Era uma vez... uma linda menininha que adorava lanchar biscoitos assistindo à "Sessão da tarde".
A caixa dos "biscoitos sortidos" que minha mãe comprava continha os segredos do universo, em formas e sabores variados. Havia alguma coisa de condicionamento pavloviano nos lanches da tarde: quando minha mãe pegava essa caixa, e a abria de sopetão, o barulho me fazia imediatamente salivar e ficar com os olhos esbugalhados.
Mas uma coisa sempre me incomodou nessa caixa de biscoitos sortidos: por que havia tão poucos biscoitos do tipo champagne? Acho que eram apenas dois ou três por caixa, o que evidentemente não supre a demanda doméstica desse tipo de biscoito.
Essa é uma das coisas incompreensíveis para mim. As outras são: por que fazem sonhos de goiaba? Por que não há um pacote só de jujubas vermelhas? Por que nos pacotes de jujuba há predominância de jujubas amarelas, que ninguém gosta?
Não vou generalizar tanto. Mas o fato é que as pessoas de bem não gostam de jujuba amarela. Eu não conheço ninguém que goste.
Enfim, nessa semana resolvi transformar a minha revolta da infância em ação. Comprei uma caixa exclusivamente de biscoitos champagne, fiz uma garrafa de café, e descontei anos de frustração.
O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quarta-feira, 30 de maio de 2012
Monumentos protegidos e assombrações
Os prédios antigos parecem ter vocação para abrigar fantasmas, não é?
E quando o lugar "mal-assombrado" é monumento nacional?
Ainda bem que eu não tenho nenhuma sensibilidade para ver, ouvir, sentir energias, ou quaisquer nomes que esses fenômenos apresentem.
Mas tenho que confessar que, apesar de me obrigarem a nobreza e o dever funcional, às vezes sinto um certo, digamos, receio cauteloso, de ficar em determinados monumentos protegidos.
Assombrações também podem se revestir da qualidade de patrimônio imaterial, não é? Já falamos um pouco sobre isso no post sobre o Dia do Saci (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/o-dia-do-saci.html) e sobre o Raloim (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/31-de-outubro-halloween-raloim-dia-do.html), então teoricamente também é legalmente possível a proteção estatal de assombrações.
Parece que todo mundo que trabalha nesses locais tem uma estória de trancoso para contar, principalmente os funcionários que trabalham na segurança noturna. Essas estórias vão ficando na minha memória, e na memória do lugar, e algumas assombraçoes tornam-se tão familiares que também deviam assinar o ponto.
Freqüentemente tenho que ficar além do horário para terminar raciocínios iniciados e também para evitar o trânsito caótico da minha cidade. É nesses momentos que começo a lembrar das estórias que, inocente ou maldosamente, me foram contadas e vou ficando, como poderia dizer, um pouco impressionada.
Como é que alguém pode escrever e raciocinar sob tais circunstâncias?
A solução é respirar fundo, tentar manter o profissionalismo e, quando as coisas apertarem, sair dali o mais rápido possível.
E quando o lugar "mal-assombrado" é monumento nacional?
Ainda bem que eu não tenho nenhuma sensibilidade para ver, ouvir, sentir energias, ou quaisquer nomes que esses fenômenos apresentem.
Mas tenho que confessar que, apesar de me obrigarem a nobreza e o dever funcional, às vezes sinto um certo, digamos, receio cauteloso, de ficar em determinados monumentos protegidos.
Assombrações também podem se revestir da qualidade de patrimônio imaterial, não é? Já falamos um pouco sobre isso no post sobre o Dia do Saci (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/o-dia-do-saci.html) e sobre o Raloim (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/31-de-outubro-halloween-raloim-dia-do.html), então teoricamente também é legalmente possível a proteção estatal de assombrações.
Parece que todo mundo que trabalha nesses locais tem uma estória de trancoso para contar, principalmente os funcionários que trabalham na segurança noturna. Essas estórias vão ficando na minha memória, e na memória do lugar, e algumas assombraçoes tornam-se tão familiares que também deviam assinar o ponto.
Freqüentemente tenho que ficar além do horário para terminar raciocínios iniciados e também para evitar o trânsito caótico da minha cidade. É nesses momentos que começo a lembrar das estórias que, inocente ou maldosamente, me foram contadas e vou ficando, como poderia dizer, um pouco impressionada.
Como é que alguém pode escrever e raciocinar sob tais circunstâncias?
A solução é respirar fundo, tentar manter o profissionalismo e, quando as coisas apertarem, sair dali o mais rápido possível.
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Patrimônio imaterial,
Patrimônio material
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Lembrando boatos brasileiros
Sim, lembrar é preciso.
Se tem uma coisa que se espalha rápido no Brasil é o tal do boato. E esses boatos foram escolhidos por seus próprios méritos, ocorreram antes do advento das redes sociais e, apesar disso, foram transmitidos à velocidade da luz e acabaram contribuindo para a nossa memória individual e coletiva.
1) pirulito narcótico ou com narcótico. (fui proibida de comprar esse pirulito na saída do colégio).
2) balas recheadas de drogas.
3) boneco com adaga dentro (http://www.issodamedo.net/2011/05/lenda-do-fofao.html)
4) disco de vinil com letras satânicas. Resultado: vários discos riscados pela imperícia dos proprietários.
5) boneca com malefício oral. Dizem que o desenho não tem a boquinha porque foi objeto de uma maldição.
Esses boatos foram gravados a fogo na nossa memória. A minha mãe, ainda hoje, olha para mim com aquela cara séria e diz para eu ter "CUIDADO" com essas balas vendidas na rua.
Vocês lembram de mais algum boato?
Se tem uma coisa que se espalha rápido no Brasil é o tal do boato. E esses boatos foram escolhidos por seus próprios méritos, ocorreram antes do advento das redes sociais e, apesar disso, foram transmitidos à velocidade da luz e acabaram contribuindo para a nossa memória individual e coletiva.
1) pirulito narcótico ou com narcótico. (fui proibida de comprar esse pirulito na saída do colégio).
2) balas recheadas de drogas.
3) boneco com adaga dentro (http://www.issodamedo.net/2011/05/lenda-do-fofao.html)
4) disco de vinil com letras satânicas. Resultado: vários discos riscados pela imperícia dos proprietários.
5) boneca com malefício oral. Dizem que o desenho não tem a boquinha porque foi objeto de uma maldição.
Esses boatos foram gravados a fogo na nossa memória. A minha mãe, ainda hoje, olha para mim com aquela cara séria e diz para eu ter "CUIDADO" com essas balas vendidas na rua.
Vocês lembram de mais algum boato?
domingo, 27 de maio de 2012
A demanda pela memória e pela verdade
A Comissão Nacional da Verdade tem o papel simbólico de institucionalizar, em um órgão público, as demandas pela verdade e pela memória.
Embora estejamos otimistas com a missão e com os membros da Comissão da Verdade, qualquer que seja o resultado dela, será aquém do necessário. Pode ser até além do esperado, e pode até ser suficiente no extenso corte temporal que foi fixado (1946-1988).
Mas, com certeza, será aquém do necessário. Existem vários segmentos da sociedade brasileira que, por variados motivos, têm também sua demanda por memória e verdade já na vigência da ordem formalmente democrática (cf. http://odia.ig.com.br/portal/rio/pais-de-mortos-pela-viol%C3%AAncia-policial-pedem-comiss%C3%A3o-da-verdade-1.445832), excluída do citado corte (?) temporal.
Depois que a Comissão da Verdade concluir o seu trabalho, sonho que o seu principal legado será o hábito institucional de falar a verdade, ou pelo menos, criar os canais para que a verdade se estabeleça.
Embora estejamos otimistas com a missão e com os membros da Comissão da Verdade, qualquer que seja o resultado dela, será aquém do necessário. Pode ser até além do esperado, e pode até ser suficiente no extenso corte temporal que foi fixado (1946-1988).
Mas, com certeza, será aquém do necessário. Existem vários segmentos da sociedade brasileira que, por variados motivos, têm também sua demanda por memória e verdade já na vigência da ordem formalmente democrática (cf. http://odia.ig.com.br/portal/rio/pais-de-mortos-pela-viol%C3%AAncia-policial-pedem-comiss%C3%A3o-da-verdade-1.445832), excluída do citado corte (?) temporal.
Depois que a Comissão da Verdade concluir o seu trabalho, sonho que o seu principal legado será o hábito institucional de falar a verdade, ou pelo menos, criar os canais para que a verdade se estabeleça.
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Direito à memória coletiva,
Direito à memória dos mortos
sábado, 26 de maio de 2012
Morre Klaas Faber
Criminoso nazista condenado à morte na Holanda, morreu no dia 24/05/2012, aos 90 anos de idade, de causas naturais.
http://br.noticias.yahoo.com/morre-klaas-faber-dos-criminosos-nazistas-procurados-162401227.html
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Direito à memória coletiva,
Direito à memória dos mortos
segunda-feira, 21 de maio de 2012
Itália: Patrimônio cultural ameaçado pela falta de continuidade das políticas de preservação
Notícia preocupante: http://br.tv.yahoo.com/noticias/patrim%C3%B4nio-art%C3%ADstico-cultural-it%C3%A1lia-%C3%A9-amea%C3%A7ado-crise-125706423.html
A Itália é um dos berços da civilização ocidental, possui um patrimônio cultural material inigualável, muitos deles considerados Patrimônio da Humanidade.
Também possui um patrimônio imaterial que influencia o mundo inteiro, do qual se pode citar a título exemplo a culinária, a literatura e a música.
As pessoas vão à Itália para conhecer o seu patrimônio cultural, sendo o Turismo uma indústria com relevante peso em seu PIB.Como, então, compreender esse desprestígio as políticas de preservação?
A Itália é um dos berços da civilização ocidental, possui um patrimônio cultural material inigualável, muitos deles considerados Patrimônio da Humanidade.
Também possui um patrimônio imaterial que influencia o mundo inteiro, do qual se pode citar a título exemplo a culinária, a literatura e a música.
As pessoas vão à Itália para conhecer o seu patrimônio cultural, sendo o Turismo uma indústria com relevante peso em seu PIB.Como, então, compreender esse desprestígio as políticas de preservação?
domingo, 20 de maio de 2012
Citações sobre a memória - Goethe
"São, meu amigo, os tempos do passado livro lacrado, de mistério infindo.
O que chamais de espírito de outrora
É o espírito que em vossas testas mora, no qual o outrora está se refletindo" (2006, p. 79)
Referência:
O que chamais de espírito de outrora
É o espírito que em vossas testas mora, no qual o outrora está se refletindo" (2006, p. 79)
Referência:
GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto – uma tragédia. São Paulo: Editora 34, 2006.
______________________
Comentário: Que maneira maravilhosa de explicar a memória coletiva como "quadro" em que se desenvolve a memória individual.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
RESGATANDO XINGAMENTOS ANTIGOS...BISBÓRRIA (14)
Segundo o clássico dicionário Aurélio (1999, p. 305) Bisbórria é o "Indívíduo ridículo, desprezível, sem importância".
Bem, eu não concordo muito em xingar alguém só porque é "sem importância". Em que escala, não é verdade? A priori, todos têm igual dignidade, então não gosto muito desse xingamento.
Mas se algum dia quiser demonstrar todo o seu vilipêndio (porque desprezo é pouco para tamanho xingamento), sugerimos o seguinte modo de usar:
" Não vale a pena perder tempo nem saliva com um bisbórria como Fulano".
Modo de usar avançado (combinando xingamentos antigos): "Não vale a pena perder tempo nem saliva com um bisbórria como Fulano, nem com aquela choldraboldra que costuma chamar de família".
Bem, eu não concordo muito em xingar alguém só porque é "sem importância". Em que escala, não é verdade? A priori, todos têm igual dignidade, então não gosto muito desse xingamento.
Mas se algum dia quiser demonstrar todo o seu vilipêndio (porque desprezo é pouco para tamanho xingamento), sugerimos o seguinte modo de usar:
" Não vale a pena perder tempo nem saliva com um bisbórria como Fulano".
Modo de usar avançado (combinando xingamentos antigos): "Não vale a pena perder tempo nem saliva com um bisbórria como Fulano, nem com aquela choldraboldra que costuma chamar de família".
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terça-feira, 15 de maio de 2012
Memória coletiva e autoritarismo
As memórias coletivas são transmitidas através das gerações das mais diversas formas. Os bens culturais que integram o denominado patrimônio cultural (livros, monumentos, danças, celebrações, obras de arte em geral, artefatos arqueológicos, fósseis, entre outros) veiculam essas informações e nos permitem ensiná-las às futuras gerações.
Com a mentalidade autoritária que ecoa na sociedade brasileira acontece o mesmo: a prática do exercício e do respeito aos direitos fundamentais ainda precisa ser difundida, tanto no âmbito das relações públicas (cujo debate vem sendo realizado nos últimos anos), mas também nas relações privadas. Frequentemente percebo resquícios desse autoritarismo em relações afetivas, nas situações sociais cotidianas, para não falar nas relações de emprego (a escravidão ainda existe no Brasil).
Precisamos praticar o respeito aos direitos fundamentais dentro de casa, nas relações de trabalho, e em outros aspectos da vida social, percebendo as pessoas como iguais, com direito à expressão, e considerar esses direitos como limites à nossa atuação. Acredito firmemente que boa parte da violência endêmica que a sociedade brasileira degusta deve-se a essa memória autoritária, que contribui para conflitos nas cidades apinhadas e para a violência doméstica, principalmente.
Como essa memória autoritária é passada adiante? Observe, e você a perceberá: uma cantiga de roda, por exemplo.
"Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Balalan ban ban ban ban balalan ban ban
Vem de lá seu delegado
E Pai Francisco foi pra prisão
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado"
Por que "Pai Francisco" foi preso? Por que tocava violão? Essa cantiga de roda parece remeter a duas situações interessantes que aconteciam no Brasil no final do século XIX até meados do século XX, quando a Capoeiragem era crime (será que a roda da cantiga era uma roda de capoeira?), e tocar violão era indicador de vadiagem, de marginalidade.
Parece que "Pai Francisco" foi enquadrado no artigo 402, do Decreto 847 de 11 de outubro de 1890 (Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil), que no Capítulo XIII trata dos "vadios e capoeiras":
"Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;
Pena -- de prisão celular por dois a seis meses".
Não ficava bem para pessoas honestas tocar violão. E sobre isso, adoro o personagem Policarpo Quaresma, um homem de bem que manchou sua reputação com aulas desse instrumento, também conhecido como "pinho".
Com a mentalidade autoritária que ecoa na sociedade brasileira acontece o mesmo: a prática do exercício e do respeito aos direitos fundamentais ainda precisa ser difundida, tanto no âmbito das relações públicas (cujo debate vem sendo realizado nos últimos anos), mas também nas relações privadas. Frequentemente percebo resquícios desse autoritarismo em relações afetivas, nas situações sociais cotidianas, para não falar nas relações de emprego (a escravidão ainda existe no Brasil).
Precisamos praticar o respeito aos direitos fundamentais dentro de casa, nas relações de trabalho, e em outros aspectos da vida social, percebendo as pessoas como iguais, com direito à expressão, e considerar esses direitos como limites à nossa atuação. Acredito firmemente que boa parte da violência endêmica que a sociedade brasileira degusta deve-se a essa memória autoritária, que contribui para conflitos nas cidades apinhadas e para a violência doméstica, principalmente.
Como essa memória autoritária é passada adiante? Observe, e você a perceberá: uma cantiga de roda, por exemplo.
"Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Balalan ban ban ban ban balalan ban ban
Vem de lá seu delegado
E Pai Francisco foi pra prisão
Como ele vem todo requebrado
Parece um boneco desengonçado"
Por que "Pai Francisco" foi preso? Por que tocava violão? Essa cantiga de roda parece remeter a duas situações interessantes que aconteciam no Brasil no final do século XIX até meados do século XX, quando a Capoeiragem era crime (será que a roda da cantiga era uma roda de capoeira?), e tocar violão era indicador de vadiagem, de marginalidade.
Parece que "Pai Francisco" foi enquadrado no artigo 402, do Decreto 847 de 11 de outubro de 1890 (Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil), que no Capítulo XIII trata dos "vadios e capoeiras":
"Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;
Pena -- de prisão celular por dois a seis meses".
Não ficava bem para pessoas honestas tocar violão. E sobre isso, adoro o personagem Policarpo Quaresma, um homem de bem que manchou sua reputação com aulas desse instrumento, também conhecido como "pinho".
sábado, 12 de maio de 2012
Genealogia e o direito à memória individual
A genealogia é a ciência que estuda a história das famílias. Se considerarmos que uma família é uma instituição social, caracterizada pela permanência da estrutura a despeito da substituição das pessoas, podemos perceber que a memória coletiva desse grupo é muitíssimo importante, além do que contribui para formar um dos "quadros" em que se desenvolve a memória individual.
Todo esse discurso apenas para justificar porque eu estou procurando as minhas raízes que, a depender da fraca memória dos meus familiares, só chega nos meus bisavós. Minha bisavó, aliás, jurava que era condessa (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/minha-bisavo-eulina.html), então preciso investigar melhor.
A família do lado paterno (Dantas) é oriunda de Portugal. Uma pesquisa genealógica na família da minha mãe apontou uma origem cigana. Ou seja, de ambos os lados viajantes - por mar e terra , deve ser por isso que gosto tanto de viajar.
Não entendo como é que a gente não tem um "livro de família" (minha tia tem um, da capa preta, mas não me mostra), e como é que a gente não consegue recuar mais do que três gerações. Nós não temos nenhum documento dos nossos antepassados. Isso não está certo.
Amanhã, dia das mães, vou fazer um exercício de recordação com os meus genitores, para ver se a gente vai além dos bisavós. Vou começar a construir a nossa árvore genealógica (cf. http://www.myheritage.com.br/).
Se eu não conseguir relembrar quem são meus antepassados, vou ter que apelar para a mitologia.
Todo esse discurso apenas para justificar porque eu estou procurando as minhas raízes que, a depender da fraca memória dos meus familiares, só chega nos meus bisavós. Minha bisavó, aliás, jurava que era condessa (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/minha-bisavo-eulina.html), então preciso investigar melhor.
A família do lado paterno (Dantas) é oriunda de Portugal. Uma pesquisa genealógica na família da minha mãe apontou uma origem cigana. Ou seja, de ambos os lados viajantes - por mar e terra , deve ser por isso que gosto tanto de viajar.
Não entendo como é que a gente não tem um "livro de família" (minha tia tem um, da capa preta, mas não me mostra), e como é que a gente não consegue recuar mais do que três gerações. Nós não temos nenhum documento dos nossos antepassados. Isso não está certo.
Amanhã, dia das mães, vou fazer um exercício de recordação com os meus genitores, para ver se a gente vai além dos bisavós. Vou começar a construir a nossa árvore genealógica (cf. http://www.myheritage.com.br/).
Se eu não conseguir relembrar quem são meus antepassados, vou ter que apelar para a mitologia.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Comissão Nacional da Verdade: indicação dos membros componentes
Hoje, dia 09/05/2012, foram indicados os membros da Comissão Nacional da Verdade, que analisará violações de direitos humanos cometidos de 18 de setembro 1946 até 05 de outubro de 1988.
José Carlos Dias
Gilson Dipp
Rosa Maria Cardoso da Cunha
Cláudio Fonteles
Paulo Sérgio Pinheiro
Maria Rita Kehl
José Paulo Cavalcanti Filho
Todos brasileiros, que gozam de boa reputação e extenso currículo profissional em suas respectivas áreas.
Boa sorte para todos nós.
José Carlos Dias
Gilson Dipp
Rosa Maria Cardoso da Cunha
Cláudio Fonteles
Paulo Sérgio Pinheiro
Maria Rita Kehl
José Paulo Cavalcanti Filho
Todos brasileiros, que gozam de boa reputação e extenso currículo profissional em suas respectivas áreas.
Boa sorte para todos nós.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Lembrar Frida Kahlo
Grande pintora mexicana, nasceu em 06 de julho de 1907 e faleceu em 13 de julho de 1954.
Frida Kahlo é um daqueles personagens que parecem saídos de livros: sua fragilidade física contrastava com o gênio forte, as posições políticas contundentes, a identidade cultural sanguínea e pintada em cores muito fortes.
Visitei a casa-museu de Frida Kahlo e pude lembrar dela a partir da memorabilia lá reunida. Vi a cama em que ela ficava deitada, pintando a vista do mesmo jardim que eu estava olhando. Consegui reconhecer algumas paisagens que foram retratadas em seus quadros.
Gosto muito das pinturas e das fotografias de Frida Kahlo, e acho interessante a forma como expressou a sua identidade pessoal e cultural. Essa mulher é um monumento mexicano.
Nem vou tentar fazer uma biografia. São tantos substantivos e adjetivos com os quais os biógrafos pintam o personagem (pintora mexicana bissexual portadora de necessidade especial talentosa comunista), que prefiro pensar nela apenas como uma grande, grande artista.
Com uma grande, grande paixão, chamada Diego Rivera. Que vida conturbada desses dois (aliás, desses quarenta, se considerarmos o quantitativo de amantes que os dois trouxeram para o casamento).
A vida de Frida Kahlo parece a "Historia Calamitatum", e apesar dos infortúnios, da dor física cotidiana, dos filhos que ela não conseguiu ter, e da vida conturbada (vida em volume altíssimo), ela conseguiu ser extraordinária.
E por que eu lembrei hoje de Frida Kahlo, que não é dia especial nem nada? Não sei, desde ontem ela anda pela minha cabeça. Deve ser porque é inesquecível.
Frida Kahlo é um daqueles personagens que parecem saídos de livros: sua fragilidade física contrastava com o gênio forte, as posições políticas contundentes, a identidade cultural sanguínea e pintada em cores muito fortes.
Visitei a casa-museu de Frida Kahlo e pude lembrar dela a partir da memorabilia lá reunida. Vi a cama em que ela ficava deitada, pintando a vista do mesmo jardim que eu estava olhando. Consegui reconhecer algumas paisagens que foram retratadas em seus quadros.
Gosto muito das pinturas e das fotografias de Frida Kahlo, e acho interessante a forma como expressou a sua identidade pessoal e cultural. Essa mulher é um monumento mexicano.
Nem vou tentar fazer uma biografia. São tantos substantivos e adjetivos com os quais os biógrafos pintam o personagem (pintora mexicana bissexual portadora de necessidade especial talentosa comunista), que prefiro pensar nela apenas como uma grande, grande artista.
Com uma grande, grande paixão, chamada Diego Rivera. Que vida conturbada desses dois (aliás, desses quarenta, se considerarmos o quantitativo de amantes que os dois trouxeram para o casamento).
A vida de Frida Kahlo parece a "Historia Calamitatum", e apesar dos infortúnios, da dor física cotidiana, dos filhos que ela não conseguiu ter, e da vida conturbada (vida em volume altíssimo), ela conseguiu ser extraordinária.
E por que eu lembrei hoje de Frida Kahlo, que não é dia especial nem nada? Não sei, desde ontem ela anda pela minha cabeça. Deve ser porque é inesquecível.
domingo, 6 de maio de 2012
Os povos têm memória?
No post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/o-brasileiro-nao-tem-memoria.html confessei a minha preocupação com a repetição da frase "o brasileiro não tem memória", porque assim essa idéia fica cristalizada. Por isso, este blog está em campanha permanente contra essa frase: http://direitoamemoria.blogspot.com/2011/10/campanha-contra-frase-o-brasil-eiro-nao.html?showComment=1317824982713#c5825222379889661926
Se a repetição constrói e reaviva a memória, ficar repetindo que o "brasileiro não tem memória" parece uma forma de legitimar ou tolerar a castração desse direito fundamental, principalmente na vertente da liberdade de lembrança (o poder subjetivo de lembrar e acessar as fontes da cultura nacional, conforme artigos 215 e 216 da Constituição Federal).
E, então, Dra. Denise explicou que os italianos dizem que não têm memória, os moldavos e franceses reclamam do mesmo, e aparentemente sempre vinculam esse fato à reeleição de políticos que já deveriam ser ostracizados (o ostracismo, inclusive, foi a primeira instituição antiga resgatada pelo nosso blog: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/resgatando-instituicoes-antigas.html).
Não atribuo a reeleição ou manutenção de políticos indevidamente no poder a um defeito de memória, mas a escolhas presentes. Não é que as pessoas esqueçam o que eles fizeram: simplesmente essa informação não é relevante na hora de votar. Agora, porque isso acontece é que deve ser investigado.
Os povos têm memórias coletivas, que não ~são únicas, não são uniformes, não são coerentes, e são multifacetadas. A questão é construir uma política pública capaz de promover e proteger essas memórias, e a possibilidade de criar e difundir novas memórias, dando conta dessa complexidade.
sábado, 5 de maio de 2012
Monuments Men
"Monuments Men" era o nome dado a um grupo de pessoas - soldados, professores, curadores - responsáveis por encontrar, zelar, transportar e salvaguardar bens culturais (esculturas, pinturas, documentos, entre outros objetos artísticos e históricos) durante a Segunda Guerra Mundial.
A história dessas pessoas é incrível e o seu trabalho de recuperação dos acervos confiscados pelos nazistas é impressionante.
O vencedor das batalhas, historicamente, fazia jus ao espólio. Esse era o prêmio pela vitória e, às vezes, era o motivo das guerras.
Com a Segunda Guerra Mundial essa idéia passou a mudar. A Europa viveu um momento de roubo e destruição de bens culturais inédito, que contribuiu para a edição da Conveção da Haia para salvaguarda do patrimônio cultural em caso de conflito armado (cf. http://www.icrc.org/ihl.nsf/FULL/400)
Depois da Segunda Guerra, o retorno e a restituição passou a constituir uma idéia central em caso de conflitos armados, especialmente porque os bens culturais podem ser marcos de identidade cultural (DANTAS, 2010)
Para conhecer um pouco mais sobre eles: http://www.monumentsmenfoundation.org/
http://www.smithsonianmag.com/history-archaeology/monumental-mission.html
Há informações de que o próximo filme de George Clooney tratará sobre "monuments men", mas não sei se será documentário (espero!) ou ficção (é bom também, mas não tanto).
Referências
DANTAS, Fabiana Santos. Guerra e paz: uma análise da evolução das normas internacionais de proteção ao patrimônio cultural. Revista de Direito Constitucional e Internacional, vol. 71, 2010.
A história dessas pessoas é incrível e o seu trabalho de recuperação dos acervos confiscados pelos nazistas é impressionante.
O vencedor das batalhas, historicamente, fazia jus ao espólio. Esse era o prêmio pela vitória e, às vezes, era o motivo das guerras.
Com a Segunda Guerra Mundial essa idéia passou a mudar. A Europa viveu um momento de roubo e destruição de bens culturais inédito, que contribuiu para a edição da Conveção da Haia para salvaguarda do patrimônio cultural em caso de conflito armado (cf. http://www.icrc.org/ihl.nsf/FULL/400)
Depois da Segunda Guerra, o retorno e a restituição passou a constituir uma idéia central em caso de conflitos armados, especialmente porque os bens culturais podem ser marcos de identidade cultural (DANTAS, 2010)
Para conhecer um pouco mais sobre eles: http://www.monumentsmenfoundation.org/
http://www.smithsonianmag.com/history-archaeology/monumental-mission.html
Há informações de que o próximo filme de George Clooney tratará sobre "monuments men", mas não sei se será documentário (espero!) ou ficção (é bom também, mas não tanto).
Referências
DANTAS, Fabiana Santos. Guerra e paz: uma análise da evolução das normas internacionais de proteção ao patrimônio cultural. Revista de Direito Constitucional e Internacional, vol. 71, 2010.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Ladrões roubam uma ponte de ferro na República Tcheca
Bens imóveis que se tornam móveis, e depois são roubados:
http://exame.abril.com.br/economia/mundo/noticias/ladroes-roubam-ponte-de-10-toneladas-na-republica-tcheca
Já ouvi estórias de que roubaram um anfiteatro romano, pedra por pedra, e depois o reconstruíram em uma propriedade privada.
Isso não é impossível de acontecer, já que há exemplos de prédios vendidos que foram totalmente relocados.
No Brasil, o patrimônio ferroviário (público), oriundo da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, é protegido em nível federal pela Lei nº 11483/2007.
http://exame.abril.com.br/economia/mundo/noticias/ladroes-roubam-ponte-de-10-toneladas-na-republica-tcheca
Já ouvi estórias de que roubaram um anfiteatro romano, pedra por pedra, e depois o reconstruíram em uma propriedade privada.
Isso não é impossível de acontecer, já que há exemplos de prédios vendidos que foram totalmente relocados.
No Brasil, o patrimônio ferroviário (público), oriundo da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, é protegido em nível federal pela Lei nº 11483/2007.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Memória brasileira: Funerais de Ayrton Senna
Faleceu em 1º de maio de 1994.
Ayrton Senna foi um piloto brasileiro de Fórmula 1, e sofreu um acidente automobilístico enquanto trabalhava.
Já era um hábito dos brasileiros assistir às corridas de Fórmula 1 aos domingos, só porque Ayrton Senna ia correr. Essa expectativa de êxito que ele nos proporcionava (sim, ele realmente podia ganhar uma corrida, fizesse sol ou chuva. Alías, na chuva era melhor), independentemente das condições adversas, foi importante para a construção de um otimismo nacional aos domingos.
Os brasileiros se agarram a símbolos positivos (precisamos ter o "melhor", o "maior") para elevar a auto-estima nacional, e Ayrton Senna personificava essa positividade, essa competência, que queriam ter em seu cotidiano.
Por esse motivo, a morte prematura (e no trabalho) foi tão dolorosa. Realmente, quanto penso na morte dele lembro de uma nação enlutada. Eu nunca tinha participado ou presenciado tamanha manifestação de apreço e luto coletivo: nenhum presidente, ou artista, nenhuma autoridade brasileira recebeu honras fúnebres como ele.
Lembro das imagens de filas formadas ao longo das estradas para ver o corpo dele passar. Lembro da procissão de pessoas em seu velório que choravam, atiravam flores, com pesar sincero. Todas as pessoas procuravam formas de manifestar o seu pesar:
http://www.youtube.com/watch?v=xvmuHGrrbCQ
Talvez na História recente do Brasil, os funerais de Ruy Barbosa (que também personificava o orgulho nacional) tenham equivalido em pompa e participação.
Acho que a minha principal memória desse evento é mais do silêncio respeitoso que as pessoas manifestaram. Passaram-se 18 anos e não houve, nem acredito que haverá, uma cerimônia capaz de aglutinar os brasileiros tão solenemente. Somos um povo barulhento e expansivo, mas nos funerais de Ayrton Senna foi diferente.
Ayrton Senna foi um piloto brasileiro de Fórmula 1, e sofreu um acidente automobilístico enquanto trabalhava.
Já era um hábito dos brasileiros assistir às corridas de Fórmula 1 aos domingos, só porque Ayrton Senna ia correr. Essa expectativa de êxito que ele nos proporcionava (sim, ele realmente podia ganhar uma corrida, fizesse sol ou chuva. Alías, na chuva era melhor), independentemente das condições adversas, foi importante para a construção de um otimismo nacional aos domingos.
Os brasileiros se agarram a símbolos positivos (precisamos ter o "melhor", o "maior") para elevar a auto-estima nacional, e Ayrton Senna personificava essa positividade, essa competência, que queriam ter em seu cotidiano.
Por esse motivo, a morte prematura (e no trabalho) foi tão dolorosa. Realmente, quanto penso na morte dele lembro de uma nação enlutada. Eu nunca tinha participado ou presenciado tamanha manifestação de apreço e luto coletivo: nenhum presidente, ou artista, nenhuma autoridade brasileira recebeu honras fúnebres como ele.
Lembro das imagens de filas formadas ao longo das estradas para ver o corpo dele passar. Lembro da procissão de pessoas em seu velório que choravam, atiravam flores, com pesar sincero. Todas as pessoas procuravam formas de manifestar o seu pesar:
http://www.youtube.com/watch?v=xvmuHGrrbCQ
Talvez na História recente do Brasil, os funerais de Ruy Barbosa (que também personificava o orgulho nacional) tenham equivalido em pompa e participação.
Acho que a minha principal memória desse evento é mais do silêncio respeitoso que as pessoas manifestaram. Passaram-se 18 anos e não houve, nem acredito que haverá, uma cerimônia capaz de aglutinar os brasileiros tão solenemente. Somos um povo barulhento e expansivo, mas nos funerais de Ayrton Senna foi diferente.
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