Eu sei.
O chantilly não resolve todos os problemas, mas é sempre bom ter um pouco em casa para emergências.
Esse post é a constatação de que o chantilly não é a solução para tudo.
Eu sei.
O chantilly não resolve todos os problemas, mas é sempre bom ter um pouco em casa para emergências.
Esse post é a constatação de que o chantilly não é a solução para tudo.
Em momentos de grande dificuldade surgem pensamentos e sentimentos profundos. Surgem, como disse Vinicius de Moraes, como a fé nos desesperados.
Esses pensamentos, sentimentos, essa fé às vezes nos faz mudar, nos torna melhores. Eu estou peregrinando no caminho dessa pandemia tentando ser o mais consciente e atenta possível e posso dizer que aprendi lições valiosas.
Eu percebo que sou feliz porque tenho os meus amores bem identificados, e estou sempre perto deles. Amo a vida, amo a minha família e os meus amigos.
Amo estudar e viver o patrimônio cultural e o direito à memória. Amo estudar Direito.
E ouvir música.
E tomar água e vinho verde.
E amo que as coisas simples me fazem feliz, muito mais do que antes.
Quando isto tudo passar, vou amar a vida ainda mais, e agradecer por tudo de bom que ela traz, porque há pessoas, famílias e amigos que não podem mais fazê-lo.
Ontem o Brasil atingiu a trágica marca de 300 mil mortos pela COVID-19, e no mundo já são quase três milhões. O nosso sistema de saúde entrou em colapso, faltou oxigênio e os profissionais de saúde estão esgotados e desesperados.
Esse post foi uma lembrança de um dia muito triste.
(...) "uma coletividade só é construída com base numa memória compartilhada, e é ao Direito que cabe instituí-la”.
(...) “Sobre o fundo desse caos originário –
estado de natureza sempre ameaçador – cabe ao Direito ditar o limite: dizer
quem é quem, quem fez o que, quem é responsável. Estabelecer os fatos, certificar os atos, colocar
as responsabilidades. Lembrar a ordem genealógica, distribuir os papéis,
separar os querelantes. Narrar o enredo fundador, reavivar os valores
coletivos, fortalecer a consistência da linguagem comum, “a instituição das
instituições” – a linguagem das promessas que o corpo social se fez para si
próprio, a linguagem das leis, graças à qual dispomos de ‘palavras para dizê-la’,
para dizer o que nos religa e nos diferencia, para dizer onde passa o limite do
aceitável e do inaceitável”.
Referência
OST, François. O tempo do Direito. Bauru, SP: Edusc, 2005, p. 47.
Não é o vinho falando. Estou sendo absolutamente consciente e verdadeira quando digo que amo a minha Língua Portuguesa.
As minhas memórias são nesse Português brasileiro, capaz de expressões tão lindas. As canções, os poemas, a forma como nos expressamos pode ser tão profunda, tão visceral, tão completa por causa dela.
Alguém já disse que só se pode filosofar em alemão, e que todas as palavras de amor soam francesas, mas quem gosta, estuda e vive a Língua Portuguesa adentra um universo cheio de sons, palavras e formas encantadoras e complexas.
Uma língua aventureira que navegou pelo mundo, e saiu se enriquecendo com outras palavras e outras visões até chegar para me dar um abraço.
Somos poucos no mundo, apenas uns 220 milhões de falantes, que compartilhamos dessa lindeza da lusofonia, nosso patrimônio imaterial, nosso lar, nossa forma especial de comunicação.
Faz um ano que a pandemia se tornou uma realidade para mim.
Em 16/03/2021 faz um ano que estou em isolamento parcial, em trabalho remoto, adotando medidas excepcionais de higiene que viraram o novo normal.
Um ano em que a vida mudou para sempre. Um ano em que tantas pessoas se foram.
E, ainda assim, um ano para agradecer pela vida.
Que ano, meu Deus.
Morar sozinha foi uma experiência e tanto para mim. Dessas que marcam a memória profundamente, pois foi um dos meus grandes atos de coragem para a vida.
Era jovem e decidi sair do conforto da casa dos meus pais (e contra a sua expressa vontade). Na verdade, aluguei um lugar e acampei nele durante um ano porque só tinha um colchão, um ventilador e uma caixa térmica (cooler), onde guardava água.
Demorou para conseguir mobiliar o meu muquifo, que é o nome carinhoso que se dá a esses refúgios bagunçados da nossa vida. Consegui comprar uma geladeira depois de alguns meses, depois um fogão. Um ano depois consegui comprar uma televisão e finalmente uma máquina de lavar, porque ninguém merece lavar toalhas e lençóis à mão.
Foi um período de bastante aprendizado e amadurecimento. Confesso que me diverti muito, muito mesmo. Viver sem a supervisão materna pode ser uma experiência muito eufórica durante algum tempo, mas depois que a gente cansa de tanta farra fica querendo voltar a conforto do lar.
Bem essa não era uma opção para mim pois, como citei acima, fui morar sozinha contra a expressa vontade dos meus pais. Aqui no Brasil o costume e a economia estabelecem que os filhos permaneçam bastante tempo com os seus pais, e às vezes até mesmo casados continuam a morar com eles.
Eu quis morar sozinha para ser mais independente e acho que foi uma boa decisão, embora nem tudo fossem flores e alegrias. Demorei um pouco para aprender a tomar conta de mim mesma e a saber que certas atividades domésticas precisam ser realizadas, as contas devem ser pagas, o que me lembrou um vídeo muito engraçado do Porta dos Fundos: https://www.youtube.com/watch?v=71nbCHS1B8Q
Muito engraçado mesmo. Tirando o exagero, comigo foi quase assim. Hoje eu posso olhar para trás e ver como eu era despreparada, mas corajosa.
Depois de alguns anos morando de aluguel, decidi que era hora de ter a minha casa. Comecei a planejar e adquirir objetos para a futura casa própria, e a minha primeira aquisição foi um conjunto de imãs de geladeira: quatro lindas bonequinhas japonesas com mensagens de encorajamento e votos para uma nova vida feliz.
Eu teria feito muitas coisas diferentes se eu pudesse me dar conselhos retroativos, mas a gente só aprende com o caminho depois de percorrê-lo.
Astor Piazzolla é um grande compositor e instrumentista argentino, nascido em 11 de março de 1921, cujo centenário é comemorado neste ano da graça de 2021.
Esse grande músico tem uma dupla importância para mim, pessoalmente, e esse post é um agradecimento e uma celebração da sua memória.
Quando eu tinha uns onze anos de idade fui visitar a casa de um amiguinho de infância e da vida, Horácio. Nós estudávamos juntos no colégio e no conservatório e ele seguiu seus estudos de piano, tornando-se um pianista e professor de música.
Na casa dele pela primeira vez vi um disco de Piazzolla e o ouvi tocar. O disco era Lumiere e eu fiquei intrigada pelo som daquele instrumento que parecia uma sanfona, mas não era. E tão lindamente tocado.
A lembrança dessa tarde com o meu amigo, conversando, rindo e ouvindo Piazzolla ao fundo sempre me traz alegria.
A segunda coisa que me faz celebrar Piazzolla é que ele compôs a trilha sonora da minha vida. "A" obra que me faz transcender e emocionar, a incrível Adiós Nonino, era a música que eu gostaria de haver composto mas não preciso porque ela já existe e foi executada por Astor Piazzolla. Não fica melhor que isso.
A minha música já existe, ela fala de saudade e lembrança, é triste, é profunda, é um tango.
Controvérsias à parte, se Piazzolla "degenerou" ou renovou o tango (e há quem assim considere), não dá para ouvir sem se emocionar. Escute e sonhe: https://www.youtube.com/watch?v=IjwIOImWK14.
Aqui algumas imagens do maestro em comemoração ao centenário: https://www.youtube.com/watch?v=62-j30K3Uq0.
Hoje faz 360 dias de distanciamento social, nove quarentenas.
Quase um ano onde o impensável aconteceu. Um ano para entender o que é a globalização na prática.
Um ano de mortes diárias. Um ano de medidas de isolamento e autorrestrição.
Sem natal, sem carnaval, sem praia, focando na vida e na segurança.
A vacina vem chegando aos poucos, mas a normalidade - outra normalidade - vai demorar a se instalar.
Nossa preferência de sempre, como destacamos nos posts:
Hoje, 06 de março, é o feriado que marca a Data Magna do Estado de Pernambuco, que se tornou independente de Portugal através de uma Revolução em 1817.
Por gloriosos 70 dias essa interessante parte do território que viria a ser Brasil foi uma República independente, cercada da monarquia portuguesa por todos os lados.
O Brasil só se tornaria um Estado independente de Portugal em 1822, e uma República em 1889.
O feriado pretende instituir uma Data Magna, mas não funcionou do jeito esperado.
A população apropriou-se da data e passou a chamá-la de "Gata Maga", e consequentemente o símbolo é uma gatinha bem magricela.
Na nossa memória coletiva, esse é o dia da Gata.
Em fevereiro de 2021 vivemos o recrudescimento da pandemia no Brasil. As previsões para as próximas duas semanas (01/03 a 15/03) são apocalípticas e desesperadoras até mesmo para nós, tão acostumados ao caos estrutural.
Nas últimas semanas vivemos o trauma de ver pessoas morrendo por falta de oxigênio, o que sem dúvida marcará profundamente a memória coletiva, ou pelo menos a memória das famílias despedaçadas e a memória deste blog.
Embora nesta fase - denominada de segunda onda - estejamos em um momento diferente, com a perspectiva de uma vacina, o medo e a tristeza são iguais ou maiores quando comparados ao início. Depois de 250 mil mortos, notícias de variantes e cepas que reduzem a eficácia da vacina, temos a sensação de que a situação ainda vai nos fazer sofrer por bastante tempo.
Neste momento, diversos locais tem um fechamento parcial mas caminhando para um novo lockdown porque as vagas em UTIs estão próximas do zero. Há uma perspectiva de iminente colapso do sistema de saúde, e a partir de agora cada dia conta.