O brasileiro não tem memória.

Neste blog desmascaramos esta mentira.









domingo, 29 de setembro de 2013

Memória poética - Gonzaguinha

Legião dos esquecidos


Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata

São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Julios de Santana
Dessa crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução

São cruzes sem nomes
Sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata

E tantos são os homens
Por debaixo das manchetes
São braços esquecidos
Que fizeram os heróis
São forças, são suores
Que levantam as vedetes
Do teatro de revista
Que é o país de todos nós
São vozes que negaram
Liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam
Nosso fogo da esperança
O grito da batalha
- Quem espera nunca alcança!

Ê Ê quando o sol nascer
É que eu quero ver
Quem se lembrará
Ê Ê quando amanhecer
É que eu quero ver
Quem recordará
E eu não quero esquecer
Essa legião que se entregou
Por um novo dia
E eu quero é cantar
Essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria

E vamos à luta!

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É uma canção: https://www.youtube.com/watch?v=vCl1NaOdbGY

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Memória e poesia

Gosto muito de poesia em geral, e por isso o blog tem uma seção dedicada aos poemas que têm a memória como tema ou lhe fazem referência (cf. marcador Memória Poética).

Mas, além de toda a beleza, também podem contribuir para exercitar a memória.  Há muitos anos, antes de começar a estudar, sempre faço um "alongamento" lendo um poema ou estudando um pouco de gramática, porque isso me ajuda a concentrar.

Também exercito a minha memória individual decorando alguns poemas de que gosto.  De tempos em tempos tento lembrar daqueles que memorizei, e frequentemente me ajudam a fazer citações belas quando necessário.

domingo, 22 de setembro de 2013

Memória poética - o meu orgulho



O meu orgulho. 
                           

                                        Florbela Espanca

Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
 Não me lembrar! Em tardes dolorosas 
Lembro-me que fui a Primavera 
Que em muros velhos faz nascer as rosas! 

As minhas mãos outrora carinhosas 
Pairavam como pombas... Quem soubera 
Porque tudo passou e foi quimera, 
E porque os muros velhos não dão rosas! 

O que eu mais amo é que mais me esquece... 
E eu sonho: "Quem olvida não merece..." 
E já não fico tão abandonada! 

Sinto que valho mais, mais pobrezinha: 
Que também é orgulho ser sozinha, 
E também é nobreza não ter nada! 


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Para começar bem a semana.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Direito à memória dos mortos: lembranças celebrativas

A lembrança celebrativa é uma das formas de realização do direito à memória dos mortos.  Olha que belo exemplo, no vídeo abaixo:






Lembramos de Enrico Caruso e da homenagem que lhe prestaram Lucio Dalla e Luciano Pavarotti.

Outro exemplo:

 
Homenagem à memória de Leonardo da Vinci.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Antes do celular

- A gente tinha que dar  a sorte de ter um telefone público (Orelhão) funcionando;

- A gente tinha que ter a sorte de ter a ficha telefônica;

- A gente tinha que dar a sorte de ter a ficha telefônica no fiteiro;

- A gente tinha que ter a sorte de conseguir um orelhão que não fosse guloso.

- A gente tinha que falar depressa porque sempre havia uma fila enorme;

- A gente tinha que dar sorte de não ficar atrás na fila de uma pessoa falastrona e paparrotona.

- A gente tinha que dar a sorte de ter um orelhão baixinho, porque normalmente eles eram altos e eu não conseguia tirar o telefone do gancho ou discar.

- Antes do celular, as pessoas conversavam mais pessoalmente.

- O telefone servia para fazer ligações, que são o motivo da sua existência.

- A vida era menos urgente.

- receber um telefonema era um ato solene, importante, e às vezes, motivo de comemoração.

- O aparelho telefônico ficava em lugar de destaque na sala de visitas.  Tinha até uma espécie de mobília específica para telefones.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Encontrado o corpo de Epaminondas Gomes de Oliveira - desaparecido político

Notícia importante da Comissão Nacional da Verdade: http://www.odocumento.com.br/materia.php?id=439369.  Descobertos os restos mortais do desaparecido Epaminondas Gomes de Oliveira, que foi enterrado como indigente (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/09/direito-memoria-dos-mortos-questao-dos.html)

A descoberta do corpo, ainda pendente de corroboração, vem contribuir para o desfecho da sua biografia e da espera da família.

Se confirmada a identidade, será a oportunidade do Estado brasileiro e da sociedade cumprirem o seu dever de memória, garantindo a ele o jus sepulchri (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/07/jus-sepulchri-direito-de-sepultar-ser.html), e continuar procurando pelos outros.   

sábado, 14 de setembro de 2013

Revista Patrimônio e Memória - UNESP

Vou colocar aqui no blog para não esquecer: http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/issue/archive

Vários artigos interessantes sobre patrimônio e memória, e a gente consegue baixar e ler os artigos.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sexta-feira 13

Ui, que medo!

A sexta-feira 13 de qualquer mês passou um dia a ser temido. Por que?

Porque alguns fatos marcantes e sinistros aconteceram em uma sexta-feira, 13. Por exemplo, foi em uma sexta-feira 13 que a Ordem dos Cavaleiros do Templo foi declarada ilegal.  Nós ainda estamos aguardando a sua restauração (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/resgatando-instituicoes-antigas-3.html).

Em uma sexta-feira, 13, foi editado o AI-5.

Há também uma certa vinculação dessa data com bruxas.

Mas coisas boas também devem ter acontecido nessa data.  O problema é que todo mundo só lembra das coisas ruins, e a sexta-feira 13 vai se consolidando como um dia a ser temido.

sábado, 7 de setembro de 2013

Direito à memória dos mortos: a questão dos indigentes

O que é um indigente?   É uma pessoa pobre, que não consegue pagar por um funeral. Ou alguém que não tem identificação, e consequentemente será enterrado como se pobre fosse.

Pobre demais ou sem identificação, duas situações que parecem confluir na vala comum do desprezo público. Ser indigente significa:

sem epitáfios
sem lápide
sem carpideiras
sem memória

Em uma época de exacerbação da individualidade, ser indigente parece uma segunda morte e também uma forma de punição.  A idéia de cova coletiva, lugar de despejo onde são depositados os restos mortais de diversas pessoas diferentes - todas farinha de um mesmo saco - contraria a idéia de pudor e imortalidade que as religiões pregam.

"Não ter onde cair morto" parece ser a definição dos indigentes.  Se os cemitérios estão se convertendo em esquecedouros (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/esquecedouros-cemiterios.html), a cova dos indigentes é o esquecimento dentro deles.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Esquecedouros: manicômios

Esquecedouros são locais de esquecimento.  Já tratamos de alguns deles aqui no blog:

L'Oubliette e disappointment room (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros.html),

asilos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/esquecedouros-asilos.html),

orfanatos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/06/esquecedouros-orfanatos.html),

prisões (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/esquecedouros-prisoes.html),

roda dos enjeitados (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html),

lixão (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html).

Hoje gostaria de refletir sobre os manicômios.  Se os doentes mentais já foram invisíveis em nossa sociedade, imagine o depósito onde eram colocados.  Os manicômios brasileiros seguem a mesma regra e mentalidade que criaram as prisões.

Os hospícios e manicômios são lugares de cumprimento de prisão perpétua, visto que muitas doenças mentais são incuráveis.  O tratamento (ou a falta dele) dispensado às pessoas era absolutamente desumano, mas aparentemente adequado à representação de não-humanos dos internos.

A mentalidade que moldou esses manicômios foi responsável por uma tragédia humana, no famoso Manicômio de Barbacena, onde aproximadamente 60 mil pessoas morreram, e enquanto vivas sofreram a degradação de sua dignidade humana, por inobservância dos direitos fundamentais.

Sobre o caso, há o livro "Holocausto brasileiro", de Daniela Arbex (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/08/1320727-livro-holocausto-brasileiro-relata-horrores-de-hospicio-mineiro.shtml), que eu ainda não li, mas pretendo.

Sem dúvida, é uma história que precisa ser contada e lembrada para reforçar a luta anti-manicomial.  Imagino que os hospícios, enquanto lugares especializados, devem continuar existindo.  Mas o controle social do que ocorre alí deve ser muito mais rigoroso.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O resgate da memória e o mal de Alzheimer

Notícia importante: http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/cientistas-descobrem-elo-perdido-e-preveem-cura-do-mal-de-alzheimer,73558571fa9e0410VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

Os pesquisadores acreditam poder reverter um dos sintomas mais terríveis do mal de Alzheimer, que é a degradação da memória individual.  Sem dúvida, será um grande avanço e uma melhoria significativa da qualidade de vida dos pacientes, se for confirmada.

O médico Aloysius (Alois) Alzheimer deve ser lembrado.  Por causa dos seus estudos muitas pessoas puderam ser diagnosticadas, tratadas e, se não curadas, pelo menos tiveram uma qualidade de vida melhor.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Múmia?

Vejam que notícia interessante: http://br.noticias.yahoo.com/m%C3%BAmia-misteriosa-%C3%A9-encontrada-alemanha-195932799.html.

Essa parece ser uma das grandes dificuldades em relação aos procedimentos em Arqueologia, porque só é possível distinguir o sítio arqueológico de uma cena de crime após testar a idade dos restos mortais.


domingo, 1 de setembro de 2013

CAMPANHA CONTRA A TRANSMISSÃO, DIFUSÃO E PROMOÇÃO DE DITOS POPULARES IDIOTAS

Os provérbios são cristalizações da sabedoria popular. Verdadeiras jóias da experiência passadas através das gerações.  Será?

Constatei que  alguns provérbios não são tão sábios assim, e devem ser utilizados e transmitidos com cautela. Algumas vezes são veículos para preconceitos, outras vezes não fazem sentido, e por outras são apenas idiotas.

Nessa nova frente de batalha vamos lutar  contra a transmissão, o ensino e a promoção de ditos e provérbios. Precisamos juntar as nossas forças e, unidos, impedir que continuem nos ensinando bobagens através dos tempos.

Antes de falar uma dessas bobagens, devemos parar e pensar: será que vale a pena reverberar porcarias através das gerações?

Essa é uma campanha contra ditos populares e provérbios idiotas.