Esse mês de dezembro de 2013 trouxe um importante fato histórico para o povo catalão e espanhol, que é a possibilidade de realização de um referendo no dia 09/11/2014 sobre a independência da Catalunya (http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1384575-catalunha-define-consulta-sobre-independencia-rejeitado-pela-espanha.shtml).
Por coincidência passei a semana estudando os efeitos memoriais da Guerra Civil de 1936, especificamente quanto aos traumas da guerra civil, Segunda Guerra e pós-guerra sobre as sucessivas gerações de catalães.
Para mim, ficou claro que a questão da Independência Catalã, cujo povo possui uma identidade republicana, portanto contraposta à atual forma de governo, foi construída com base na rejeição da unidade territorial imposta e aprofundada em função da violenta repressão que sofreu durante o período do franquismo.
A reconciliação tentada geração após geração não foi possível, por fatos como o que foi mostrado no documentário "El nens perduts del franquisme" (http://www.youtube.com/watch?v=c05-psMgiHU)
A identidade do povo Catalão é revolucionária, observe "El més petit de tots" (http://www.youtube.com/watch?v=wEpyicAsimY), e destaca a sua diferença em relação ao povo espanhol - do qual não se considera parte - inclusive a partir da língua. Tudo isso somado à grave crise econômica e a percepção de que o governo é uma continuidade do regime anterior contribuem para que não existam dúvidas sobre qual seria o resultado do referendo que ocorrerá em 2014.
Do ponto de vista do Direito Constitucional, a discussão sobre a constitucionalidade do referendo é relevante porque significaria a cisão parcial do território espanhol, o que seria absolutamente inconstitucional. E isso pode levar a alguma forma de intervenção para garantir a integridade territorial do Estado, com eventual reedição da guerra civil, caso reste evidenciada a vontade de independência.
Se efetivada, a independência da Catalunya significaria a quebra da ordem constitucional vigente, e a necessidade de ser exercido o poder constituinte para a nação catalã, onde seriam tomadas as grandes decisões políticas fundantes do Estado nascente, por exemplo, as Forma de Estado e Governo, o sistema de governo e o regime político.
A questão política e econômica da viabilidade do Estado nascente eu deixo de comentar nesse momento por absoluta necessidade de aprofundamento.
Do ponto de vista do Direito Internacional, seria necessário o reconhecimento da existência do novo Estado, o que ocorre pela declaração de outros Estados e o ingresso em organismos internacionais, como a ONU. Quando o Brasil se tornou independente, bastou que poucas "nações amigas" o reconhecessem, por exemplo os Estados Unidos e a Inglaterra, mas os tempos eram outros.
A questão comunitária na Europa é muito importante. Se efetivada a independência, evidentemente a Catalunya estaria imediatamente excluída da Comunidade Europeia, e seria difícil a sua inserção.
De todo jeito, o processo de independência da Catalunya será um tema a ser acompanhado aqui no blog, em razão do seu fundamento evidentemente memorial.
O brasileiro não tem memória.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
Neste blog desmascaramos esta mentira.
domingo, 29 de dezembro de 2013
sábado, 28 de dezembro de 2013
Conhece-te a ti mesmo, Brasil (4): a questão do silêncio
Na série "conhece-te a ti mesmo, Brasil", tentamos refletir sobre algumas características do povo brasileiro, que integram o seu modo de ser e/ou de viver. Em três posts anteriores discutimos a "vontade de ganhar" (ou de levar vantagem, que é uma consequência), a impontualidade, e a nossa suposta alegria de viver, respectivamente: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/11/conhece-te-ti-mesmo-brasil-1.html e http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html, http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/03/conhece-te-ti-mesmo-brasil-3-questao-da.html.
Hoje gostaria de meditar sobre o significado do silêncio, que para nós brasileiros é uma "questão", um ponto de reflexão porque somos educados para ser barulhentos.
O barulho parece ser algo inerente à sociedade brasileira. Nas ruas, buzinas e motores. Nas casas, as pessoas falam aos gritos. Nas reuniões sociais, muita gritaria e música alta, geralmente identificadas como sinais de alegria.
Se ser barulhento é sinônimo de ser alegre, então o silêncio e ser silencioso evidentemente são sintomas de melancolia. Se, por qualquer acaso do destino você estiver sozinho e contemplativo, apreciando o silêncio, alguém vai fatalmente perguntar se você está triste, pensando na morte da bezerra.
Ou, por outro lado, entre nós o silêncio pode ser sinônimo de tédio. E para animar, é só lascar um aparelho de som em alto volume, que pode vir na versão gigantesca (trio elétrico), versão médio incômodo (som de automóvel) ou incômodo de pequeno porte (rádios). Até música boa, quando é estridente, irrita.
Há outras situações em que o silêncio é imposto, e determinados assuntos viram tabu. Aqui somos ensinados que gosto, política, futebol e religião não se discutem. Provavelmente porque as pessoas assemelham a "discussão" com "briga", o que evidentemente é um erro de quem não está acostumado com o esporte saudável do diálogo.
É também uma herança dos períodos autoritários que a sociedade experimentou, que nos legou esse medo de expressar (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/10/memoria-coletiva-e-autoritarismo-3-o.html).
Discutir sem brigar ajuda a construir um ambiente democrático, e a Democracia real só pode existir sem a imposição do silêncio. A verdade às vezes dói, e sempre deve ser dita, especialmente para desfazer enganos e mentiras, porque o mal prevalece quando os bons se calam, como diz o ditado.
Portanto, é necessário começar a quebrar o silêncio em algumas questões que são importantes para a nossa vida e memória coletiva, deixando-o para aqueles recônditos momentos íntimos e de meditação.
Hoje gostaria de meditar sobre o significado do silêncio, que para nós brasileiros é uma "questão", um ponto de reflexão porque somos educados para ser barulhentos.
O barulho parece ser algo inerente à sociedade brasileira. Nas ruas, buzinas e motores. Nas casas, as pessoas falam aos gritos. Nas reuniões sociais, muita gritaria e música alta, geralmente identificadas como sinais de alegria.
Se ser barulhento é sinônimo de ser alegre, então o silêncio e ser silencioso evidentemente são sintomas de melancolia. Se, por qualquer acaso do destino você estiver sozinho e contemplativo, apreciando o silêncio, alguém vai fatalmente perguntar se você está triste, pensando na morte da bezerra.
Ou, por outro lado, entre nós o silêncio pode ser sinônimo de tédio. E para animar, é só lascar um aparelho de som em alto volume, que pode vir na versão gigantesca (trio elétrico), versão médio incômodo (som de automóvel) ou incômodo de pequeno porte (rádios). Até música boa, quando é estridente, irrita.
Há outras situações em que o silêncio é imposto, e determinados assuntos viram tabu. Aqui somos ensinados que gosto, política, futebol e religião não se discutem. Provavelmente porque as pessoas assemelham a "discussão" com "briga", o que evidentemente é um erro de quem não está acostumado com o esporte saudável do diálogo.
É também uma herança dos períodos autoritários que a sociedade experimentou, que nos legou esse medo de expressar (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/10/memoria-coletiva-e-autoritarismo-3-o.html).
Discutir sem brigar ajuda a construir um ambiente democrático, e a Democracia real só pode existir sem a imposição do silêncio. A verdade às vezes dói, e sempre deve ser dita, especialmente para desfazer enganos e mentiras, porque o mal prevalece quando os bons se calam, como diz o ditado.
Portanto, é necessário começar a quebrar o silêncio em algumas questões que são importantes para a nossa vida e memória coletiva, deixando-o para aqueles recônditos momentos íntimos e de meditação.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Boas lembranças...Lençóis (Chapada Diamantina)
A cidade de Lençóis é uma das entradas do Parque da Chapada Diamantina:
Nas cercanias de Lençóis encontra-se o Morro do Pai Inácio, famoso atrativo da região, de onde se pode ver essa vista deslumbrante:
Para conhecer os atrativos da Chapada Diamantina você tem que se esforçar e merecer mas, ao final das trilhas, sempre tem uma belezura como a Cachoeira do Mosquito:
"Mosquito" é o nome que se dá aos diamantes bem pequeninos, então diz-se que nessa cachoeira existiam pedrinhas assim. Mosquito é sinônimo de pernilongo, mas na Chapada e aqui onde moro nós chamamos de muriçoca.
Nas cercanias de Lençóis encontra-se o Morro do Pai Inácio, famoso atrativo da região, de onde se pode ver essa vista deslumbrante:
Para conhecer os atrativos da Chapada Diamantina você tem que se esforçar e merecer mas, ao final das trilhas, sempre tem uma belezura como a Cachoeira do Mosquito:
"Mosquito" é o nome que se dá aos diamantes bem pequeninos, então diz-se que nessa cachoeira existiam pedrinhas assim. Mosquito é sinônimo de pernilongo, mas na Chapada e aqui onde moro nós chamamos de muriçoca.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Ceia de Natal
Nesse ano da graça de dois mil e treze, estamos realizando uma reflexão sobre símbolos e práticas natalinas. Já discutimos sobre presépios, dádivas e músicas, mas ainda faltam dois pontos fundamentais nesse mosaico: a ceia de natal e a figura de Papai Noel.
A ceia natalina sempre me intrigou bastante por vários motivos. O primeiro deles é que "cear" não é muito comum entre os brasileiros, nós jantamos.
A ceia seria uma espécie de refeição noturna diferente do jantar, porque é mais leve e porque ocorre mais tarde. E também porque, não sendo comum, é utilizada para ocasiões especiais como o Natal.
Outro aspecto importante dessa refeição especial, aqui na minha região do Brasil, é a incorporação de elementos "exóticos" ao nosso clima, tais como nozes, amêndoas, frutas secas de outros lugares (damasco, ameixa, figo). Sempre acreditei que a inclusão desses alimentos preciosos e caros era uma questão de status e que, por serem difíceis de obter, eram colocados na ceia para simbolizar a fartura.
Uma explicação interessante foi fornecida por Dra. Denise, citando a tradição das "treze sobremesas" (treize desserts) natalinas, que incorporam muitos dos ingredientes citados acima, mas não conseguimos continuar esse discussão até as conclusões, o que fatalmente exigirá de nós degusta-las todas. Em princípio, acho que não há uma relação direta pois na ceia de natal esses frutos e frutas exóticas não aparecem como ingredientes, e sim como decoração, mas isso não nos impedirá de comê-las.
Outra questão é sobre o peru de Natal. Nunca entendi essa fascinação de comer peru nessa época do ano, visto que no resto dele ninguém jamais o vê sendo servido, e também não consigo entender porque há a repetição no peru de Ano Novo.
Ah... as rabanadas. Adoro. Também conhecidas como fatias paridas, ou de paridas, as rabanadas tem todo o valor nutricional que alguém precisa para crescer forte e saudável. É uma pena que o seu uso seja estrito à época do natal, mas eu costumo comê-las também em outras semanas do ano.
Uma das lembranças que guardo da casa da minha avó é a do ponche de vinho. Minha avó gostava de pegar vinho tinto, misturar com água e açúcar (que ela chamava de sangria), e depois picava um número não determinado de maçãs que eram colocadas, e aí estava pronto o ponche. Ceia de Natal sem ponche é inadmissível para os meus padrões memoriais.
Enfim, são tantas coisas a comer e comentar sobre a ceia de natal que o post ficaria muito longo. Para finalizar, apenas explico que na minha família nós não fazemos ceia e sim almoço de natal, e faz muitos anos, desde que meus avós faleceram, que eu não participo de nenhuma.
A ceia natalina sempre me intrigou bastante por vários motivos. O primeiro deles é que "cear" não é muito comum entre os brasileiros, nós jantamos.
A ceia seria uma espécie de refeição noturna diferente do jantar, porque é mais leve e porque ocorre mais tarde. E também porque, não sendo comum, é utilizada para ocasiões especiais como o Natal.
Outro aspecto importante dessa refeição especial, aqui na minha região do Brasil, é a incorporação de elementos "exóticos" ao nosso clima, tais como nozes, amêndoas, frutas secas de outros lugares (damasco, ameixa, figo). Sempre acreditei que a inclusão desses alimentos preciosos e caros era uma questão de status e que, por serem difíceis de obter, eram colocados na ceia para simbolizar a fartura.
Uma explicação interessante foi fornecida por Dra. Denise, citando a tradição das "treze sobremesas" (treize desserts) natalinas, que incorporam muitos dos ingredientes citados acima, mas não conseguimos continuar esse discussão até as conclusões, o que fatalmente exigirá de nós degusta-las todas. Em princípio, acho que não há uma relação direta pois na ceia de natal esses frutos e frutas exóticas não aparecem como ingredientes, e sim como decoração, mas isso não nos impedirá de comê-las.
Outra questão é sobre o peru de Natal. Nunca entendi essa fascinação de comer peru nessa época do ano, visto que no resto dele ninguém jamais o vê sendo servido, e também não consigo entender porque há a repetição no peru de Ano Novo.
Ah... as rabanadas. Adoro. Também conhecidas como fatias paridas, ou de paridas, as rabanadas tem todo o valor nutricional que alguém precisa para crescer forte e saudável. É uma pena que o seu uso seja estrito à época do natal, mas eu costumo comê-las também em outras semanas do ano.
Uma das lembranças que guardo da casa da minha avó é a do ponche de vinho. Minha avó gostava de pegar vinho tinto, misturar com água e açúcar (que ela chamava de sangria), e depois picava um número não determinado de maçãs que eram colocadas, e aí estava pronto o ponche. Ceia de Natal sem ponche é inadmissível para os meus padrões memoriais.
Enfim, são tantas coisas a comer e comentar sobre a ceia de natal que o post ficaria muito longo. Para finalizar, apenas explico que na minha família nós não fazemos ceia e sim almoço de natal, e faz muitos anos, desde que meus avós faleceram, que eu não participo de nenhuma.
quarta-feira, 25 de dezembro de 2013
O significado do Natal
O verdadeiro significado do Natal é reencontrar Jesus Cristo, lembrando de todos os bons ensinamentos e sentimentos que nos legou, ainda que seja nas ações ou lugares mais improváveis:
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terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Feliz Natal!
Eu poderia refletir sobre esta comemoração, discutindo que Jesus não nasceu em 25 de dezembro, que os símbolos natalinos são uma forma de "estrangeirismo desnacionalizante" que, inclusive, levaram o escritor Monteiro Lobato a buscar um contra-símbolo nacional, achando-o na figura do Saci; que o verdadeiro significado do Natal é compartilhar e confraternizar, e os presentes são apenas uma forma externa de representação dessa intenção (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/feliz-natal-e-algumas-questoes.html).
Poderia politizar dizendo que não pode haver verdadeiro Natal enquanto pessoas passam fome, há guerras e violência doméstica.
Mas nessa época, ninguém quer discutir nada disso. As pessoas querem mesmo é comemorar a esperança de um futuro melhor, como se a felicidade pudesse ser embrulhada para presente.
Então, deixemos as questões de lado e vamos aproveitar a oportunidade de rever as pessoas queridas e lembrar dos ausentes.
Feliz Natal!
Poderia politizar dizendo que não pode haver verdadeiro Natal enquanto pessoas passam fome, há guerras e violência doméstica.
Mas nessa época, ninguém quer discutir nada disso. As pessoas querem mesmo é comemorar a esperança de um futuro melhor, como se a felicidade pudesse ser embrulhada para presente.
Então, deixemos as questões de lado e vamos aproveitar a oportunidade de rever as pessoas queridas e lembrar dos ausentes.
Feliz Natal!
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Máscaras mortuárias
Máscaras mortuárias são artefatos utilizados para fixar as feições de uma pessoa falecida no momento de sua morte, e são uma tradição milenar, que foi lentamente substituída pela fotografia (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/memento-mori-o-direito-memoria-dos.html).
Há exemplos da utilização de máscaras mortuárias para permitir a volta da alma ao corpo, viabilizada pelo reconhecimento da face do cadáver (egípcios); para perpetuar a memória de pessoas célebres (Napoleão, Lizst, Chopin), ou mesmo para perpetuar a memória de desconhecidos, como ocorreu com "L'inconnue dela Seine", cuja máscara mortuária serviu de molde para as bonecas de ressuscitação.
Embora seja possível verificar uma decadência da Ars moriendi (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/cemiterio-lugar-de-memoria.html), a curiosidade sobre a morte ainda existe nesse nosso tempo, especialmente quando os falecidos são pessoas famosas, não sendo rara a comercialização de itens e fotografias alusivos à data.
Há exemplos da utilização de máscaras mortuárias para permitir a volta da alma ao corpo, viabilizada pelo reconhecimento da face do cadáver (egípcios); para perpetuar a memória de pessoas célebres (Napoleão, Lizst, Chopin), ou mesmo para perpetuar a memória de desconhecidos, como ocorreu com "L'inconnue dela Seine", cuja máscara mortuária serviu de molde para as bonecas de ressuscitação.
Embora seja possível verificar uma decadência da Ars moriendi (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/cemiterio-lugar-de-memoria.html), a curiosidade sobre a morte ainda existe nesse nosso tempo, especialmente quando os falecidos são pessoas famosas, não sendo rara a comercialização de itens e fotografias alusivos à data.
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domingo, 22 de dezembro de 2013
Chapada Diamantina em imagens
No post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/12/chapada-diamantina-2013.html comecei a contar a nossa experiência no Parque Nacional da Chapada Diamantina, no período de 8 a 16 de dezembro de 2013.
Para começar, algumas imagens icônicas desse lugar deslumbrante:
Esse na foto abaixo é o Poço Azul:
Para começar, algumas imagens icônicas desse lugar deslumbrante:
Essa imagem é icônica porque, além de ser uma paisagem linda, também já apareceu na abertura de uma novela chamada "Pedra sobre Pedra": http://www.youtube.com/watch?v=mqrQNU45OxA. Ao final do belo vídeo vocês poderão perceber a transformação do rosto da modelo Mônica Fraga.
Todo mundo lá diz que é o rosto de Isadora Ribeiro, mas isso precisa ser corrigido.
E esse aqui embaixo é o belíssimo Poço Encantado:
Nessa foto aqui embaixo sou eu visitando o local. É escuro e a gente tem que entrar de capacete e com lanternas, e não se pode mergulhar nele.
Esse na foto abaixo é o Poço Azul:
Vejam bem, eu havia recentemente assistido a um documentário do Discovery Channel sobre a descoberta de incríveis fósseis em um Poço Azul, em algum lugar do Brasil (http://www.youtube.com/watch?v=vPwtwxYy8G0). Quando cheguei no Poço, alguma coisa me dizia que eu já havia visto aquele lugar.
Quando eu estava flutuando nesse lindo lugar, a memória me atingiu como um raio e eu "descobri" que ali embaixo havia fósseis de criaturas gigantescas. Ai, meu Deus! E se alguma continuasse viva? Sei que é improvável, mas o medo desconhece a Razão, então saí dali o mais rápido possível.
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sábado, 21 de dezembro de 2013
Pretzel e memória
O pretzel é uma espécie de pão, cujo nome aparentemente deriva da palavra latina "pretiola" (pequena recompensa), que foi transformada na "bracciola" italiana, porque a forma parece a de pequenos braços. Posteriormente transformada em brezel (e finalmente pretzel), que era oferecida como recompensa às crianças que memorizavam passagens bíblicas.
Esse sistema de recompensa através de comida é muito eficiente em todos os tipos de adestramento, mas eu sou contra o seu uso em humanos por razões de princípios, embora faceiramente participe de atividades que prometem comidas ao final. E isso vale para aulas de idiomas (eu tive um professor que nos presenteava chocolates quando acertávamos a lição), e também para a tradicional memorização de passagens bíblicas.
Por sinal, a primeira passagem que eu memorizei foi João, 3:16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Minha avó, que era cristã praticante, obrigou-me a memorizar esse versículo e não me deu nenhum pretzel.
Esse sistema de recompensa através de comida é muito eficiente em todos os tipos de adestramento, mas eu sou contra o seu uso em humanos por razões de princípios, embora faceiramente participe de atividades que prometem comidas ao final. E isso vale para aulas de idiomas (eu tive um professor que nos presenteava chocolates quando acertávamos a lição), e também para a tradicional memorização de passagens bíblicas.
Por sinal, a primeira passagem que eu memorizei foi João, 3:16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Minha avó, que era cristã praticante, obrigou-me a memorizar esse versículo e não me deu nenhum pretzel.
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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
O estranho caso do GPS medroso
A idéia era viajar de carro até a Chapada Diamantina, o que daria uns bons 900 km, ou mais. Considerando a distância, e a pouca orientação dos motoristas (eu e meu marido), resolvemos programar o GPS que, sem dúvida, seria um guia muito melhor do que aquele pequeno mapa ensebado que guardo no porta-luvas do veículo.
Tudo certo, partimos para mais essa aventura, pois viajar é preciso. Quando saímos de casa, e demos a volta para rumar na direção Sul, o GPS começa a apitar desesperado mandando que retornássemos. Vejam bem, nós estávamos a apenas alguns metros, e ele já queria voltar para casa. Pensei com meus botões que talvez ele tivesse esquecido alguma coisa, ou apenas não gostasse de viajar.
Apesar de todos os nossos esforços de reprogramação, o GPS continuava a resmungar e choramingar apitando, pedindo para voltar para casa. E tanto chateou que acabei desligando-o por um tempo.
Uns duzentos quilômetros depois, quando rumávamos para o Estado de Alagoas, liguei o GPS e imediatamente ele começou a apitar, dizendo que devíamos fazer a inversão da marcha e apontando o caminho de casa. Será possível?
Ele não se conformava e precisamos adotar medidas drásticas. Ficou de castigo até a Chapada Diamantina e não participou dos passeios.
Na volta, imaginamos que ele cooperaria pois, finalmente, estávamos cumprindo o seu desejo de voltar para casa. Pensei que assim ficaríamos amigos de novo mas, engano total, ele queria se vingar.
Segui fielmente as orientações e, por causa dele, nos perdemos em Maceió - capital do Estado de Alagoas - dando voltas e mais voltas pelo centro, pegamos dois engarrafamentos infernais e demoramos quase duas horas para encontrar a maior rua do Brasil (a BR 101), tarefa fácil para qualquer GPS iniciante e sem maus bofes.
Depois disso tudo, resolvi não trocar as pilhas e vê-lo, lentamente, adormecer o sono dos justos. Vez por outra, ele religava e apitava um pouco, resistindo heroicamente. No final das contas, acho que ele estava apenas ansioso por enfrentar a viagem, e estressado pela responsabilidade de cuidar do nosso caminho.
Tudo certo, partimos para mais essa aventura, pois viajar é preciso. Quando saímos de casa, e demos a volta para rumar na direção Sul, o GPS começa a apitar desesperado mandando que retornássemos. Vejam bem, nós estávamos a apenas alguns metros, e ele já queria voltar para casa. Pensei com meus botões que talvez ele tivesse esquecido alguma coisa, ou apenas não gostasse de viajar.
Apesar de todos os nossos esforços de reprogramação, o GPS continuava a resmungar e choramingar apitando, pedindo para voltar para casa. E tanto chateou que acabei desligando-o por um tempo.
Uns duzentos quilômetros depois, quando rumávamos para o Estado de Alagoas, liguei o GPS e imediatamente ele começou a apitar, dizendo que devíamos fazer a inversão da marcha e apontando o caminho de casa. Será possível?
Ele não se conformava e precisamos adotar medidas drásticas. Ficou de castigo até a Chapada Diamantina e não participou dos passeios.
Na volta, imaginamos que ele cooperaria pois, finalmente, estávamos cumprindo o seu desejo de voltar para casa. Pensei que assim ficaríamos amigos de novo mas, engano total, ele queria se vingar.
Segui fielmente as orientações e, por causa dele, nos perdemos em Maceió - capital do Estado de Alagoas - dando voltas e mais voltas pelo centro, pegamos dois engarrafamentos infernais e demoramos quase duas horas para encontrar a maior rua do Brasil (a BR 101), tarefa fácil para qualquer GPS iniciante e sem maus bofes.
Depois disso tudo, resolvi não trocar as pilhas e vê-lo, lentamente, adormecer o sono dos justos. Vez por outra, ele religava e apitava um pouco, resistindo heroicamente. No final das contas, acho que ele estava apenas ansioso por enfrentar a viagem, e estressado pela responsabilidade de cuidar do nosso caminho.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Outro sumiço de ossadas dos guerrilheiros do Araguaia
A História não se repete, mas rima, como diria Mark Twain.
Em setembro de 2013, comentamos sobre o sumiço de ossadas de supostos guerrilheiros do Araguaia (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/08/o-sumico-das-ossadas-dos-guerrilheiros.html).
Agora, em dezembro de 2013, aparentemente ocorreu um novo sumiço: http://www.em.com.br/app/noticia/politica/2013/12/19/interna_politica,480643/senado-quer-apurar-sumico-de-ossadas-encontradas-no-para.shtml.
Realmente, parece não ser uma repetição, mas uma regularidade nefasta.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Chapada Diamantina 2013
Fui caçar novas memórias na Chapada Diamantina nessa última semana. Estava de férias, mas isso não significa que fiquei descansando. Pelo contrário, o lugar convida a subir e descer montanhas, e todos os atrativos turísticos precisam ser conquistados primeiro.
E eu mereci cada um deles.
Passei esses últimos dez dias fazendo caminhadas na Chapada Diamantina, conhecendo lugares e pessoas e fiquei absolutamente deslumbrada. Não é uma paisagem fácil de ser amada: é rude, seca, pedregosa e quente mas, quando deixa, a gente percebe a verdadeira beleza da flora, da fauna, das paisagens cenográficas, da gentileza das pessoas e da comida boa, boa demais.
A Chapada Diamantina é um Parque Nacional gigantesco situado no Estado da Bahia, e o seu nome é devido à mineração de diamantes que se intensificou no século XIX e sobreviveu como prática econômica, ainda que decadente, até a década de 1970.
A nossa idéia era dar a volta no Parque Nacional, conhecendo os atrativos através de caminhada, e nos próximos posts dessa semana vou mostrar um pouco dos locais onde passamos e que já ficaram guardados na minha memória.
Enquanto estávamos lá, infelizmente, uma das pequenas cidades da Chapada sofreu uma tragédia. Em Lajedinho, onde não chovia há tanto tempo, em uma noite a chuva arrasou a cidade (http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/temporal-em-lajedinho-deixa-11-mortos-6-pessoas-ainda-estao-desaparecidas/?cHash=ffa88caea71d117ca85daea9e9af72d2), deixando 17 mortos.
A mobilização para ajudar foi imediata e na cidade em que nós estávamos naquele momento - Lençóis - as pessoas começaram a trazer mantimentos, roupas e água, entregando nas agências de turismo, que se encarregavam de levar até lá. Foi uma verdadeira lição do papel social do Turismo de Aventura, da responsabilidade das empresas, e da importância de utilizar todos os recursos à mão para ajudar, especialmente os veículos 4 X 4 e o conhecimento dos guias.
E eu mereci cada um deles.
Passei esses últimos dez dias fazendo caminhadas na Chapada Diamantina, conhecendo lugares e pessoas e fiquei absolutamente deslumbrada. Não é uma paisagem fácil de ser amada: é rude, seca, pedregosa e quente mas, quando deixa, a gente percebe a verdadeira beleza da flora, da fauna, das paisagens cenográficas, da gentileza das pessoas e da comida boa, boa demais.
A Chapada Diamantina é um Parque Nacional gigantesco situado no Estado da Bahia, e o seu nome é devido à mineração de diamantes que se intensificou no século XIX e sobreviveu como prática econômica, ainda que decadente, até a década de 1970.
A nossa idéia era dar a volta no Parque Nacional, conhecendo os atrativos através de caminhada, e nos próximos posts dessa semana vou mostrar um pouco dos locais onde passamos e que já ficaram guardados na minha memória.
Enquanto estávamos lá, infelizmente, uma das pequenas cidades da Chapada sofreu uma tragédia. Em Lajedinho, onde não chovia há tanto tempo, em uma noite a chuva arrasou a cidade (http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/temporal-em-lajedinho-deixa-11-mortos-6-pessoas-ainda-estao-desaparecidas/?cHash=ffa88caea71d117ca85daea9e9af72d2), deixando 17 mortos.
A mobilização para ajudar foi imediata e na cidade em que nós estávamos naquele momento - Lençóis - as pessoas começaram a trazer mantimentos, roupas e água, entregando nas agências de turismo, que se encarregavam de levar até lá. Foi uma verdadeira lição do papel social do Turismo de Aventura, da responsabilidade das empresas, e da importância de utilizar todos os recursos à mão para ajudar, especialmente os veículos 4 X 4 e o conhecimento dos guias.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Desaparecidos peruanos encontrados
Notícia importante: http://noticias.terra.com.br/mundo/america-latina/mulheres-e-criancas-assassinadas-nos-anos-80-sao-encontradas-no-peru,636893888cab2410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html
26 crianças e 14 mulheres assassinadas e seus corpos jogados em fossas comuns. Fuziladas, degoladas. É notável que o Ministério Público reconhece a possibilidade de que os assassinatos possam ser atribuídos ao Estado ou aos guerrilheiros, e nessa luta entre o rochedo e o mar, as vítimas foram mulheres e crianças.
O dever de memória impõe que continuemos buscando os desaparecidos. Ainda bem que no Peru essas pessoas não foram esquecidas.
26 crianças e 14 mulheres assassinadas e seus corpos jogados em fossas comuns. Fuziladas, degoladas. É notável que o Ministério Público reconhece a possibilidade de que os assassinatos possam ser atribuídos ao Estado ou aos guerrilheiros, e nessa luta entre o rochedo e o mar, as vítimas foram mulheres e crianças.
O dever de memória impõe que continuemos buscando os desaparecidos. Ainda bem que no Peru essas pessoas não foram esquecidas.
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terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Dádivas natalinas
O gesto de ofertar um objeto - a dádiva - pode ter significados diversos em culturas diversas. É uma forma de estabelecer formas de comunicação e laços sociais, como destaca Mauss (2001, p. 197):
Vamos pensar, então, sobre os presentes ou dádivas natalinas, em qual a sua forma e significado.
Pelo que me consta, não existem padrões pré-fixados para presentes, cada um dá o que quer. Então, o significado parece residir mais no ato de dar e receber do que no objeto em si. Portanto, ressalta a idéia de compartilhamento, de generosidade recíproca que contribui para a riqueza social, referida por Mauss no trecho acima.
A troca de presentes é só uma parte do ritual, e nem deveria ser a mais importante, mas em função de exigências mercadológicas da sociedade de consumo está cada vez mais em evidência.
Aqui abro parênteses para lembrar que, na visão da minha mãe, o Natal é o aniversário de Cristo (com direito a bolo e parabéns, cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/feliz-natal-e-algumas-questoes.html), então trocamos presentes em homenagem ao aniversariante.
Recentemente, o ritual de dar presentes foi se tornando mais complexo, e às vezes começa com semanas de antecedência, se adotada a técnica do amigo secreto ou oculto. Em algumas empresas e famílias, o amigo secreto parece uma trama policial, com tentativas de suborno para descobri-lo, trocas indevidas para que os sevandijas possam agradar os chefes, e todas as práticas negativas que o dedo podre da Humanidade parece indicar para azedar a celebração.
E, finalmente, há o inimigo secreto, essa prática incompreensível de dar presentes ruins no Natal. É uma espécie de brincadeira, e geralmente se baseia na troca de presentes de baixo valor econômico, baixa qualidade e se possível ofensivos (e aí independe do valor), o que parece contrariar a idéia de generosidade e compartilhamento acima referidos.
Referência
Os povos, as classes, as famílias, os
indivíduos poderão enriquecer, mas não serão felizes senão quando souberem
sentar-se, tal como cavaleiros [da Távola Redonda] à volta da riqueza comum. É
inútil procurar o bem e a felicidade, pois ele está ali, na paz imposta, no
trabalho bem ritmado, comum e solitário alternativamente, na riqueza acumulada
e depois retribuída, no respeito mútuo e na generosidade recíproca que a
educação ensina.
Vamos pensar, então, sobre os presentes ou dádivas natalinas, em qual a sua forma e significado.
Pelo que me consta, não existem padrões pré-fixados para presentes, cada um dá o que quer. Então, o significado parece residir mais no ato de dar e receber do que no objeto em si. Portanto, ressalta a idéia de compartilhamento, de generosidade recíproca que contribui para a riqueza social, referida por Mauss no trecho acima.
A troca de presentes é só uma parte do ritual, e nem deveria ser a mais importante, mas em função de exigências mercadológicas da sociedade de consumo está cada vez mais em evidência.
Aqui abro parênteses para lembrar que, na visão da minha mãe, o Natal é o aniversário de Cristo (com direito a bolo e parabéns, cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/feliz-natal-e-algumas-questoes.html), então trocamos presentes em homenagem ao aniversariante.
Recentemente, o ritual de dar presentes foi se tornando mais complexo, e às vezes começa com semanas de antecedência, se adotada a técnica do amigo secreto ou oculto. Em algumas empresas e famílias, o amigo secreto parece uma trama policial, com tentativas de suborno para descobri-lo, trocas indevidas para que os sevandijas possam agradar os chefes, e todas as práticas negativas que o dedo podre da Humanidade parece indicar para azedar a celebração.
E, finalmente, há o inimigo secreto, essa prática incompreensível de dar presentes ruins no Natal. É uma espécie de brincadeira, e geralmente se baseia na troca de presentes de baixo valor econômico, baixa qualidade e se possível ofensivos (e aí independe do valor), o que parece contrariar a idéia de generosidade e compartilhamento acima referidos.
Referência
MAUSS, Marcel. Ensaio sobre a
dádiva. Lisboa: Edições 70, 2001.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Músicas natalinas
Dezembro...tempo de comemoração do nascimento de Cristo, também chamado de Natal ou período natalino, ocasião que exige decoração específica, comidas e rituais específicos, trocas de dádivas, representações iconográficas e também, infelizmente para nós, músicas natalinas recheadas de címbalos.
Esse é um exemplo de persistência interessante, as músicas de Natal. Sempre as mesmas, e ensinadas através das gerações, portam valores e representações que queremos legar às futuras gerações para que, como nós, continuem a espalhar a mensagem de amor, fraternidade e compartilhamento que circundam, tal constelação iluminada, a manjedoura onde nasceu Jesus.
Infelizmente toda essa simbologia vem sob a forma de músicas que bimbalham, e parece não ter sido incorporada ao cotidiano. Olha aí as que eu consigo lembrar:
- Noite Feliz
- Jingle Bells
- Anoiteceu
- Bom Natal
Algumas dessas cantigas foram "atualizadas" e aparecem até sob a forma de pagode.
Esse é um exemplo de persistência interessante, as músicas de Natal. Sempre as mesmas, e ensinadas através das gerações, portam valores e representações que queremos legar às futuras gerações para que, como nós, continuem a espalhar a mensagem de amor, fraternidade e compartilhamento que circundam, tal constelação iluminada, a manjedoura onde nasceu Jesus.
Infelizmente toda essa simbologia vem sob a forma de músicas que bimbalham, e parece não ter sido incorporada ao cotidiano. Olha aí as que eu consigo lembrar:
- Noite Feliz
- Jingle Bells
- Anoiteceu
- Bom Natal
Algumas dessas cantigas foram "atualizadas" e aparecem até sob a forma de pagode.
sábado, 30 de novembro de 2013
Ilustração: violação do entorno de monumentos
Se havia algum questionamento sobre a importância de evitar barreiras à visibilidade dos monumentos, olha só o que a empresa Louis Vuitton cometeu na praça Vermelha em Moscou:
A mala gigante foi ou será retirada: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,louis-vuitton-e-expulsa-da-praca-vermelha-de-moscou,171278,0.htm porque ofendeu a visibilidade dos importantíssimos marcos históricos, no quesito visibilidade e ambiência, porque ofendeu o povo russo e o bom senso e, dizem, não obteve autorização do governo.
Esse exemplo vai direto para as aulas de Direito do Patrimônio Cultural.
A mala gigante foi ou será retirada: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,louis-vuitton-e-expulsa-da-praca-vermelha-de-moscou,171278,0.htm porque ofendeu a visibilidade dos importantíssimos marcos históricos, no quesito visibilidade e ambiência, porque ofendeu o povo russo e o bom senso e, dizem, não obteve autorização do governo.
Esse exemplo vai direto para as aulas de Direito do Patrimônio Cultural.
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Patrimônio material
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
Presépio (2)
O blog iniciou uma série de reflexões sobre os símbolos natalinos, considerando o período festivo que se aproxima, e com certo atraso em relação à Venezuela (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/11/natal-em-novembro.html).
Nossa reflexão partiu de uma reencenação importantíssima - o Presépio (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/11/presepio.html), e não podíamos deixar de indicar outras formas de representação além da tradicional.
Olha aí outra representação da cena do presépio (os quatro primeiros minutos), representada (?) ou explodida pelo grupo Monthy Phyton, no indizível filme "A vida de Brian": http://www.youtube.com/watch?v=JvGy6pHBQiw.
É uma ilustração das ressignificações, rememorações, com a persistência daqueles elementos já citados no primeiro post sobre presépios, apesar da representação peculiar.
Nossa reflexão partiu de uma reencenação importantíssima - o Presépio (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/11/presepio.html), e não podíamos deixar de indicar outras formas de representação além da tradicional.
Olha aí outra representação da cena do presépio (os quatro primeiros minutos), representada (?) ou explodida pelo grupo Monthy Phyton, no indizível filme "A vida de Brian": http://www.youtube.com/watch?v=JvGy6pHBQiw.
É uma ilustração das ressignificações, rememorações, com a persistência daqueles elementos já citados no primeiro post sobre presépios, apesar da representação peculiar.
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Presépio
Presépio em Português é sinônimo de estábulo. Mas para os cristãos, o presépio natalino é uma espécie de fotografia em três dimensões do nascimento de Cristo. É uma maneira de reencenar e relembrar esse importante natalício, ao qual estavam presentes:
O pai terreno - José
A mãe - Maria
O bebê - Jesus
Os três Reis Magos - Baltasar, Gaspar e Melchior, que trouxeram as oferendas sob forma de ouro, incenso e mirra.
A estrela de Belém, que guiou os magos pelo caminho e anunciou o nascimento de Cristo, que evidentemente viram e entenderam o sinal.
Animais variados, principalmente bois e vacas, ovelhas, galos.
Alguns presépios também trazem bandas de música, pastores.
Em relação a esses últimos, na região da Catalunha, é tradição incorporar pequenas figuras em cerâmica de camponeses defecando, como símbolo de fertilidade, que só o adubo pode ilustrar tão bem. Os tradicionais camponeses foram substituídas por figuras de celebridades que comemoram o Natal igualmente cagando: http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2013/11/papa-messi-dilma-e-neymar-viram-caganers-de-presepio-da-catalunha.html
Ou seja, em alguns presépios tem até gente cagando. Deve ser daí que vem a palavra presepada.
Não há uma representação de Deus - o Pai Celestial - na cena do nascimento de Cristo, mas evidentemente ele estava lá porque na cultura ocidental ele é onipresente.
Além dos personagens humanos, que são fundantes da identidade ocidental, um dos animais se destaca: a vaquinha de presépio. Essa figura passou à nossa memória coletiva como um símbolo negativo de conformismo, talvez por causa de sua condição de figurante da cena. Ser uma vaquinha de presépio significa aceitar tudo sem criticar.
Aqui na minha região (do Brasil) há a tradição de fazer uma encenação em frente ao presépio, que em determinada época passou a ser sinônimo de "Lapinha". O pastoril é uma dança, com cânticos específicos, que é executada em frente à cena do nascimento de Cristo. Como o presépio é considerado sagrado, e consequentemente os materiais que o integram, aqui é tradição de queimá-los no dia de Reis (6 de janeiro), em um ritual denominado "Queima da Lapinha".
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sábado, 23 de novembro de 2013
Memória do blog 2013
Dezembro, tempo de confraternização e de realizar o balanço do ano. Hora de parar para refletir sobre o que andamos fazendo no blog, que nasceu há três anos e meio pelo nosso desejo de discutir e refletir sobre o direito à memória coletiva e individual (dos vivos e dos mortos), tema que continua interessante e instigante para mim.
Nesse ano tivemos a oportunidade de discutir idéias, acompanhar fatos e divulgar trabalhos. Agradeço a todos que manifestaram suas opiniões, principalmente dra. Denise, e todos aqueles que têm interesse pelo blog e pelo tema "direito à memória".
Em números, nós tivemos 42.659 visualizações até a data de hoje, em diversos países (Brasil, França, Estados Unidos, Portugal, México, Rússia, Cingapura, Eslovênia, Alemanha, Angola, Itália, Reino Unido, Ucrânia). Nesse ano de 2013, pela primeira vez, a Malásia, a China e a Costa do Marfim marcaram presença.
Gostaria de conhecer todo o patrimônio cultural desses lugares, falar todas as línguas e verificar os mecanismos de transmissão da memória coletiva mas, infelizmente, a "Arte é longa e a vida é breve". Mas isso não nos deve impedir de sonhar e tentar, então vou precisar viajar muito, o que é ótimo.
A postagem que mais suscitou interesse até hoje foi "31 de Outubro - Halloween, Raloim, Dia do Saci e Memória Coletiva" http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/31-de-outubro-halloween-raloim-dia-do.html, no qual discutimos a pertinência ou impertinência da tradução da primeira festividade para o comemograma nacional. Atribuo o grande número de visualizações a um milagre dos santos Cosme e Damião.
Em seguida vêm as postagens que tratam de xingamentos antigos, sempre buscados na Internet.
Gostei da experiência do blog e de poder compartilhar idéias com pessoas em tantos lugares diferentes. No ano de 2014 vou continuar por aqui, e desejo a todos um ano novo maravilhoso, para ficar na memória!
Costumes brasileiros esquisitos
Sim, as esquisitices são uma parte muito especial da identidade cultural de um povo, e ajudam a evidenciar o seu específico modo de viver, fazer e sentir.
Comecei a lembrar dos costumes brasileiros que, apesar do meu conforto nessa nossa cultura, ainda me causam estranheza. Se são estranhos para mim, que sou brasileira há tanto tempo, imagine para quem é novo nesse esporte ou é estrangeiro.
Esse post inicia uma coletânea das nossas esquisitices que consegui lembrar, e aceitamos contribuições. Escolhi um hábito particular da da minha cidade, com o qual não consigo me adaptar:
Bom dia! Utilizado do raiar do sol ao meio dia em ponto.
Boa tarde! Utilizado de 12:01 até às 18 horas (quando o sol precipitadamente se esconde).
Boa Noite! Utilizado das 18:01 até o raiar do dia seguinte.
Você será imediatamente corrigido se cumprimentar errado. Aqui as pessoas literalmente olham o relógio para cumprimentar os outros, e o corrigem (ai de você!) caso não observe os horários de cumprimento.
Olha o que aconteceu comigo ontem. Era mais ou menos 12:15, entrei no elevador e disse:
- Bom dia!
- O rapaz olhou no relógio e disse: Bom dia, não, boa tarde.
E isso acontece diariamente comigo porque não uso relógio de pulso (espécie de grilhão pequeno burguês que impõe uma temporalidade falsamente homogênea, na minha visão).
Será que é realmente tão importante assim observar esses marcos para cumprimentos? Será que a nossa pontualidade se reduz aos cumprimentos? Sim, porque a mesma pessoa que o corrige vai atrasar para seus compromissos (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html).
Quem dera esse mesmo vigor justiceiro quanto aos horários fosse aplicado em outras ocasiões sociais.
E aí? Quais outros costumes brasileiros são peculiares?
Comecei a lembrar dos costumes brasileiros que, apesar do meu conforto nessa nossa cultura, ainda me causam estranheza. Se são estranhos para mim, que sou brasileira há tanto tempo, imagine para quem é novo nesse esporte ou é estrangeiro.
Esse post inicia uma coletânea das nossas esquisitices que consegui lembrar, e aceitamos contribuições. Escolhi um hábito particular da da minha cidade, com o qual não consigo me adaptar:
Bom dia! Utilizado do raiar do sol ao meio dia em ponto.
Boa tarde! Utilizado de 12:01 até às 18 horas (quando o sol precipitadamente se esconde).
Boa Noite! Utilizado das 18:01 até o raiar do dia seguinte.
Você será imediatamente corrigido se cumprimentar errado. Aqui as pessoas literalmente olham o relógio para cumprimentar os outros, e o corrigem (ai de você!) caso não observe os horários de cumprimento.
Olha o que aconteceu comigo ontem. Era mais ou menos 12:15, entrei no elevador e disse:
- Bom dia!
- O rapaz olhou no relógio e disse: Bom dia, não, boa tarde.
E isso acontece diariamente comigo porque não uso relógio de pulso (espécie de grilhão pequeno burguês que impõe uma temporalidade falsamente homogênea, na minha visão).
Será que é realmente tão importante assim observar esses marcos para cumprimentos? Será que a nossa pontualidade se reduz aos cumprimentos? Sim, porque a mesma pessoa que o corrige vai atrasar para seus compromissos (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/01/conhece-te-ti-mesmo-brasil-2.html).
Quem dera esse mesmo vigor justiceiro quanto aos horários fosse aplicado em outras ocasiões sociais.
E aí? Quais outros costumes brasileiros são peculiares?
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sexta-feira, 22 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Lápides digitais
No post http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/06/direito-memoria-dos-mortos-lapides.html, destacamos a importância das lápides para a memória dos mortos, pois além de indicarem o local do sepultamento e nome do indivíduo, e as datas de nascimento e morte, às vezes trazem fotos, poemas, e também elementos artísticos (esculturas, mosaicos) que contam uma história.
Além de tudo isso, agora as lápides podem contar com um código de barras, que remete a uma página na internet, onde podem ser vistas informações sobre o falecido, confira: http://video.br.msn.com/watch/video/os-tumulos-digitais/kpakw0el?from=.
domingo, 17 de novembro de 2013
Diálogo Surreal (2)
- (...) porque o Direito tem que ser mais acessível a todas as pessoas, e acredito que seria importante abolir o latinismo das petições...
- Eu: Com licença, vou discordar. Concordo que o Direito tem que ser mais acessível a todos os brasileiros, e para tanto, deveria haver um programa de educação normativa do cidadão. O brasileiro precisa conhecer as leis que deve cumprir. Mas para isso não precisamos sacrificar a tradição de usar expressões latinas, porque isso constitui o jargão técnico dos juristas.
- Data venia, Fabiana, o Latim que você defende é mal utilizado. Seria muito mais inteligível para as pessoas traduzir as expressões e brocardos jurídicos.
- Eu: E não podemos usar os dois? A expressão latina acompanhada de uma tradução?Quod abundat non nocet.
- Às vezes prejudica, se a pessoa usar errado. E como se usa errado!
- Eu: É verdade. Mas não seria o caso de voltar a ensinar Latim nas Faculdades de Direito? Aprendendo mais, tenderíamos a errar menos na aplicação, não é? In eo quod plus est semper inest et minus.
Na verdade, o Latim que os operadores do Direito usam são expressões (brocardos) que condensam idéias, e não chegam a comprometer a compreensão dos textos.
Às vezes o que contribui para torná-los ininteligíveis são as palavras em Português pouco conhecidas das pessoas e também os aspectos mais técnicos, por exemplo, de Direito Processual. Não é necessariamente o Latim que atrapalha.
- Por exemplo?
- Eu: proxeneta, alugueres, alhures, indigitado, rufião, chicana, procrastinatório, jaez, pérfido, indigitado, perscrutar,lhaneza...
- Eu: Com licença, vou discordar. Concordo que o Direito tem que ser mais acessível a todos os brasileiros, e para tanto, deveria haver um programa de educação normativa do cidadão. O brasileiro precisa conhecer as leis que deve cumprir. Mas para isso não precisamos sacrificar a tradição de usar expressões latinas, porque isso constitui o jargão técnico dos juristas.
- Data venia, Fabiana, o Latim que você defende é mal utilizado. Seria muito mais inteligível para as pessoas traduzir as expressões e brocardos jurídicos.
- Eu: E não podemos usar os dois? A expressão latina acompanhada de uma tradução?Quod abundat non nocet.
- Às vezes prejudica, se a pessoa usar errado. E como se usa errado!
- Eu: É verdade. Mas não seria o caso de voltar a ensinar Latim nas Faculdades de Direito? Aprendendo mais, tenderíamos a errar menos na aplicação, não é? In eo quod plus est semper inest et minus.
Na verdade, o Latim que os operadores do Direito usam são expressões (brocardos) que condensam idéias, e não chegam a comprometer a compreensão dos textos.
Às vezes o que contribui para torná-los ininteligíveis são as palavras em Português pouco conhecidas das pessoas e também os aspectos mais técnicos, por exemplo, de Direito Processual. Não é necessariamente o Latim que atrapalha.
- Por exemplo?
- Eu: proxeneta, alugueres, alhures, indigitado, rufião, chicana, procrastinatório, jaez, pérfido, indigitado, perscrutar,lhaneza...
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quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Modos de ser e viver tradicionais
A memória coletiva abrange os bens culturais materiais e imateriais e, dentre esses últimos, os modos de ser e viver e as formas de expressão são importantíssimas formas de manifestação identitária.
A manutenção dos recursos culturais em sua diversidade permite à Humanidade encontrar alternativas de desenvolvimento. E diariamente indivíduos e culturas nascem e morrem, e com eles todo um acervo de memórias individuais e coletivas.
Com o título de "Before they pass away", o fotógrafo Jimmy Nelson retratou lindamente modos de ser e viver considerados em risco de extinção: http://www.beforethey.com/
Vale a pena ver como a Humanidade é diversa e interessante nessas belíssimas fotos. Se, efetivamente esses modos de vida tradicional desaparecerem, e esse parece ser o seu fado, todos ficaremos mais pobres.
A manutenção dos recursos culturais em sua diversidade permite à Humanidade encontrar alternativas de desenvolvimento. E diariamente indivíduos e culturas nascem e morrem, e com eles todo um acervo de memórias individuais e coletivas.
Com o título de "Before they pass away", o fotógrafo Jimmy Nelson retratou lindamente modos de ser e viver considerados em risco de extinção: http://www.beforethey.com/
Vale a pena ver como a Humanidade é diversa e interessante nessas belíssimas fotos. Se, efetivamente esses modos de vida tradicional desaparecerem, e esse parece ser o seu fado, todos ficaremos mais pobres.
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terça-feira, 12 de novembro de 2013
Jogos dos Povos Indígenas
Estão em sua 12ª versão no ano de 2013: http://www.brasil.gov.br/esporte/2013/10/cuiaba-recebe-os-jogos-dos-povos-indigenas-2013.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Produtos centenários
Sim, às vezes a antiguidade é elemento de marketing e legitima o produto. Invocar a permanência como indicador da qualidade, já que o produto resistiu ao teste do tempo, é uma forma de transformar a passagem do tempo em certificação.
Ou seja, quanto mais tempo estiver no mercado, melhor o produto. A falácia é evidente, mas não é por isso que vou deixar de cair na armadilha. Como diria Wilde, resisto tudo, menos a uma tentação.
Eu realmente me sinto tentada a provar esses produtos centenários. Um exemplo? Vejam no rótulo da cerveja Stella Artois, a data mágica de 1366. Gente, eu nem bebo cerveja, mas se vem do século XIV, é para lá que eu vou. E a Heineken? Século XIX? Vou beber, com moderação.
Mas não vale invocar o poder da tradição se é novinho, como tentou uma cerveja brasileira. Não vale.
Essas coisas boas que são feitas pela mesma família há gerações são obrigatórias para mim. Compotas e bolos, quanto mais velha a receita, melhor. E se vier acompanhado da frase "era assim que a minha bisavó fazia", vou gostar em homenagem a ela, mesmo que não seja do meu agrado.
Quando chego em um lugar diferente pergunto logo onde é o restaurante mais antigo, a sorveteria, loja, farmácia, mercado tradicionais. Procuro pelas peças de resistência do local, e é sempre uma grata experiência.
Se eu posso ser enganada pelo falso discurso da continuidade? É possível, mas nesse caso o tempo está ao nosso favor.
Ou seja, quanto mais tempo estiver no mercado, melhor o produto. A falácia é evidente, mas não é por isso que vou deixar de cair na armadilha. Como diria Wilde, resisto tudo, menos a uma tentação.
Eu realmente me sinto tentada a provar esses produtos centenários. Um exemplo? Vejam no rótulo da cerveja Stella Artois, a data mágica de 1366. Gente, eu nem bebo cerveja, mas se vem do século XIV, é para lá que eu vou. E a Heineken? Século XIX? Vou beber, com moderação.
Mas não vale invocar o poder da tradição se é novinho, como tentou uma cerveja brasileira. Não vale.
Essas coisas boas que são feitas pela mesma família há gerações são obrigatórias para mim. Compotas e bolos, quanto mais velha a receita, melhor. E se vier acompanhado da frase "era assim que a minha bisavó fazia", vou gostar em homenagem a ela, mesmo que não seja do meu agrado.
Quando chego em um lugar diferente pergunto logo onde é o restaurante mais antigo, a sorveteria, loja, farmácia, mercado tradicionais. Procuro pelas peças de resistência do local, e é sempre uma grata experiência.
Se eu posso ser enganada pelo falso discurso da continuidade? É possível, mas nesse caso o tempo está ao nosso favor.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Natal em novembro?
Fui surpreendida por uma notícia de que o Presidente Maduro, da Venezuela, por decreto, havia antecipado o natal: http://www.publico.pt/mundo/noticia/maduro-decreta-que-o-natal-na-venezuela-e-em-novembro-1611390.
A idéia, parece, era aproveitar o espírito natalino e a atmosfera de confraternização para pacificar a população, que enfrenta uma inflação galopante e situação geral de desabastecimento, coisa que nós brasileiros lembramos bem, ou pelo menos devíamos lembrar (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/05/memoria-brasileira-inflacao.html).
Procurei o referido decreto no sítio do governo venezuelano e não encontrei.
E antes de pensar que se trata de um absurdo, é importante dizer que na Venezula el ciclo navidadeño começa em novembro: http://gobiernoenlinea.gob.ve/home/arteG_detalle.dot. Então, talvez, o presidente só esteja saudando o início do ciclo natalino, que aparentemente se estende até fevereiro, como se dirigisse um pedido de trégua ao universo.
Ou, quem sabe, a lembrança dos seus belos natais o emociona vivamente.
Na dúvida, deixo meus votos de Feliz Natal a todo estimado povo venezuelano.
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quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Casa de Steve Jobs reconhecida como monumento histórico
Notícia interessante: http://br.noticias.yahoo.com/casa-onde-steve-jobs-cresceu-142500429.html.
Para a região onde ele nasceu e viveu, Steve Jobs realmente causou impactos, especialmente econômicos, além de ser um personagem importante por sua biografia e invenções.
Patrimonializar a casa onde ele nasceu e viveu, e criou os primeiros computadores, é uma forma de demonstrar quais os aspectos de sua vida são mais relevantes para aquela comunidade.
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terça-feira, 5 de novembro de 2013
Quadros confiscados pelos nazistas são encontrados
Notícia interessante: http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/encontrados-em-munique-quadros-de-grandes-mestres-levados-por-nazistas,b9da19bf69b12410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html
Todo mundo sabe o grande apreço dos nazistas pelas obras de arte alheias, e como fizeram fortunas pessoais confiscando, digo, roubando o patrimônio dos deportados.
Sobre o roubo e devolução de obras de arte na época da Segunda Guerra Mundial, é interessante buscar informações sobre "monument men" (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/05/monument-men.html).
Todo mundo sabe o grande apreço dos nazistas pelas obras de arte alheias, e como fizeram fortunas pessoais confiscando, digo, roubando o patrimônio dos deportados.
Sobre o roubo e devolução de obras de arte na época da Segunda Guerra Mundial, é interessante buscar informações sobre "monument men" (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/05/monument-men.html).
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segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Odin e a memória
A relação entre memória e divindade evidencia a sua importância para a sociedade. Em posts anteriores buscamos refletir um pouco sobre o assunto, especialmente tratando sobre Mnemosyne (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/deusa-memoria.html) e Hermes (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/hermes-e-memoria.html).
Ontem fiquei pensando em outras relações mitológicas com a memória, por exemplo, Tezcatlipoca (que eu ainda preciso estudar), Nanã, e lembrei de Odin, esse deus tão interessante da mitologia nórdica, que era cego de um dos olhos e andava acompanhado de dois corvos Hugin (Pensamento) e Munin (Memória).
Os corvos de Odin eram enviados para observar os mundos e trazer de volta informações. Observem que interessante, o conhecimento do deus era obtido quando o pensamento e a memória saíam para ver os mundos e reportavam suas impressões.
Acredito que a metáfora é apropriada, embora se afirme que originalmente os corvos não representavam o pensamento e a memória. Mas parece tão certo: a memória sem o pensamento não pode voar, e o pensamento sem ela não pode reter as impressões. Certamente é por isso que ele precisa de dois corvos, e não de um só.
Odin é o criador, reconhecido por ser sábio. Ele preside os banquetes do Valhalla, lugar para onde vão os espíritos dos guerreiros falecidos que merecem, um paraíso em que há fartura de carne e batalhas diárias. Cada povo coloca em sua idéia de paraíso aquilo que parece mais precioso: para um viking seria a honra, a comida e continuar lutando.
E falando em vikings, lembrei dos belos barcos-dragão: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/o-drakkar.html.
Ontem fiquei pensando em outras relações mitológicas com a memória, por exemplo, Tezcatlipoca (que eu ainda preciso estudar), Nanã, e lembrei de Odin, esse deus tão interessante da mitologia nórdica, que era cego de um dos olhos e andava acompanhado de dois corvos Hugin (Pensamento) e Munin (Memória).
Os corvos de Odin eram enviados para observar os mundos e trazer de volta informações. Observem que interessante, o conhecimento do deus era obtido quando o pensamento e a memória saíam para ver os mundos e reportavam suas impressões.
Acredito que a metáfora é apropriada, embora se afirme que originalmente os corvos não representavam o pensamento e a memória. Mas parece tão certo: a memória sem o pensamento não pode voar, e o pensamento sem ela não pode reter as impressões. Certamente é por isso que ele precisa de dois corvos, e não de um só.
Odin é o criador, reconhecido por ser sábio. Ele preside os banquetes do Valhalla, lugar para onde vão os espíritos dos guerreiros falecidos que merecem, um paraíso em que há fartura de carne e batalhas diárias. Cada povo coloca em sua idéia de paraíso aquilo que parece mais precioso: para um viking seria a honra, a comida e continuar lutando.
E falando em vikings, lembrei dos belos barcos-dragão: http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/o-drakkar.html.
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
Aula de piano
Imortalidade é isso. O sujeito escreveu essa música há quase trezentos anos e eu, aqui, tocando as mesmas notas que ele sonhou no passado... Provavelmente o som não era esse, porque o instrumento mudou muito, e também porque ele tocava em uma igreja, a acústica devia ser melhor do que a dessa sala mas...
- Fabiana, preste atenção, você está tocando errado. Toque de novo, do começo, e sem distrações.
Certo, sem distrações. Ré, sol, lá, si, dó, Ré, eu gosto dessa música. Sol, sol, devia ser interessante esse Bach. Acho legal aquela peruca que ele usava, mas devia ser difícil tocar com aquelas roupas. Hehehehe, Gosto muito dessa música, ops, era dó.
- Fabiana, pare rir e preste atenção.
- Desculpe, vou recomeçar, professora.
BOW-BOW-BOW. Começou a aula na sala do lado. Alguém tocava um instrumento que parecia um arroto. Hehehehe, pelo menos eu não estou arrotando, hehehehe.
E assim eram as minhas tardes de sexta-feira, nas aulas de piano das quais eu gostava por causa da minha professora, e sua infinita paciência. E que talento! Tudo que aquela senhora tocava ficava lindo, nem dava para acreditar que era a mesma música que eu estava forçando para fora do teclado.
Dessas tardes mágicas, ficaram a saudade da minha professora, o gosto pela música em geral (mesmo que não as execute, e talvez por isso), uma certa disciplina para os estudos e bastante agilidade para digitar, o que acabou sendo muito útil.
A verdade é que a minha imaginação voava, mas não tanto quanto a do meu irmão Robinson:
- Fabiana, preste atenção, você está tocando errado. Toque de novo, do começo, e sem distrações.
Certo, sem distrações. Ré, sol, lá, si, dó, Ré, eu gosto dessa música. Sol, sol, devia ser interessante esse Bach. Acho legal aquela peruca que ele usava, mas devia ser difícil tocar com aquelas roupas. Hehehehe, Gosto muito dessa música, ops, era dó.
- Fabiana, pare rir e preste atenção.
- Desculpe, vou recomeçar, professora.
BOW-BOW-BOW. Começou a aula na sala do lado. Alguém tocava um instrumento que parecia um arroto. Hehehehe, pelo menos eu não estou arrotando, hehehehe.
E assim eram as minhas tardes de sexta-feira, nas aulas de piano das quais eu gostava por causa da minha professora, e sua infinita paciência. E que talento! Tudo que aquela senhora tocava ficava lindo, nem dava para acreditar que era a mesma música que eu estava forçando para fora do teclado.
Dessas tardes mágicas, ficaram a saudade da minha professora, o gosto pela música em geral (mesmo que não as execute, e talvez por isso), uma certa disciplina para os estudos e bastante agilidade para digitar, o que acabou sendo muito útil.
A verdade é que a minha imaginação voava, mas não tanto quanto a do meu irmão Robinson:
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
O primeiro filme no cinema a gente nunca esquece
O primeiro filme que eu assisti no cinema foi uma experiência inesquecível. Fui com meus pais e meus irmãos e lembro bem de todos os detalhes.
O escuro repentino.
A emoção de ver as luzes decorativas que se acendiam ao lado da telona. Para a minha sorte, a primeira sessão foi em um cinema antigo da minha cidade, que ainda existe e escapou de ser demolido porque a população o ama, e hoje encontra-se tombado. É tão requintado, cheio de mármores, painéis de artistas famosos e ricamente decorado, lembranças de um tempo em que as pessoas se embonecavam para ir assistir os filmes.
O filme foi Bernardo e Bianca (The Rescuers, 1977): http://www.youtube.com/watch?v=iHKfuMgpSfg. Eu lembro que adorei. Jovem e tola, nem imaginava que no futuro haveria controvérsias sobre mensagens subliminares.
Por causa dessa experiência, fiz questão de estar presente às primeiras sessões de cinema dos meus sobrinhos: Transformers, que um deles não gostou e pediu para sair no meio do filme; e Alvim e os Esquilos, que eu tentei sair mas eles não deixaram.
Para finalizar esse post, vale a pena ver o primeiro filme exibido no cinema: "A saída dos operários da fábrica" de Lumière:
O escuro repentino.
A emoção de ver as luzes decorativas que se acendiam ao lado da telona. Para a minha sorte, a primeira sessão foi em um cinema antigo da minha cidade, que ainda existe e escapou de ser demolido porque a população o ama, e hoje encontra-se tombado. É tão requintado, cheio de mármores, painéis de artistas famosos e ricamente decorado, lembranças de um tempo em que as pessoas se embonecavam para ir assistir os filmes.
O filme foi Bernardo e Bianca (The Rescuers, 1977): http://www.youtube.com/watch?v=iHKfuMgpSfg. Eu lembro que adorei. Jovem e tola, nem imaginava que no futuro haveria controvérsias sobre mensagens subliminares.
Por causa dessa experiência, fiz questão de estar presente às primeiras sessões de cinema dos meus sobrinhos: Transformers, que um deles não gostou e pediu para sair no meio do filme; e Alvim e os Esquilos, que eu tentei sair mas eles não deixaram.
Para finalizar esse post, vale a pena ver o primeiro filme exibido no cinema: "A saída dos operários da fábrica" de Lumière:
domingo, 27 de outubro de 2013
Cintura de Vespa
Eu adoro ver quadros e fotografias antigas para ver como as pessoas se vestiam no passado. Antigos vestidos, sapatos, bolsas, jóias, coletes, pelerines. Os homens pareciam tão distintos antigamente, com seus trajes completos.
Eu presto atenção em tudo isso e não é porque sou mulherzinha, não. Se tem uma coisa que ilustra os modos de viver são as roupas que as pessoas usam, e nós podemos aprender muito sobre a dinâmica cultural de uma sociedade observando as mudanças nos padrões de vestuário.
Além de ilustrar bem a passagem do tempo e a alteração dos padrões de representação, a moda ainda promove periodicamente resgates. Sempre há um retrô e um vintage, como se a moda tivesse uma necessidade autofágica de retroalimentação, talvez porque a indústria exija alterações sazonais dos produtos de consumo.
Quem tentar acompanhar rigorosamente os passos da moda acabará se perdendo em um labirinto sem volta. Em uma estação, você deve ter cabelos longos e usar saias curtas. Na estação seguinte, cabelos curtos e saias longas. A cada três meses, uma nova cor se torna imprescindível, e pulamos de estação em estação, através das ditaduras do amarelo, do vermelho, fúcsia, mimetizando referências culturais e transformando-os em "estilos": oriental, étnico. Fingindo utilizar peles de animais, que antigamente eram símbolos de conquistas, ritos de passagem e uma necessidade de sobrevivência. Tudo transformado em animal print, só aparência sem sentido, com materiais que imitam.
Hoje é dia da aula de corte e costura, que comecei a ter com a minha mãe com a dupla finalidade: manter um saber tradicional e honrar Hípias de Elis (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/lembrar-hipias-de-elis.html). E como uma coisa leva à outra, fiquei tentando lembrar o que me impressionava nos padrões do vestuário feminino do passado e nada, nada, supera a cintura de vespa.
Eu acho impressionante como aquelas moças do passado tinham uma cintura tão fina. Sim, havia ajuda mecânica, os espartilhos que apertavam tudo até estabelecer a ordem mundial. E essa moda perdura até hoje, a diferença que as moças prescindem de ajuda externa e querem alcançar a cintura de vespa simplesmente parando de comer, ou fazendo essas dietas malucas que também entraram na moda (http://thefashionobserver.wordpress.com/tag/nossas-tetravos-e-a-cintura-de-vespa/).
Eu nunca tive uma cintura tão fina, nem quando era bebê. Ou talvez a minha cintura seja de uma daquelas vespas sedentárias. Sim, porque devem existir vespas de todo tamanho, e consequentemente todo tipo de cinturas, não é?
Enfim, embora os espartilhos tenham sido abolidos do vestuário, e agora só utilizados por quem quer ser exótico, na verdade a reminiscência do padrão cintura de vespa ainda existe entre nós. De onde veio esse culto ocidental à magreza feminina, que persiste através dos séculos? Essa visão estética está tão enraizada que parece certa ou verdadeira, mas de fato, já houve um tempo em que a rechonchudez (?) feminina era bela. Interessante mesmo é saber porque esses padrões mudam e porque persistem, e não segui-los tolamente.
Eu presto atenção em tudo isso e não é porque sou mulherzinha, não. Se tem uma coisa que ilustra os modos de viver são as roupas que as pessoas usam, e nós podemos aprender muito sobre a dinâmica cultural de uma sociedade observando as mudanças nos padrões de vestuário.
Além de ilustrar bem a passagem do tempo e a alteração dos padrões de representação, a moda ainda promove periodicamente resgates. Sempre há um retrô e um vintage, como se a moda tivesse uma necessidade autofágica de retroalimentação, talvez porque a indústria exija alterações sazonais dos produtos de consumo.
Quem tentar acompanhar rigorosamente os passos da moda acabará se perdendo em um labirinto sem volta. Em uma estação, você deve ter cabelos longos e usar saias curtas. Na estação seguinte, cabelos curtos e saias longas. A cada três meses, uma nova cor se torna imprescindível, e pulamos de estação em estação, através das ditaduras do amarelo, do vermelho, fúcsia, mimetizando referências culturais e transformando-os em "estilos": oriental, étnico. Fingindo utilizar peles de animais, que antigamente eram símbolos de conquistas, ritos de passagem e uma necessidade de sobrevivência. Tudo transformado em animal print, só aparência sem sentido, com materiais que imitam.
Hoje é dia da aula de corte e costura, que comecei a ter com a minha mãe com a dupla finalidade: manter um saber tradicional e honrar Hípias de Elis (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/lembrar-hipias-de-elis.html). E como uma coisa leva à outra, fiquei tentando lembrar o que me impressionava nos padrões do vestuário feminino do passado e nada, nada, supera a cintura de vespa.
Eu acho impressionante como aquelas moças do passado tinham uma cintura tão fina. Sim, havia ajuda mecânica, os espartilhos que apertavam tudo até estabelecer a ordem mundial. E essa moda perdura até hoje, a diferença que as moças prescindem de ajuda externa e querem alcançar a cintura de vespa simplesmente parando de comer, ou fazendo essas dietas malucas que também entraram na moda (http://thefashionobserver.wordpress.com/tag/nossas-tetravos-e-a-cintura-de-vespa/).
Eu nunca tive uma cintura tão fina, nem quando era bebê. Ou talvez a minha cintura seja de uma daquelas vespas sedentárias. Sim, porque devem existir vespas de todo tamanho, e consequentemente todo tipo de cinturas, não é?
Enfim, embora os espartilhos tenham sido abolidos do vestuário, e agora só utilizados por quem quer ser exótico, na verdade a reminiscência do padrão cintura de vespa ainda existe entre nós. De onde veio esse culto ocidental à magreza feminina, que persiste através dos séculos? Essa visão estética está tão enraizada que parece certa ou verdadeira, mas de fato, já houve um tempo em que a rechonchudez (?) feminina era bela. Interessante mesmo é saber porque esses padrões mudam e porque persistem, e não segui-los tolamente.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Lembrar Mata Hari
Nesses tempos de espionagem generalizada, não há como deixar de lembrar Mata Hari. Personagem interessantíssima, essa mulher chamada Marguerite, holandesa por nascimento e internacional por vocação, pareceu condensar e simbolizar todo o charme, intriga e glamour dos espiões.
Ela é tão intrigante que até hoje não consegui decidir se era inocente ou culpada, espiã ou não, vítima ou uma aventureira, despudorada e absolutamente linda. Algumas das fotografias de Mata Hari ainda hoje causariam escândalo, imaginem naquela época. E algumas estratégias de promoção e sedução que ela utilizava ainda são largamente utilizadas pelas artistas (semana passada, vi uma pretendente a Mata Hari tentando ser sexy, e sem conseguir).
Acredito que boa parte do que se conta (que ela contava e contaram sobre ela) era ficção. Invencionices para contribuir com a criação do mito e lotar espetáculos. Mas se os boatos não eram verdadeiros, alguns governos pareceram acreditar, e ela acabou sendo fuzilada, em outubro de 1917. Faleceu aos 41 anos.
Para conhecer um pouco sobre ela, cf. http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/mata_hari.html
Biografia tão intensa, que gerou filmes, livros e seguidores. É claro que não poderia falar de Mata Hari sem falar da bailarina brasileira "Luz del Fuego" (http://www.youtube.com/watch?v=jXCrLQEJDEQ), que para mim também é muito fascinante. O paralelo é evidente: duas bailarinas "exóticas", símbolos de tudo que as mulheres da época não podiam ser, e que morreram assassinadas. Mata Hari viveu um circo e Luz del Fuego fugiu com o circo, isso é algo a ser respeitado.
Na minha memória as duas estão intimamente associadas, e não é por qualquer lição moral de que moças não devem brincar com fuego.
Ela é tão intrigante que até hoje não consegui decidir se era inocente ou culpada, espiã ou não, vítima ou uma aventureira, despudorada e absolutamente linda. Algumas das fotografias de Mata Hari ainda hoje causariam escândalo, imaginem naquela época. E algumas estratégias de promoção e sedução que ela utilizava ainda são largamente utilizadas pelas artistas (semana passada, vi uma pretendente a Mata Hari tentando ser sexy, e sem conseguir).
Acredito que boa parte do que se conta (que ela contava e contaram sobre ela) era ficção. Invencionices para contribuir com a criação do mito e lotar espetáculos. Mas se os boatos não eram verdadeiros, alguns governos pareceram acreditar, e ela acabou sendo fuzilada, em outubro de 1917. Faleceu aos 41 anos.
Para conhecer um pouco sobre ela, cf. http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/mata_hari.html
Biografia tão intensa, que gerou filmes, livros e seguidores. É claro que não poderia falar de Mata Hari sem falar da bailarina brasileira "Luz del Fuego" (http://www.youtube.com/watch?v=jXCrLQEJDEQ), que para mim também é muito fascinante. O paralelo é evidente: duas bailarinas "exóticas", símbolos de tudo que as mulheres da época não podiam ser, e que morreram assassinadas. Mata Hari viveu um circo e Luz del Fuego fugiu com o circo, isso é algo a ser respeitado.
Na minha memória as duas estão intimamente associadas, e não é por qualquer lição moral de que moças não devem brincar com fuego.
sábado, 19 de outubro de 2013
Vinicius de Moraes - 100 anos do nascimento
Hoje, dia 19 de outubro, deparei-me com diversas homenagens ao grande poeta e diplomata Vinicius de Moraes que, se vivo fosse, comemoraria 100 anos.
Não entendo como se pode comemorar um "se", "se fosse vivo". Mas não estou aqui para discutir, estou aqui para lembrar dele. Aproveitei o sábado e, em sua homenagem, fiz o que ele faria: dedico-me à malemolência poética.
Nada de processos hoje, vou vadiar em homenagem a Vinicius de Moraes, porque o prazo da vida também é curto.
Comecei lendo os meus poemas preferidos: o Soneto da fidelidade (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/soneto-de-fidelidade), o Soneto da separação (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/soneto-de-separacao), e a "Espantosa ode a São Francisco de Assis" (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/espantosa-ode-sao-francisco-de-assis). Em relação ao último, sempre tive a sensação de que o poeta não estava rezando de verdade, ele estava era querendo trazer São Francisco para sua roda de conversa boêmia.
Essa parece ser a nota característica do poeta, ser mundano. E o mundo que ele nos mostrou em suas músicas e poemas era tão interessante, e embriagado pelas sensações...
Para conhecer algumas famosas músicas que compôs, sozinho ou em parceria, recomendo ver http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/2013-10-17/10-musicas-para-entender-vinicius-de-moraes-vote-na-sua-preferida.html.
Para finalizar essa lembrança, duas observações:
a) "Não fosse eu" uma defensora dos direitos autorais, pegaria todos os poemas de amor dele e faria pequenos ajustes. Trocaria todas as referências à mulher pela palavra "homem". Depois diria que eram poemas meus, baseados ou inspirados na obra dele.
b) Não me identifico com a mulher idealizada por Vinicius de Moraes. São todas tão suaves, harmoniosas e delicadas, preparadas pela natureza para o amor. Se isso não for mais um estratagema de poeta, só posso pensar que os especimens que cruzaram a vida dele eram especiais, porque daqui onde eu estou, as mulheres não são nada doces.
Não entendo como se pode comemorar um "se", "se fosse vivo". Mas não estou aqui para discutir, estou aqui para lembrar dele. Aproveitei o sábado e, em sua homenagem, fiz o que ele faria: dedico-me à malemolência poética.
Nada de processos hoje, vou vadiar em homenagem a Vinicius de Moraes, porque o prazo da vida também é curto.
Comecei lendo os meus poemas preferidos: o Soneto da fidelidade (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/soneto-de-fidelidade), o Soneto da separação (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/soneto-de-separacao), e a "Espantosa ode a São Francisco de Assis" (http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/espantosa-ode-sao-francisco-de-assis). Em relação ao último, sempre tive a sensação de que o poeta não estava rezando de verdade, ele estava era querendo trazer São Francisco para sua roda de conversa boêmia.
Essa parece ser a nota característica do poeta, ser mundano. E o mundo que ele nos mostrou em suas músicas e poemas era tão interessante, e embriagado pelas sensações...
Para conhecer algumas famosas músicas que compôs, sozinho ou em parceria, recomendo ver http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/2013-10-17/10-musicas-para-entender-vinicius-de-moraes-vote-na-sua-preferida.html.
Para finalizar essa lembrança, duas observações:
a) "Não fosse eu" uma defensora dos direitos autorais, pegaria todos os poemas de amor dele e faria pequenos ajustes. Trocaria todas as referências à mulher pela palavra "homem". Depois diria que eram poemas meus, baseados ou inspirados na obra dele.
b) Não me identifico com a mulher idealizada por Vinicius de Moraes. São todas tão suaves, harmoniosas e delicadas, preparadas pela natureza para o amor. Se isso não for mais um estratagema de poeta, só posso pensar que os especimens que cruzaram a vida dele eram especiais, porque daqui onde eu estou, as mulheres não são nada doces.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Músicas e lembranças
A memória já foi comparada a uma tábua de cera, onde ficam marcadas impressões. As informações percebidas através dos sentidos formam o conteúdo das nossas lembranças que, quanto mais marcantes, mais marcadas ficam. Já tivemos a oportunidade de refletir um pouco sobre imagens (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/esqueca-se-puder-1.html), sabores (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/01/esqueca-se-puder-2.html, http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html) e odores marcantes.
Mas talvez nada seja mais evocativo do que uma música. Há algumas que me fazem lembrar momentos e pessoas, e quando isso acontece, sou literalmente transportada.
Por exemplo: Sozinho, cantada por Caetano Veloso (http://www.youtube.com/watch?v=uvMIf_lbrZU).
Ou Cesária Évora (http://www.youtube.com/watch?v=l0l7YTakFCc), época em que me mudei da casa dos meus pais. Bons e difíceis tempos, de aprendizado, em que vivi abaixo da linha da razoabilidade (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/palentologia-imaginaria-4.html).
E há lugares que me lembram canções:
Sim, eu fiz isso. Não só tirei a foto da placa do cruzamento da Avenida Ipiranga e São João, como me abracei a ela e cantei Sampa (http://www.youtube.com/watch?v=d4RhNvjk4YI) de olhos fechados.
Ao ouvir determinadas músicas, lembro da época em que estudava piano, da minha querida professora e das doces tardes do Conservatório.
É claro que nem sempre são lembranças felizes, mas cantarolar é sempre uma maneira boa de lembrar e, dizem, que até os males espanta.
Mas talvez nada seja mais evocativo do que uma música. Há algumas que me fazem lembrar momentos e pessoas, e quando isso acontece, sou literalmente transportada.
Por exemplo: Sozinho, cantada por Caetano Veloso (http://www.youtube.com/watch?v=uvMIf_lbrZU).
Ou Cesária Évora (http://www.youtube.com/watch?v=l0l7YTakFCc), época em que me mudei da casa dos meus pais. Bons e difíceis tempos, de aprendizado, em que vivi abaixo da linha da razoabilidade (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/palentologia-imaginaria-4.html).
E há lugares que me lembram canções:
Sim, eu fiz isso. Não só tirei a foto da placa do cruzamento da Avenida Ipiranga e São João, como me abracei a ela e cantei Sampa (http://www.youtube.com/watch?v=d4RhNvjk4YI) de olhos fechados.
Ao ouvir determinadas músicas, lembro da época em que estudava piano, da minha querida professora e das doces tardes do Conservatório.
É claro que nem sempre são lembranças felizes, mas cantarolar é sempre uma maneira boa de lembrar e, dizem, que até os males espanta.
domingo, 13 de outubro de 2013
Sorvete
Já confessei anteriormente que não gosto de sorvete (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/recreio.html), embora o tenha consumido em boa parte da minha infância. Descobrir que não gostava de sorvete foi uma libertadora percepção da minha maturidade.
Apesar disso, reconheço que é uma importante conquista da civilização humana e o seu principal sabor é ser milenar.
Diz-se que o sorvete nasceu na China há mais de dois mil anos, a partir da mistura da neve das montanhas com frutas e mel. De lá viajou pelo mundo conhecido, até mesmo na bagagem do famoso Marco Polo. Foi difundido pelo árabes, que o chamavam de sharbet (ou shurbat, já ouvi essa expressão, mas não sei se está correta), estabelecendo-se na Europa como a coqueluche do verão desde o século XIII (http://www.abis.com.br/institucional_historia.html). No Brasil, a novidade chegou bem mais tarde, no século XIX.
Respeito o sorvete em geral, apesar de não gostar. Alguns marcaram profundamente a minha memória individual, como o picolé de morango citado no post Recreio e um sorvete de canela maravilhoso que tomei em uma cartola meio pervertida.
Não sabe o que é cartola? Os tolos a definem como uma sobremesa, constituída basicamente por banana frita com queijo, polvilhada de açúcar e canela. Eu chamo de almoço.
Pois bem, uma vez comi uma cartola totalmente fora dos padrões da decência e razoabilidade: a banana era frita (tudo certo), havia uma espécie de mousse de queijo e uma bola de sorvete de canela por cima. Percebam que todos os elementos estavam lá, mas aquilo não deixou de ser muito errado e saboroso.
Lembro também de uma vez que fui jantar em um desses lugares de culinária vanguardista, e o meu prato principal veio com uma bola de sorvete. Já fiquei de mau humor, porque não gosto de sorvete, mas depois fiquei curiosa porque era salgado. Parece que a bola de sorvete era composta de temperos, que iam temperando a comida à medida em que se derretia.
Por tudo isso, defendo o estudo da história do sorvete, embora já tenha decidido que não vou me dedicar a isso.
Apesar disso, reconheço que é uma importante conquista da civilização humana e o seu principal sabor é ser milenar.
Diz-se que o sorvete nasceu na China há mais de dois mil anos, a partir da mistura da neve das montanhas com frutas e mel. De lá viajou pelo mundo conhecido, até mesmo na bagagem do famoso Marco Polo. Foi difundido pelo árabes, que o chamavam de sharbet (ou shurbat, já ouvi essa expressão, mas não sei se está correta), estabelecendo-se na Europa como a coqueluche do verão desde o século XIII (http://www.abis.com.br/institucional_historia.html). No Brasil, a novidade chegou bem mais tarde, no século XIX.
Respeito o sorvete em geral, apesar de não gostar. Alguns marcaram profundamente a minha memória individual, como o picolé de morango citado no post Recreio e um sorvete de canela maravilhoso que tomei em uma cartola meio pervertida.
Não sabe o que é cartola? Os tolos a definem como uma sobremesa, constituída basicamente por banana frita com queijo, polvilhada de açúcar e canela. Eu chamo de almoço.
Pois bem, uma vez comi uma cartola totalmente fora dos padrões da decência e razoabilidade: a banana era frita (tudo certo), havia uma espécie de mousse de queijo e uma bola de sorvete de canela por cima. Percebam que todos os elementos estavam lá, mas aquilo não deixou de ser muito errado e saboroso.
Lembro também de uma vez que fui jantar em um desses lugares de culinária vanguardista, e o meu prato principal veio com uma bola de sorvete. Já fiquei de mau humor, porque não gosto de sorvete, mas depois fiquei curiosa porque era salgado. Parece que a bola de sorvete era composta de temperos, que iam temperando a comida à medida em que se derretia.
Por tudo isso, defendo o estudo da história do sorvete, embora já tenha decidido que não vou me dedicar a isso.
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Diálogo surreal
- à sua direita, vocês podem ver o edifício (_), que foi a sede das Indústrias (___). Aqui ficava o Mosteiro (_), que foi demolido para dar lugar ao prédio.
Eu, fazendo turismo e pensando: - (...)?
- Se vocês olharem pela janela traseira do ônibus, verão o viaduto (_), que foi construído no local onde funcionava o antigo Colégio X jesuíta, que foi demolido no fim da década de 1970.
Eu: :(
- Aqui ficava a antiga Igreja Y, que foi demolida na década de 60.
Eu, que não aguentei mais, perguntei: - Por que a Igreja Y foi demolida? Essa construção não poderia ser feita em outro lugar? Tinha que demolir a Igreja tricentenária para construir esse edifício? Vai restar pedra sobre pedra nessa cidade?
- Ah, não fique assim, Fabiana. Para a nossa sorte, foi construída uma Igreja nova, muito mais bonita ali na frente, para substituir a que foi demolida! À sua esquerda, podem ver...
Eu, fazendo turismo e pensando: - (...)?
- Se vocês olharem pela janela traseira do ônibus, verão o viaduto (_), que foi construído no local onde funcionava o antigo Colégio X jesuíta, que foi demolido no fim da década de 1970.
Eu: :(
- Aqui ficava a antiga Igreja Y, que foi demolida na década de 60.
Eu, que não aguentei mais, perguntei: - Por que a Igreja Y foi demolida? Essa construção não poderia ser feita em outro lugar? Tinha que demolir a Igreja tricentenária para construir esse edifício? Vai restar pedra sobre pedra nessa cidade?
- Ah, não fique assim, Fabiana. Para a nossa sorte, foi construída uma Igreja nova, muito mais bonita ali na frente, para substituir a que foi demolida! À sua esquerda, podem ver...
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Turbatio sanguinis
Eu sempre achei essa expressão linda - Turbatio Sanguinis - assim como a já homenageada vistoria ad perpetuam rei memoriae (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/ad-perpetuam-rei-memoriae.html).
A idéia de evitar a confusão do sangue (turbatio sanguinis) ajuda a prevenir conflitos de paternidade, e questões de consanguinidade. É uma instituição antiga, tão útil, mas tão útil, que parece ter saído dos confins de antigas e lendárias normas jurídicas diretamente para o nosso Código Civil:
"Das causas suspensivas
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;"
Eu sei, está vigente, então não precisa de resgate. Mas eu adoraria ver essa norma transbordar os estreitos limites do negócio jurídico denominado casamento, espraiando-se para outras relações entre homem e mulher capazes de gerar maternidade.
A tradição justifica a manutenção dessa norma já que, evidentemente, para turbar não precisa mais haver casamento.
Se a mãe era sempre certa, e o pai nem tanto, seria útil reduzir as possibilidades de confusão do sangue. A minha reflexão não se baseia nem em puritanismo e nem em reflexões sobre os valores da monogamia, como poderia parecer. Eu só estou cansada de ver os testes de paternidade transformados em espetáculo em programas de televisão.
A idéia de evitar a confusão do sangue (turbatio sanguinis) ajuda a prevenir conflitos de paternidade, e questões de consanguinidade. É uma instituição antiga, tão útil, mas tão útil, que parece ter saído dos confins de antigas e lendárias normas jurídicas diretamente para o nosso Código Civil:
"Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
omissisII - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;"
Eu sei, está vigente, então não precisa de resgate. Mas eu adoraria ver essa norma transbordar os estreitos limites do negócio jurídico denominado casamento, espraiando-se para outras relações entre homem e mulher capazes de gerar maternidade.
A tradição justifica a manutenção dessa norma já que, evidentemente, para turbar não precisa mais haver casamento.
Se a mãe era sempre certa, e o pai nem tanto, seria útil reduzir as possibilidades de confusão do sangue. A minha reflexão não se baseia nem em puritanismo e nem em reflexões sobre os valores da monogamia, como poderia parecer. Eu só estou cansada de ver os testes de paternidade transformados em espetáculo em programas de televisão.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Arqueologia experimental
Olha aí: os bons tempos voltaram!
Tem gente na Rússia querendo recriar o modo de vida medieval: http://gazetarussa.com.br/sociedade/2013/10/06/jovem_russo_passara_inverno_vivendo_nas_condicoes_da_idade_media_21985.html
Tem gente na França construindo castelos: http://super.abril.com.br/blogs/nerdices/castelo-medieval-esta-sendo-construido-na-franca/
E nós aqui no blog já aderimos a essa moda retrô há muito tempo, e buscamos resgatar conhecimentos tradicionais, por exemplo, reaprender a fazer fogo, arcos e flechas (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/resgatando-conhecimentos-tradicionais.html), medir o tempo (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/resgatando-conhecimentos-tradicionais-2.html).
Lembro que no blog estamos em campanha permanente pela revitalização (resgate, uso e transmissão) de conhecimentos tradicionais:http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/campanha-pela-revitalizacao-de.html.
Tem gente na Rússia querendo recriar o modo de vida medieval: http://gazetarussa.com.br/sociedade/2013/10/06/jovem_russo_passara_inverno_vivendo_nas_condicoes_da_idade_media_21985.html
Tem gente na França construindo castelos: http://super.abril.com.br/blogs/nerdices/castelo-medieval-esta-sendo-construido-na-franca/
E nós aqui no blog já aderimos a essa moda retrô há muito tempo, e buscamos resgatar conhecimentos tradicionais, por exemplo, reaprender a fazer fogo, arcos e flechas (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/resgatando-conhecimentos-tradicionais.html), medir o tempo (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/07/resgatando-conhecimentos-tradicionais-2.html).
Lembro que no blog estamos em campanha permanente pela revitalização (resgate, uso e transmissão) de conhecimentos tradicionais:http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/02/campanha-pela-revitalizacao-de.html.
domingo, 6 de outubro de 2013
25 anos da Constituição Federal
Em 5 de outubro 2013, o Brasil comemorou os 25 anos de sua Constituição, documento fundante de qualquer Estado, e que para nós assume a marca de uma estabilidade política e institucional até então desconhecida.
É um marco muito importante que, esperamos, venha acompanhado da reflexão e da "vontade de Constituição", de fazê-la cumprir-se.
Nesse tempo, a nossa Constituição sofreu 74 alterações através de Emendas. Algumas pontuais, outras mais profundas. Em alguns aspectos, foi profundamente alterada e desfigurada.
Os estudantes de Direito Constitucional, como eu, estão procurando comemorar a data através de reflexões sobre a eficácia do texto. E esse ano é especialmente rico para análises, não bastasse o marco de 25 anos, mas porque foram vistas manifestações pela efetividade de direitos fundamentais, de caráter político mas apartidário, o que é significativo, a demonstrar que a democracia está sendo construída em um espaço adequado.
Se alcançaram os objetivos (quais?), se houve excessos (sempre), o mais importante é que existam e demandem um posicionamento sério e efetivo do governo, favorável, e que realmente aconteceu. A população não (mais) considera protesto por direitos como baderna, e isso é fundamental para democracia.
Com toda essa situação, surgiu uma idéia exótica de convocar um plebiscito (para que?) e uma assembleia constituinte. Isso faz parte da cultura normativa brasileira, onde elaborar ou modificar uma norma parece resolver problemas, por si só.
Não resolve.
Voltando à vontade de Constituição, é preciso tornar a longa, analítica e rígida Constituição Federal de 1988 em um documento conhecido da população, que realmente seja respeitado e cumprido. A maioria dos direitos nela previstos não conta com políticas públicas adequadas e, sabemos, que a questão de sua satisfação é contínua, cíclica e não deve sofrer retrocessos.
Ainda que, nesses 25 anos, a Constituição tenha contribuído para fortalecer as instituições e semear a democracia, considerando que a satisfação de direitos não é estática, devemos planejar melhor e ser mais eficientes. Talvez, quando comemorarmos 50 anos, possamos apontar precisamente a Constituição como instrumento de transformação social.
É um marco muito importante que, esperamos, venha acompanhado da reflexão e da "vontade de Constituição", de fazê-la cumprir-se.
Nesse tempo, a nossa Constituição sofreu 74 alterações através de Emendas. Algumas pontuais, outras mais profundas. Em alguns aspectos, foi profundamente alterada e desfigurada.
Os estudantes de Direito Constitucional, como eu, estão procurando comemorar a data através de reflexões sobre a eficácia do texto. E esse ano é especialmente rico para análises, não bastasse o marco de 25 anos, mas porque foram vistas manifestações pela efetividade de direitos fundamentais, de caráter político mas apartidário, o que é significativo, a demonstrar que a democracia está sendo construída em um espaço adequado.
Se alcançaram os objetivos (quais?), se houve excessos (sempre), o mais importante é que existam e demandem um posicionamento sério e efetivo do governo, favorável, e que realmente aconteceu. A população não (mais) considera protesto por direitos como baderna, e isso é fundamental para democracia.
Com toda essa situação, surgiu uma idéia exótica de convocar um plebiscito (para que?) e uma assembleia constituinte. Isso faz parte da cultura normativa brasileira, onde elaborar ou modificar uma norma parece resolver problemas, por si só.
Não resolve.
Voltando à vontade de Constituição, é preciso tornar a longa, analítica e rígida Constituição Federal de 1988 em um documento conhecido da população, que realmente seja respeitado e cumprido. A maioria dos direitos nela previstos não conta com políticas públicas adequadas e, sabemos, que a questão de sua satisfação é contínua, cíclica e não deve sofrer retrocessos.
Ainda que, nesses 25 anos, a Constituição tenha contribuído para fortalecer as instituições e semear a democracia, considerando que a satisfação de direitos não é estática, devemos planejar melhor e ser mais eficientes. Talvez, quando comemorarmos 50 anos, possamos apontar precisamente a Constituição como instrumento de transformação social.
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Direito à memória coletiva
sábado, 5 de outubro de 2013
Astronautas deuses eram O?
Nunca entendi porque o título desse livro de Erich Von Däniken é tão complicado em Português (Eram os deuses astronautas?). Eu o li quando era bem pequena, uns oito ou nove anos, e lembro que acabei com a sensação de que havia alguma coisa errada desde o começo.
Em síntese. Os astronautas eram considerados deuses? Sim. Os deuses, na verdade, eram astronautas? Sim. Perceba que se o título estivesse na ordem direta, desvendaríamos imediatamente a hipótese do autor.
Tudo isso para dizer que eu adoro o History Channel, como não poderia deixar de ser, e de vez em quando assisto uma série chamada "Alienígenas do Passado". Sabemos que o passado é irreversível (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/irreversibilidade-do-passado.html), mas isso não impede que seja recriado, reinterpretado, ressignificado.
Eu assisto com muita atenção essa forma de recriar e reinterpretar o passado. Acho interessante que todas as contribuições alienígenas sejam monumentais, e pinçadas de acordo com a nossa idéia do que é ser alienígena.
Ninguém fala das contribuições alienígenas para a gastronomia, por exemplo, e ninguém considera que efetivamente existem organismos alienígenas vivendo entre nós (calma, não criemos pânico), porque vêm nos meteoritos e brotam aqui. Bom, mas isso a gente só vê se mudar de canal.
Enfim, depois de assistir ontem a uma maratona de "Alienígenas do Passado", enquanto comia salgadinhos, fiquei pensando... E se...efetivamente...os deuses eram astronautas? E se, efetivamente, algumas conquistas civilizatórias possam ser atribuídas a eles?
Isso mudaria o nosso modo de viver e fazer atuais? Ou foi uma contribuição que ficou perdida no tempo longínquo?
Em síntese: e daí?
Em síntese. Os astronautas eram considerados deuses? Sim. Os deuses, na verdade, eram astronautas? Sim. Perceba que se o título estivesse na ordem direta, desvendaríamos imediatamente a hipótese do autor.
Tudo isso para dizer que eu adoro o History Channel, como não poderia deixar de ser, e de vez em quando assisto uma série chamada "Alienígenas do Passado". Sabemos que o passado é irreversível (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/irreversibilidade-do-passado.html), mas isso não impede que seja recriado, reinterpretado, ressignificado.
Eu assisto com muita atenção essa forma de recriar e reinterpretar o passado. Acho interessante que todas as contribuições alienígenas sejam monumentais, e pinçadas de acordo com a nossa idéia do que é ser alienígena.
Ninguém fala das contribuições alienígenas para a gastronomia, por exemplo, e ninguém considera que efetivamente existem organismos alienígenas vivendo entre nós (calma, não criemos pânico), porque vêm nos meteoritos e brotam aqui. Bom, mas isso a gente só vê se mudar de canal.
Enfim, depois de assistir ontem a uma maratona de "Alienígenas do Passado", enquanto comia salgadinhos, fiquei pensando... E se...efetivamente...os deuses eram astronautas? E se, efetivamente, algumas conquistas civilizatórias possam ser atribuídas a eles?
Isso mudaria o nosso modo de viver e fazer atuais? Ou foi uma contribuição que ficou perdida no tempo longínquo?
Em síntese: e daí?
domingo, 29 de setembro de 2013
Memória poética - Gonzaguinha
Legião dos esquecidos
_____________
É uma canção: https://www.youtube.com/watch?v=vCl1NaOdbGY
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Julios de Santana
Dessa crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes
Sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens
Por debaixo das manchetes
São braços esquecidos
Que fizeram os heróis
São forças, são suores
Que levantam as vedetes
Do teatro de revista
Que é o país de todos nós
São vozes que negaram
Liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam
Nosso fogo da esperança
O grito da batalha
- Quem espera nunca alcança!
Ê Ê quando o sol nascer
É que eu quero ver
Quem se lembrará
Ê Ê quando amanhecer
É que eu quero ver
Quem recordará
E eu não quero esquecer
Essa legião que se entregou
Por um novo dia
E eu quero é cantar
Essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta!
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão
De Juvenais e de Raimundos
Tantos Julios de Santana
Dessa crença num enorme coração
Dos humilhados e ofendidos
Explorados e oprimidos
Que tentaram encontrar a solução
São cruzes sem nomes
Sem corpos, sem datas
Memória de um tempo onde lutar por seu direito
É um defeito que mata
E tantos são os homens
Por debaixo das manchetes
São braços esquecidos
Que fizeram os heróis
São forças, são suores
Que levantam as vedetes
Do teatro de revista
Que é o país de todos nós
São vozes que negaram
Liberdade concedida
Pois ela é bem mais sangue
Ela é bem mais vida
São vidas que alimentam
Nosso fogo da esperança
O grito da batalha
- Quem espera nunca alcança!
Ê Ê quando o sol nascer
É que eu quero ver
Quem se lembrará
Ê Ê quando amanhecer
É que eu quero ver
Quem recordará
E eu não quero esquecer
Essa legião que se entregou
Por um novo dia
E eu quero é cantar
Essa mão tão calejada
Que nos deu tanta alegria
E vamos à luta!
_____________
É uma canção: https://www.youtube.com/watch?v=vCl1NaOdbGY
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
Memória e poesia
Gosto muito de poesia em geral, e por isso o blog tem uma seção dedicada aos poemas que têm a memória como tema ou lhe fazem referência (cf. marcador Memória Poética).
Mas, além de toda a beleza, também podem contribuir para exercitar a memória. Há muitos anos, antes de começar a estudar, sempre faço um "alongamento" lendo um poema ou estudando um pouco de gramática, porque isso me ajuda a concentrar.
Também exercito a minha memória individual decorando alguns poemas de que gosto. De tempos em tempos tento lembrar daqueles que memorizei, e frequentemente me ajudam a fazer citações belas quando necessário.
Mas, além de toda a beleza, também podem contribuir para exercitar a memória. Há muitos anos, antes de começar a estudar, sempre faço um "alongamento" lendo um poema ou estudando um pouco de gramática, porque isso me ajuda a concentrar.
Também exercito a minha memória individual decorando alguns poemas de que gosto. De tempos em tempos tento lembrar daqueles que memorizei, e frequentemente me ajudam a fazer citações belas quando necessário.
domingo, 22 de setembro de 2013
Memória poética - o meu orgulho
O meu orgulho.
Florbela Espanca
Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera
Não me lembrar! Em tardes dolorosas
Lembro-me que fui a Primavera
Que em muros velhos faz nascer as rosas!
As minhas mãos outrora carinhosas
Pairavam como pombas... Quem soubera
Porque tudo passou e foi quimera,
E porque os muros velhos não dão rosas!
O que eu mais amo é que mais me esquece...
E eu sonho: "Quem olvida não merece..."
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha:
Que também é orgulho ser sozinha,
E também é nobreza não ter nada!
___________________________
Para começar bem a semana.
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
Direito à memória dos mortos: lembranças celebrativas
A lembrança celebrativa é uma das formas de realização do direito à memória dos mortos. Olha que belo exemplo, no vídeo abaixo:
Lembramos de Enrico Caruso e da homenagem que lhe prestaram Lucio Dalla e Luciano Pavarotti.
Outro exemplo:
Lembramos de Enrico Caruso e da homenagem que lhe prestaram Lucio Dalla e Luciano Pavarotti.
Outro exemplo:
Homenagem à memória de Leonardo da Vinci.
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Antes do celular
- A gente tinha que dar a sorte de ter um telefone público (Orelhão) funcionando;
- A gente tinha que ter a sorte de ter a ficha telefônica;
- A gente tinha que dar a sorte de ter a ficha telefônica no fiteiro;
- A gente tinha que ter a sorte de conseguir um orelhão que não fosse guloso.
- A gente tinha que falar depressa porque sempre havia uma fila enorme;
- A gente tinha que dar sorte de não ficar atrás na fila de uma pessoa falastrona e paparrotona.
- A gente tinha que dar a sorte de ter um orelhão baixinho, porque normalmente eles eram altos e eu não conseguia tirar o telefone do gancho ou discar.
- Antes do celular, as pessoas conversavam mais pessoalmente.
- O telefone servia para fazer ligações, que são o motivo da sua existência.
- A vida era menos urgente.
- receber um telefonema era um ato solene, importante, e às vezes, motivo de comemoração.
- O aparelho telefônico ficava em lugar de destaque na sala de visitas. Tinha até uma espécie de mobília específica para telefones.
- A gente tinha que ter a sorte de ter a ficha telefônica;
- A gente tinha que dar a sorte de ter a ficha telefônica no fiteiro;
- A gente tinha que ter a sorte de conseguir um orelhão que não fosse guloso.
- A gente tinha que falar depressa porque sempre havia uma fila enorme;
- A gente tinha que dar sorte de não ficar atrás na fila de uma pessoa falastrona e paparrotona.
- A gente tinha que dar a sorte de ter um orelhão baixinho, porque normalmente eles eram altos e eu não conseguia tirar o telefone do gancho ou discar.
- Antes do celular, as pessoas conversavam mais pessoalmente.
- O telefone servia para fazer ligações, que são o motivo da sua existência.
- A vida era menos urgente.
- receber um telefonema era um ato solene, importante, e às vezes, motivo de comemoração.
- O aparelho telefônico ficava em lugar de destaque na sala de visitas. Tinha até uma espécie de mobília específica para telefones.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Encontrado o corpo de Epaminondas Gomes de Oliveira - desaparecido político
Notícia importante da Comissão Nacional da Verdade: http://www.odocumento.com.br/materia.php?id=439369. Descobertos os restos mortais do desaparecido Epaminondas Gomes de Oliveira, que foi enterrado como indigente (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/09/direito-memoria-dos-mortos-questao-dos.html)
A descoberta do corpo, ainda pendente de corroboração, vem contribuir para o desfecho da sua biografia e da espera da família.
Se confirmada a identidade, será a oportunidade do Estado brasileiro e da sociedade cumprirem o seu dever de memória, garantindo a ele o jus sepulchri (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/07/jus-sepulchri-direito-de-sepultar-ser.html), e continuar procurando pelos outros.
A descoberta do corpo, ainda pendente de corroboração, vem contribuir para o desfecho da sua biografia e da espera da família.
Se confirmada a identidade, será a oportunidade do Estado brasileiro e da sociedade cumprirem o seu dever de memória, garantindo a ele o jus sepulchri (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2012/07/jus-sepulchri-direito-de-sepultar-ser.html), e continuar procurando pelos outros.
sábado, 14 de setembro de 2013
Revista Patrimônio e Memória - UNESP
Vou colocar aqui no blog para não esquecer: http://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/issue/archive
Vários artigos interessantes sobre patrimônio e memória, e a gente consegue baixar e ler os artigos.
Vários artigos interessantes sobre patrimônio e memória, e a gente consegue baixar e ler os artigos.
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
Sexta-feira 13
Ui, que medo!
A sexta-feira 13 de qualquer mês passou um dia a ser temido. Por que?
Porque alguns fatos marcantes e sinistros aconteceram em uma sexta-feira, 13. Por exemplo, foi em uma sexta-feira 13 que a Ordem dos Cavaleiros do Templo foi declarada ilegal. Nós ainda estamos aguardando a sua restauração (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/resgatando-instituicoes-antigas-3.html).
Em uma sexta-feira, 13, foi editado o AI-5.
Há também uma certa vinculação dessa data com bruxas.
Mas coisas boas também devem ter acontecido nessa data. O problema é que todo mundo só lembra das coisas ruins, e a sexta-feira 13 vai se consolidando como um dia a ser temido.
A sexta-feira 13 de qualquer mês passou um dia a ser temido. Por que?
Porque alguns fatos marcantes e sinistros aconteceram em uma sexta-feira, 13. Por exemplo, foi em uma sexta-feira 13 que a Ordem dos Cavaleiros do Templo foi declarada ilegal. Nós ainda estamos aguardando a sua restauração (cf. http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/12/resgatando-instituicoes-antigas-3.html).
Em uma sexta-feira, 13, foi editado o AI-5.
Há também uma certa vinculação dessa data com bruxas.
Mas coisas boas também devem ter acontecido nessa data. O problema é que todo mundo só lembra das coisas ruins, e a sexta-feira 13 vai se consolidando como um dia a ser temido.
sábado, 7 de setembro de 2013
Direito à memória dos mortos: a questão dos indigentes
O que é um indigente? É uma pessoa pobre, que não consegue pagar por um funeral. Ou alguém que não tem identificação, e consequentemente será enterrado como se pobre fosse.
Pobre demais ou sem identificação, duas situações que parecem confluir na vala comum do desprezo público. Ser indigente significa:
sem epitáfios
sem lápide
sem carpideiras
sem memória
Em uma época de exacerbação da individualidade, ser indigente parece uma segunda morte e também uma forma de punição. A idéia de cova coletiva, lugar de despejo onde são depositados os restos mortais de diversas pessoas diferentes - todas farinha de um mesmo saco - contraria a idéia de pudor e imortalidade que as religiões pregam.
"Não ter onde cair morto" parece ser a definição dos indigentes. Se os cemitérios estão se convertendo em esquecedouros (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/esquecedouros-cemiterios.html), a cova dos indigentes é o esquecimento dentro deles.
Pobre demais ou sem identificação, duas situações que parecem confluir na vala comum do desprezo público. Ser indigente significa:
sem epitáfios
sem lápide
sem carpideiras
sem memória
Em uma época de exacerbação da individualidade, ser indigente parece uma segunda morte e também uma forma de punição. A idéia de cova coletiva, lugar de despejo onde são depositados os restos mortais de diversas pessoas diferentes - todas farinha de um mesmo saco - contraria a idéia de pudor e imortalidade que as religiões pregam.
"Não ter onde cair morto" parece ser a definição dos indigentes. Se os cemitérios estão se convertendo em esquecedouros (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/11/esquecedouros-cemiterios.html), a cova dos indigentes é o esquecimento dentro deles.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Esquecedouros: manicômios
Esquecedouros são locais de esquecimento. Já tratamos de alguns deles aqui no blog:
L'Oubliette e disappointment room (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros.html),
asilos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/esquecedouros-asilos.html),
orfanatos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/06/esquecedouros-orfanatos.html),
prisões (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/esquecedouros-prisoes.html),
roda dos enjeitados (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html),
lixão (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html).
Hoje gostaria de refletir sobre os manicômios. Se os doentes mentais já foram invisíveis em nossa sociedade, imagine o depósito onde eram colocados. Os manicômios brasileiros seguem a mesma regra e mentalidade que criaram as prisões.
Os hospícios e manicômios são lugares de cumprimento de prisão perpétua, visto que muitas doenças mentais são incuráveis. O tratamento (ou a falta dele) dispensado às pessoas era absolutamente desumano, mas aparentemente adequado à representação de não-humanos dos internos.
A mentalidade que moldou esses manicômios foi responsável por uma tragédia humana, no famoso Manicômio de Barbacena, onde aproximadamente 60 mil pessoas morreram, e enquanto vivas sofreram a degradação de sua dignidade humana, por inobservância dos direitos fundamentais.
Sobre o caso, há o livro "Holocausto brasileiro", de Daniela Arbex (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/08/1320727-livro-holocausto-brasileiro-relata-horrores-de-hospicio-mineiro.shtml), que eu ainda não li, mas pretendo.
Sem dúvida, é uma história que precisa ser contada e lembrada para reforçar a luta anti-manicomial. Imagino que os hospícios, enquanto lugares especializados, devem continuar existindo. Mas o controle social do que ocorre alí deve ser muito mais rigoroso.
L'Oubliette e disappointment room (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros.html),
asilos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/07/esquecedouros-asilos.html),
orfanatos (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2013/06/esquecedouros-orfanatos.html),
prisões (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/10/esquecedouros-prisoes.html),
roda dos enjeitados (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html),
lixão (http://direitoamemoria.blogspot.com.br/2011/06/esquecedouros-roda-dos-enjeitados.html).
Hoje gostaria de refletir sobre os manicômios. Se os doentes mentais já foram invisíveis em nossa sociedade, imagine o depósito onde eram colocados. Os manicômios brasileiros seguem a mesma regra e mentalidade que criaram as prisões.
Os hospícios e manicômios são lugares de cumprimento de prisão perpétua, visto que muitas doenças mentais são incuráveis. O tratamento (ou a falta dele) dispensado às pessoas era absolutamente desumano, mas aparentemente adequado à representação de não-humanos dos internos.
A mentalidade que moldou esses manicômios foi responsável por uma tragédia humana, no famoso Manicômio de Barbacena, onde aproximadamente 60 mil pessoas morreram, e enquanto vivas sofreram a degradação de sua dignidade humana, por inobservância dos direitos fundamentais.
Sobre o caso, há o livro "Holocausto brasileiro", de Daniela Arbex (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/08/1320727-livro-holocausto-brasileiro-relata-horrores-de-hospicio-mineiro.shtml), que eu ainda não li, mas pretendo.
Sem dúvida, é uma história que precisa ser contada e lembrada para reforçar a luta anti-manicomial. Imagino que os hospícios, enquanto lugares especializados, devem continuar existindo. Mas o controle social do que ocorre alí deve ser muito mais rigoroso.
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