O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









segunda-feira, 25 de abril de 2022

Carnaval 2022

Houve um carnaval fora de época em 2022.

Pontual, jonjo, descatembado.

Diferente e sem graça.  O nosso carnaval é generalizado,  consistente e desvairado, e o de 2022 não correspondeu.

Não contou.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Diálogo surreal (16): Feriado de Tiradentes - 21 de abril de 2022

 Há uns quatros anos anos me meti em um diálogo surreal digno de lembrar com um Benjamin de dois anos de idade, sobre bebês e a coercitividade (https://direitoamemoria.blogspot.com/2018/07/dialogo-surreal-14-sobre-coercitividade.html).  Dois anos depois foi a vez de me assombrar com a Caixa de Pandora (https://direitoamemoria.blogspot.com/2020/08/dialogo-surreal-15-caixa-de-pandora.html), e a dificuldade de conseguir o número dela para pedir a tal caixa emprestada.

Hoje tivemos outro capítulo da estória maluca das nossas conversas, nesse feriado de 21 de abril, que homenageia Tiradentes - herói nacional (http://direitoamemoria.blogspot.com/2015/12/livro-de-aco-2-visita-ao-panteao-da.html).

- Oi, Ben! Não foi para a aula hoje?

- Não, é feriado. É Tiradentes.

- E você sabe quem é Tiradentes?   (Essa sou eu tentando ser pedagógica.  Ia iniciar uma breve discussão sobre o que é um herói, por que Tiradentes é herói, etc.  Afinal, escrevi um artigo recentemente sobre o tema:  https://revistajuridica.presidencia.gov.br/index.php/saj/article/view/1874/1355).

- Sim, tia. Tiradentes é um feriado que cai na quinta-feira.

- ...😊  . Não, Benjamin, Tiradentes é uma pessoa.

- Uma pessoa?

- Sim, e o que ele fazia?

- Não sei, não conheço ele.

- Ele tirava dentes, Benjamin.  Por isso o nome dele era Tiradentes. O feriado é em homenagem a ele.

- Mas por que?  Ele tirava os dentes das pessoas no feriado?

😂😂😂 Não, mas essa seria uma boa forma de homenageá-lo.

Você está com algum dente molinho?  A gente podia aproveitar a data e tirar o seu dente, o que acha?

- Não!  Eu prefiro ir para a escola.

Bem, esperei a oportunidade de contar quem foi Tiradentes, e o que ele fez para merecer o título de herói nacional, mas nessa altura a conversa já tinha azedado e ele não queria mais nem ouvir falar do assunto.

No próximo ano vamos acrescentar uma camada de informação adequada sobre a data comemorativa, porque neste ano falhamos miseravelmente.



domingo, 17 de abril de 2022

Duas de três

Nesse sábado resolvi caminhar, e cheguei até uma pequena igreja que eu sempre quis conhecer mas que sempre vive fechada.  Por causa da Semana Santa, e dos importantes ofícios religiosos que marcam a comemoração, ela estava aberta.

Depois de tantos anos consegui entrar, e ver e amar aquela igreja.  Agradeci a oportunidade caminhando mais e pensei que só faltam duas igrejas na minha cidade para conhecer.

Então, hoje, aconteceu de novo.  Resolvi andar para o lado daquela outra igrejinha que sempre está fechada, e dessa vez consegui entrar. 

Fiquei tão emocionada! Já conheci duas de três que faltavam, e a próxima já está marcada no meu calendário.  

2022 tem sido um ano interessante.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

O primeiro rapel a gente nunca esquece

A série "o primeiro _____a gente nunca esquece" é uma forma de lembrar as primeiras experiências e as impressões vívidas que elas provocam na memória. 

Começando sobre a minha primeira múmia (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/04/o-primeiro-a-gente-nunca-esquece.html), já lembrei do meu primeiro livro (https://direitoamemoria.blogspot.com/2016/04/o-primeiro-livro-gente-nunca-esquece.html), do primeiro frevo que eu ganhei de presente (https://direitoamemoria.blogspot.com/2011/07/o-primeiro-frevo-gente-nunca-esquece.html), do primeiro filme (https://direitoamemoria.blogspot.com/2013/10/o-primeiro-filme-no-cinema-gente-nunca.html) e soneguei informações sobre a primeira relação sexual (http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/06/primeira-relacao-sexual-gente-nunca.html?m=0), como deve ser.

Por causa do Domingo de Ramos lembrei que foi nessa celebração que eu fiz o meu primeiro rapel como parte de um resgate  há 36 anos.  Eu tinha doze anos, amarrei as minhas próprias cordas, e desci sozinha para sair de um teleférico que havia quebrado nos Andes, na parte mais abissal da montanha.

Contei essa lembrança no post (https://direitoamemoria.blogspot.com/2022/04/domingo-de-ramos-especial-1986.html) e lancei o desafio para os meus irmãos para que completem a minha memória.  

domingo, 10 de abril de 2022

Domingo de Ramos especial - 1986

Há 36 anos minha família resolveu presenciar a celebração do Domingo de Ramos em Bogotá.  Resolvemos ir para onde todos estavam indo: a Basílica de Monserrate.  Assim tivemos a oportunidade de participar de uma tradição coletiva, que mais tarde constituiria a paixão que aprendi a chamar de "patrimônio imaterial".

Lugar maravilhoso, em cima da montanha, com uma paisagem que faz todos acreditarem que Deus existe e só ele poderia criar algo tão lindo.

O desejo de chegar mais perto dessa paisagem, e participar dela de uma forma, digamos, mais ativa, nos fez ter a idéia de andar de teleférico.

Tudo lindo e maravilhoso até que, no ponto mais alto e sem retorno, o teleférico  quebrou.  

E foram horas dos bravos funcionários tentando consertar.  Quem conseguiu retornar ou descer porque a geografia permitia, resolveu o seu problema em minutos.  Sobraram duas cadeiras com quatro pessoas - exatamente nós, eu e meus irmãos - que se ferraram durante horas.

A comoção foi geral.  As pessoas rezaram por nossas vidas (obrigada!), aproveitando que eram todos cristãos devotos ali reunidos naquela data especial.  Os meus pais estavam na encosta da montanha, esperando tranquilamente, até que as câmeras de TV apareceram e também os helicópteros e os bombeiros.

Aí a sensação era de que realmente algo extraordinário estava acontecendo. E grave. E eles se desesperaram e rezaram na Igreja que estava ali tão perto.

Nós aguardamos e pudemos ver aquela bela paisagem mudar.  Começou com uma leve bruma fria, que depois se transformou na névoa mais fria do mundo, e que chegava aos borbotões e batia na nossa cara.  A vontade era só de dormir e proteger as nossas mãos daquele frio que enrijecia até a nossa alma.

É claro que não levamos luvas e casacos para o passeio que deveria durar trinta minutos em um dia lindo e ensolarado.

Enfim, depois de todas as tentativas só sobrou a grande idéia de nos fazer rapelar.  Amarramos as cordas lançadas com os dedos duros, que mal conseguiam fazer os nós, e descemos.  Fizemos tudo sozinhos, com a orientação precisa e cheia de fé do Corpo de Bombeiros.

Eu tinha doze anos quando fiz o meu primeiro rapel em um Domingo de Ramos, e recebi as orações de pessoas que não me conheciam, e o abraço quentinho dos meus pais que queriam os seus filhos aventureiros de volta.

Foi nesse dia que eu também comi tamales pela primeira primeira vez (https://direitoamemoria.blogspot.com/2022/01/tamales.html), aquela maravilha quentinha e gostosa que aqueceu a minha mão e a minha memória de um dia tão especial.