493-87.2013.4.03.0000: http://web.trf3.jus.br/diario/Consulta/VisualizarDocumentosProcesso?numerosProcesso=201303000084935&data=2013-04-19.

Não só porque hoje é o dia do Índio, essa decisão é importante para o reconhecimento do direito memorial dos indígenas ao seu território.  Observem que toda essa situação aconteceu no âmbito de uma ação de reintegração de posse porque os índios, revoltados com um homicídio, invadiram uma fazenda e lá enterraram os restos mortais.

A terra, segundo se verifica da decisão, era terra indígena que foi indevidamente ocupada.  No Direito Brasileiro, terras indígenas são "imprescritíveis e inalienáveis", ou seja, não são sujeitas à aquisição de propriedade por terceiros pelo decurso do tempo, e nem podem ser vendidas ou  doadas, em suas linhas gerais.  O local invadido, inclusive, está em processo de demarcação.

A situação nesse processo judicial evidencia a precariedade das comunidades indígenas e todo esforço público e privado para ajudá-los é fundamental.  Nesse momento em que se coloca em xeque a existência da FUNAI, a entidade pública que conseguiu no processo suspender a exumação, reiteramos os nossos questionamentos dos posts:  http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/19-de-abril-dia-do-indio.html e http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/04/19-de-abril-dia-de-que-indio.html.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Lembrar Barbara Cartland

Barbara Cartland é uma famosa escritora inglesa, nascida em julho de 1901 e faleceu em maio de 2000.

Durante a minha infância li vários livros dela.  Os livros que eu li eram sempre românticos e com grande apelo ao passado (séculos XVIII e XIX?), que pareciam ser a época de ouro da sua imaginação.  Uma época em que a nobreza e a ostentação pareciam não ser pecados.

As descrições dos personagens sempre eram carregadas de minúcias no quesito roupas e acessórios.  A autora dava grande importância ao vestir-se (aparentemente na vida real também, vejam fotos).  O cenário era sempre de grandes mansões, e os casos de amor sempre aconteciam entre nobres.

Para mim, os livros pareciam contos de fada.  O verdadeiro amor aristocrático tem uma grande vantagem sobre os demais porque elimina o fator "ter que ganhar a vida", que tanto prejudica os relacionamentos.  É muito melhor sonhar com um tipo de amor que não se preocupa com o dinheiro, e nem tem aquela prosaica discussão sobre quem pagará a conta do jantar, ou se os amantes farão um rateio.

As estórias eram mais ou menos assim:  as protagonistas femininas eram pobres, com grande riqueza moral, em uma embalagem de grande beleza sofisticada, apesar de sua origem humilde.  Seu gosto, apesar da baixa renda, era sempre impecável e simples.

Já os protagonistas masculinos eram sempre nobres, ricos, atléticos, que desdenhavam do amor até encontrar a heroína.  Eles encontram o verdadeiro amor na personagem feminina que, apesar de bela e pobre, só quer amá-los, a despeito de ser rico e bonito.

E, infelizmente, sempre há outra personagem feminina exuberante, bonita e interessante que, apesar dos seus esforços e encantos, não conseguirá desviar o bonitão do "Caminho traçado pelo Amor" (vixe, isso dá até um título de livro dela!).

Além desse amor isento de problemas financeiros, sempre chamou a minha atenção que a autora situa seus romances no passado.  Os ganchos históricos são sempre um cenário, como se não fosse possível, contemporaneamente, viver um grande romance.

Tudo bem, a imaginação é dela, o livro é dela, então faz o que quiser com eles.

 

 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Preparativos para o dia 21 de abril de 2013: Tiradentes

Neste blog homenageamos os heróis da Pátria.  No ano passado  http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/04/efigie-de-tiradentes-preparativos-para.html, sugerimos a todos que elaborassem uma efígie do mártir Tiradentes mas, não sei por que, não houve adesão à idéia.

Neste ano de 2013 resolvi ser mais proativa e fiz logo a efígie:



Pode não parecer, mas exigiu um grande esforço da minha parte.

domingo, 14 de abril de 2013

Antes da luz elétrica

Antes do Homem domar a energia elétrica, o mundo era muito diferente:

1) As pessoas usavam lampiões ou velas para iluminar.  Nós tivemos um piano que tinha pequenos candelabros, de cada lado do suporte das partituras. Eu achava o máximo!

2) As pessoas lavavam as roupas à mão ou em máquinas de lavar mecânicas.

3) As pessoas não podiam dispor das comodidades dos eletrodomésticos:  ar condicionado, televisão, e etceteras.

4) As pessoas conseguiam enxergar as estrelas.  Deve ser por isso que as civilizações antigas tinham tanto conhecimento sobre Astronomia.  O céu era a televisão deles.

5) As pessoas dormiam mais cedo antigamente.  A luz elétrica permitiu que, cada vez mais, a gente dormisse tarde.

No Brasil ainda há comunidades sem energia elétrica.  Gostaria muito de passar uns dias nesses lugares para  observar o seu modo de viver.

Pensei nesse post quando faltou luz aqui em minha residência.  Foram horas sem luz elétrica, e eu tive que fazer coisas completamente diferentes do que faço normalmente:  nada de televisão, nada de computador. Só me sobrou arrumar a casa, o que me levou a deduzir que, por falta de luz elétrica, as moças de antigamente eram mais prendadas.

sábado, 13 de abril de 2013

Resgatando xingamentos antigos...Blasfemo (18)

A blasfêmia é o ato de desrespeito com símbolos e valores, geralmente de caráter religioso. Pode às vezes ser considerada um sinônimo de heresia, embora eu entenda que esta última não possui um caráter necessariamente ofensivo, basta não ser uma interpretação ou prática usual,  considerada inaceitável porque destoa dos padrões estabelecidos.

Blasfemo é quem desrespeita a religião e o sentimento religioso alheio, qualquer que seja a denominação do credo.

Os valores da Humanidade parece que vivem em crise.  Vejam o que dizia Petrônio em seu Satyricon:

"Quem confia no acaso do mar amontoa lucro imenso;
Quem segue as armas e a guerra pode cingir-se de ouro;
O adulador barato deita-se bêbedo em leito púrpura;
O devasso ganha dinheiro com o adultério.
Só a eloqüência trema esfarrapada no inverno,
E desvalida invoca as artes desprezadas."


Portanto, embora a crise axiológica seja inerente à condição humana, é necessário respeitar os valores alheios, inclusive religiosos, especialmente se vivemos em uma democracia, em um Estado laico.

Modo de usar: O jeito correto de utilizar esse xingamento é bradar, com cabelos desgrenhados e olhos saltados, apontando o dedo meio curvo para o indivíduo, gritando:  "Fulano, blasfeemo!".

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Edital do CRESPIAL para projetos para salvaguarda do Patrimônio Imaterial Latino Americano

o Centro Regional para la Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial de América Latina  - CRESPIAL está com edital para apresentação de projetos nas áreas de investigação e salvaguarda do patrimônio imaterial. Cf http://www.crespial.org/es/Eventos/Detalle/0244/fondos-concursables-de-proyectos-para-la-salvaguardi

domingo, 7 de abril de 2013

Postagem nº 500 do blog Direito à Memória

Hoje atingimos a marca histórica de quinhentas postagens sobre a memória e o direito que lhe corresponde.  Nada mal para quem, há algum tempo, não sabia para que servia um blog.

Agora tenho certeza que este blog serve para continuar pensando sobre o direito à memória, aplicando conhecimentos teóricos, observando o mundo à minha volta, compartilhando idéias e, se der sorte, dialogar com as pessoas que o visitam.

Muitas foram as visualizações desde maio de 2010, quando me aventurei nessa odisséia místico-tecnológica chamada blog.  Analisando os posts mais acessados achei surpreendente, mas  totalmente compreensível dada a condição humana, que os preferidos sejam os xingamentos antigos.

Por que os posts mais acessados são aqueles que resgatam antigos xingamentos da Língua Portuguesa? Porque xingar faz parte da natureza humana, e parece que é uma parte bem querida, pelo que pude verificar.  Os xingamentos preferidos, em ordem de visualização, são: zoina, frascário e proxeneta.

Isso me faz pensar...Como será que os egípcios, os celtas, xingavam antigamente?  Sei que havia pichações desonrosas, mas também devia haver palavras injuriosas.  Será que há um hieróglifo de xingamento?

Mas há outros temas importantes para a memória coletiva, além de reaprender a xingar como faziam os antepassados.  Discutimos antigos costumes, tecnologias obsoletas, fatos atuais e suas repercussões para a memória, e também criamos campanhas contra e a favor aspectos relevantes para a memória individual e coletiva.

Resgatamos conhecimentos tradicionais e propusemos também o resgate de antigas instituições que, se devidamente recicladas, poderiam voltar a servir à Humanidade.

Tem sido uma caminhada interessante...Pesquisei um bocadinho, especialmente temas que dificilmente pesquisaria, não fosse por causa do blog. Quinhentos posts e quase três anos depois, só posso dizer que continuo me divertindo enquanto escrevo, e que é um prazer ouvir as impressões das pessoas interessadas na memória.  Vamos para uma nova etapa da odisséia, uma cruzada em busca do milésimo post.  Para o alto e avante!

sábado, 6 de abril de 2013

Músicas de um tempo em que o mundo teria jeito.

No post anterior, falei sobre a música "Caçador de mim", o que imediatamente me lembrou o Clube da Esquina, e que eu realmente visitei a esquina onde (dizem que) eles se reuniam.  Para conhecer, confira: http://www.museuclubedaesquina.org.br.

Eu sempre gostei das músicas dos mineiros porque são poéticas, e tão...amplificadoras da alma.  Os discos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2 estão disponíveis no youtube.

Gosto muito da música "Credo":

"Caminhando pela noite de nossa cidade
Acendendo a esperança e apagando a escuridão
Vamos, caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste
Tenha fé no nosso povo que ele insiste
E acordar novo, forte, alegre, cheio de paixão

Vamos, caminhando de mãos dadas com a alma nova
Viver semeando a liberdade em cada coração
Tenha fé no nosso povo que ele acorda
Tenha fé no nosso povo que ele assusta

Caminhando e vivendo com a alma aberta
Aquecidos pelo sol que vem depois do temporal
Vamos, companheiros pelas ruas de nossa cidade
Cantar semeando um sonho que vai ter de ser real
Caminhemos pela noite com a esperança
Caminhemos pela noite com a juventude".

Mensagem de fé em 1978, nos duros tempos da ditadura militar.

Adoro a música "Sol de primavera": https://www.youtube.com/watch?v=PrzlIQsyxWI.  Adoro a música "Paisagem na Janela": https://www.youtube.com/watch?v=AdDiUtaK2MA. Adoro a música "Sal da Terra": https://www.youtube.com/watch?v=6o1dy8BrdxE., que neste vídeo é executada pelo finado Jessé, grande cantor brasileiro.

Não seria ótimo, se o mundo fosse como sonhado nessas músicas?

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Eu, caçadora de mim.

Fiz besteira.

Tentei enviar uma mensagem para os membros da comunidade mnemônica ao lado e acabei clicando em alguma coisa errada.

Agora eu também estou seguindo a mim mesma, num processo misto de jogo especular em Fernando Pessoa e processual labiríntico kafkiano.  Estou tentando sair,  não consigo, e ainda por cima com trilha sonora de Milton Nascimento: https://www.youtube.com/watch?v=Se9XYKHQi3Y .

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Solidariedade intergeracional, ou a falta dela.

Em um post anterior (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/09/solidariedade-intergeracional.html) refletimos sobre o princípio da solidariedade intergeracional e a sua importância para a transmissão da memória.

Há uma música, de que gosto muito, que fala sobre a questão da solidariedade intergeracional, ou a falta dela:  Herdeiro da Pampa Pobre (Osvaldir e Carlos Magrão):

"Mas que pampa é essa que eu recebo agora

Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?

Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Mas que pampa é essa que eu recebo agora
Com a missão de cultivar raízes
Se dessa pampa que me fala a estória
Não me deixaram nem sequer matizes?

Passam as mãos da minha geração
Heranças feitas de fortunas rotas
Campos desertos que não geram pão
Onde a ganância anda de rédeas soltas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Herdei um campo onde o patrão é rei
Tendo poderes sobre o pão e as águas
Onde esquecido vive o peão sem leis
De pés descalços cabresteando mágoas

O que hoje herdo da minha grei chirua
É um desafio que a minha idade afronta
Pois me deixaram com a guaiaca nua
Pra pagar uma porção de contas

Se for preciso, eu volto a ser caudilho
Por essa pampa que ficou pra trás
Porque eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho
A pampa pobre que herdei de meu pai (2x)".

Gosto muito de refletir sobre poemas, e este em particular sempre me fez pensar.  No ano passado, tive a oportunidade de visitar a região denominada "Pampa", cujos herdeiros reclamam acima, e que se situa no Sul do Brasil, na área que abrange a fronteira com o Uruguai e Argentina.

Percebi que a paisagem do Pampa está mudando. Houve uma evidente mudança na economia tradicional, que está determinando uma profunda alteração da conformação espacial.  O plantio de árvores para corte, de um lado, obstacula a  amplitude (que para mim significa o pampa) e de outro lado, o desmatamento traz um cenário de desolação.

O resultado dessa mudança na paisagem, acredito, será a perda de inteligibilidade entre as gerações. As futuras gerações não vão compreender o que era a vida do pampa, sua economia pecuária e toda cultura que decorre disso (observem quantas referências no poema acima), porque será outro espaço e outro tempo.  A ruptura não é apenas econômica, é também simbólica.

Para conhecer a música, com Gaúcho da Fronteira: https://www.youtube.com/watch?v=nwPj0fr-2t4

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Antes da Internet

Eu sou um indivíduo do milênio passado.  Eu estava lá e sei como era antes do advento da Internet:

1) A gente pesquisava na biblioteca, em fichinhas de arquivo, para saber se o livro existia e onde estava.

2) As pessoas enviavam cartas e postais.  Hoje o correio só traz encomendas e contas.

3) O telefone não permitia ver o interlocutor.  Conversar através de uma tela era coisa de ficção científica dos Jetsons.

4) Para conseguir uma música, a gente ficava ouvindo a rádio anunciar e apertava a tecla "r" do gravador de fita.

5) Os documentos não eram digitalizados.  Para pesquisar a gente tinha que descobrir se o documento existia, onde estava, se era possível fazer cópia e se podiam mandar a cópia para a gente.  Isso valia para livros também.  Às vezes, só era possível copiar à mão.

6) A gente assistia a videoclipes e tinha que ter sorte para passar aquela banda da qual a gente gostava.  Isso valia para qualquer vídeo.

7) Para encontrar os amigos meio sumidos, a gente tinha que sair perguntando: "tem notícias de fulano?".

8) Comprar livros, coisas em geral, era mais difícil.  Lembro que esperei meses para receber um disco importado (Falco, lembram?), que comprei quando era adolescente.

9) Para ler as notícias, só através de jornal. Hoje o jornal impresso está sempre atrasado.

10) Fofoca e paquera eram através do telefone: lembram do "disque-amizade"?

Eram bons tempos?